Autora: Peamaps

Data: Início 150914 (então não conseguia continuar de jeito nenhum, melhorado e reescrito em 050815.)

Título: Ele voltou

Gênero: suspense, terror, ficção, universo alternativo (não segue livro ou filme)

Avisos: Sangue, morte de personagens, fic gótica ou com temas pesados. Aviso 2: Minhas fics são geralmente slash/yaoi! (Romances envolvendo o mesmo sexo, abaixo à homofobia já! ^_^)

Personagens: Legolas, A Sociedade do Anel, talvez a participação de Arwen, seu pai Elrond e os gêmeos.

Descrição: A guerra do Um Anel acabou, mas existe uma ameaça que fará a Sociedade do Anel se reunir outra vez. A verdade é mais macabra do que qualquer um possa imaginar.

Agradecimentos especiais à Sarah por seu comentário encorajador, eu terei de forçar um pouquinho mas preciso terminar esta história por ti, muito obrigada por suas palavras. Perdão, não fique preocupada ^_^

Dedicada também à CeliYeps, com muito amor.

Legolas viajava solitariamente por semanas. Ele fora convocado por Aragorn e contra a opinião de seus conselheiros ele decidira negar a proteção de sua escolta pessoal. Todos viam que o elfo não era mais o mesmo, descuidado e retraído ele não parecia mais se importar com sua própria segurança.

Era verdade que a Guerra do Um Anel havia acabado, mas intimamente Legolas não se importava mais pois estava muito deprimido. Seu pobre coração partido não somente uma, mas duas vezes. Ele se perguntava às vezes se somente sua promessa de permanecer em Arda e auxiliar o Rei Elessar, sua família e seu reino eram as únicas coisas que o impediam de partir para os Salões de Mandos. Para piorar seu sofrimento ele podia ouvir o canto das gaivotas e sua sede de partir para Valinor queimava-lhe o sangue. Legolas jamais admitiria para seu pai, o Rei Thranduil ou seus amigos, mas ele estava cansado como um velho ancião e desejava às vezes que sua vida acabasse.

Ele podia apenas se abrir com Gimli. Ele sorriu um pequeno sorriso ao se lembrar do melhor amigo. Era muita ironia do destino que seu confidente seje um Anão, seu pai sempre lhe passara uma imagem terrível daquela raça e no começo ele não podia ter ficado mais desgostoso de saber que teria de completar a missão ao lado de um Anão.

O belo príncipe ergueu sua cabeça e seus olhos impossivelmente azuis cruzaram o horizonte. Ele começou à preparar o acampamento, estava então no lugar combinado para se encontrar com Gimli e ali esperaria por ele, e juntos iriam até Minas Tirith para a reunião com a Sociedade do Anel, ou quem restou dela.

Legolas ouviu o quebrar de um galho seco, arco e flecha já estavam apontados para a origem do som no instante seguinte, muito rápido para olhos mortais. Sua visão também era superior à de qualquer raça e o elfo enxergou a figura robusta e larga de seu amigo, lentamente ele abaixou sua arma enquanto um sorriso se formou em seus lábios rosados.

Com passos largos Legolas quebrou a distância e ficou sobre um joelho só e abraçou Gimli, sua voz abafada na juba laranja de cabelos do amigo:

-Quantas saudades Gimli! Quanto tempo faz!

-Eu digo o mesmo elfo… Agora somos Lordes de nossas terras. Lutamos na guerra para agora sermos escravos de nossas tarefas… mas quem está reclamando? - Gimli riu, batendo nas costas de Legolas um pouco forte demais.

-Eu senti falta de nossas conversas.

-Eu também, mas não de ve-lo conversar com árvores! - Gimli gargalhou. O som encheu Legolas de felicidade. Ele esqueceu como o Anão lhe fazia bem.

O coração de Gimli ficou leve ao ver o sorriso nos lábios do amigo e um pouco de brilho voltar à seu olhar, ele mais do que ninguém sabia o quanto Legolas vinha sofrendo mas depois da guerra Legolas mudara ainda mais.

