InuYasha e personagens pertencem à Rumiko Takahashi;
Os personagens que aparecem nesta fanfiction que não pertencem a InuYasha são de minha autoria.
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A Confissão de Naraku – Parte III: A Feiticeira Youkai
Em uma região pouco desvendada, ao dispersar da névoa começava a aparecer uma fétida e medonha floresta. Árvores retorcidas e com galhos desnudos formavam verdadeiras quimeras vegetais; o ar, rarefeito e com um sufocante cheiro de podridão, produzia uma pesada atmosfera; o chão compactado se assemelhava a rochas; pântanos por todos os lados e um céu escuro e aterrador. Lá habitavam terríveis criaturas que pareciam ser verdadeiras aberrações da natureza, youkais com uma aparência claramente demoníaca. No meio deste terrível lugar, havia uma caverna sob uma gigantesca árvore, parecida com um salgueiro-chorão. As profundezas dessa caverna eram um amplo espaço, onde algumas raízes da árvore se encontravam, fechadas em forma de aguilhão e apenas tocando o chão. Lá também denunciava ser morada de alguém, com uma grandiosa cadeia de velas a iluminar, ouvia-se a suave sinfonia de uma flauta e o ar parecia bem melhor. O teto era elevado, devia estar a uns quinze metros do chão; por todas as paredes – entre uma cadeia de velas e outra – havia prateleiras com jarros de barro de diferentes decorações, formas e cores. Mais para trás, duas aberturas de uns três metros de diâmetro: a da esquerda parecia levar para um aposento que servia como local para dormir e banhar-se, com uma laguna. Sua altura era de uns cinco metros, aumentando sobre a laguna. A abertura da direita se assemelhava a uma espécie de sala de experiências, com prateleiras cheias de vasos simples e cestas de palha repletas de materiais; abaixo havia uma bancada repleta de estranhos instrumentos de metal e grandes paus talhados como colheres e outros instrumentos comuns; havia também uma mesa de madeira, com as dimensões de uma maca; o teto devia estar a uns três metros de altura. De volta ao cômodo principal, atrás das raízes da árvore, próximo às aberturas, havia um tipo de maquinário, que parecia servir para levar algo pesado para o centro das raízes, por um trilho instalado no teto. Fazia também parte do conjunto uma roda – parecida com uma de leme –, a fim de produzir o movimento ao longo do trilho, e várias correntes, para içar e transmitir movimento; no chão, ligada às correntes, havia uma grande peça redonda de pedra, com bordas elevadas, para encaixar algo.
Lá habitava uma mulher capaz de manipular vidas e seu fiel assistente. Ela era uma mulher extremamente bela. Alta, bem encorpada e curvilínea; olhos médios, de geometria aparente de um trapezóide, extremidades arredondadas e cantos externos repuxados; sua expressão indicava malícia; seus cabelos, vultosos, bem longos – passando dos joelhos –, lisos, com duas mechas à frente do corpo e com uma volumosa franja dividida ao meio, possuíam um tom castanho-avermelhado, seguindo seus olhos, cujas pupilas pareciam ocultas; a pele da moça era acobreada e exalava um inebriante perfume de jasmim. Definitivamente ela não combinava com o lugar. Sua roupagem se tratava de um vestido bem longo e de tecido leve, com cauda esvoaçante e mangas bem longas; o vestido mostrava-lhe os ombros, fazia um decote bem expressivo e marcava-lhe as formas com primazia. Sobre seu colo, um colar, cuja peça central era elíptica e possuía animais e plantas estilizados ao redor de uma figura, como um brasão; a estrutura que sustentava a peça central era formada por vários caninos de grandes tamanhos e todo o colar parecia ser feito de ouro. Ela também usava uma espécie de elmo, cujo desenho era rente à cabeça e avançava sobre o rosto em formas pontiagudas pela testa e acima das orelhas, também pontiagudas; no topo das laterais, ao fundo, havia estruturas negras em forma de asa de morcego, não muito grandes. Vestes e elmo eram em um tom de violeta entre médio e escuro. A mulher carregava consigo um cetro, que parecia ser formado por vários galhos retorcidos trançados, de cor escura e com o topo bem adornado, semelhante ao colar. A criatura que tocava a flauta ficava em um tipo de nicho localizado na metade da altura das paredes e perto do íngreme caminho que conduzia à grandiosa boca da caverna. O youkai se assemelhava a uma gárgula, possuía apenas um olho, bem grande, saltado e amarelo e com uma pupila negra, como a de um gato; ele possuía asas, grandes, similares às de morcego; possuía orelhas pontiagudas, rosto com aparência humana e mãos com garras; devia ter pouco mais de um metro de altura, estando sempre agachado; possuía também um chifre no centro da testa, curto e reto. A criatura parecia ser feita de madeira, em um tom pardo-escuro e de aparência rachada. Tocava sempre com os olhos semicerrados.
