"EVABITS"
FanFic escrita por: Calerom
Início: 15/01/2004 - 1a Versão
Final:
E-Mail de Contato: myamauchi1969@yahoo.com.br
Séries: Neo Gênesis Evangelion / Chobits.
Gênero: Humor / Romance
Rate: NC-17 (Contém inúmeras cenas de fan-service e conteúdo lime, além de temática adulta). Pronto! Agora tenho certeza que todo mundo vai ler!
Créditos:
Shin Seiki Evangelion (1995):
Roteiro e Edição por Hideaki Anno
Character Design e desenhos de Yoshiuki Sadamoto.
Produção: Estúdio Gainax;
Série em Quadrinhos Editada pela Kadokawa Shoten Publishing Co.
Versão em Português: Conrad Editora.
Chobits (2000)
Produção: CLAMP;
Série em Quadrinhos Editada pela Kodansha ltd., Tokyo
Versão em Português: Editora JBC.
Observação:
Esta obra foi feita única e exclusivamente como um fanfic para entretenimento pessoal e dos leitores. Obviamente tanto a série Evangelion como Chobits, bem como os seus respectivos personagens não me pertencem, sendo de propriedade dos autores citados acima.
CAPÍTULO 1:
"Eu quero ter uma Persocom!"
Cidade de Tokyo-3, Japão. Num futuro próximo...
Dizem que os últimos avanços na tecnologia e na informática transformaram a vida das pessoas para sempre. Antes consideradas meras ferramentas, as máquinas começaram aos poucos a dominar todos os aspectos da vida humana a ponto de se tornarem insubstituíveis.
Mais: Elas começaram a adquirir a imagem e a semelhança do ser humano.
Como uma Nova Gênese.
Apenas recentemente surgiram os persocoms, sofisticados computadores com a forma e a aparência de uma pessoa - a grande maioria, de lindas garotas. Eram capazes de fazer tudo o que um computador convencional faz, além de conversar e interagir com os seus donos.
Os persocoms passariam perfeitamente como seres humanos se não fossem as suas interfaces localizadas nas orelhas.
Dotados de uma prodigiosa memória, capacidade de aprendizado e sofisticados recursos de inteligência artificial, os persocoms estavam para os primitivos PCs da mesma forma que um Homem de Neanderthal estava para um cientista do século XXI - sendo capazes de executar várias tarefas com capacidade igual ou superior a das pessoas de carne e osso.
A princípio vistos como curiosidade e modismo passageiro, os persocoms se difundiram de tal maneira que passaram a existir lojas especializadas na venda de modelos mais sofisticados, e mesmo os tipos mais comuns e populares eram encontrados facilmente nos grandes magazines e lojas de departamento.
A partir deste momento, a humanidade começou a mudar, alcançando uma evolução nunca antes vista.
Contudo, certas coisas nunca mudavam e desde que o mundo continuasse sendo mundo, elas haveriam de existir para sempre.
Como a vida noturna, o agito da cidade grande... E principalmente a falta de dinheiro.
*****
Uma figura franzina vestida com um uniforme de garçom sai da porta de um estabelecimento comercial e tentava penosamente carregar um pesado cestão lotado de lixo até o local reservado para a coleta. O peso do volumoso recipiente era inversamente proporcional à força física do rapaz.
Quando ele estava quase conseguindo o seu intento, o jovem desastrosamente escorrega numa casca de banana jogada por acaso, e se desequilibra, caindo de bunda na sarjeta e derrubando os restos de comida e papel ao seu redor.
Sujo e enlameado, o ilustre desconhecido tenta se levantar mas...
CHUÁÁÁ!!!
- Até mais, babaca! - Zomba o motorista de um carro esporte conversível que acabava de passar a toda velocidade numa poça de água de chuva, enquanto a sua linda acompanhante dá uma risadinha para o infeliz garçom que acabara de receber o inesperado banho.
- Ai, ai, o que me falta acontecer hoje? Parece que ninguém gosta de mim mesmo... - Monologa em voz baixa o anônimo serviçal, enquanto retira com os dedos uma casca de banana que estava em sua cabeça.
Seu nome era Shinji Ikari. Filho de pai desconhecido, a sua mãe faleceu quando ele era pequeno e sua infância não foi exatamente um mar de rosas. Criado com muita dificuldade por parentes, ele saiu da pacata cidadezinha interiorana do Japão aonde morava, para tentar entrar em alguma universidade famosa em Tokyo-3.
Enquanto isto não acontecia, ele morava numa quitinete apertada e para sustentar o cursinho que fazia, além de suas despesas, ganhava a vida como garçom e faz-tudo num barzinho curiosamente chamado de "Segundo Impacto", um lugar bem exoticamente underground, que atraía os tipos mais esquisitos possíveis, sendo a última sensação no circuito da noite de Tokyo.
- Shinji! Shinji! - Exclama um homem de meia idade e cabelos grisalhos chamado Fuyutsuki. Ele era o proprietário e gerente do "Segundo Impacto" e mais uma vez notara a ausência do novato que começara a trabalhar em seu bar há pouco tempo.
- Estou aqui, senhor Fuyutsuki. - Responde o enlameado e sujo atendente, numa voz sumida e quase inexpressiva.
- Já jogou o... Meu Deus! Você está precisando de um banho urgente, Shinji! Como pode ser tão desastrado? - Diz o dono do bar, procurando manter a calma diante da flagrante inaptidão do inexperiente jovem.
- Desculpe-me... E-eu ia por o cestão de lixo no local da coleta e... um acidente aconteceu.
- Sim, percebi... Ainda bem que estamos no final do expediente. Vá trocar de roupa no vestiário e depois pode ir para casa. - Responde o senhor de meia idade, fleumaticamente; enquanto ponderava no limite da capacidade humana de cometer burradas como o seu inexperiente empregado.
- Sim, senhor Fuyutsuki.
Após ter trocado de roupa e se limpado como podia no apertado banheiro reservado aos funcionários, o azarado jovem ajuda os seus colegas a empilharem as mesas e cadeiras que estavam em desordem, após mais uma noite de movimento intenso no barzinho. Enquanto isto, uma atraente e sensual figura feminina - com feições fortemente latinas, dona de um corpo escultural, seios fartos e as pernas de coxas grossas sensualmente cruzadas - se equilibrava num banquinho do bar cantando um tema romântico com uma voz maravilhosa.
- Shinji, você precisa cuidar mais de si mesmo. Já é a sétima mancada que comete desde que veio aqui e não passou nem uma semana depois que você foi admitido. Se o Senhor Futsuyuki não fosse tão paciente... - Diz Touji, um dos atendentes com mais tempo de casa.
- Mas eu juro que não foi culpa minha, eu...
- Tá legal, cara. Desculpa, mas acho que hoje não é o seu dia de sorte... Escuta, quer um trago por conta da casa? Você está precisando. - Responde o veterano, que era alto e de físico atlético.
- Desculpe-me, mas preciso ir...
