Estávamos discutindo. Eu não conseguia mais suportar discutir com ele... Será que ele não via o quão doloroso era para mim, ter que largar a minha juventude, os meus sonhos e tudo mais? Mas a vida não é só feita de conquistas e eu tenho que provar desse cálice amargo. E eu só queria que, ao menos, a amizade permanecesse.

- Albus, nós precisamos continuar... Pelo bem maior. As pessoas precisam de nós.

- Gellerd, minha família precisa de mim. – eu retruquei e meu irmão, já impaciente, bufou.

- Ele não sabe o significado dessa palavra, Albus... E até pouco tempo, achei que você também não sabia – Aberforth alfinetou.

- Não se meta! – respondi, ríspido. Não precisava dele pra tornar as coisas piores.

Aberforth se aborreceu, mas se absteve de outros comentários.

- Albus, você sabe que vai ser muito difícil continuar sem você. Nós temos a chave pra um mundo melhor. Nós seremos invencíveis.

- Gellerd, eu não posso fazer isso com minha irmã...

- Sua irmã terá lugar no nosso mundo! Você sabe disso! Não precisará mais se esconder...

- Ela precisa de cuidados agora. Os dois precisam – meneei a cabeça na direção do meu irmão. - Eu não posso fugir, preciso assumir isso.

- Você está fugindo agora! – Grindewald elevou o tom de voz – Fugindo do seu destino. Fugindo do nosso futuro!

Senti como se alguém estivesse estraçalhando meu coração com as mãos.

- Nosso futuro? Que futuro? Não pense que eu não percebo o quanto você já brincou com meus sentimentos... Não posso levar isso adiante, mas quero a sua amizade.

- Brinquei? Você é quem está brincando comigo agora. Tudo o que sinto é real e tudo o que enxerguei era um mundo que governássemos pelo bem maior. Juntos. Nunca pensei em fazer isso sozinho... Você precisa continuar comigo.

- Não posso... Agora saia daqui! - acabei por expulsar o meu melhor amigo de casa.

- Não. Eu insisto...

- O meu irmão disse para sair – Aberforth não pôde se conter com aquele comportamento impertinente na sua casa.

- E se eu não obedecer, como você pretende me expulsar? – Grindewald o desafiou.

Os três puxaram a varinha ao mesmo tempo, ante a iminência de um duelo e ficaram se estudando.

- Gellerd, por favor... – pedi, sem baixar a varinha.

- Dois contra um, me parece um tanto injusto... – o rapaz deu uma risada e balançou a varinha. - Estupefaça!

Ao mesmo tempo em que o grito de Grindewald ecoou, eu e meus irmãos atacamos... Todos os três. Ninguém sabia dizer de onde Ariana veio, nem como conseguiu entrar naquela confusão e muito menos como acabou caída no chão, sem vida.

- Ariana! – exclamou Aberforth, enquanto eu só pode dar um gemido de horror.

- Ela está... – Gellerd começou.

- MORTA! – Aberforth exclamou, num grito de dor aguda, e agarrou-se ao corpo de nossa irmã.

Gellerd desaparatou no mesmo instante e nunca mais foi visto nas redondezas.