O SEGREDO DE ALMOFADINHAS
Sinopse: Há uma razão para Lilly sempre recusar os convites de James.
Nota: Não me matem! Eu ainda adoro James/Lilly, mas nós sabemos que ela não foi santa até se casar.
Outra coisa: Para as fãs de minha trilogia 'James e Lilly Vivos', eu ainda estou pensando como vou começar minha história longa com a Bella, o Harry, o Eric e todos os outros!
Gênero: Romance/Rewrite.
Dedicatória: Fic presente para a Marina.
Sirius Black assistia, atentamente, à milésima tentativa de seu melhor amigo James Potter de conquistar a atenção e cair nas boas graças de Lílian Evans. Se alguém o visse, pensaria que ele estava se divertindo, um sorrisinho insolente curvando a boca carnuda e generosa. Por dentro, porém, o 'herdeiro da nobre casa dos Black' estava borbulhando de raiva.
Estava encostado a uma árvore, assistindo Lilly e James. Remus estava sentado sobre as raízes da mesma árvore, lendo atentamente um livro sobre Animagia, enquanto Peter assistia ao amigo sendo dispensado e devorava bombas de chocolate gulosamente.
Entediada com a insistência do pretendente, Lilly olhou ao redor de ela e James; seus lindos e luminosos olhos verdes encontraram os profundos olhos azuis de Sirius, e ela sorriu rapidamente para ele, apenas uma sombra de sorriso. Ela nunca sorrira assim para James e, no que dependesse de Sirius e da própria Lilly, ela nunca sorriria.
"NÃO, Potter!" Ela gritou, com raiva. "Eu já disse mais de mil vezes, eu NÃO vou SAIR COM VOCÊ!".
"Claro que vai, Lil", ele disse, com um sorrisinho presunçoso. "Todas as garotas de Hogwarts gostariam de sair comigo, meu doce. Você não vai ser a primeira a me recusar".
"Eu desisto, Potter", ela disse, dando as costas a James. Ele os observava, com ciúmes iluminando os expressivos olhos azuis, e ela sorriu-lhe, um sorrisinho rápido e tranqüilizante, para acalmá-lo.
Excitação encheu as feições bonitas de James, que vira o sorriso e concluíra que era para ele.
"Você sorriu!" Ele festejou. "Quer dizer que você vai sair comigo?".
"NÃO!".
O primo de Andrômeda desencostou-se da árvore e alongou-se, fingindo cansaço.
"Quer saber, molecada? O show do Pontas está ficando chato. Vou dormir", Sirius disse para os amigos. O lobisomem, concentrado em seu livro, distraidamente fez que sim. Pedro, depois de encher-se de bombas de chocolate, ameaçava cair no sono sob a gostosa sombra. Sirius rolou os olhos, e saiu.
Poucos minutos depois, Lilly se desvencilhou de James – que achou mais divertido atormentar um sonserino que levar repetidos foras dela – e rumou para o castelo. Quando entrou no salão comunal da Grifinória, Sirius estava sentado no sofá.
"Tenho uma coisa para te dizer, Sirius", ela disse para começar conversa.
"Fala, minha linda", ele sorriu.
"Estou cansada de ter que dar foras no seu amiguinho", ela disse de modo definitivo. Sirius olhou-a, os olhos azuis assombreados por um ciúme intenso.
"Estou cansado de ouvir o James reclamando que quer você", ele disse como resposta. Ele bateu de leve no couro negro macio do sofá e, com um sorriso, ela sentou-se sem pestanejar ao lado dele, aninhando-se contra ele. Ela suspirou, apoiando a cabeça contra o ombro largo do namorado.
"Namorar em segredo é uma droga".
Ele fez que sim, beijando-lhe a cabeça. Os bastos e brilhantes cabelos ruivos exalavam um cheiro de maçã verde, um aroma que parecia estar impregnado em sua pele alva e sedosa.
"E quer saber do que eu também estou cansada?" Ela continuou desabafando. "De ver a Marianne escrevendo 'Sra. Sirius Anthony Black' no caderno dela. Parece que ela não nota que você não quer nada com ela".
Ele afastou-se um pouco e olhou-a no fundo dos olhos. Havia amor ali dentro, e medo. Uma sombra de medo cobria o brilho amoroso que havia dentro do misterioso e enigmático verde dos olhos de Lilly.
"Você quer oficializar?" Ele perguntou baixinho.
"Não sei", ela disse, sinceramente. "Talvez. Às vezes quero, às vezes não. Afinal, eu sou Lilly Marie Evans, monitora chefe, que jurou no quarto ano nunca sair com um Maroto...".
Ele olhou-a, diversão e confusão espelhadas nos olhos azuis.
"Promessa?".
"Pergunte à Julia. É por isso que o Potter me quer. Ele ouviu a Julia e eu discutindo a maldita promessa".
