Prólogo

Dançar sempre foi a minha vida. Essa paixão nasceu antes mesmo que pudesse entender o que era uma paixão de verdade. Meu corpo e minha alma foram entregues a dança com intensidade. Era tudo que sabia fazer. Existem dançarinas profissionais que são famosas mundialmente por serem primeiras bailarinas ou por participarem de grandes peças, musicais, eventos e por vai. Eu, obviamente, estou longe de ser uma dessas. Minha família nunca teve grana para isso e meus pais sempre acharam uma palhaçada viver disso. São mesquinhos e pobres de espírito demais para compreender sonhos de uma jovem apaixonada pela vida.

Até meus dez anos de idade acreditava que a vida podia ser bela mesmo com as diversidades e atrocidades que aconteciam dentro da minha casa. Sonhei com dias de plenitude e perfeição. Aos doze anos desisti de sonhar. Aos dezesseis fui vendida. Eu achei que encontraria paz, mesmo na merda… Não encontrei absolutamente nada além de um lugar na escuridão e um ferro no meio para dançar. Não sou prostituta, o clube que danço rola apenas umas danças no colo, um pouco de sacanagem em velhos que não sobem nem com viagra. Claro que algumas faziam serviços por fora. Necessidade ou prazer. Também já me prostitui. Não da mesma forma nojenta e brutal, mas já troquei sexo por dinheiro e comida. Essa é a vida que vivo. Pobreza. Passar fome. Dançar. Ter uma grana de algum babão que gostou dos meus seios com adesivos e minha bunda com uma calcinha minúscula.

Quando disse que dançar era minha paixão, não referia ao que faço para sobreviver neste país. Não era como se não tivesse tentado sair dessa vida, candidatei a todas as vagas de emprego possíveis e imaginárias, mas devido a crise monetária e ao fato que estou abaixo do fim da cadeia alimentar, ninguém se importa se estou tendo uma boa vida ou consigo pagar meu seguro social e de saúde. Tentei ser garçonete do mesmo local que trabalho, pelo menos elas eram menos assediadas e usavam saias, curtas, mas usavam alguma roupa. James negou, é claro. Devo uma quantidade de dinheiro enorme a ele, principalmente porque ele acha que me ajudou a fugir de casa e me deu abrigo. A maior parte das minhas gorjetas iam para o seu bolso.

- Quanto ainda te devo? – perguntei realmente não aguentando mais toda a minha vida. Precisava fugir.

- Muito, docinho. Não foi fácil trazer você daquela cidade, menor de idade, sem dinheiro nenhum. Quantos riscos corri por sua causa? – sussurrou tocando meu rosto e dei um passo pra trás – Eu posso te ajudar com um serviço. É o último. E então, você está livre!

- Como vou ter certeza, James? – perguntei um pouco tentada, mas ao mesmo tempo, muito desconfiada.

- É um serviço bom, que vai render uma grana, que se fizer tudo direitinho vai poder sumir do mapa do jeito que você quer. Não vai ter como ficar.

- Não vou matar ninguém!

James revirou os olhos com meu grito.

- Quem sabe começando em outro lugar, pode até dar aulas em uma escola de dança como era seu sonho? – perguntou com um tom de deboche.

- O que é?

- Vamos para o meu escritório.

Passei pelas minhas colegas de trabalho seminuas se preparando para os primeiros shows. Nós não falamos umas com as outras, muito menos contamos histórias verdadeiras ou nossos nomes. Aqui eu sou Carmen. Ninguém além de James sabe que meu nome é Isabella e que tenho vinte e um anos. Na minha identidade falsa já tenho vinte e quatro pelo tempo que trabalho aqui usando este personagem para ganhar dinheiro. Passei pela que mais odeio, aproveitando sua distração peguei sua fantasia ainda presa no cabide e coloquei fora do quarto, pendurada em outra porta. Iria demorar um bom tempo procurando sua roupa, atrasando o show e ainda poderia ouvir um belo fora de James.

- Você vai precisar ir até Washington, DC.

- Fazer o quê?

- Seduzir ou apenas se aproximar de um homem chamado Carlisle Cullen. – disse esticando uma foto na minha direção – Ele pode cair na sua, como não pode. Vai ter um cara fotografando o encontro. O contato só quer a sementinha da dúvida, nada cruel. E depois disso, você pega suas coisas e some.

- Ok. – murmurei porque parecia simples – Quando preciso ir?

- Amanhã.

- James, você não vai atrás de mim, não vai?