- Ah, de novo aquela desculpa de ter que acordar cedo? Deixa de ser tão certinho! Barman, prepare uma dose dupla por conta da casa pro nosso companheiro Shinji: Uma do sakê Bishoujo e outra do especial da casa: o Kumagoroshi! - Exclama Touji maliciosamente, segurando Shinji pelo braço.
- É para já. - Responde o barman, um tipo de rosto redondo e bigodinho.
- E-ei, espere! - Shinji tenta inutilmente impedir, mas é tarde demais. Não que ele fosse contra bebidas alcoólicas, mas sabia que tinha que acordar cedo para ir ao cursinho na manhã seguinte.
- Já foi apresentado a nossa nova garota? Estelita, venha cá! - Acena Touji para a misteriosa morena.
- M-mas... eu...
- Olá, bonitão, como vai? - A garota de olhos negros expressivos e sorriso simpático se aproxima do tímido rapaz, com um andar e uma pose capazes de causar inveja a muitas modelos profissionais.
- Estelita, este é o Shinji Ikari, o nosso novo auxiliar. Shinji, esta é Estelita. Ela é uma moça simpática e muito... Atraente, como pode perceber! Ela ajudou a aumentar as nossas vendas em 30% desde quando entrou em operação! - Sem se importar com a reação de Shinji, Touji faz as apresentações e a moça dá desinibidamente os três beijinhos de praxe no assustado rapaz.
- Operação, mas como? - Pergunta intrigado o jovem estudante.
- Não percebe, Shinji? Estelita é uma persocom modelo profissional. - Responde o veterano com uma expressão de certa perplexidade misturada com ironia diante da ingenuidade do rapaz.
- Mas as persocoms não tinham uns troços...?
- Cara, ela é um tipo especial. As interfaces de comunicação dela ficam naqueles brincos enormes que ela usa. Tirando isto, Estelita passaria por qualquer uma garota que freqüenta o "Segundo Impacto". Ah, este modelo é especialista em conversas íntimas de nível adulto, técnicas de persuasão feminina, bem como "know-how" em interação física classe III. - Responde Touji, ajeitando delicadamente os cabelos de Estelita, de forma a mostrar os brincos dourados de formato triangular invertido que ela usava.
- O que é classe III? Não entendi...
- Bem, caso queira maiores detalhes, depois te passo o nome da loja que só vende este tipo de modelo. "Only for men", sacou? O dono dela é meu amigão e se você tiver uma grana sobrando, vai poder dar adeus aos dias de "seca". - Cochicha Touji no ouvido do ingênuo rapaz, enquanto a morena dá uma risadinha.
- Oi, Shinji, gostaria de tomar um drinque comigo? - Diz Estelita, mostrando um sorriso capaz de derreter o mais gélido coração.
- Oi... o-olá. - O coração do mancebo parece querer saltar por fora da garganta de puro pânico. Porém, o efeito combinado do sakê "Bishoujo" com o "Kumagoroshi" deixa a libido de Shinji à flor da pele.
- Bem, vou ir arrumando as minhas coisas. Vai fundo, Shinji! A Estelita é muito "caliente"! E na semana que vem tem mais! - Incentiva Touji, saindo estrategicamente daquele canto, fingindo que ia ajudar os outros.
- T-tá legal!... - Responde Shinji não sabendo se agradecia ao seu colega ou se engolia em seco com uma expressão de quem acabava de ser jogado aos leões, ou melhor, a uma pantera faminta por atenção e carinho.
Embora se sentisse meio que inibido diante da sensual persocom, o acanhado Shinji esqueceu o pequeno desastre de momentos atrás, depois que a dose dupla de sakê começou derreter literalmente os bloqueios e repressões de sua mente estressada. Estelita ajudou a desinibi-lo ainda mais depois de alguns minutos de conversa insinuante e um caprichado jogo de sedução, tudo isto combinado com alguns beijos e carícias oportunas.
Quando o colega de Shinji voltou - depois de uns quinze minutos - ele sorriu ao ver o seu pobre amigo mais para lá do que para cá, totalmente à mercê dos "amassos" da fogosa morena artificial que só faltava abaixar o zíper da calça do infeliz rapaz praticamente estando à sua mercê.
Alguns minutos mais tarde...
- Buenas noches, chico! - Despede-se uma eufórica persocom morena ao seu "cliente" de última hora.
- Uhn... Hã... Tchau, Estelita.... - Diz Shinji, ainda parcialmente bêbado, tentando forçar os seus mais do que precários conhecimentos de castelhano, despedindo-se de forma meio desajeitada, enquanto faz força para não tropeçar no meio-fio da calçada da rua.
- Hum... O que achou dele, minha querida? - Pergunta maliciosamente Touji, satisfeito com a "experiência" feita por ele ao novato.
- Um bueno chico, porém um tanto casmurro e tímido... Mas com um pouco mais de carinho e intimidade... - Responde Estelita, acendendo uma elegante cigarreteira. Diferentemente das mulheres de carne e osso, ela não sofria maiores danos físicos com o cigarro, embora este costume demandasse mais horas de manutenção de seus dentes e do sistema de ventilação interna.
- Putz, aquele rapaz até que demorou para sair do sério. Só depois de entornar a quarta dose do Bishoujo que ele começou... - Intervém o garçom, reparando na extrema timidez e acanhamento do jovem Ikari.
- Cara, o problema do Shinji é apenas um: Falta de mulher e "daquilo". No dia que ele perder o "selinho", ele desembesta de vez. - Comenta Touji, acabando de tragar a última bituca de cigarro que tinha em mãos.
***
Tendo saído tarde demais do serviço por causa da inesperada companhia, o baqueado aprendiz de garçom estava cambaleando pelas ruas e vielas do trajeto que separava o local de trabalho do minúsculo "apertamento" aonde morava.
Para economizar o dinheiro do ônibus, Shinji preferia voltar a pé quando podia. Só que ele não podia ter escolhido uma ocasião tão ruim para fazer isto. Sem estômago e costume para beber qualquer coisa mais forte do que cerveja "light", ele somente aceitou a dose dupla de sakê para não passar vergonha diante dos colegas, que poderiam duvidar de sua masculinidade.
Porém foi uma sorte não ter passado mal quando tragara o Kumagoroshi de uma só vez.
Ao passar por um beco, ele começou a sentir um estranho calor subindo pelas suas entranhas. A visão começou a nublar e imagens sedutoras - tanto da Estelita, como das garotas que ele costumava ver em certas revistas e DVDs - começaram a formar na sua mente.
Só de lembrar daquele toque insinuante e sedutor atiçando o seu corpo, o acanhado rapaz não pôde resistir mais. Ele tinha que aplacar o seu desejo latente de qualquer jeito ou acabaria tendo um daqueles "sonhos molhados" novamente. Afinal de contas... Dava trabalho lavar o "ofuton" nos finais de semana...
Olhando para os lados, para certificar-se de que não seria interrompido, Shinji começou a fazer uma sessão de "auto-ajuda para rapazes carentes, solitários e sem namorada" - ainda que um pouco incomodado pelo peso da sua mochila nas costas.
