N/T: fanfic com James Sirius / Lily Luna, por isso James/Lily² ahaha. Te dedico, LeBeau.
Unbelievable
por Luna Black
"Menina que bebe o mar e quer morder estrelas."
Lately when I look into your eyes
Ultimamente quando olho em seus olhos
You're the only one I need in my life
Você é o único que eu preciso na minha vida
Eu era diferente. E era ainda diferente daqueles que já eram diferentes. Havia nascido com uma particularidade nos sentidos, uma peculiaridade anormal.
Papai dizia sempre que eu era especial. Já mamãe insistia em ignorar o assunto e repreender papai quando tocava nele. Os dois tentavam me proteger. E os dois sofriam por mim e assim eu aprendi a me abster de sofrer.
Havia uma espécie de ritual quando nos sentávamos para escutar Albus tocar. E ele tocava um instrumento gigantesco, que por vezes eu esquecia o nome. Violoncelo. Era de cordas e ele me fez decorar suas notas. Dó, Sol, Ré e Lá. E eu deveria dançar enquanto ele tocava.
E, ninguém, absolutamente ninguém entendia que eu não ouvia o som. Eu o via. Papai afasta todos os móveis enquanto mamãe está fazendo o jantar. E existia James. Ele sempre estava lá e eu não entendia. Ele não precisava estar lá.
Lá. Albus começa com esta nota. E eu vejo o som passando por mim, como um ponto luminoso. É uma sensação maravilhosa. Corro atrás do ponto, girando e rodopiando. As pessoas chamavam aquilo que eu fazia de dança.
E buscava o olhar de aprovação de papai. Mas é quando meus olhos se encontravam com os de James que me eu distraía. A sensação de pular sobre rochas desaparece e só enxergo o céu da noite, repleto de estrelas.
E era sempre assim. James era a noite, o céu escuro possuidor dos pequenos pontos luminosos. E, por um momento, eu quero morder as estrelas. O som pára e percebo que estou caída no chão, meu olhar fixo em James.
"Eu sabia", Albus disse irritado.
"Do que está falando?", perguntei assustada, olhando para meu irmão, Albus, e vendo nele o mar, todo o oceano azul. Todo seu semblante tranqüilo não me dizia nada, já que constatei que não era porque o mar estava quieto na superfície que nada estaria ocorrendo em seu interior.
"James!", sua voz se esganiçou e ele apontou para meu irmão mais velho. "James só vem aqui para te distrair e me irritar!", acusou-o e eu olhei incrédula.
"Não é culpa dele", meu pai assistiu tudo sem dizer uma palavra. Disse-nos uma vez que deveríamos resolver nossos problemas sozinhos.
"E você mais uma vez o defende", retrucou, voltando para o instrumento.
Olhei para James e sorri. Ele olhou com aprovação, dando-me uma piscadela. Levantei-me, olhando o modo peculiar que Albus segurava seu instrumento. Já havia notado várias vezes que ele não segurava da forma comum, colocando o violoncelo entre os joelhos. Albus estendia-o e parecia mais fácil tocá-lo. E talvez todos naquela família tivessem suas diferenças diferentes dos outros.
Baby I just don't know how to describe
Baby eu apenas não sei como descrever
How lovely you make me feel inside
O quão amorosa você faz sentir por dentro
Dó. Era está a nota de quando ele estava irritado. James se divertia com isto e eu aprendi a me divertir também. E, mesmo sem saber, Albus me transportava para um mar violento, onde as ondas cobriam as pedras com força. Deste modo eu deveria pular e me desviar rápido para não ser levada pelas ondas. Essas eram as ondas de irritação do meu irmão, as quais tornavam a aventura mais perigosa.
Eu tinha apenas treze anos e toda a atenção de James. E eu sentia seu olhar sobre mim e era o mesmo que sentir o céu da noite sobre meus cabelos, acariciando-me. Eu gostava mais de James do que de Albus. Eu preferia a James a Albus. Mas era só com Albus que eu dançava para James.
E por isso me entregava a toda aquela agitação. Desviando e saltando por pedras que estavam no meio do mar. E eu me recusava a parar e a parar de sorrir. Papai me olhava com admiração e via nele todo o céu claro do dia, toda a música calma.
You give me butterflies
Você me dá borboletas
Got me flying so high in the sky
Me pega voando tão alto no céu
I can't control the butterflies
Eu não consigo controlar as borboletas
Ré. Albus muda gradualmente para o Ré. Este era sua nota da aceitação, quando as ondas ficam menos avassaladoras. O mar se torna mais claro, quase transparente. E eu passo a dançar com mais suavidade.
Nunca vi as particularidades de James, se é que ele as possuía. Seguindo pela linha de que todos os Potter's eram uma exceção à regra, James nunca me mostrara. E eu me sentia curiosa em relação à ele.
