O teu corpo tremeu sob um soluço. O quarto calou-se e o homem à tua frente começava então a vestir-se.

Levantaste sutilmente a cabeça, atrevendo um discreto olhar sobre a figura que se agitava no silêncio. De repente ela olhou para ti — miserável criatura que se sacudiu de susto — e avançou em tua direção. O homem nem ao menos te pediu "Licença," antes de bruscamente puxar a camisa que se amassava sob os teus tremores.

Aceita de uma vez; prometeste jamais o encontrar, jamais, sequer, olhá-lo na cara, mas ali estava tu e ele: tinham-se tocado, tinham-se explorado, amado, rasgado de novo.

"Não é inteligente ficar aqui," o louro cortou o silêncio; sua voz abalando teus ossos. "Não queres ser descoberta, queres?"

Ruivo.

Abaixaste a cabeça, afundando-a no teu peito marcado por aquelas violentas dicas de amor e sacudindo-a com força, como que para afastar a imagem do outro homem; a sala girou, borrada de vermelho, aquele vermelho fogoso sob o sol perpendicular; a sala girou, mas ele não se foi, ele não se vai, e como uma criança que não consegue o que quer, uma pressão desagradável anunciou aquele líquido quente e salgado que te maculou a face, desidratando os teus lábios latejantes, que mal, embriagadas, conseguem-se pronunciar:

"Odeio-te."

Olhaste a figura fixamente, teus olhos acastanhados explodindo e brilhando de ódio e lágrimas; teus olhos tremiam, e logo abraçaste a ti mesma, afundando tuas unhas em tua própria carne com uma força de flagelação religiosa, porque sob esses protestos de ódio, tempestuosos, revoltos mares e correntes, há sempre a calma, a placidez e a impenetrável paixão que tens por aquela pele e lábios, olhos e voz e tudo.

"Ah," exclama o rapaz de voz fria, "idem."

E odeias-te, afogas-te nos teus próprios soluços por ser tão fraca e vulnerável. Como pode ele detectar, abaixo da tua estrita e exata personalidade, ímpetos de adoração quando, sob a superfície fria e sólida dele, só podes ver o mesmo interminável pedaço de gelo?