Por sorte não havia ninguém nas redondezas, a não ser um gato preto que estava fuçando as latas de lixo em busca de algo para comer.
- Ai, detesto fazer isto, mas aquela Estelita me deixou doido... Quem me dera se tivesse uma grana para ter uma persocom. Todo mundo tem uma, menos eu... Devo ser o único caipira do cursinho que não tem acesso à Internet... Queria ter um modelo, mas o meu salário mal sobra para pagar os meus livros... Ai, se pudesse acessar a rede! Queria conhecer umas meninas pelo ICQ, bater papo e quem sabe... namorar alguém.... Ah, esquece, Shinji Ikari. Na verdade, nem sei direito o que pretendo fazer com uma persocom. Talvez para copiar receitas de comida caseira e baixar uns MP3... - Totalmente envergonhado de si mesmo, e já concluído o "crime", o jovem Ikari se prepara para deixar aquele local suspeito, murmurando para si próprio ao olhar para as provas do "delito" - Eu sou mesmo um ser desprezível...
O local estava meio escuro e somente a necessidade premente de apagar o fogo que acendera dentro de si, fez ele buscar um pouco de privacidade. Porém, antes que saia do beco, um caminhão de lixo passa por perto, com os seus faróis ligados iluminando o beco.
- Putz, só faltava esta. Agora, o que falta para terminar... ops, começar o meu dia! Ai, como sou azara.... do?! Epa!!!
Envergonhado e meio ofuscado pela aparição inesperada do veículo, Shinji desvia o olhar. E somente naquele momento ele percebe algo estranho... Uma bunda humana se destacando no meio dos sacos e latas de lixo. E pela textura e palidez, certamente era um traseiro feminino.
- "NãoNãoNãoNão! Isto não pode estar acontecendo comigo! Uma jovem estuprada e morta neste beco! Socorro! Sou inocente!!!" - Os olhos do rapaz ficam arregalados, mas a voz não parece querer sair de sua garganta.
Tomado pelo pânico e pelo efeito do álcool, o impressionável rapaz pensa em fugir, só que neste momento, o gato que estava no beco salta por sobre os sacos de lixo, derrubando-os. Só então Shinji percebe que a figura feminina estava toda enfaixada por fitas e disposta numa estranha, perturbadora... e convidativa posição, de quatro.
- Ei... espere aí. Esta não é nenhuma menina morta por um maníaco assassino, baka! Seria uma boneca inflável de sex-shop? Também não... Parece ser muito bem feita. Deve ser uma persocom... M-mas...
Pegando a lanterninha portátil que estava na sua mochila - ele usava-a para abrir a porta do prédio aonde morava - o rapaz que veio do interior percebe que a garota era na realidade uma persocom. Mas diferente das que estava acostumado a ver nas lojas e nas propagandas de TV. Ela era quase do mesmo tamanho que ele, magra, e tinha um cabelo curto e liso, da cor azul-acinzentado.
- "U-uma Persocom! Eu... sempre quis ter uma... Mas, peraí Shinji Ikari... talvez ela tenha dono. Este modelo com certeza deve ser novíssimo... E depois, apanhar algo que não é meu, é pecado... E se alguém descobrir e...?" - Entorpecido pelo efeito do sakê, a mente do jovem garçom começa a "viajar" pelos labirintos de sua mente hesitante. Uma coisa que o jovem Ikari nunca teve foi firmeza de decisão.
Cinco minutos depois, e nada aconteceu. O estado de embriaguez começava a passar e uma brisa fresca soprava, clareando as idéias. Contudo era hora de se apressar. Amanhã ele teria um dia duro no cursinho, no trabalho e tinha que dormir o mais rapidamente possível.
- "Pô, é uma pena, mas acho que devo voltar para meu apê, minha vidinha sem graça e sem persocoms... Droga, acorda, Shinji Ikari! Todo mundo tem o seu modelo e estou cansado de ser motivo de chacota de meus colegas! Já sei, como esta linda persocom está dando sopa e como roubado não é achado... ops... achado não é roubado... Acho que tenho direito de ser feliz!" - À medida que a lucidez voltava, o jovem estudante tomou consciência da patética realidade de sua medíocre existência e pela primeira vez na vida resolveu tomar uma decisão por si mesmo. Algo tão ou até mais difícil do que ele se declarar para uma linda menina.
O jovem Ikari se aproxima da persocom desativada e erguendo-a com dificuldade, começa a trilhar o caminho de volta, com muita dificuldade. Estes computadores em forma de gente eram tão realistas que o peso deles era semelhante ao dos humanos.
Devido ao jeito que o modelo desconhecido foi "empacotado" (de quatro e com a bundinha empinada), Shinji pena para carrega-la até o seu apartamento. Contudo, assim que a pôs em seus braços, o distraído rapaz não percebe que deixou algo escapar por dentro das fitas que atavam o modelo.
Algo como um pequeno disco prateado que reluzia na escuridão do beco.
***
Eram quase uma hora da madrugada quando o pobre Shinji consegue finalmente chegar ao lugar que ele chamava de "lar". Era quase um milagre a misteriosa persocom não ter ficado avariada após quatro tentativas frustradas do rapaz subir a escadaria do conjunto de apartamentos aonde morava - não sem fazer barulho com as sucessivas quedas e levar uma baita bronca dos vizinhos irados dos andares de baixo.
- Ai, ui, era só o que faltava - gemia de for o infeliz estudante enquanto acabava de deixar a sua recente aquisição numa poltrona com estofado gasto - Vamos ver como está a minha gatinha...
Longe da penumbra do beco, e já refeito dos efeitos da "saideira" no bar, Shinji nota o quanto a garota artificial era... Atraente e desejável. Estando apenas envolta pelas tiras de fita crepe que cobriam parcialmente o seu corpo nu, o modelo desconhecido tinha a pele sedosa e atraente, além de ser muito bonita.
- Bem, vamos ao que interessa. Vamos testar se este modelo funciona antes de dormir...
Cada modelo de persocom tinha um botão de reset - de tamanho muito diminuto - geralmente localizado em alguma parte do corpo. Ao mesmo tempo ansioso e contente, o estudante que veio do interior começa a procurar onde estaria tal dispositivo, que permitiria realizar um antigo sonho.
Contudo, o que parecia ser um sonho se tornara um pesadelo. Várias horas haviam se passado e Shinji estava ficando desesperado. Ele não havia conseguido achar o botão que ativaria a persocom e perdera a conta de quantas vezes havia apertado em todas as saliências do corpo inerte da modelo. Só havia apenas dois lugares da anatomia feminina que ele não havia testado...
- Ai, o que eu faço agora?! Já devia estar dormindo e não sei onde fica o bendito botão... Não, por favor, eu juro que não queria tocar "naquele lugar"...
Abraçando ternamente a modelo totalmente inativa e imóvel, entre lágrimas, o adolescente sussurra nos seus ouvidos, como se fosse uma namorada, a SUA namorada.
