Just off the Key of Reason
Capítulo 1: Você é a sonhadora
Oi, sou a Quinn, sua nova colega de quarto. Eu trouxe as minhas coisas hoje de manhã; Acho que você está no trabalho, mas, sabe, eu queria deixar um bilhete pra que você não pensasse que alguém fez... o oposto de te roubar. Ou alguma coisa. De qualquer forma, fui ao mercado. – Quinn
Ah, e se você não for Rachel Berry, por favor a avise. Obrigada.
Bom... o bilhete na geladeira de Rachel com certeza era único. Ela tinha que admitir, a primeira coisa que ela pensou quando viu todas as coisas novas no apartamento dela foi aimeudeus alguém invadiu minha casa e me deu todos os seus pertences! Aí ela recuperou a habilidade de pensar racionalmente e lembrou que a nova colega de quartoiria se mudar hoje, e por Deus, ela havia deixado uma das bocas do fogão acesas depois do café da manhã.
A sua nova colega de quarto era Quinn Fabray, que aparentemente escrevia com caligrafia infantil que subia e descia a folha, mesmo tendo linhas no papel. Ela havia desenhado um elefante no canto direito no fim da página e prendou o bilhete na geladeira usando um mini cavalo de pelúcia com pés de ímãs que Rachel nunca havia visto antes. Mas é claro que Rachel aprovava; coisas adoráveis eram seu forte. Ela deu tapinhas carinhosos na cabeça dele com um sorriso.
O síndico do condomínio que tinha encontrado uma colega de quarto para Rachel, uma vez que ela estava ocupada demais com ensaios para caçar alguém nas ruas de New York para preencher o espaço da sua antiga colega de quarto. Ela sabia que tinha quase enlouquecido a antiga ocupante, com a cantoria e falação e a aquisição de um filhote de Golden retriver hiperativo e com uma certa afinidade por sapatos. No final, ou o cachorro ou a colega de quarto teriam que se mudar, o que era o motivo pelo qual Barnaby agora estava saindo do quarto de Quinn, com a língua pra fora e olhos brilhando.
Ai Deus, Rachel pensou. Ele deve ter destruído alguma coisa.
Rachel não queria entrar no quarto de Quinn. Ela não era intrometida ou algo do tipo; sério, ela era só barulhenta e irritante, de acordo com outras pessoas. Mas ela definitivamente não queria que a nova colega de quarto chegasse em casa e encontrasse os seus mais prezados pertences em frangalhos no chão do quarto.
Então ela abriu um pouco mais a porta e entrou.
Direto na porra do País das Maravilhas.
Quinn obviamente tinha desfeito as malas, já que não tinha nenhuma mala ou caixa por ali. Mas Santa mãe de Deus, como um quarto podia estar tão bagunçado quando havia sido ocupado apenas por algumas horas? Rachel ficou parada na porta, aturdida, só absorvendo tudo e fazendo carinho na cabeça feliz de Barnaby por ele não ter destruído nada.
Rachel absorveu a roupa de cama colorida e com formas, repleta de azul e verde e laranja e amarelo. Havia dois abajures roxos combinando na escrivaninha e no criado mudo, e haviam- é, ok, caralho- haviam quatro estantes na parede, completamente cheias. Rachel realmente temia pela segurança de Quinn; ela não queria ser acordada no meio da noite pra achar a colega de quarto morrendo embaixo de quatro estantes cheias de coisas.
Rachel não pôde resistir a se aproximar para examinar as 'coisas'. A maioria eram livros, várias cópias de clássicos que pareciam bem gastos e caindo aos pedaços. Ela identificou As Viagens de Gulliver e Alice no País das Maravilhas, tudo de C.S. Lewis e Roald Dahl e Dickens, O Médico e o Monstro, Beleza Negra e Sherlock Holmes. Rachel continuou, passando os dedos delicadamente pelos livros e olhou para o resto da bagunça.
Ela imaginou momentaneamente se Quinn era uma sucateira. Seus olhos se arregalaram; ai Deus, elas acabariam na TV e Rachel seria a colega de quarto sem noção que deixou Quinn viver numa pilha anti-higiênica de lixo por um longo período. Ela seria quem estaria às lágrimas convencendo Quinn a jogar aquele maldito guardanapo fora!