-Por que acha que Aragorn nos chamou? - Indagou o elfo.

Gimli suspirou pensativo:

-Vejo que você deve ter recebido a mesma carta que eu. Eu deduzi que ele estava sendo misterioso para me apressar, mas pelo jeito todos nós então estamos na escuridão. Eu não faço a mínima idéia porque ele nos chamou ou porque é tão urgente.

-Eu também pensei que seu modo enigmático de escrever fosse um truque para que eu o visitasse. Faz muitos, mas muitos anos que não vou lá.

-Embora Ithilien seja tão próximo de Minas Tirith… -Gimli fitou-o pensativo. - Muita coisa mudou entre vocês…

Legolas desviou o olhar e começou à fuçar em sua bolsa de viagem, Gimli conhecia bem sua tática de mudar de assunto… Embora o Anão adorasse comida mais do que tudo desta vez o Elfo não iria conseguir distraí-lo…

-Lembas! -Gritou Gimli. -Eu mal podia olhar para esses malditos bolos durante nossa missão mas devo admitir que agora, anos depois eu sinto muita falta, me dê uma metade aqui.

-Cuidado Gimli, apenas uma mordida consegue sustentar um homem com o dobro de seu tamanho.

-Não meu caro príncipezinho, saiba que Anões conseguem comer - e beber - muito mais do que os Homens!

Legolas calou-se satisfeito por mais uma vez conseguir distrair seu amigo. Ele torceu o canto do lábio lembrando-se de como Gimli, cansado de comer lembas e frutas secas saíra às vezes para caçar, uma atividade cruel em sua opinião já que eles possuíam alimentos.

Legolas enfiou a mão em um saco de pano e tirou algum tipo de fruta escura. Gimli aproveitou a distração do amigo para observá-lo melhor. O elfo levou a minúscula fruta à boca mas esqueceu de mastigá-la, seu olhar perdido no horizonte. Após um tempo o vento veio de outra direção, mudando para aonde o fogo apontava e deste ângulo o rosto do elfo foi iluminado e Gimli notou que embaixo dos olhos de Legolas haviam manchas escuras. Ele sentiu pena, Legolas parecia um passarinho de asas quebradas, depois que a guerra acabou esta alma tão gentil mas destemida na hora de defender os fracos parece ter tido toda a alegria extinguida. Ele somente esperava que o reencontro com a Sociedade do Anel trouxesse o brilho de volta aos olhos do Elfo. Quando eles partiram de Valfenda, como inimigos, Gimli não pode deixar de se maravilhar com a facilidade com que o elfo se deslumbrava com simples flores, a cor do céu, até feliz em andar na neve - é claro que elfos praticamente flutuavam sem peso. Ele ria consigo mesmo debochado imaginando que o Elfo agia assim pois jamais saíra de seu reino, ele decidira precipitadamente que Legolas era um Príncipe privilegiado, protegido e inocente que em pouco tempo demonstraria não ter coragem para nada, ajudando até menos que os Hobbits e também precisaria ser protegido. Na primeira batalha Legolas mudara sua opinião. Contra sua vontade ele considerara como ele jamais vira ninguém tão ágil. O que lhe chamou a atenção também foi o fato de que Legolas parecia estar sempre ciente de onde Aragorn estava, e embora ele demonstrara generosamente que iria dar sua vida pela Sociedade, o futuro rei dos Homens era sua prioridade. Depois ele entendera o porquê.

Na manhã seguinte Legolas levantou-se atordoado, sua mão pousando sobre seu arco. Pelo Valar! Que barulho era aquele?

Alguns segundos passaram e ele respirou fundo, a memória voltando de que Gimli roncava enquanto dormia e o fazia bem alto!

Legolas tirou uma toalha média de sua sacola de viagem e foi tomar um banho no rio.

Algumas horas depois os portões de Minas Tirith abriam-se para eles. Não houve questionamento, eles não precisaram dizer quem eram. A guerra acabou à muito mas a fama do elfo e anão era legendária.