- P-por f-favor, me desculpe... Ju-juro que não quero te machucar... E-eu prometo que vou ser gentil e não v-vou fazer qualquer s-safadeza! E-eu pro-prometo!
Dito isto, um inseguro Shinji Ikari afasta com o máximo de delicadeza possível uma fita crepe que cobria o intervalo entre as pernas da persocom e tateia sutilmente em busca do botão salvador. Os minutos passam e o que parecia ser uma tarefa banal e corriqueira tornam-se uma angustiosa realidade para aquela mente puritana. Gotas de suor frio respingam da testa do hesitante jovem e...
- Epa, achei. Tem um buraco... Um buraco? Ai, não! Eu danifiquei a persocom!
Somente passados alguns minutos o atrapalhado rapaz percebe que cometera outro engano. O maldito botão de liga-desliga não estava naquela porção íntima da anatomia da garota artificial. Logo... Só tinha um lugar lógico para tocar...
- Não. Só faltava isto! E-eu juro que v-vou reclamar no Departamento de atendimento ao consumidor deste fabricante! - Descabelava-se o rapaz falando para si mesmo em voz alta, o que fez o vizinho do andar de baixo dar umas vigorosas cutucadas com a ponta da vassoura no teto, reclamando do barulho.
Sem outra alternativa, exausto e querendo dormir o quanto antes, Shinji vai até a área de serviço e pega um par de luvas de borracha que ele costumava usar quando precisava limpar o banheiro, além de um vidrinho de lubrificante à base de água.
Morrendo de vergonha por fazer algo que considerava humilhante, ele tateia lentamente a última abertura não explorada do corpo da persocom e finalmente consegue achar o botão salvador - estrategicamente escondido.
Um "click" se faz ouvir e de repente, os olhos fechados da garota artificial se abrem, mostrando um par de pupilas vermelho-brilhantes, com uma expressão lânguida e misteriosa. Como que por encanto, a persocom ganha vida própria, rompendo as amarras que a prendiam, mostrando o seu corpo adolescente, para espanto do jovem Ikari.
No instante seguinte, a misteriosa garota de cabelos azuis toma consciência e fita o seu descobridor:
- Rei? - Pergunta a persocom com uma expressão de inocência e curiosidade, observando o olhar assustado do seu dono.
- Ei, eu não sou rei de coisa alguma. O que... - Diz Shinji, não entendendo nada o que estava acontecendo.
- Rei... - Insiste a delicada garota artificial.
- Espera aí, Shinji Ikari. Ela repetiu "Rei" duas vezes seguidas, será que é o nome dela?
- Rei.
Sem dizer mais nada, a persocom se aproxima de Shinji, ajoelhando se à sua frente. Ela apóia uma de suas mãos na coxa direita do rapaz, que estava sentado no chão. O toque macio e quente daquela mão delicada é o suficiente para causar um arrepio no pobre garoto que nunca teve uma namorada de carne e osso na sua vida.
- Q-qual é o s-seu nome? - Gagueja ele, fazendo força para não ficar excitado de novo.
- Rei.
Ao tentar se aproximar do seu novo dono, a persocom acaba apertando com força com a palma da mão naquela porção frágil da anatomia de Shinji e ambos acabam caindo no carpete do chão, fazendo um forte barulho, levando o vizinho de baixo a soltar um palavrão.
- $#@$@%! Não! Não toque aí, Rei!
- Rei? - A persocom não entende e somente afasta a sua delicada mão ao perceber algo crescendo debaixo da mesma.
- "Era só o que faltava!..." - Pensava o "sortudo" estudante de cursinho enquanto tentava controlar os seus nervos ao sentir o corpo nu da persocom de cabelos curtos azuis envolver o seu.
Escrito por: Calerom
myamauchi1969@yahoo.com.br
Última Versão: 06/03/2004.
Uma Palavrinha aos Leitores:
Esta fanfiction surgiu de um desafio lançado pela colega Wishmistress no fórum do site Webfanfics no início de dezembro de 2003, intitulado "Subversões: o Jogo!". O desafio consistia em um grupo de fic-writers desenvolver fanfictions com temas e séries que eles nunca tentaram antes, sugeridos pelos demais participantes, em comum acordo.
De minha parte, a Wishmistress sugeriu-me uma fic baseada em comédia ou romance (realmente nunca tentei ambas as coisas! Duh!), e de preferência, baseada no Evangelion ou no Pet Shop of Horrors. Embora tivesse feito uma cross-fic baseada nesta última série ("Despedida"), estava sem inspiração suficiente, de modo que peguei o EVA para desenvolver, ainda que nunca tivesse visto nenhum movie ou episódio da TV e só lido números avulsos do mangá e algumas fanfics.
A minha primeira idéia era de desenvolver uma comédia "nonsense" aonde mostrasse os bastidores de Evangelion como uma imensa produção cinematográfica estilo Hollywood. Só que na filmagem dos capítulos finais, o Shinji teria uma de suas crises existenciais e abandonaria o set, por causa do stress e do excesso de responsabilidade, além de uma paixão não-correspondida pela menina que interpreta a Asuka..
E nas suas andanças, ele se uniria aos atores que interpretam Keitarô (Love Hina) e o Miroku (Inu-Yasha), e este trio tentaria uma desesperada fuga de seus respectivos "pares" (Asuka, Naru e Sango), além de tumultuar o mundo dos animes...
Para complicar as coisas, as agentes Excel e Hyatt seriam contratadas pelo famigerado Il Palazzo para seqüestrar o pobre Shinji para que este fosse forçado a estreiar um anime para seu entretenimento pessoal. Era uma idéia até interessante, só que infelizmente não consegui conceber o final.
A outra idéia se baseava em explorar o lado cômico dos relacionamentos românticos pela Internet, fazendo Shinji e Asuka trocarem e-mails sob o discreto disfarce de seus nicknames virtuais e sem que um soubesse o que o outro estava fazendo. Não sabia como continuar, e daí a idéia foi abandonada.
Ao ler casualmente o mangá do Chobits, reparei que o background deste tinha alguns pontos de contato com o EVA e, apesar das séries terem abordagens diferentes entre si, optei por fazer uma paródia da obra do Clamp, mas usando os personagens universo do Evangelion.
O "Evabits" não é uma adaptação ao pé da letra, misturando alguns elementos de ambas as séries. No começo o enredo é mais fiel ao espírito da série do Clamp, mas com o passar do tempo, vai se tornando mais forte a influência de EVA.
Contudo, procurei tornar a fic acessível tanto para os fãs de uma como de outra série e mesmo por quem nunca leu os dois mangás, mas que se interessa por uma comédia no estilo romântico.
Agradeço à Wishmistress pelo desafio, sem o qual esta fic não existiria, bem como à sua paciência em fazer o beta teste dos capítulos e a revisão técnica. E também ao Angel pela explicação detalhada de certos pontos obscuros da trama do Evangelion.
Por favor, leiam e comentem!