Só que as coisas de Quinn não eram lixo. Eram... fantásticas.
Rachel amou a prateleira repleta de globos de neve e ampulhetas e apontadores de lápis. Ela amou a coleção de Hacky Sack e o pequeno banco azul de porco na mesa; e o rebanho de miniaturas de animais de cerâmica em uma das estantes lembrava Rachel de sua própria infância. Ela sorriu de leve quando viu o velho, gasto e um pouco careca, urso de pelúcia no meio da cama, com as cobertas o cobrindo.
"Oi."
Rachel nunca havia pulado tão alto na vida. Ela se virou, com as mãos sobre o coração palpitante, para encontrar uma mulher com cabelo loiro agitado parada na porta, agora parecendo um pouco ansiosa e culpada.
"Desculpe." Disse Quinn, sorrindo nervosamente e acariciando um estático Barnaby na cabeça. "Eu não quis te assustar."
Rachel não sabia onde estavam suas palavras. Ela tinha um vocabulário completamente funcional, ele só havia desaparecido. Quinn estava se mexendo pra frente e pra trás, agora totalmente focada no Barnaby. Ela não olharia Rachel nos olhos.
"Eu-não, tá tudo bem. Eu prometo que eu não estava, você sabe, sendo xereta." Rachel se apressou. "Barnaby gosta de comer coisas que não devia e eu só queria ter certeza... bom, seu quarto é maravilhoso."
Quinn ficou vermelha.
Esperançosamente essa era Quinn. Esse seria o começo perfeito pra um assassinato em uma série policial de TV. Persiga uma estrela da Broadway, aja timidamente, mate-a violentamente na frente do cachorro.
"Você é Quinn, certo?" Rachel perguntou, entrando em pânico por um momento.
Quinn assentiu com a cabeça e sorriu, cruzando o olhar com o de Rachel brevemente antes de voltar a Barnaby. Ela gostava do cachorro, pelo menos.
Rachel os estudou por um momento. Barnaby rolou no chão e Quinn agachou para acariciar a barriga dele, falando baixinho com ele.
"Você já assistiu Alô, Dolly?" Rachel perguntou, percebendo que manter o foco no cachorro seria a melhor forma de conseguir a atenção da Quinn.
Quinn olhou pra cima e balançou a cabeça.
Rachel sorriu calmamente pra ela; ela não queria intimidar a mulher tão cedo. "É um filme maravilhoso com a Barbra Streisand. Tem esses dois personagens que meio que trabalham juntos, Barnaby e Cornelius."
Rachel andou e se ajoelhou do outro lado de Barnaby; Quinn olhou os próprios pés.
"Eu pensei que seria um bom nome pra um cachorro." Rachel continuou, esperando para ver se a garota falaria novamente. "Estou feliz que você goste dele. A maioria dos estranhos gostam, mas colegas de quarto não."
Quinn olhou pra cima e seus olhos encontraram os de Rachel por um momento. Ela parecia confusa. "Por que alguém não gostaria dele?"
Rachel soltou uma risada e acariciou as orelhas de Barnaby. "Bom, como eu disse, a razão de eu estar aqui foi pra ter certeza que ele não tinha destruído nada. Ele gosta de comer sapatos e travesseiros e... aparelhos de DVD."
Quinn sorriu e mostrou os dentes, o coração de Rachel vibrou. Essa nova garota era realmente bonita.
Rachel se levantou e Quinn voltou seu olhar aos próprios joelhos. "Vem, eu te ajudo a guardar as compras. A gente pode se conhecer melhor." Rachel ofereceu esperançosa.
Quinn assentiu e levantou-se, seguindo Rachel até a cozinha onde várias sacolas de compras e um chaveiro do Scooby-Doo se encontravam na bancada.
Rachel assistiu furtivamente Quinn esvaziar algumas sacolas e guardar as coisas. Achocolatado, Froot Loops, latas de Spaghetti-o'a, Lucky Charms. Ela teve que se segurar pra não estremecer diante das escolhas de dieta que essa mulher estava fazendo.
"Então, Quinn, qual sua comida preferida?" Rachel achou que essa era uma forma tão boa quanto qualquer outra para se começar.
A voz de Quinn era tão fraca que Rachel teve que se focar pra conseguir ouvir.
"Macarrão com queijo."