A mulher, que se encontrava pouco a frente das raízes da árvore, estava de pé, apoiando o cetro no ombro esquerdo, com a cabeça levemente abaixada e a perna direita um pouco projetada para frente, segurando uma cumbuca de chá com as duas mãos. De repente, a bela expressou um sarcástico sorriso em seus grossos lábios, pintados de vermelho:
– Ora, ora, Daisuke – referiu-se ao youkai que tocava a flauta. – Me parece que em breve mais um desesperado recorrerá aos nossos serviços! – disse, mexendo seu chá com um dedo, enquanto Daisuke soprava a flauta com mais intensidade e assentia com a cabeça, abrindo um pouco seu olho.
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-:- CAPÍTULO 01 – Uma Chance para o Casal -:-
De volta ao abrigo de Naraku, o sol já se encontrava bem alto. Byakuya estava a tomar chá e seu rosto esboçava uma expressão de tédio. Já fazia horas desde que seu mestre caíra em sono profundo. Eis então que Naraku começou a remexer as sobrancelhas, abrindo seus rubros olhos em seguida. Sentou-se tão de repente que quase assustou seu vassalo.
– Boa tarde! – resmungou em tom de brincadeira.
Mais uma vez, Naraku não lhe deu ouvidos. Levantou-se e foi direto para a janela. Pôs-se a observar o sol com uma expressão de "emburrado". As sobrancelhas bem levantadas, pulsação acelerada, olhar fulminante, a boca quase a formar um bico; dentes apertados entre si e a pobre madeira do peitoril sendo brutalmente pressionada pelas mãos do meio-youkai. Apesar da fúria, seus delicados olhos não conseguiam suportar a intensa luz da estrela. No limite da dor, apertou os olhos e sacudiu a cabeça, enquanto suas mãos paravam de comprimir o peitoril. Virou-se, apoiou o corpo neste e cruzou os braços, olhando para o chão de um jeito melancólico.
– Toda vez que ele nasce, se aproxima ainda mais meu inevitável infortúnio! – resmungou.
Byakuya estava de olhos fechados bebendo seu chá. Ele então parou de beber, abriu os olhos e os direcionou a Naraku, que continuava a reclamar:
– No entanto, o cair da noite não é menos desesperador!
Byakuya olhou para ele com jeito de quem não entendeu nada, apesar de saber exatamente à que estava se referindo.
– Essa sua mania de falar difícil quase me confunde! – reclamou. – Mas, mudando de assunto – pausou –, não consegue pensar em nada que possa reescrever seu "inevitável infortúnio"? – indagou e voltou a beber seu chá.
– Na verdade – pausou, ajeitando o corpo –, passei a maior parte do tempo em que estava deitado pensando.
Byakuya se voltou rapidamente a ele com uma expressão de curioso:
– O quê?! O quê?! Fale! – indagou quase aos berros.
