As luzes do palco diminuíram por um instante, logo o brilho tomou conta do lugar novamente, a morena acenava para pessoas gritando de todos os lados, não pude evitar ser contagiada pelo enorme sorriso em seu rosto. Os músculos da minha face ficaram dormentes por um instante e percebi que já estava sorrindo antes mesmo de chamarem seu nome. Selena. Eles clamavam por ela. Derretiam a cada passo de dança, a cada nota que saía de sua garganta. Eu me sentia exatamente como eles, porém havia algo mais. Saudade.

– Obrigada, obrigada! – Selena se despedia enquanto recebia uma salva de palmas.

– Esta foi a belíssima Selena Gomez, com seu mais novo Single Slow Down. – Mario tomou a palavra.

X

Uma leve dor de cabeça me incomodava após algumas horas de show, os gritos da plateia foram intensos, Gomez realmente animou a noite. Já passava de meia noite e Kelly deixara o estúdio há algum tempo. Eu cochilava tranquilamente no camarim quando o ranger da porta me despertou, fingi não ouvir os passos na sala, mas um leve arrepio percorreu o meu corpo quando ela chamou meu nome.

– Demi – o sussurro fez com que um sorriso chegasse aos meus lábios – eu sei que você está acordada.

Abri os olhos lentamente encarando os olhos castanhos da garota.

– O que você faz aqui? – Franzi o cenho.

Dei espaço para que ela sentasse ao meu lado.

– Estava esperando para falar com você. – Mordeu os lábios.

– Algum problema?

Seus olhos encontraram os meus rapidamente, talvez tentando descobrir se eu realmente disse aquilo.

– Você continua fingindo que não sente nada.

– Sel, nós já conversamos sobre isso – Tentei segurar sua mão, mas ela recusou o contado levantando-se bruscamente.

Ela tinha razão em agir daquela maneira.

Observei seu rosto através do espelho, ela parecia indecisa. Respirou fundo por um instante e tirou algo do bolso, tornou a aproximar-se e sentou sobre os joelhos a minha frente.

– Lembra-se disso? – O pequeno anel brilhou em sua mão.

Como poderia de algo que escolhi com tanto carinho? Foram semanas de mesada não gasta para comprar aquele pequeno presente, um anel simples com nossas iniciais gravadas na parte de dentro. Lembro-me bem de seu sorriso bobo descobrindo as gravações no metal.

Apenas balancei a cabeça.

– Não consigo tirá-lo, fico pensando em você – pareceu perder-se em algum pensamento – Sinto a sua falta, Demi.

Não pude conter a vontade de beijá-la, selei nossos lábios por um instante e a apertei em meus braços.

– Eu também sinto sua falta, meu amor.

Selena sentou-se no sofá e me puxou para o seu colo iniciando um carinho em minha bochecha, logo me puxando para um beijo lento. Havia muita saudade naquele toque, não existia luxúria, era suave e apaixonado, como nossos primeiros beijos quando tínhamos apenas quinze anos.

As recordações traziam a tona sentimentos antes deixados de lado, os planos esquecidos, fazia brotar novamente a coragem que um dia nos faltara para continuar. Aquilo estava adormecido, até alguém gargalhar alto como ela fazia, enquanto sua música não tocava no rádio, pois quando o fazia o calor retornava ao peito e me falhava a respiração.

Eu te amo. Pensei.

Nada foi dito, duas batidas na porta foram ouvidas.

– Demi, você está aí? – Meu noivo batia na porta.

Não respondi.

O contato foi quebrado. Minha respiração descompassada.

Ela permanecia tranquila.

– Fica comigo, você sabe que nunca será feliz com ele.

Ela tinha razão, mesmo que tentássemos esquecer o amor iria nos lembrar.