Ela olhou fixamente para seus olhos negros; era como contemplar a noite. A noite, assim como seus olhos, era misteriosa. A noite era linda, serena. Seus olhos a hipnotizavam, ela deu passo um passo involuntário em sua direção.

- Você fez sua escolha? – Damon perguntou, presunçoso.

Era exatamente a essa pergunta que Elena não queria responder. Meredith falara que ela sempre se prendia, sempre havia uma corda de responsabilidade amarrada em sua cintura, restringindo-a. Mas hoje, ela prometeu, cortaria essa corda. Só por hoje ela desfrutaria do poder da liberdade, se entregaria a liberdade.

Hoje ela faria o que ela quisesse.

- Eu escolho esta noite.

Elena tomou o sorriso torto dele como um convite. Lenta, mas não hesitante, deu o passo que a colocaria fora de seu quarto, seu único refúgio, o único lugar que ela ficaria protegida contra Damon.

Com sua típica expressão misteriosa, ele afagou o rosto macio dela, suas madeixas douradas. Ele curvou-se vagarosamente, o olhar nunca desviando dos olhos dela, e roçou seus lábios nos de Elena.

A reação dela foi imediata. O salgue pulsou em suas veias, seu coração bateu freneticamente, o ar entrava com dificuldade em seus pulmões. Foi o suficiente para romper a corda. Ela jogou seus braços nos seus ombros largos e o trouxe para mais perto. O beijo inocente tornou-se intenso, forte, mas ainda sim era doce – o que surpreendeu Elena.

Damon libertou os lábios dela para que sua boca traçasse um caminho até seus pescoço. Demorou-se lá, saboreou seu doce aroma floral, sentiu a ardência em sua garganta.

Primeiro, Elena sentiu o contato dos dentes afiados em sua garganta, então sentiu a dor de sua pele sendo perfurada, que logo foi substituída por uma agradável sensação de calor. Suspirou.

- Elena? Elena, é você? – ouviram a voz da tia Judith no primeiro andar, logo abaixo da escada.

Damon a libertou e Elena foi capaz de responder, meio ofegante.

- Sim, tia, sou eu. Não se preocupe.

- O que você está fazendo ai em cima acordada? – indagou – Deixa para lá. Volte a dormir, Elena. Amanhã você tem aula – ela ordenou, então ouviram um baque de uma porta se fechando.

Elena virou-se e entrou no seu quarto, então parou ao notar que Damon não a seguia.

Ele sorriu, mas não de um jeito vitorioso. Como ele poderia se sentir vitorioso se nunca houve nada para ganhar? Os dois sabiam que uma hora isso iria acontecer. Era só questão de tempo.

- Você precisa me convidar para entrar – explicou, provocante.

Elena suspirou, resignada. Para que amarrar-se agora?

- Entre.

(tire suas próprias conclusões)