Naraku direcionou seus olhos a Byakuya, erguendo as sobrancelhas e o fitando com seriedade:
– Cheguei à possibilidade de recorrer a alguém que pode fazer isso!
De tão cauteloso que Naraku costumava ser ao transmitir seus pensamentos, Byakuya ficou impaciente e perguntou aos berros com uma faceta de raiva:
– Para de fazer mistério! Fale logo!
Naraku lhe lançou um olhar bem bravio por causa da interrupção, o que fez seu servo ficar apavorado:
– Q-Quer dizer, se esta for sua vontade, claro! – disse, apertando a cumbuca de chá e olhando para o alto.
– Bom, a questão é a seguinte – começou o meio-youkai, se desencostando da janela –, eu conheço um rumor de que existe uma feiticeira, uma youkai feiticeira, que é capaz de trazer os mortos de volta e por completo! Corpo de carne e osso, e alma! – Pausou. – Segundo a lenda, essa mulher, que paradoxalmente habita um asqueroso bosque morto-vivo, atua em concílio com a única árvore viva de lá. Ela é gigantesca e leva o epíteto de "A Árvore da Segunda Alvorada" – completou.
Byakuya abriu bem seus negros olhos violáceos e sua boca fez um bico, enquanto Naraku virava a cabeça para fora:
– O que quero, Byakuya – retornou –, é averiguar a veracidade desta lenda! Vou procurar a tal "floresta dos horrores" e a mulher e sua árvore "sei lá o quê"! – disse. – E se for possível fazer o que desejo, estou disposto a qualquer valor por isto! – completou decidido.
Byakuya estranhou seu "eu vou procurar" e indagou:
– Não vai pedir para que eu o faça?
– Não! Quero cuidar disso pessoalmente – respondeu o meio-youkai.
– E eu faço o quê?
– Quero que fique de olho na Kikyou! Dê-me detalhes sobre sua situação! Preciso saber o quão rápido preciso ser. Tenho medo que não haja tempo. Parece que aquela mulher trabalha com condições específicas para cada caso – disse secamente.
Antes que seu servo pudesse formular qualquer outro pensamento, Naraku pôs-se a flutuar dentro de sua barreira, começando a sair da casa. Byakuya então o alertou aos berros:
– Ei! Você vai deste jeito?!
Naraku então olhou para seu corpo e percebeu que se encontrava desnudo.
– O que ainda está fazendo aí, parado igual a um pilar? – brigou. – Vá buscar minhas roupas, cria estúpida! – completou.
Byakuya ficou tão assustado que nem teve tempo de se sentir ofendido. Varejou longe seu chá e correu para dentro. Naraku voltou-se novamente para o exterior. Em seu rosto uma expressão bem séria, olhar de ave de rapina, mãos apertadas e seu coração bastante confuso entre esperança e desespero:
Sei mais ou menos a localização dessa floresta e, procurando de cima, não será um desafio encontrá-la!, pensou. Kikyou! Por favor, anjo meu, resista mais um pouco! Estou disposto a qualquer sacrifício que possa ser necessário para sua cura! Mesmo que..., pausou. Mesmo que depois sigamos trilhas distintas!, concluiu seu pensamento, receoso com a gélida e cruel possibilidade de sua amada dar-lhe as costas e voltar para os braços de seu odiado inimigo de guerra e, principalmente, de amor.
-:- CONTINUA...
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NOTA: Bom, pessoal, aí está o primeiro capítulo da fanfic. Ficou meio curtinho, mas os próximos terão mais coisas. Atualizarei a fic de 15 em 15 dias. Caso eu tenha algum problema e seja necessário aumentar o tempo entre uma atualização e outra, avisarei no último capítulo que eu postar. Para finalizar, gostaria de deixar meus agradecimentos à Jessica Junqueira, Giovanna Cristine, Bianca, Mila Kotsu e Shamex Angel: se não fosse por vocês, está fic não existiria! Obrigada por lerem e comentarem!