Calerom.
FanFic escrita por: Calerom
Início: 15/01/2004 - 1a Versão
Final:
E-Mail de Contato: myamauchi1969@yahoo.com.br
Séries: Neo Gênesis Evangelion / Chobits.
Gênero: Humor / Romance
Rate: NC-17 (Contém inúmeras cenas de fan-service e conteúdo lime, além de temática adulta). Pronto! Agora tenho certeza que todo mundo vai ler!
Créditos:
Shin Seiki Evangelion (1995):
Roteiro e Edição por Hideaki Anno
Character Design e desenhos de Yoshiuki Sadamoto.
Produção: Estúdio Gainax;
Série em Quadrinhos Editada pela Kadokawa Shoten Publishing Co.
Versão em Português: Conrad Editora.
Chobits (2000)
Produção: CLAMP;
Série em Quadrinhos Editada pela Kodansha ltd., Tokyo
Versão em Português: Editora JBC.
Observação:
Esta obra foi feita única e exclusivamente como um fanfic para entretenimento pessoal e dos leitores. Obviamente tanto a série Evangelion como Chobits, bem como os seus respectivos personagens não me pertencem, sendo de propriedade dos autores citados acima.
CAPÍTULO 1:
"Eu quero ter uma Persocom!"
Cidade de Tokyo-3, Japão. Num futuro próximo...
Dizem que os últimos avanços na tecnologia e na informática transformaram a vida das pessoas para sempre. Antes consideradas meras ferramentas, as máquinas começaram aos poucos a dominar todos os aspectos da vida humana a ponto de se tornarem insubstituíveis.
Mais: Elas começaram a adquirir a imagem e a semelhança do ser humano.
Como uma Nova Gênese.
Apenas recentemente surgiram os persocoms, sofisticados computadores com a forma e a aparência de uma pessoa - a grande maioria, de lindas garotas. Eram capazes de fazer tudo o que um computador convencional faz, além de conversar e interagir com os seus donos.
Os persocoms passariam perfeitamente como seres humanos se não fossem as suas interfaces localizadas nas orelhas.
Dotados de uma prodigiosa memória, capacidade de aprendizado e sofisticados recursos de inteligência artificial, os persocoms estavam para os primitivos PCs da mesma forma que um Homem de Neanderthal estava para um cientista do século XXI - sendo capazes de executar várias tarefas com capacidade igual ou superior a das pessoas de carne e osso.
A princípio vistos como curiosidade e modismo passageiro, os persocoms se difundiram de tal maneira que passaram a existir lojas especializadas na venda de modelos mais sofisticados, e mesmo os tipos mais comuns e populares eram encontrados facilmente nos grandes magazines e lojas de departamento.
A partir deste momento, a humanidade começou a mudar, alcançando uma evolução nunca antes vista.
Contudo, certas coisas nunca mudavam e desde que o mundo continuasse sendo mundo, elas haveriam de existir para sempre.
Como a vida noturna, o agito da cidade grande... E principalmente a falta de dinheiro.
*****
Uma figura franzina vestida com um uniforme de garçom sai da porta de um estabelecimento comercial e tentava penosamente carregar um pesado cestão lotado de lixo até o local reservado para a coleta. O peso do volumoso recipiente era inversamente proporcional à força física do rapaz.
Quando ele estava quase conseguindo o seu intento, o jovem desastrosamente escorrega numa casca de banana jogada por acaso, e se desequilibra, caindo de bunda na sarjeta e derrubando os restos de comida e papel ao seu redor.
Sujo e enlameado, o ilustre desconhecido tenta se levantar mas...
CHUÁÁÁ!!!
- Até mais, babaca! - Zomba o motorista de um carro esporte conversível que acabava de passar a toda velocidade numa poça de água de chuva, enquanto a sua linda acompanhante dá uma risadinha para o infeliz garçom que acabara de receber o inesperado banho.
- Ai, ai, o que me falta acontecer hoje? Parece que ninguém gosta de mim mesmo... - Monologa em voz baixa o anônimo serviçal, enquanto retira com os dedos uma casca de banana que estava em sua cabeça.
Seu nome era Shinji Ikari. Filho de pai desconhecido, a sua mãe faleceu quando ele era pequeno e sua infância não foi exatamente um mar de rosas. Criado com muita dificuldade por parentes, ele saiu da pacata cidadezinha interiorana do Japão aonde morava, para tentar entrar em alguma universidade famosa em Tokyo-3.
Enquanto isto não acontecia, ele morava numa quitinete apertada e para sustentar o cursinho que fazia, além de suas despesas, ganhava a vida como garçom e faz-tudo num barzinho curiosamente chamado de "Segundo Impacto", um lugar bem exoticamente underground, que atraía os tipos mais esquisitos possíveis, sendo a última sensação no circuito da noite de Tokyo.
- Shinji! Shinji! - Exclama um homem de meia idade e cabelos grisalhos chamado Fuyutsuki. Ele era o proprietário e gerente do "Segundo Impacto" e mais uma vez notara a ausência do novato que começara a trabalhar em seu bar há pouco tempo.
- Estou aqui, senhor Fuyutsuki. - Responde o enlameado e sujo atendente, numa voz sumida e quase inexpressiva.
- Já jogou o... Meu Deus! Você está precisando de um banho urgente, Shinji! Como pode ser tão desastrado? - Diz o dono do bar, procurando manter a calma diante da flagrante inaptidão do inexperiente jovem.
- Desculpe-me... E-eu ia por o cestão de lixo no local da coleta e... um acidente aconteceu.
- Sim, percebi... Ainda bem que estamos no final do expediente. Vá trocar de roupa no vestiário e depois pode ir para casa. - Responde o senhor de meia idade, fleumaticamente; enquanto ponderava no limite da capacidade humana de cometer burradas como o seu inexperiente empregado.
- Sim, senhor Fuyutsuki.
Após ter trocado de roupa e se limpado como podia no apertado banheiro reservado aos funcionários, o azarado jovem ajuda os seus colegas a empilharem as mesas e cadeiras que estavam em desordem, após mais uma noite de movimento intenso no barzinho. Enquanto isto, uma atraente e sensual figura feminina - com feições fortemente latinas, dona de um corpo escultural, seios fartos e as pernas de coxas grossas sensualmente cruzadas - se equilibrava num banquinho do bar cantando um tema romântico com uma voz maravilhosa.
- Shinji, você precisa cuidar mais de si mesmo. Já é a sétima mancada que comete desde que veio aqui e não passou nem uma semana depois que você foi admitido. Se o Senhor Futsuyuki não fosse tão paciente... - Diz Touji, um dos atendentes com mais tempo de casa.
- Mas eu juro que não foi culpa minha, eu...
- Tá legal, cara. Desculpa, mas acho que hoje não é o seu dia de sorte... Escuta, quer um trago por conta da casa? Você está precisando. - Responde o veterano, que era alto e de físico atlético.
- Desculpe-me, mas preciso ir...