- Não, doce Isabella. Seu tempo acabou, pode ir. – sorriu com escarnio – Faça o serviço direito, entendeu? – disse ameaçadoramente – Aqui está a grana, não some ou você sabe muito bem que posso te achar e você vai pelo mesmo caminho que a Carmen verdade, entendeu?

Estremeci ao lembrar de quando encontrei Carmen morta no chão do camarim no meu segundo dia de trabalho. Foi então que assumi a sua identidade e idade. James tinha matado-a sem pena. Ela devia dinheiro e falou com tiras. Nós nunca podemos nos aproximar deles. Era a regra número um da casa.

- Entendi, James. – sussurrei olhando para bolsa com dinheiro. Devia ter três mil dólares ali.

- Compre uma roupa descente, não apareça como uma puta. Homens como ele não gostam de puta barata como você.

Toda vez que ele me referia como uma vagabunda, puta ou algo realmente baixo, meu rosto doía como se tivesse levado um tapa. E essa era a minha vontade. Dar um tapa nele e em mim mesma por viver nessas condições. Socar a cara dele por completo e deixa-lo aos pedaços. E ir atrás de Renée por ter me colocado nessa sozinha. Que espécie de mãe te vende para um traficante?

Eu a odeio.

Peguei a bolsa e minhas coisas do armário e sai da boate pelos fundos, caminhando em direção ao ponto de ônibus. Se desaparecesse agora, talvez James nunca mais me encontre. Preciso pensar em um lugar que ele nunca pense que estou, que seja longe e que dê para chegar com esse dinheiro. Não vou me envolver com encrenca de político. Apesar de não ter televisão em casa, leio jornais e sei que Carlisle Cullen é um dos homens mais respeitados do senado.

Cheguei em casa e fiz uma pequena mala. Dividia o quarto com outra mulher que trabalhava lá, mas não éramos amigas. Longe disso. Só era barato vivermos juntas. Mal nos víamos por conta dos horários completamente diferentes e turnos.

Assim que estava com tudo pronto para ir ao terminal rodoviário, alguém bateu na porta bruscamente e comecei a rezar para não ser James e seus capangas ou o dono do apartamento querendo o aluguel que estava mais que atrasado. Peguei minhas coisas, meus documentos e desci pela janela, abaixando as escadas conforme ia passando pelos andares. Olhei para cima e vi um homem que não conheço me fitando e falando no pulso. Merda. Tiras.

Aumentei a velocidade e quando comecei a correr, bati de frente com um cara enorme, todo de preto. Ele era bonito, pelo menos isso. Cai de bunda no chão. Não podia ser mais humilhante.

- Olá Isabella... Ou devo dizer Carmen? Não sei. Estou confuso. - murmurou debochado. Quis chutar suas bolas.

- Bom, confusa estou eu, já que você tem a vantagem de conhecer meu nome. – respondi irritada.

- Prazer. Jacob Black. FBI. Terei o imenso prazer de trabalharmos juntos. – sorriu torto me ajudando a levantar – Não adianta correr ou gritar, vai por mim.

Dupla merda. FBI. O que mais a minha má sorte poderia aprontar comigo?

Grande nota final que realmente merece sua atenção:

Oi meninas! Um ano de espera e finalmente, ufa! Em primeiro lugar, para aquelas que não acompanham as notícias no meu grupo de fanfics no facebook uma breve explicação: Antes eu tinha muito tempo de sobra. Muito mesmo. E era capaz de escrever três ou quatro fanfics por vez. Aconteceram algumas mudanças (nem todas boas e nem todas ruins) na minha vida e fui obrigada a reduzir meu horário de frente ao computador exclusivamente para fanfics. Pretendo finalizar e postar todas que abri até o momento, estou trabalhando apenas em um ritmo mais lento. Sei que muitas não gostam de esperar, porém, ainda não faço milagres. Para amenizar, resolvi que vou escrever o máximo que posso antes de publicar cada.

Até hoje, tenho 18 capítulos de Sweet Poison prontos. E apenas UM por semana será postado.

Toda quinta-feira vocês tem um encontro marcado comigo aqui. E toda quarta-feira lá no grupo com pequenas imagens referentes ao capítulo.

Dia 02-07-2014 teremos o primeiro capítulo.

Aguardo vocês aqui!

Grandes beijos, Mari.

Trilha Sonora:

All Of Me - John Legend -

You and Me - Lifehouse -

XO - Beyoncé -

Love Someone - Jason Mraz -

Human - Christina Perri -

Beating Heart - Ellie Goulding -

Burn - Ellie Goulding -

Summer - Calvin Harris -

Royals - Lorde -

Happy - Pharrel Williams -