Rachel se iluminou, virando-se com um sorriso no rosto. "Eu sei fazer isso! Quer dizer, eu sou vegana, então, a versão vegana, mas o gosto é incrível. Eu poderia fazer hoje a noite se você quiser? Eu prometo que você vai gostar."
Quinn assentiu devagar com a cabeça. "Ok." Ela hesitou e encontrou o olhar de Rachel novamete. "Qual é a sua? Sua comida preferida, digo."
"Hmmmm..."
Quinn sorriu da expressão pensativa de Rachel.
"Pizza e lasanha. Ah, e espaguete com molho caseiro." Rachel continuou. As opções eram tantas. "Ah espere! Curry do 'The Green Mango'; é pura... perfeição. Paraíso. Eu não sei; você já provou?"
Rachel estava tentando desesperadamente controlar o vômito de palavras. Até então foi um sucesso, mas essa mulher não parecia do tipo que a pararia tão cedo. Simplesmente pra dizer 'Por Deus, cala a porra da boca, mulher, você está me enlouquecendo."
Quinn balançou a cabeça. "Você devia me mostrar."
"Definitivamente. Eles guardam pra mim quando os ensaios vão até tarde; acho que eu morreria de fome se não fosse por eles."
Quinn fechou o armário e se voltou a Rachel. "O que, hã, o que é que- digo, eu sei que você está na Broadway, mas... o que você faz?" Quinn estava olhando e brincando com o esmalte verde nas próprias unhas enquanto Rachel a observava calmamente, lábios levemente curvados.
"Você já assistiu Funny Girl, Quinn?"
Quinn balançou a cabeça.
Rachel sorriu pra ela. "Bom, nós precisamos te educar sobre Barbra Streisand imediatamente. Funny Girl é a história de Fanny Brice e Nicky Arnstein, a evolução do relacionamento deles e a carreira de Fanny. Comédia, romance, drama." Rachel andou pela cozinha, gesticulando com as mãos pra se fazer entender. Ela parou perto de uma Quinn intrigada e olhou direto nos olhos dela. "Eu interpreto Fanny."
"Isso- você deve ser muito talentosa." Quinn disse, um pouco impressionada.
Rachel corou. "Bom... você devia ver com os próprios olhos... O que você faz?"
Quinn voltou a olhar pro chão.
"Quer dizer, você não tem que me contar." Rachel se apressou em dizer.
"Tudo bem. Eu não... tenho um trabalho ou algo do tipo. Minha tia está pagando pra eu viver aqui."
Rachel assentiu com a cabeça e esperou, mas Quinn não continuou. Ela abaicou a cabeça pra olhar nos olhos da outra mulher.
"O que você gosta de fazer? Além de ignorar os trabalhos legendários de Barbra?"
Quinn sorriu. " Talvez ela não seja tão extraordinária quanto você pensa."
Ok. Bem.
Essa era uma desconhecida; não seria bom ficar furiosa. Permaneça calma, Rachel. Se recomponha. Você ainda pode salvar essa pessoa da própria ignorância quanto à Barbra.
Quinn deve ter percebido o queixo de Rachel cair, ou sua expressão de puro horror, e se apressou a falar.
"Ou ela é. Extraordinária, digo. Eu não saberia dizer. Eu gosto de animais."
A expressão de Rachel mudou de horror para confusão. Havia ligação entre os dois fatos? "Você gosta de animais?"
"Aham. Animais de todas as formas. E também, literatura."
Rachel assentiu. "Ah, é, eu vi todos os seus livros. É tão legal, você tem tantos."
Quinn sorriu e manteve contato visual. "Eu gosto de livrarias antigas, eu meio que pego coisas aleatórias de sebos... vendas de garagem. Se não deu pra notar."
Rachel riu e abriu o armário pra pegar os ingredientes pra macarrão vegano. Barnaby apareceu e Quinn se animou quando ele subiu em cima dela, acariciando os lados dele afetuosamente.
Rachel sorriu pra eles. "Você quer levá-lo pra passear? Tem um parque que eu costumo ir, uns dois quarteirões daqui."
Quinn olhou pra cima parecendo nervosa. "Mesmo?"
"Claro! Ele te ama, obviamente mais do que a mim." Rachel olhou fixamente na direção de Barnaby e Quinn juntou seus lábios em um sorriso.
"Ok."
