Nota do autor: Essa fanfic é a continuação de "O Cavaleiro Celestial" de minha autoria. Recomendo que leiam essa fic antes de começarem a ler "Broche do Cavaleiro".
E, é claro, Gundam Wing e seus personagens não me pertencem de forma alguma.
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Broche do Cavaleiro
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Um vulto saiu correndo de uma casa nos subúrbios da grande Cidade Capital. A grama ainda molhada da chuva que havia caído fazia com que cada passo se tornasse dolorosamente barulhento.
Apesar da escuridão, não era difícil reconhecer os cabelos loiros e meio espetados.
— E então, Chris? Fez o que tinha que fazer?
Uma mulher de cabelos loiros olhava para Chris da janela do carro estacionado em frente a casa.
— Inferno, Dorothy! Dá pra falar mais baixo?
— O Duo deve estar se acabando de chorar. Eu duvido muito que ele vá perceber qualquer coisa, oras...
— Hm... Dorothy?
— Que foi? — perguntou a menina quando Chris se aproximou da janela do carro.
— Se eu abrir a porta agora, com você apoiada nessa janela, vais parar de cara no chão.
Dorothy ficou um pouco encabulada e sentou-se melhor no banco do motorista. Chris entrou no carro e sentou-se no banco do passageiro.
— Você já foi menos estúpido comigo...
— Desculpa. Não é por mal. É só que... Não é muito fácil ficar a vontade num planeta onde estão te caçando pela morte da ex-imperatriz.
— Vou fingir que acredito... — disse Dorothy, enquanto dava a partida e começava a acelerar.
Chris olhou para a mulher de cabelos loiros sentada ao seu lado com uma cara de incompreensão.
— Eu não preciso ler a mente de ninguém pra saber que você tá morrendo de saudades...
O loiro se forçou a rir baixinho, sem muito ânimo.
— Você já superou tudo, então?
— O que você quer que eu faça? Viver do passado nunca foi uma opção pra mim — a face da loira parecia serena — e você sabe muito bem que eu supero qualquer coisa.
— Mesmo ter me perdido?
A garota enrugou a cara, numa espécie de sorriso irônico.
— E eu ainda me incomodo pra vir até aqui só pra te ajudar a deixar um presente na casa do namorado. Tenho até pena do Duo quando ele... desculpa, não queria tocar no assunto.
— Relaxa, Dorothy. — disse Chris, de maneira calma — Não vai mais acontecer nada entre o Duo e eu. Não vou colocar ele em perigo só por causa de uma paixonite. O Zechs quer a minha cabeça, tá lembrada?
— E me colocar em perigo é perfeitamente admissível, senhor Harrison?
— Primeiro: Você se ofereceu pra me ajudar. Segundo: você tem essa abençoada imunidade de embaixadora. Terceiro: você estava doidinha pra passar mais um tempo comigo. — completou Chris rindo abertamente.
— Sua peste... Num minuto, a criatura mais gentil da face do planeta, no outro, vira essa coisa irritante.
— Irritante e lindo de morrer, esqueceste da última parte.
— Você vai ir logo embora do planeta? — Dorothy estava começando a ficar irritada.
— Ainda amanhã. Meu Gundam tá aqui embaixo do banco. Compactado, é claro.
— Vais voltar pra L-38?
— Acho que sim. Apesar de tudo, o Zechs não tem nenhuma prova realmente incriminadora contra mim. Fora o Musashi, lógico. Talvez eu possa esconder ou dar um fim no Musashi.
— Tudo isso culpa da Relena. Nossa, não tem como acreditar. Eu sabia há muito tempo que ela literalmente idolatrava o Heero, mas chegar a ponto de chantagear, matar... E exagero até pra ela.
— E eu não sei, Dorothy?
— Claro que sim. — disse Dorothy, sacudindo a cabeça de leve — Eu entendo um pouco o que você passou...
Chris reclinou-se no banco e cruzou os braços atrás da cabeça. Não havia motivo para ficar irritado com Dorothy. A ex-namorada o estava ajudando muito mais do que ele achava que deveria, inclusive permitindo que ele ficasse no próprio prédio da embaixada, nos aposentos da embaixadora.
Se haviam falsas esperanças ali? Claro que sim, afinal Chris podia perceber as verdadeiras intenções de Dorothy no momento em que ela punha o pé na mesma sala que ele. Ela ainda sentia alguma coisa por ele, apesar de tudo.
Não adiantava ficar esquentando a cabeça com esse tipo de idéias, no final das contas.
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"Não adianta ficar esquentando a cabeça com isso, no final das contas" — Duo pensou enquanto se aproximava da janela da cozinha.
— Ele não deixou isso aqui... não é? — perguntou em voz alta para si mesmo, enquanto os dedos brincavam com o broche que segurava na mão direita.
Sua única resposta foi o bater insistente da janela contra a parede da casa.
Duo não fechou a janela naquela noite.