- Ah, de novo aquela desculpa de ter que acordar cedo? Deixa de ser tão certinho! Barman, prepare uma dose dupla por conta da casa pro nosso companheiro Shinji: Uma do sakê Bishoujo e outra do especial da casa: o Kumagoroshi! - Exclama Touji maliciosamente, segurando Shinji pelo braço.
- É para já. - Responde o barman, um tipo de rosto redondo e bigodinho.
- E-ei, espere! - Shinji tenta inutilmente impedir, mas é tarde demais. Não que ele fosse contra bebidas alcoólicas, mas sabia que tinha que acordar cedo para ir ao cursinho na manhã seguinte.
- Já foi apresentado a nossa nova garota? Estelita, venha cá! - Acena Touji para a misteriosa morena.
- M-mas... eu...
- Olá, bonitão, como vai? - A garota de olhos negros expressivos e sorriso simpático se aproxima do tímido rapaz, com um andar e uma pose capazes de causar inveja a muitas modelos profissionais.
- Estelita, este é o Shinji Ikari, o nosso novo auxiliar. Shinji, esta é Estelita. Ela é uma moça simpática e muito... Atraente, como pode perceber! Ela ajudou a aumentar as nossas vendas em 30% desde quando entrou em operação! - Sem se importar com a reação de Shinji, Touji faz as apresentações e a moça dá desinibidamente os três beijinhos de praxe no assustado rapaz.
- Operação, mas como? - Pergunta intrigado o jovem estudante.
- Não percebe, Shinji? Estelita é uma persocom modelo profissional. - Responde o veterano com uma expressão de certa perplexidade misturada com ironia diante da ingenuidade do rapaz.
- Mas as persocoms não tinham uns troços...?
- Cara, ela é um tipo especial. As interfaces de comunicação dela ficam naqueles brincos enormes que ela usa. Tirando isto, Estelita passaria por qualquer uma garota que freqüenta o "Segundo Impacto". Ah, este modelo é especialista em conversas íntimas de nível adulto, técnicas de persuasão feminina, bem como "know-how" em interação física classe III. - Responde Touji, ajeitando delicadamente os cabelos de Estelita, de forma a mostrar os brincos dourados de formato triangular invertido que ela usava.
- O que é classe III? Não entendi...
- Bem, caso queira maiores detalhes, depois te passo o nome da loja que só vende este tipo de modelo. "Only for men", sacou? O dono dela é meu amigão e se você tiver uma grana sobrando, vai poder dar adeus aos dias de "seca". - Cochicha Touji no ouvido do ingênuo rapaz, enquanto a morena dá uma risadinha.
- Oi, Shinji, gostaria de tomar um drinque comigo? - Diz Estelita, mostrando um sorriso capaz de derreter o mais gélido coração.
- Oi... o-olá. - O coração do mancebo parece querer saltar por fora da garganta de puro pânico. Porém, o efeito combinado do sakê "Bishoujo" com o "Kumagoroshi" deixa a libido de Shinji à flor da pele.
- Bem, vou ir arrumando as minhas coisas. Vai fundo, Shinji! A Estelita é muito "caliente"! E na semana que vem tem mais! - Incentiva Touji, saindo estrategicamente daquele canto, fingindo que ia ajudar os outros.
- T-tá legal!... - Responde Shinji não sabendo se agradecia ao seu colega ou se engolia em seco com uma expressão de quem acabava de ser jogado aos leões, ou melhor, a uma pantera faminta por atenção e carinho.
Embora se sentisse meio que inibido diante da sensual persocom, o acanhado Shinji esqueceu o pequeno desastre de momentos atrás, depois que a dose dupla de sakê começou derreter literalmente os bloqueios e repressões de sua mente estressada. Estelita ajudou a desinibi-lo ainda mais depois de alguns minutos de conversa insinuante e um caprichado jogo de sedução, tudo isto combinado com alguns beijos e carícias oportunas.
Quando o colega de Shinji voltou - depois de uns quinze minutos - ele sorriu ao ver o seu pobre amigo mais para lá do que para cá, totalmente à mercê dos "amassos" da fogosa morena artificial que só faltava abaixar o zíper da calça do infeliz rapaz praticamente estando à sua mercê.
Alguns minutos mais tarde...
- Buenas noches, chico! - Despede-se uma eufórica persocom morena ao seu "cliente" de última hora.
- Uhn... Hã... Tchau, Estelita.... - Diz Shinji, ainda parcialmente bêbado, tentando forçar os seus mais do que precários conhecimentos de castelhano, despedindo-se de forma meio desajeitada, enquanto faz força para não tropeçar no meio-fio da calçada da rua.
- Hum... O que achou dele, minha querida? - Pergunta maliciosamente Touji, satisfeito com a "experiência" feita por ele ao novato.
- Um bueno chico, porém um tanto casmurro e tímido... Mas com um pouco mais de carinho e intimidade... - Responde Estelita, acendendo uma elegante cigarreteira. Diferentemente das mulheres de carne e osso, ela não sofria maiores danos físicos com o cigarro, embora este costume demandasse mais horas de manutenção de seus dentes e do sistema de ventilação interna.
- Putz, aquele rapaz até que demorou para sair do sério. Só depois de entornar a quarta dose do Bishoujo que ele começou... - Intervém o garçom, reparando na extrema timidez e acanhamento do jovem Ikari.
- Cara, o problema do Shinji é apenas um: Falta de mulher e "daquilo". No dia que ele perder o "selinho", ele desembesta de vez. - Comenta Touji, acabando de tragar a última bituca de cigarro que tinha em mãos.
***
Tendo saído tarde demais do serviço por causa da inesperada companhia, o baqueado aprendiz de garçom estava cambaleando pelas ruas e vielas do trajeto que separava o local de trabalho do minúsculo "apertamento" aonde morava.
Para economizar o dinheiro do ônibus, Shinji preferia voltar a pé quando podia. Só que ele não podia ter escolhido uma ocasião tão ruim para fazer isto. Sem estômago e costume para beber qualquer coisa mais forte do que cerveja "light", ele somente aceitou a dose dupla de sakê para não passar vergonha diante dos colegas, que poderiam duvidar de sua masculinidade.
Porém foi uma sorte não ter passado mal quando tragara o Kumagoroshi de uma só vez.
Ao passar por um beco, ele começou a sentir um estranho calor subindo pelas suas entranhas. A visão começou a nublar e imagens sedutoras - tanto da Estelita, como das garotas que ele costumava ver em certas revistas e DVDs - começaram a formar na sua mente.
Só de lembrar daquele toque insinuante e sedutor atiçando o seu corpo, o acanhado rapaz não pôde resistir mais. Ele tinha que aplacar o seu desejo latente de qualquer jeito ou acabaria tendo um daqueles "sonhos molhados" novamente. Afinal de contas... Dava trabalho lavar o "ofuton" nos finais de semana...
Olhando para os lados, para certificar-se de que não seria interrompido, Shinji começou a fazer uma sessão de "auto-ajuda para rapazes carentes, solitários e sem namorada" - ainda que um pouco incomodado pelo peso da sua mochila nas costas.