Rachel entregou a correia e observou Quinn cautelosamente encaixá-la na coleira, antes de ser arrastada pela porta por um golden retriever animado. Rachel sorriu sozinha e respirou fundo.
Isso seria interessante.
Quinn era... refrescante. Talvez um pouco ansiosa e inocente, mas bondosa. Ela parecia ser uma sonhadora. Rachel gostava de sonhadores. Ela se perguntava de onde a mulher teria vindo. Na verdade, Rachel havia se surpreendido por não ter dito em voz alta todas as perguntas que lhe passaram pela cabeça. Por que você não me olha nos olhos? Por que vpcê é tão quieta? Por que a sua tia está te bancando? Por que você parece que veio diretamente do Céu?
Esperançosamente ela conseguiria ser capaz de não aterrorizar a primeira colega de quarto que ela tivera que não odiasse Barnaby com todas as forças.
Quinn voltou cerca de vinte minutos depois e Barnaby correu direto para a tigela de água, balançando o rabo alegremente.
"Oi! Barnes, você foi um bom garoto?" Rachel questionou, direcionando a pergunta a Quinn, que passou pela sala e foi para a cozinha atrás dele.
Quinn sorriu. "Ele foi maravilhoso. Você precisa de ajuda?"
"Está quase pronto. Só precisa ficar no forno por uns dez minutos. Nós podemos assistir um filme ou alguma coisa assim?" Rachel ofereceu.
"A gente pode assistir- Hum, não, deixa quieto."
Rachel observou Quinn mexer com as próprias mãos novamente.
"Não, o que foi?"
Quinn hesitou e olhou pros pés de Rachel. "Bom, você provavelmente está enjoada de Funny Girl, né. Eu ia dizer que nós podíamos-"
"Enjoada de Funny Girl!" O queixo de Rachel caiu e as mãos dela voaram pelo ar. "Deus, não! Nunca! Quinn, se eu alguma vez disser que estou enjoada de Funny Girl, eu quero que você cuide do Barnaby pra mim, e me internar numa boa instituição para doentes mentais, ok?"
Rachel tinha visões de instituições não muito legais colocando-a em tratamento de choque e em uma torre no estilo Shutter Island (Ilha do Medo).
Quinn soltou uma risada e corou, cobrindo o próprio nariz. Rachel apenas riu.
"Você quer assistir comigo, Quinn?"
Quinn assentiu com a ceça, ainda corada, e se dirigiu ao sofá, com Rachel atrás.
~ooooooooo~
"Então?" Rachel olhou expectativamente pra Quinn três horas depois. "Você gostou?"
Rachel tentou dizer a si mesma que aquele não seria um momento decisivo na potencial amizade/laço entre colegas de quarto. Ela tentou, mas não conseguiu.
Quinn bateu as canetas com as quais estivera brincando nas próprias coxas, como se fossem baquetas. Ela sorriu hesitante. "Eu acho que gostaria mais da sua versão."
Rachel moveu a cabeça com um sorrisinho etampado no rosto e Quinn corou ante ao olhar da outra.
"Eu gosto de você."
As orelhas de Quinn estavam escarlates enquanto ela movia as canetas entre os dedos. "Eu-obrigada?"
Rachel riu. "Quero dizer, eu acho que eu assusto as pessoas, mas você não parece como se eu a estivesse enlouquecendo ainda. Além do mais, Barnes está babando em você há meia hora e você ainda não o empurrou do sofá, então... colega de quarto perfeita."
Quinn tentou controlar o próprio sorriso por um momento. "Eu acho que eu assusto as pessoas também."
Rachel sorriu afetuosamente, e passou a mão entre o vão dos dois sofás pra pegar as canetas que estavam com Quinn, olhando a mulher nos olhos para fazer com que ela as entregasse. Quinn o fez, e depois juntou as mãos no colo.
"Por que você acha que assusta as pessoas?" Rachel perguntou curiosamente.
Quinn balançou os ombros e riu, de uma forma auto-depreciativa. "Eu não sei. As pessoas pensam que eu sou... estranha... ou louca... ou alguma coisa assim. Eu provavelmente pareço ser mesmo."
Rachel estudou a mulher que agora estava brincando com os elásticos no próprio pulso, os olhos cor de avelã não encontrando os castanhos.