As duas figuras no alto do cavalo não podiam ser mais opostas uma da outra, e um grupo de meninos deu risadinhas mas pararam depressa à um olhar do Anão e dali partiram depressa. A barba de Gimli se moveu, quem o conhecesse saberia que ele estava sorrindo mas não era possível enxergar, sua barba e cabelos cresceram ainda mais nesses tempos de paz pois agora ele podia curtir à vontade um de seus passatempos favoritos: cuidar demoradamente de sua cabeleira laranja.

Ao chegarem finalmente à Árvore Branca que só começou à voltar à vida quando o novo Rei foi coroado, eles viram Aragorn em pessoa aguardando-os. Legolas engoliu em seco. Aragorn possuía mais marcas no rosto e ele estava começando à ficar grisalho, mas era ainda mais belo do que em seus sonhos ou lembranças.

Legolas pulou do cavalo e ele e Aragorn se abraçaram, demorando-se tanto que Gimli pigarreou. Legolas se afastou do Homem e voltou-se para ajudar Gimli à descer.

Mais adiante Legolas viu Arwen, ela se vestia esplendorosa num longo e leve vestido verde claro e prateado, mas ela também começava à mostrar sua escolha de se tornar mortal no rosto e embora tentasse sorrir havia uma sombra em seu olhar. Legolas percebeu que não haviam tempo à perder. Ele se aproximou da Rainha de Gondor e se curvou. Ela não queria saber de formalidades e o apertou em um abraço, depois tascou-lhe um beijo na bochecha fazendo-o ruborizar, pois o ato o fez lembrar de quando era ainda criança, Thranduil se trancava com Elrond em seu escritório quando eles iam visitar Valfenda, e Arwen o cumprimentava assim. Ele sempre ficava boquiaberto com a luz emitida pela Estrela da Tarde, e depois ansiava por reencontrar Elladan e Elrohir, tendo um carinho especial pelo gêmeo mais velho.

Legolas ruborizou novamente quando percebeu que o casal o observava como se aguardasse uma resposta. Isto acontecia muito ultimamente, as pessoas falavam com Legolas mas ele estava à milhares de quilômetros de distância.

-Hum? - Ele indagou, desejando que estivesse enganado e não tivesse perdido nenhuma conversa.

-Eu lhe perguntei se deseja se refrescar um pouco antes de se sentar conosco, - Arwen disse risonha.

-Está brincando? - Gimli interrompeu. - Eu estou dormindo gostoso quando o barulho de espirrar de água me acorda, está amanhecendo e este verdadeiro peixe já havia se jogado no primeiro rio que ele achou e estava tomando banho em água gelada! Ele não precisa se refrescar.

-Saiba Gimli que sim, eu iria preferir ir tomar um banho depois dessa viagem, mas hoje estou mais curioso para saber porque Aragorn nos chamou com tanta urgência.

Gimli sacudiu a cabeça murmurando algo como "Elfos!"

Arwen e Aragorn se entreolharam e Legolas ficou sério, Gimli também. Aragorn olhou para o elfo e ia dizer alguma coisa mas simplesmente indicou para que eles o seguissem.

Eles caminharam em silêncio pelos corredores opressores e frios, Legolas percebeu que Aragorn os levava ao salão de jantar, onde havia uma mesa enorme e cadeiras para todos. Lá chegando ele soltou um pequeno grito de alegria.

-Frodo!

Frodo e Sam correram para abraçar Legolas e Gimli. Merry desceu de sua cadeira e caminhou lentamente, mas Legolas não notou sua falta de entusiasmo mas passado um momento ele percebeu Gandalf sentado com uma expressão séria e começou à tomar consciência de tudo à sua volta. Ele olhou preocupado para Aragorn e se sentou depressa, seguido por Gimli quando o Rei indicou para que assim fizessem.

-Aragorn, o que está acontecendo? - Indagou Legolas.

Por favor comentem, muito obrigada!

Muito amor e luz para todos, amuuuuu vocês!