Ele riu.
"Vou estudar", ela disse tentando se desvencilhar dele. Ele apertou o abraço.
"Ah, não! Fica aqui!"
"Não posso, baby", ela disse rindo. "Tem prova amanhã, esqueceu? Além disso, alguém pode pegar a gente", ela disse, mais séria. Ele riu outra vez, e inclinou-se, beijando-a em cheio nos lábios rosados.
Na mesma hora, a Mulher Gorda abriu-se, e Sirius e Lilly afastaram-se, assustados, banhados de luz. Sirius sentiu a namorada ficar tensa ao lado dele, e massageou-lhe o ombro.
O quadro fechou-se atrás de Remus, que encarava, com perplexidade, os dois. Lilly estava extremamente ruborizada, olhando com culpa o couro do sofá, e o abraço protetor de Sirius ao redor dela não deixava margem para dúvida.
Eles eram um casal.
"E você disse que alguém podia pegar a gente", ele disse ao reconhecer o amigo, fingindo sarcasmo. Ela bateu em seu ombro, mas havia um sorriso nos lábios inchados pelo beijo.
"É, mas eu não pensei que seria um dos seus amigos!" Ela replicou, fingindo irritação. Sirius riu, e beijou-a no rosto. Lilly corou, mas não o repreendeu.
"Lilly, o relatório da semana?", Remo perguntou, evitando comentar o que vira. "Sirius, o treino de quadribol?".
A moça arregalou os olhos, e deu um tapa na cabeça de Sirius, mas ele riu. Ela conjurou o relatório e deu um selinho nos lábios de Sirius, antes de se afastar com Remus. O maroto levantou-se, ainda sorrindo, e foi ao seu quarto a fim de apanhar sua Silver Arrows.
"O Sirius está apaixonado", Remus disse para quebrar o silêncio constrangido entre ele e a colega. Lilly olhou-o de esguelha, desconfiada, mas foi com alívio que percebeu não haver malícia nos amigáveis olhos castanhos dele. Havia curiosidade e, para surpresa dela, um certo respeito. Por algum motivo, Remus a respeitava. E, surpreendentemente, ela confiava nele.
"Eu também estou", ela disse. "Incrível, não? A monitora-chefe e o Maroto...".
"Lil!" Marianne Parker gritou. Lílian gelou na mesma hora e Remo notou. Marianne era uma loira alta, de olhos violeta, bastante bonita, amiga de Lilly desde o primeiro ano. "Você viu o Sirius por aí?".
Lilly olhou o piso de mármore, com culpa faiscando nas íris verdes. Remus tomou a palavra.
"Está nas cozinhas", ele respondeu. Marianne sorriu-lhe gratamente e desapareceu; Lilly respirou profundamente, tentando acalmar-se. Remus observou-a, e sorriu-lhe calmamente quando ela lançou-lhe um olhar nervoso.
"Acho que acabamos de falar com um dos motivos pelo qual você e Sirius não oficializam o seu relacionamento?", ele perguntou. Ela lançou-lhe outro olhar nervoso de esguelha e sorriu, um sorriso afável, mas meio angustiado.
"Eu amo o Sirius, Remus", Lilly falou.Havia honestidade em sua voz, e, ele não sabia porquê, mas Remus acreditava nela. O jeito que ela olhava Sirius, falava com ele; o jeito que ele falava e olhava para ela... Remus nunca vira o amigo tão apaixonado e envolvido por uma garota do jeito que ele estava por Lilly.
"Acredito em você. E não sei de nada", ele disse sinceramente. E ela confiou nele.
"Posso pegar a sua capa emprestada, Pontas?", Sirius disse de modo desinteressado, enquanto ele e o amigo se encaminhavam ao castelo, vindos do campo de quadribol.James alteou as sobrancelhas, de modo malicioso.
"Encontro quente?".
"Romântico", Sirius replicou. "Vai emprestar ou não?".
"Claro, Almofadinhas".
Era meia-noite e Lilly, a única acordada, estava tentando acalmar os nervos em frangalhos. Em seis meses, era a primeira vez que ela cedia e saía para passear com Sirius, à noite, pelo castelo. Estava frio e, para aquecer-se, a monitora usava uma calça jeans e um suéter branco de lã com gola alta; os longos cabelos ruivos e anelados caíam pelas costas e pelos ombros delicados.
Ela sentiu um arrepio quente percorrendo sua espinha, o mesmo que sentia toda vez que Sirius estava por perto. Lilly olhou ao redor de si mesma, mas estava sozinha. Inesperadamente, a cabeça de Sirius apareceu e ele beijou-a, sufocando seu gritinho de susto com os lábios.