Por sorte não havia ninguém nas redondezas, a não ser um gato preto que estava fuçando as latas de lixo em busca de algo para comer.
- Ai, detesto fazer isto, mas aquela Estelita me deixou doido... Quem me dera se tivesse uma grana para ter uma persocom. Todo mundo tem uma, menos eu... Devo ser o único caipira do cursinho que não tem acesso à Internet... Queria ter um modelo, mas o meu salário mal sobra para pagar os meus livros... Ai, se pudesse acessar a rede! Queria conhecer umas meninas pelo ICQ, bater papo e quem sabe... namorar alguém.... Ah, esquece, Shinji Ikari. Na verdade, nem sei direito o que pretendo fazer com uma persocom. Talvez para copiar receitas de comida caseira e baixar uns MP3... - Totalmente envergonhado de si mesmo, e já concluído o "crime", o jovem Ikari se prepara para deixar aquele local suspeito, murmurando para si próprio ao olhar para as provas do "delito" - Eu sou mesmo um ser desprezível...
O local estava meio escuro e somente a necessidade premente de apagar o fogo que acendera dentro de si, fez ele buscar um pouco de privacidade. Porém, antes que saia do beco, um caminhão de lixo passa por perto, com os seus faróis ligados iluminando o beco.
- Putz, só faltava esta. Agora, o que falta para terminar... ops, começar o meu dia! Ai, como sou azara.... do?! Epa!!!
Envergonhado e meio ofuscado pela aparição inesperada do veículo, Shinji desvia o olhar. E somente naquele momento ele percebe algo estranho... Uma bunda humana se destacando no meio dos sacos e latas de lixo. E pela textura e palidez, certamente era um traseiro feminino.
- "NãoNãoNãoNão! Isto não pode estar acontecendo comigo! Uma jovem estuprada e morta neste beco! Socorro! Sou inocente!!!" - Os olhos do rapaz ficam arregalados, mas a voz não parece querer sair de sua garganta.
Tomado pelo pânico e pelo efeito do álcool, o impressionável rapaz pensa em fugir, só que neste momento, o gato que estava no beco salta por sobre os sacos de lixo, derrubando-os. Só então Shinji percebe que a figura feminina estava toda enfaixada por fitas e disposta numa estranha, perturbadora... e convidativa posição, de quatro.
- Ei... espere aí. Esta não é nenhuma menina morta por um maníaco assassino, baka! Seria uma boneca inflável de sex-shop? Também não... Parece ser muito bem feita. Deve ser uma persocom... M-mas...
Pegando a lanterninha portátil que estava na sua mochila - ele usava-a para abrir a porta do prédio aonde morava - o rapaz que veio do interior percebe que a garota era na realidade uma persocom. Mas diferente das que estava acostumado a ver nas lojas e nas propagandas de TV. Ela era quase do mesmo tamanho que ele, magra, e tinha um cabelo curto e liso, da cor azul-acinzentado.
- "U-uma Persocom! Eu... sempre quis ter uma... Mas, peraí Shinji Ikari... talvez ela tenha dono. Este modelo com certeza deve ser novíssimo... E depois, apanhar algo que não é meu, é pecado... E se alguém descobrir e...?" - Entorpecido pelo efeito do sakê, a mente do jovem garçom começa a "viajar" pelos labirintos de sua mente hesitante. Uma coisa que o jovem Ikari nunca teve foi firmeza de decisão.
Cinco minutos depois, e nada aconteceu. O estado de embriaguez começava a passar e uma brisa fresca soprava, clareando as idéias. Contudo era hora de se apressar. Amanhã ele teria um dia duro no cursinho, no trabalho e tinha que dormir o mais rapidamente possível.
- "Pô, é uma pena, mas acho que devo voltar para meu apê, minha vidinha sem graça e sem persocoms... Droga, acorda, Shinji Ikari! Todo mundo tem o seu modelo e estou cansado de ser motivo de chacota de meus colegas! Já sei, como esta linda persocom está dando sopa e como roubado não é achado... ops... achado não é roubado... Acho que tenho direito de ser feliz!" - À medida que a lucidez voltava, o jovem estudante tomou consciência da patética realidade de sua medíocre existência e pela primeira vez na vida resolveu tomar uma decisão por si mesmo. Algo tão ou até mais difícil do que ele se declarar para uma linda menina.
O jovem Ikari se aproxima da persocom desativada e erguendo-a com dificuldade, começa a trilhar o caminho de volta, com muita dificuldade. Estes computadores em forma de gente eram tão realistas que o peso deles era semelhante ao dos humanos.
Devido ao jeito que o modelo desconhecido foi "empacotado" (de quatro e com a bundinha empinada), Shinji pena para carrega-la até o seu apartamento. Contudo, assim que a pôs em seus braços, o distraído rapaz não percebe que deixou algo escapar por dentro das fitas que atavam o modelo.
Algo como um pequeno disco prateado que reluzia na escuridão do beco.
***
Eram quase uma hora da madrugada quando o pobre Shinji consegue finalmente chegar ao lugar que ele chamava de "lar". Era quase um milagre a misteriosa persocom não ter ficado avariada após quatro tentativas frustradas do rapaz subir a escadaria do conjunto de apartamentos aonde morava - não sem fazer barulho com as sucessivas quedas e levar uma baita bronca dos vizinhos irados dos andares de baixo.
- Ai, ui, era só o que faltava - gemia de for o infeliz estudante enquanto acabava de deixar a sua recente aquisição numa poltrona com estofado gasto - Vamos ver como está a minha gatinha...
Longe da penumbra do beco, e já refeito dos efeitos da "saideira" no bar, Shinji nota o quanto a garota artificial era... Atraente e desejável. Estando apenas envolta pelas tiras de fita crepe que cobriam parcialmente o seu corpo nu, o modelo desconhecido tinha a pele sedosa e atraente, além de ser muito bonita.
- Bem, vamos ao que interessa. Vamos testar se este modelo funciona antes de dormir...
Cada modelo de persocom tinha um botão de reset - de tamanho muito diminuto - geralmente localizado em alguma parte do corpo. Ao mesmo tempo ansioso e contente, o estudante que veio do interior começa a procurar onde estaria tal dispositivo, que permitiria realizar um antigo sonho.
Contudo, o que parecia ser um sonho se tornara um pesadelo. Várias horas haviam se passado e Shinji estava ficando desesperado. Ele não havia conseguido achar o botão que ativaria a persocom e perdera a conta de quantas vezes havia apertado em todas as saliências do corpo inerte da modelo. Só havia apenas dois lugares da anatomia feminina que ele não havia testado...
- Ai, o que eu faço agora?! Já devia estar dormindo e não sei onde fica o bendito botão... Não, por favor, eu juro que não queria tocar "naquele lugar"...
Abraçando ternamente a modelo totalmente inativa e imóvel, entre lágrimas, o adolescente sussurra nos seus ouvidos, como se fosse uma namorada, a SUA namorada.