Eu já ouvira de Rose sobre as náuseas que sentia ao pensar em certo garoto, que me recusou a falar seu nome. Ela estava apaixonada e subitamente notei que possuía borboletas em meu estômago. Eram realmente borboletas batendo suas asas e me fazendo dançar com mais suavidade.
Desta vez me controlei para não desviar o olhar até James, mas dancei com aquele sorriso travesso nos lábios. Este era o sorriso que eu dava a ele e só a ele. Nunca consegui manter o controle das borboletas, elas me faziam praticar magia involuntária e eu me pegava flutuando pela sala quando abria os olhos.
This seemed like the likely thing
Isso parece com a coisa mais querida
From the start you told me I would be your queen
Desde o começo você me disse que eu seria sua rainha
Sol. Era a última nota. Esta era a que ele tocava com mais vontade, com certa alegria. E era a que eu mais me dedicava, pois me era favorita. Eu tentava brilhar feito o sol para James. Lembrava-me de que ele dizia que eu era a mais bela quando dançava nos últimos minutos. E ria porque ele não havia decorado as notas.
James só sabia uma coisa sobre o violoncelo: era o rei dos instrumentos de cordas. E por isso me confessou que eu era sua rainha.
O pôr-do-sol atingia as janelas da sala e eu vislumbrava o outono. Nossa sala enchia-se de folhas secas e eu dançava entre elas. Via as folhas caindo sobre mim, o tom excitado de Albus ao tocar.
E as folhas tinham um maior significado, pois me permitiam tirar James para dançar. E nem Albus nos via mais por que sempre fechava os olhos, ele queria sentir a música com mais intensidade.
Puxei James pela mão. Ele me rodava e rodava. E seus olhos pareciam brilhar com intensidade, ele era perfumado e eu só podia enxergar um campo florido. Era a melhor imagem de toda aquela dança. E as folhas caiam sobre nós como chuva.
O som que envolvia James era radiante. Suas mãos nas minhas era como o ar, como o vento acariciando minha pele. Era toda uma razão, minha razão.
E antes que Albus encerrasse sua composição, levei James para fora de casa. Passamos correndo pela porta da cozinha enquanto papai observava Albus. Já era quase noite e nos sentamos na grama.
But never had I imagined such a feeling
Mas eu nunca imaginei esse sentimento
Joy is what you bring
Você me traz alegria
I want to give you everything
Eu quero te dar tudo
"Você esteve ótima", ele disse, apoiando as mãos atrás do corpo e esticando as pernas.
E a noite nunca esteve tão perto de mim. Olhei em seus olhos, sentindo o vento bater em mim, mesmo que não estivesse ventando e meus cabelos estivessem escorridos por minhas costas.
"James", eu disse sorrindo. "O que diferencia você dos outros?"
"Como é?", ele não havia entendido.
"Albus segura o violoncelo de maneira diferente", comecei, fazendo uma pausa. "Eu vejo o som", sussurrei e ele se aproximou de mim para ouvir. "E você? Qual é a linha que te diferencia dos demais?"
"Você", ele disse simplesmente virando o rosto.
"Eu não entendo", respondi, vendo-o se deitar na grama.
Inclinei meu corpo sobre o dele, fazendo-o olhar para mim. James era teimoso e fechou os olhos. Ousei encostar meu nariz no dele, causando arrepios em meu corpo.
"O que você vê quando ouve minha voz?", ele me perguntou e eu arqueei as sobrancelhas, seus olhos ainda permaneciam fechados e sua respiração se misturava a minha.
"James!", repreendi-o por mudar de assunto.
"Vamos lá, Lily, me responda", pediu e eu suspirei.
"Eu vejo a noite, o céu, as estrelas", confessei e ele sorriu. "Eu vejo esse céu que está acima de nós, e com você é verão para sempre", continuei, ainda sobre ele. "Mas por ser noite, ser céu, ser estrelas, ser tudo, é inalcançável", James abriu os olhos e meus castanhos refletiram nos dele. "É inacreditável para você."
"O que vocês dois estão fazendo?", minha mãe gritou e eu me ergui rapidamente. Sua voz era como a ventania antes de iniciar a tempestade.
"Beijo de esquimó", eu disse me levantando, referindo aos nossos narizes encostados.
"Venham jantar", minha mãe riu, dando de ombros e eu a segui, deixando James para trás.
You and I
Você e eu
Are destiny
Somos destinados
I know now
Agora eu sei
You were made for me
Você foi feito pra mim
"O que você vê quando escuta a própria voz?", James subia as escadas ao meu lado.
"Você sabe a resposta, porque pergunta?", indaguei sorrindo de lado.
"O sol?", ele perguntou sem jeito e eu gargalhei.
