THE SLEEPING BAIANO
O calor aconchegante envolvia-o por completo, o teto das figuras bordadas em seda sorria para ele enquanto as cortinas se fechavam ao lado da cama de colchões duplos e macios, sua fortaleza. Estava protegido, confortável; era o Rei, mesmo que fosse o Rei da Cama.
- E o ânodo perde elétrons, que caem na solução, diminuindo conseqüentemente a sua massa. Estou certo, Carlos?
Um empurrão cretino o derrubou da fortaleza, os marujos amotinados largaram seu líder da prancha. Com dificuldade, abriu os olhos. Teria se assustado com a cara de buldogue velho de seu professor de química, cuja papada quíntupla só faltava cair por sobre os alunos, se seu cérebro não fosse tão lento para fazer associações.
Professor fumegando pelas orelhas;
Sala de aula em tensão silenciosa;
Quadro cheio de desenhos e símbolos sem sentido aparente;
E a sensação de ser bruscamente arrancado do melhor momento de sua vida.
No momento em que finalmente percebeu o que estava acontecendo, encontrava-se na sala da diretoria frente a frente com o grande chefe da escola e a psicológica, ambos o encarando com olhares nada amistosos.
- Muito bem, Carlos Figueiredo, conte-nos o que houve. – Demandou o diretor, mais por costume do que por realmente se importar com os problemas dos alunos. Contanto que pudesse voltar logo ao que chamava "contemplação da beleza nacional", – em outras palavras, ficar de olhos nas pernas de todas as funcionárias que vinham trabalhar de saia – liberaria o aluno com uma advertência e fim de papo, protocolo cumprido.
Porém o mestre de Brópus não era um aluno comum:
- É, bem... sabe cumé, méurrei... Lá estava eu, curtindo a cama do tal Luiz cuatorze, o paraíso... Macio... Escuro.. Aconchegante... Cobertas quentinhas... – A descrição do ambiente do sonho continuou na voz lenta e arrastada do baiano, cada palavra levando o dobro do tempo para sair, sem contar ainda o imenso intervalo entre uma palavra e outra. O rosto alongado do diretor se contraia de nervosismo com a narração arrastada que se recusava a acabar. Cruzava e descruzava as pernas impaciente, os olhos a toda hora encontrando os da psicóloga de forma pedante e agoniada, como se implorasse para ela dar um fim a essa situação. Sua expressão mudava drasticamente, porém, quando baixava um pouco mais o olhar para uma região que não interessa aos menores de idade.
- E tinha vento... Um homi cantava... Balançava... A rede...
E o relato prosseguia. E o suor escorria pelo rosto do diretor, já quase sem controle de suas emoções. E o tempo passava, e nada...
- CHEGA! EU JÁ ENTENDI! ENGULA ESSE PAPEL, VOLTE PARA SUA SALA E ME DEIXE EM PAZ! – Esbravejou o diretor, cuspindo em tudo que estivesse num raio de seis metros dele. Lívido, ele assinou rapidamente uma folha de papel padrão timbrada com o símbolo da escola e expulsou o aluno da sala quase a pontapés. Pouco depois, o som de móveis sendo arrastados e objetos, derrubados ecoou pelos corredores. Ninguém deu atenção, porém, visto que já era uma rotina...
Carlos fez o que lhe foi ordenado, enfiando o papel na boca e mastigando enquanto voltava a passos lentos para a sala de aula. Sentou-se em seu lugar e seus olhos voltaram-se imediatamente para a janela: dois passarinhos voavam um em direção ao outro, colidindo-se no ar e caindo vagarosamente. Após algum tempo estatelados no chão com as vísceras à mostra, eles se reergueram, ainda horrendos, mas vestindo armaduras medievais e carregando poderosas lanças pontiagudas. Montados em cavalos-marinhos imaginários, eles mais uma vez partiram para o duelo, uma emocionante disputa que acabou com um dos guerreiros sendo lançado até a Lua, onde estabeleceu um reino super poderoso com um exército de homens-máquina apavorantes estilo Robô Cop.
Os soldados montaram uma roda e um deles tirou do bolso um bolo gigante com dezesseis velinhas faiscantes. O coro da Ópera de Milão começou a cantar, tendo a frente do grupo Felipe, Luiz, Cristiano e Ayatá, cada um segurando um embrulho que se assemelhava ou a um travesseiro, ou a um cobertor, ou a uma rede. Tudo que ele mais queria.
Neste mundo dos sonhos, Carlos estava feliz, estava em casa. E estava alegre também, já que era seu aniversário!
FELIZ ANIVERSÁRIO, CARLOS!
James: É, parabéns, Carlos! Apesar de estar dormindo por pelo menos setenta e cinco por cento do dia, você merece!
Carlos: (acorda) O que foi?
James: Nada, não...
Felipe: Olha só! Nós aparecemos no fim! O Jamie-chan não esqueceu da gente/o/
Luiz: E ele podia? Quer dizer, somos a equipe do Carlos, afinal...
Cristiano: È, somos a equipe escadinha! XD
Felipe? Cuma? O.õ Ixprica melhor que eu num tô intendendo...
Cristiano: Somos a equipe da escadinha, quer ver? No fim do campeonato mundial, o Carlos tinha quinze anos, o Felipe tinha quatorze, o Luiz, treze, o Ayatá doze...
James: E você quebrava a seqüência com apenas dez/o/
Cristiano: Eu sei... ¬¬' Não precisava lembrar... ç.ç
E o Carlos nasceu em junho, o Felipe em julho, o Luiz, em agosto, o Ayatá em setembro...
James: E lá está de novo o Cristiano para nascer em novembro e quebrar toda a seqüência perfeita/o/
Cristiano: Você é mau comigo, Jamie-chan! (sai correndo chorando copiosamente)
Felipe: Ah, tadinho do Cris, ele vai perder o melhor da festa! (servindo-se de meio quilo de salgadinhos e enfiando todos grotescamente na boca)
Luiz: Eca, você é nojento! (saindo de perto do Felipe com nojo)
Felipe: Ah, egafeifiofsgaúfusefamofferamosfelfafens! (Tradução: Eu achei que os gaúchos eram os selvagens!)
Luiz: ...
Carlos: (sem entender nada)
Ayatá: Ah, sim... Na verdade, o Carlos este ano está fazendo dezoito anos... O.Ov E já terminou a escola – eu passei a acreditar em milagres depois disso – mas como ele devia estar ainda da escola pra essa historinha, achamos melhor reproduzir o aniversário de 2004 dele...
Carlos: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Felipe: (engolindo os salgados) Parece que nossa amiga bela adormecida já está dormindo de novo.
Luiz: Pena...
Felipe: ...Que eu vou ter que comer todos os doces! (Ataca a bandeja de brigadeiro)
(Luiz, Ayatá e James pulam em cima do Felipe pra pegar os doces) (Guerra com direito a mortos e feridos)
Carlos: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz XD
FIM