- P-por f-favor, me desculpe... Ju-juro que não quero te machucar... E-eu prometo que vou ser gentil e não v-vou fazer qualquer s-safadeza! E-eu pro-prometo!
Dito isto, um inseguro Shinji Ikari afasta com o máximo de delicadeza possível uma fita crepe que cobria o intervalo entre as pernas da persocom e tateia sutilmente em busca do botão salvador. Os minutos passam e o que parecia ser uma tarefa banal e corriqueira tornam-se uma angustiosa realidade para aquela mente puritana. Gotas de suor frio respingam da testa do hesitante jovem e...
- Epa, achei. Tem um buraco... Um buraco? Ai, não! Eu danifiquei a persocom!
Somente passados alguns minutos o atrapalhado rapaz percebe que cometera outro engano. O maldito botão de liga-desliga não estava naquela porção íntima da anatomia da garota artificial. Logo... Só tinha um lugar lógico para tocar...
- Não. Só faltava isto! E-eu juro que v-vou reclamar no Departamento de atendimento ao consumidor deste fabricante! - Descabelava-se o rapaz falando para si mesmo em voz alta, o que fez o vizinho do andar de baixo dar umas vigorosas cutucadas com a ponta da vassoura no teto, reclamando do barulho.
Sem outra alternativa, exausto e querendo dormir o quanto antes, Shinji vai até a área de serviço e pega um par de luvas de borracha que ele costumava usar quando precisava limpar o banheiro, além de um vidrinho de lubrificante à base de água.
Morrendo de vergonha por fazer algo que considerava humilhante, ele tateia lentamente a última abertura não explorada do corpo da persocom e finalmente consegue achar o botão salvador - estrategicamente escondido.
Um "click" se faz ouvir e de repente, os olhos fechados da garota artificial se abrem, mostrando um par de pupilas vermelho-brilhantes, com uma expressão lânguida e misteriosa. Como que por encanto, a persocom ganha vida própria, rompendo as amarras que a prendiam, mostrando o seu corpo adolescente, para espanto do jovem Ikari.
No instante seguinte, a misteriosa garota de cabelos azuis toma consciência e fita o seu descobridor:
- Rei? - Pergunta a persocom com uma expressão de inocência e curiosidade, observando o olhar assustado do seu dono.
- Ei, eu não sou rei de coisa alguma. O que... - Diz Shinji, não entendendo nada o que estava acontecendo.
- Rei... - Insiste a delicada garota artificial.
- Espera aí, Shinji Ikari. Ela repetiu "Rei" duas vezes seguidas, será que é o nome dela?
- Rei.
Sem dizer mais nada, a persocom se aproxima de Shinji, ajoelhando se à sua frente. Ela apóia uma de suas mãos na coxa direita do rapaz, que estava sentado no chão. O toque macio e quente daquela mão delicada é o suficiente para causar um arrepio no pobre garoto que nunca teve uma namorada de carne e osso na sua vida.
- Q-qual é o s-seu nome? - Gagueja ele, fazendo força para não ficar excitado de novo.
- Rei.
Ao tentar se aproximar do seu novo dono, a persocom acaba apertando com força com a palma da mão naquela porção frágil da anatomia de Shinji e ambos acabam caindo no carpete do chão, fazendo um forte barulho, levando o vizinho de baixo a soltar um palavrão.
- $#@$@%! Não! Não toque aí, Rei!
- Rei? - A persocom não entende e somente afasta a sua delicada mão ao perceber algo crescendo debaixo da mesma.
- "Era só o que faltava!..." - Pensava o "sortudo" estudante de cursinho enquanto tentava controlar os seus nervos ao sentir o corpo nu da persocom de cabelos curtos azuis envolver o seu.
Escrito por: Calerom
myamauchi1969@yahoo.com.br
Última Versão: 06/03/2004.
Uma Palavrinha aos Leitores:
Esta fanfiction surgiu de um desafio lançado pela colega Wishmistress no fórum do site Webfanfics no início de dezembro de 2003, intitulado "Subversões: o Jogo!". O desafio consistia em um grupo de fic-writers desenvolver fanfictions com temas e séries que eles nunca tentaram antes, sugeridos pelos demais participantes, em comum acordo.
De minha parte, a Wishmistress sugeriu-me uma fic baseada em comédia ou romance (realmente nunca tentei ambas as coisas! Duh!), e de preferência, baseada no Evangelion ou no Pet Shop of Horrors. Embora tivesse feito uma cross-fic baseada nesta última série ("Despedida"), estava sem inspiração suficiente, de modo que peguei o EVA para desenvolver, ainda que nunca tivesse visto nenhum movie ou episódio da TV e só lido números avulsos do mangá e algumas fanfics.
A minha primeira idéia era de desenvolver uma comédia "nonsense" aonde mostrasse os bastidores de Evangelion como uma imensa produção cinematográfica estilo Hollywood. Só que na filmagem dos capítulos finais, o Shinji teria uma de suas crises existenciais e abandonaria o set, por causa do stress e do excesso de responsabilidade, além de uma paixão não-correspondida pela menina que interpreta a Asuka..
E nas suas andanças, ele se uniria aos atores que interpretam Keitarô (Love Hina) e o Miroku (Inu-Yasha), e este trio tentaria uma desesperada fuga de seus respectivos "pares" (Asuka, Naru e Sango), além de tumultuar o mundo dos animes...
Para complicar as coisas, as agentes Excel e Hyatt seriam contratadas pelo famigerado Il Palazzo para seqüestrar o pobre Shinji para que este fosse forçado a estreiar um anime para seu entretenimento pessoal. Era uma idéia até interessante, só que infelizmente não consegui conceber o final.
A outra idéia se baseava em explorar o lado cômico dos relacionamentos românticos pela Internet, fazendo Shinji e Asuka trocarem e-mails sob o discreto disfarce de seus nicknames virtuais e sem que um soubesse o que o outro estava fazendo. Não sabia como continuar, e daí a idéia foi abandonada.
Ao ler casualmente o mangá do Chobits, reparei que o background deste tinha alguns pontos de contato com o EVA e, apesar das séries terem abordagens diferentes entre si, optei por fazer uma paródia da obra do Clamp, mas usando os personagens universo do Evangelion.
O "Evabits" não é uma adaptação ao pé da letra, misturando alguns elementos de ambas as séries. No começo o enredo é mais fiel ao espírito da série do Clamp, mas com o passar do tempo, vai se tornando mais forte a influência de EVA.
Contudo, procurei tornar a fic acessível tanto para os fãs de uma como de outra série e mesmo por quem nunca leu os dois mangás, mas que se interessa por uma comédia no estilo romântico.
Agradeço à Wishmistress pelo desafio, sem o qual esta fic não existiria, bem como à sua paciência em fazer o beta teste dos capítulos e a revisão técnica. E também ao Angel pela explicação detalhada de certos pontos obscuros da trama do Evangelion.
Por favor, leiam e comentem!
Calerom.