"Eu já estaria cega se fosse o sol, James", respondi distraída e percebi que ele me seguia. "Eu vejo o céu do dia, o azul claro, sublime", dei de ombros correndo para meu quarto.
"Lily!", ele exclamou entrando atrás de mim e o recebi com uma travesseirada.
James cambaleou por alguns segundos até pular sobre minha cama e pegar um travesseiro. Eu sempre o desafiava com aquelas brincadeiras de crianças, e, mesmo tão mais velho do que eu, ele entrava na minha dança.
Nós nos acertávamos quase que sincronizados, como em uma dança. Era como voar pelo céu da noite, como quase agarrar as estrelas. E então James desligou as luzes e eu o acertei em cheio, derrubando-o no chão. Joguei meu corpo por cima do dele, afastando os travesseiros.
Ele suspirou cansado e eu me apoiei dos lados de seu corpo com os cotovelos. Nossos corpos faziam um encaixe perfeito, as borboletas voavam por nós e eu sorria. James não fechou os olhos, apenas me encarava.
I can't control it
Eu não posso controlar
It's driving me
Está me deixando
Taking over me and I want
Tomando conta de mim e eu quero
"O problema com as exceções à regra é a linha que as delimita", James disse e eu olhei interrogativa.
"Eu vejo sons", respondi. "E você? Como posso ser seu diferencial?"
"Eu levei anos para me dar conta, Lily", respondeu com mistério. "É o que sinto por você, isto passa do simples amor de irmãos. É mais complexo", ele me respondeu e eu deixava a noite tomar conta de mim. "Eu gosto de você... De uma maneira diferente", ele encerrou.
James inclinou seu rosto para cima e eu não me afastei. Não me afastei porque eu queria, mesmo sabendo que era errado. Era perverso. E seus lábios tocaram os meus, eu beijava estrelas. Eu senti meus pés saindo do chão, me senti voando para o alto, para o céu, para o infinito.
Pela primeira vez eu ouvi a música, eu via a noite, sentia as estrelas. Eu era consumida e consumia. James era eu e eu era James. Senti todas as formas que nos completavam tomando conta de mim. Todas as borboletas voando com intensidade ao nosso redor.
You give me something I just can't deny
Você me deu algo que eu não posso negar
Something that is so real
Algo que é tão real
I just can't control the way I feel
Eu não posso controlar o jeito que eu sinto
I never felt like this
Eu nunca me senti assim
E como toda a dança, aquele momento chegou ao fim. Nós nos olhávamos com intensidade, suspiramos juntos e sorrimos. Eu me levantei, ajuntando os travesseiros e colocando-os em cima da cama. Sentei e James se levantou, sentando ao meu lado na cama.
"Lily Luna", ele murmurou e eu assenti.
"Esse é o tipo de coisa que só acontece uma vez", respondi e ele concordou. "Foi tão real que eu sinto que posso sonhar com isto para o resto de minha vida", disse e ele segurou minha mão.
"O que você sentiu?", me perguntou e eu apertei a mão dele.
"Este é o tipo de coisa que não se descreve, ou então a mágica se perde", comentei e nós voltamos a ficar em silêncio. "James Sirius", eu murmurei e ele virou a cabeça, olhando-me. "Vou amar você para sempre".
"Eu também vou amar você para sempre", respondeu e me puxou para seus braços, me abraçando.
Ouvi o som do violoncelo de Albus entoar uma música triste, melancólica. E então percebi que aquele era o som das minhas lágrimas. Elas escorriam por meu rosto, dando formato àquele momento. James não as percebeu.
"Boa noite, Lily", disse beijando minha testa e deixando meu quarto.
Puxei para mim os dois travesseiros, agarrando-os e sentindo os toques de James em um e os meus em outro. Por algum tempo pensei que até os travesseiros se completassem e então os afastei. Nem mesmo eles poderiam ficar juntos, seria uma falsa ilusão. Então me deitei sobre o travesseiro com que James lutara.
Fechei meus olhos rapidamente ao ver a sombra de meu pai se aproximando de meu quarto. Ele entrou, caminhando até minha cama e beijando-me a testa. Seu toque era uma canção de ninar. Puxou a coberta e me cobriu.
"Sonhe com os anjos, Lily Luna", murmurou, era como o oceano esverdeado em um dia tranqüilo. Ele saiu, encostando a porta.
E perdendo o fio do pensamento, adormeci e sonhei com o momento em que James tiraria meus pés do chão novamente. Com o momento em que eu iria beijar as estrelas e me deitar sobre as nuvens do céu da noite. Um momento inacreditável que só acontece uma vez na vida.
fim
N/T: Fanfic dedicada a Tash xD por ter me feito escrever James/Lily², completamente proibida. Hahaha ficou fraquinha e tal, mas espero que gostem ; D pra você, Jack!