Quando os dois se separaram, ela estava envolvida numa capa sedosa e prateada, tecida com algo que lembrava fios de água. Sirius sorria, um sorriso travesso e safadinho. Ela deixou que ele a levasse. Quando se deu conta, estava numa bela sala, com almofadas, uma fogueira e muitos petiscos.
"Onde nós estamos?".
"Numa das muitas salas secretas de Hogwarts", ele sorriu, e então ficou sério. "Precisamos conversar".
"Sobre o quê?".
"Eu quero sair do armário".
Lilly arregalou os olhos. Lágrimas preencheram os belos olhos verdes e transbordaram, correndo pelas faces pálidas. Sirius não entendeu o motivo de tanta comoção.
"V---" Ela gaguejou. "Você é --- é gay?".
Sirius sentiu o queixo cair e arregalou os olhos, choque enchendo seu rosto e sendo rapidamente substituído pelo horror.
"NÃO!" Ele gritou, enxugando-lhe as lágrimas. "Não, Lil, meu amor, não sou gay. Por Merlim, como você pode me perguntar isso? Acalme-se. Quando eu disse sair do armário, quis dizer poder fazer isso", ele esclareceu, puxando-a para fora da sala sem a capa. Ele apoiou-a contra a parede e beijou-a. Instintivamente, os braços de Lilly enroscaram-se ao redor do pescoço do namorado.
Quando os dois se separaram, havia terror e prazer nos olhos de Lilly.
"Quero poder te beijar as claras, na frente de todos, e dizer que, um dia, você poderá vir a ser a Sra. Sirius Anthony Black", ele explicou. Ela puxou-o de volta à sala, empurrou-o contra a porta e colou seus lábios aos dele.
Na manhã seguinte, James pulou na cama do amigo – apenas para encontrá-la intocada. O animago sorriu – o encontro devia ter sido ótimo, para Sirius passar a noite fora do dormitório. Provavelmente com uma das exuberantes gêmeas Williams, Natalie e Isabelle, loiras, sedutoras e idênticas, do fio de cabelo liso às unhas dos pés sempre esmaltadas de vermelho.
Qual foi a surpresa e o choque de James, portanto, quando ele viu o amigo deitado no sofá, adormecido, com um sorriso de satisfação no rosto... E Lilly Marie Evans sobre ele, os anéis sedosos e ruivos sobre o queixo orgulhoso de Sirius. O mesmo sorriso de satisfação se refletia no semblante sereno da garota.
"O que diabos está acontecendo aqui!" James berrou. Lilly acordou de um pulo, assustada com o grito de James, e sentou-se. Ela corou imediatamente ao reparar que ela e Sirius haviam adormecido no sofá, mas ergueu o queixo, e ajeitou os belos cabelos ruivos. O belo anel que enfeitava seu dedo anelar rebrilhou sob os raios de sol que iluminavam a sala.
"O que foi, Potter?" Ela perguntou, desafiadora. "Não gostou do fato de que eu esteja apaixonada por outro?".
"NÃO!" Ele respondeu, furioso. "Especialmente quando o 'outro' é meu melhor amigo!".
"Não se manda no coração", Sirius disse suavemente. "E Deus sabe o quanto eu lutei contra essa paixão, James. Merlim sabe. Por Circe, até Madame Pomfrey sabe!".
Lilly segurou-lhe a mão e sorriu-lhe afetuosamente. Sirius sorriu-lhe de volta, enquanto James os observava atentamente. Ele nunca vira a ruiva tão relaxada e descontraída, ou tão carinhosa com alguém. Nem mesmo quando seu namorado era aquele babaca seboso do Snape ela fora tão atenciosa e meiga.
"Ninguém vai nos separar, Sirius", ela sussurrou, seu hálito quente acariciando o lóbulo da orelha de Sirius. "Eu prometo".
James sentou-se e sinalizou aos dois que fizessem o mesmo. Os dois obedeceram. Havia desafio e resolução nos olhos de Lilly. Os olhos de Sirius refletiam determinação e coragem, mas temor.
Lilly era a mulher de sua vida, mas James era para ele como um irmão e nunca, em seis anos de Hogwarts, Sirius conquistara uma garota que o amigo tentara fisgar por tanto tempo. Afinal, Lilly era o alvo dos insistentes convites de James por quase um ano.
O casal olhou James de mãos dadas. Ele estava sério, e os estudava cuidadosamente. Seus olhos não demonstravam nenhum sentimento, nem de raiva, nem de mágoa. Estavam vazios de sentimento, mas cheios de atenção.
"Você está feliz?" James perguntou inesperadamente, olhos fitos em Sirius. Um sorriso, uma sombra de melhor dito, passou pelo rosto do jovem Black. Ele olhou de esguelha para a namorada e fez que sim com a cabeça. "Isso é tudo que importa. Você é meu amigo, e fez uma boa escolha, Almofadinhas. Lilly é digna".
