Considerações: Considera que Draco e Hermione viveram um intenso amor no último ano em Hogwarts. Na guerra ele ficara do lado de Harry, lutando contra o seu próprio pai.

Continuo a esperar por ti

Hermione estava no seu quarto, havia meses que se tornara o seu refúgio. Aquela maldita guerra tinha transformado a sua vida num autêntico caos. Já tinham passado meses desde que Draco morrera a lutar contra o seu pai, tudo para salvá-la das garras do Devorador da Morte. Draco enfrentou o pai, contudo não ganhou a melhor e morreu. Hermione ainda não conseguia parar de se culpar por isso. Ele morrera por ela. Doía tanto no peito saber disso. Sentia-se tão pequena agora neste mundo tão grande. Nunca conseguira festejar a queda de Voldemort, a vitória de Harry. Era algo que tinha ficado de parte, pois a tristeza pela perda de Draco era superior a felicidade da vitória do melhor amigo. Ela amara Draco após anos de ódio. Sentia a dor e a culpa apoderarem-se dela. Tudo o que sobrara de Draco eram as memórias, as memórias que ela tentava guardar no mais profundo do seu íntimo para que nada as pudesse apagar. Tinha medo de perdê-las com o passar do tempo. Se elas desaparecessem era como se Draco desaparecesse de vez da sua vida e Hermione não queria isso, porque queria senti-lo vivo algures no seu interior.

Não havia um único dia que Hermione não pensasse em Draco. Por isso, a dor que ela carregava estava sempre presente. Os dias passavam-se e ela não conseguia erguer a cabeça e seguir em frente, como muitos outros conseguiram fazer. Não compreendia porquê que ela teve de o perder. Ele mudou a sua vida por ela para mais tarde tudo acabar assim? Não tinha sentido algum. Hermione, por entre lágrimas silenciosas e de coração quebrado, abanava a cabeça negativamente: não podia ser, não o podia ter perdido para sempre.

A tristeza era tanto visível no seu olhar como no seu estado físico por completo. Hermione já não se importava com nada, já tinha perdido a força para lutar pela vida, pelos seus objectivos. Aquela Hermione cheia de força de vontade e com uma alegria contagiante no rosto morrera com Draco. Ele levou consigo, involuntariamente, todas as coisas boas que lhe pertenciam.

- Eu sinto tanto a tua falta – Hermione disse para si mesma como se pudesse sentir Draco presente, agarrada ao seu próprio peito.

A memória de o ter perdido veio à sua cabeça pela milésima vez.

FLASHBACK

Draco estava estendido no chão do salão principal de Hogwarts. Sangue jorrava pela sua boca. Hermione enquanto lutava inutilmente com um Devorador da Morte, viu Draco naquele estado e correu para perto dele. Ajoelhou-se, sem se importar se levava com feitiços malignos. Vê-lo naquele estado partia-lhe o coração. Saber que não podia fazer nada magoava ainda mais, porque ela sabia que Lucius Malfoy não iria deixar Draco em paz enquanto não o atingisse, magoando-o.

- Draco, por favor, aguenta-te. – Hermione suplicou para o corpo imóvel sem qualquer sinal de vida. Ele não podia estar morto. Mas o tom de pele pálido e a temperatura congelante não deixavam dúvidas.

Faltava coragem para Hermione transformar as dúvidas em certezas absolutas.

- Tu prometeste, Draco. Prometeste-me que ias ficar comigo… - Hermione agarrou-se ao corpo de Draco perdida no seu choro e as dúvidas dissiparam-se. Draco estava morto.

FIM DO FLASHBACK

- Eu não consigo esquecer o dia em que partiste! É tão triste…

Hermione chorava desalmadamente. Tudo o que sentia era dor. Enrolou-se no seu próprio corpo deitada no chão. Nunca teve certezas de que seria capaz de se levantar dali e voltar a viver. Porque ele não estava mais para fazê-la sorrir. Ele jamais poderia vir levantá-la e chamá-la de volta para o mundo. Para aquele mundo que ela agora tanto desconhecia.

- Sinto como se não pudesse ter dito um adeus, dizer o quanto te amava antes de morreres! – as lágrimas lavavam-lhe o rosto. - Sinto tanto a tua falta. Às vezes penso que tudo isto não passa de um pesadelo e tu vais voltar e trazer-me de volta ao real. Mas não. Tu foste para um lugar de onde eu não te posso trazer. E nem sequer sei se me estás a ouvir…