Item(ns): Carta.
Observações: Para o Projeto When You Smile 1.0 do Fórum 6V.
N/A: Sei que dá a sensação de estar faltando alguma coisa, but.


Nothing at all.

Havia se passado um mês desde que se despedira de três de seus amigos. Depois disso, nada.

Um mês inteiro sem respostas de Ron, Hermione ou de Luna.

Ron e Hermione estavam na Austrália. Era perfeitamente razoável que os dois não se correspondessem com Harry durante uma grande quantidade de tempo: estavam ocupados com outros afazeres de maior importância — reabilitarem o Sr. e a Sra. Granger. Isso provavelmente causava dores de cabeça. Harry compreendia que sentar-se para redigir uma carta deveria ser cansativo para quem tivesse outros assuntos lhe importunando a cabeça.

Porém Luna — bem, Luna simplesmente havia desaparecido. Ele não conseguia imaginar aonde poderia estar e o que estaria fazendo.

Ginny prosseguia dizendo que poderia ter havido algum engano, mas isso não o deixava satisfeito — pelo contrário: aumentava sua inquietação. Harry estava preso à Inglaterra, executando trabalhos importantes para o país em nome do Ministério, garantindo a segurança dos cidadãos ao recrutar pessoas de confiança (os que batalharam ao seu favor contra Voldemort e seus seguidores); mostrava-se um excelente estrategista.

Luna Lovegood era conhecida, principalmente, por acreditar no impossível e ir aonde acreditava que ele estivesse, tornando-o possível aos olhos dos desesperançosos. Já havia progredido muitas vezes, mas Harry temia que, de alguma forma, isso a pusesse em grande perigo.

Admirou-se quando viu uma coruja barulhenta adentrando A Toca e deixando duas cartas e um pacote, endereçados para si, caírem dentro do mingau.

A Sra. Weasley prontificou-se a limpar as cartas com magia e a preparar outra coisa que Harry pudesse saborear, recusando os protestos do rapaz de que não precisava limpar nada e de que não tinha fome. Ele evitava passar o tempo no mesmo cômodo que a Sra. Weasley e seu marido, pois sabia que sua figura os recordava da guerra e da perda de um de seus filhos e muitos de seus amigos. Retirou-se da cozinha rapidamente após terminar seu café em uma só garfada, ansioso por descobrir se sua espera e corrente ansiedade haviam valido alguma coisa.

Começou por Ron, sabendo que o amigo nunca lhe enviaria uma notícia ruim por coruja — muito menos por uma coruja barulhenta.

"Harry,

Tente não se zangar com a Hermione; e se isso acontecer, não diga isso a ela. Ela tem coisas demais na cabeça. E eu também. O Sr. Granger mostra-se um pouco relutante em ceder ao parentesco — Hermione está frustrada, disse que nós nos precipitamos demais —, mas ele também parece gostar muito de mim, e isso a deixa contente.

Esperando que esteja bem,

Ron Weasley."

Abriu a carta de Hermione em seguida.

Ela iniciou a missiva com as iniciais de Harry, poupando-o de qualquer detalhe irrelevante a sua explicação. Harry percebia que a amiga tinha pressa e a respeitava imensamente. Se os seus pais estivessem — e nunca estariam — nesta situação, ele também se apressaria.

"... Luna, durante todo esse tempo, pensou que você estivesse conosco e vem mandando as cartas para cá desde então. Nós não tivemos tempo de avisá-la (nem a oportunidade, já que ela constantemente anda viajando em busca de animais fantasiosos, ou coisa parecida). Ela certamente não lê os jornais: você está em todos eles. Achei que seria apenas uma questão de tempo até que ela percebesse, mas recentemente notei que não. Desculpe não ter avisado antes, Harry."

Uma sensação estranha cresceu no íntimo de Harry com a mesma rapidez com a qual ele desfez o embrulho do pacote; seus lábios se contorceram em um sorriso de contentamento.

Eram as cartas de Luna. Treze delas, todas endereçadas exclusivamente à ele. Ela deveria ter mandando, pelo menos, uma carta a cada dois dias. Era maluca! Sentiu-se tolo por ter se preocupado tanto. Ela provavelmente havia se inquietado mil vezes mais do que ele jamais se inquietaria.

Leu todas com uma ansiedade incômoda. A última, mais recente, o informava de que ela retornaria a Inglaterra em poucos dias e faria duas pequenas visitas: ao pai, naturalmente, e aos Weasley.

Ela também se preocupava com a carência de respostas de Harry. Torcia para que ele não tivesse contraído uma doença, gravemente ferido, muito atarefado em relação aos pais de Hermione ou qualquer outra coisa do tipo.

O importante era que esta seria a última carta de Luna que Harry não responderia.

Alegrou-se com a perspectiva de surpreendê-la e de explicar o que havia acontecido. Decidiu, de repente, que gostava dela.

Muito.

Muito mesmo.