"Você não é mais estranha ou louca que eu... e eu sou basicamente psicótica, Quinn." Rachel estava sendo completamente séria.
Quinn deu risada.
"Sério, eu perdi toda a minha inibição no ensino médio e ela nunca voltou." Rachel continuou, sorrindo. "Eu falo constantemente. Eu canto músicas da Disney quando cozinho e danço com meu aspirador de pó. No último Halloween, eu fiz doze lanternas de abóbora, uma pra cada membro do meu elenco na época. Isso é uma dúzia de abóboras, Quinn. Todo mundo é um pouco louco."
Quinn não conseguiu controlar o sorriso, apesar dele ser tímido e de boca fechada, ela olhou nos olhos de Rachel e esta sorriu de volta, depois bocejou, torcendo o nariz. Ela estava se divertindo agora; ela tinha sentido falta de ter uma colega de quarto para atormentar durante a noite.
"Eu acho que vou pra cama agora. Você quer o controle remoto?"
Quinn balançou a cabeça e se levantou. "Não, eu também vou. Boa noite, Rachel."
Rachel devolveu as canetas para Quinn, piscando o olho. "Boa noite, Quinn. Durma bem em seu novo quarto."
~ooooooo~
Rachel havia dito que iria pra cama mais por hábito do que por achar que ela realmente iria conseguir dormir. Funny Girl e colegas de quarto deslumbrantes infortunamente não eram a cura pra insônia. Esse era o motivo pelo qual, duas horas depois de ter se deitado, ela estava acordada pra ouvir um barulho do lado de fora da porta do quarto.
Ela não queria admitir que o primeiro pensamento que lhe passou pela cabeça foi "Ai caralho. Ela realmente é louca."
Rachel ficou quieta por um minuto, mas depois ela ouviu um outro barulho e sinais de passos leves pelo corredor. Ela saiu da cama e foi até a porta, abrindo-a silenciosamente.
Quinn estava parada na frente da própria porta no fim do corredor; ela parecia ansiosa e insegura, não muito entusiasmada para entrar de volta no próprio quarto. Ela tinha aquele bicho de pelúcia que definitivamente havia vivido dias melhores em uma das mãos.
"Quinn." Rachel sussurrou tentando não assustar a outra. Ela andou completamente até o fim do corredor em direção à loira.
Quinn olhou pra ela com olhos arregalados, obviamente surpresa.
"Você precisa de alguma coisa?" Rachel perguntou. "Você está bem?"
Na verdade ela estava perguntando "Você estava planejando me matar enquanto durmo?"
Rachel só queria ajudar; Quinn parecia tão confusa e amedrontada.
Quinn hesitou, e depois pareceu perceber que ela estava segurando o urso de pelúcia e o colocou meio escondido atrás das costas. Ela corou e assentiu com a cabeça.
Rachel percebeu o movimento e sorriu pra ela. "Você tem certeza? Eu sei que é um lugar novo-"
"Que barulho é esse?" Quinn interrompeu.
Rachel parou de falar e escutou, olhos procurando pelos cantos. Ela registrou um barulho vindo de cima. "Ah, isso é o encanamento. O prédio é meio antigo, sabe."
Quinn assentiu. "Ele pára?" ela perguntou.
"Eu não... acho que não. Você só se acostuma depois de um tempo. Eu costumava usar protetores de ouvido, mas não conseguia ouvir o meu despertador então foi um desastre."
Na verdade tinha sido mais que um desastre. Ela havia acordado ao meio dia, tendo perdido metade de um ensaio, e entrou em pânico quando pensou que tinha ficado completamente surda e que nunca mais seria capaz de cantar novamente. Ela ficava arrepiada só de pensar.
Quinn riu nervosamente e se moveu pra voltar para o quarto. "ok, desculpa por te acordar."
Rachel sorriu. "Sem problemas. Você não me acordou. Tem certeza que vai ficar bem?"
"Tenho. Boa noite, Rachel. De novo." Quinn sorriu, olhando para o chão e fechou a porta do quarto silenciosamente.
Rachel se demorou um pouco pra ter certeza que ficaria tudo bem antes de retornar para o próprio quarto. E depois ela voltou pra cama junto com Barnaby e tentou lembrar como foi quando ela ouviu o barulho do encanamento pela primeira vez. Ela havia ficado aterrorizada.