Sirius sorriu com alívio e, levantando-se de um pulo, abraçou o amigo. Lilly observou os dois e, relutante, levantou-se e estendeu uma mão para James, dando uma risadinha quando ele beijou-a.
"Mulher de amigo meu pra mim é homem, Evans", ele disse, rindo. Ela sorriu – o primeiro sorriso verdadeiro que dava para Tiago – e replicou:
"Que bom que você pensa assim".
Sirius deslizou um braço pela cintura da namorada, e os dois voltaram a sentar-se. Pela primeira vez em seis anos, Lilly Marie Evans e James Truman Potter tiveram uma conversa amigável.
Marianne Parker desceu, pronta para mais um sábado dedicado aos estudos, quando deu de cara com uma cena improvável: Sirius e Lilly estavam sentados num sofá e abraçados. No sofá da frente, James conversava com o casal como se a visão de Lilly abraçada a um Maroto – melhor dizendo, ao melhor amigo dele – fosse a coisa mais normal do castelo. Ela desceu as escadas.
"O que está acontecendo aqui?", ela gritou. Viu Lilly empalidecer, choque transbordando pelos olhos verdes. Viu Sirius beijá-la na têmpora, para acalmá-la, e odiou a monitora. Por ser bonita, sexy, divertida, inteligente, determinada, estudiosa. Por ser tudo que ela era, e por ter o que ela sempre quisera: o amor de Sirius Black.
"Mari...", Lilly gaguejou, sentindo culpa por não ter jogado limpo com a amiga.
"Não, Evans". Havia gelidez na voz de Marianne. "E eu pensei que você queria alguém para se divertir", dessa vez ela se dirigira a Sirius.
"Nunca lhe dei esperanças, Parker", Sirius replicou, tentando acalmar Lilly. Ela tremia e lágrimas ameaçavam cair dos lindos olhos verdes.
Julia Wainer, amiga de Lilly e colega de quarto dela e de Marianne, apareceu e deu uma espiada na cara arrasada da amiga. Sem dúvidas, ela marchou em direção à Marianne e lhe deu um potente tapa no rosto. James, Sirius e Lilly arregalaram os olhos.
"Por favor, Marianne, não seja convencida. Todos sabemos que o Sirius nunca te quis. E, se ele escolheu a Lilly, seja uma boa amiga e uma boa perdedora como o James e dê os parabéns ao novo e feliz casal", ela disse. Depois, deu as costas à Marianne e abraçou Lílian. "Parabéns, amiga!" Ela gritou. Julia fazia o estilo rebelde, com cabelos ondulados e azuis, um piercing no nariz, uma tatuagem de leão na panturrilha e incríveis olhos negros. Ela se aproximou de Sirius e impulsivamente abraçou-o. "Se você ou algum dos seus amigos magoá-la, juro por Merlim e por Circe que vão se arrepender", ela sussurrou enquanto o abraçava. Ele sorriu e disse:
"Obrigado. E não se preocupe".
Eventualmente, Marianne superou seu ciúme e sua dor-de-cotovelo, mas nunca perdoou plenamente Lilly e Julia: Lilly por namorar Sirius, Julia por esbofeteá-la na frente de três colegas. Depois da formatura, acabou se casando com um sonserino – muito para a tristeza de Lílian -- e dando à luz a um menino.
Superada sua vontade de conquistar Lilly, James foi um fiel amigo do jovem casal, e tornou-se um irmão para Lilly. Quando o clima na casa dos pais de Lilly ficou insustentável por conta das discussões da moça com a irmã trouxa, ele abrigou-a na casa de seus pais em Hogsmeade. No final do sétimo ano, James encontrou o verdadeiro amor nos braços de Julia, com quem se casou e teve um menino, a quem os pais batizaram de Lucas.
Remus casou-se, mas sua esposa morreu de câncer alguns meses depois. Kelly, sua jovem esposa, era trouxa, mas adorava magia e acreditava em bruxos. Ele ficou recluso por mais de um ano, mas, quando Lilly deu à luz as gêmeas, ele voltou a freqüentar a casa dos amigos.
Sirius cumpriu sua palavra: ele fez Lilly muito feliz. O jovem, que saíra de casa dois meses antes de começar o romance com Lilly, comprou um pequeno apartamento na mesma época em que Lilly saiu de casa, e o casal decidiu morar juntos no fim daquele mesmo ano, oficializando o noivado seis meses depois, no começo do sétimo ano.
Lilly e Sirius se casaram dois anos depois da formatura, e, com a morte de Regulus e a prisão de Bellatrix, foram morar em Grimmauld Place, 12. Nove meses depois do casamento, Sirius estava radiante: Lilly deu à luz a menininhas gêmeas, Catherine e Victoria.
E pensar que tamanha história de amor começara em segredo.
THE END!
