N/A: A fic é uma adaptação do MV da músicaTimeless, da cantora chinesa Zhang Li Yin. Qualquer semelhança não é coincidência. A fic é universo alternativo. É uma short dividida em duas partes. Para melhor entendimento, leia as duas, óbvio. Beijos e me digam o que acharam!
Timeless Parte 1
Timeless, this isn't a goodbye,
If it's one life, it's now, hold tight baby
(Timeless - Zhang Li Yin)
A ambulância parou abruptamente em frente ao hospital Saint Mary, localizado em um bairro residencial de Londres. As portas traseiras foram abertas com rapidez e um médico, carregando um pequeno container refrigerado saltou dela e correu com uma velocidade absurda em direção ao ambulatório do hospital. Transeuntes olharam com preocupação enquanto o médico desvia de pacientes e enfermeiros através do saguão da emergência, seu jaleco branco esvoaçando atrás de si, até desaparecer atrás de portas vermelhas onde se podiam ler UTI.
A cirurgia transcorria em silêncio. Dr. Brown tinha a testa franzida e levemente suada enquanto serrava o esterno do jovem deitado à sua frente. Uma enfermeira passou um pano seco em sua testa e ele aproveitou para dar uma rápida olhada para o rosto do jovem. Parecia não ter muito mais do que vinte anos, talvez tivesse menos. Desviando o olhar, com pesar, finalmente terminou o processo de serrar. O corpo já estava ligado às máquinas necessárias para o resfriamento dos órgãos internos, então foi iniciado o transplante.
Um coração danificado e frágil foi retirado do peito do rapaz e outro – que chegara a exatamente três minutos de um hospital vindo do outro lado da cidade – foi colocado em seu lugar. O barulho incessante da máquina, seu bipe contínuo e sua linha perfeitamente reta, sem alterações, foram observados incessantemente pelos médicos durante quase uma hora. Finalmente, o novo coração deu sua primeira batida. Dr. Brown sorriu e respirou aliviado, apertando a mão pálida do garoto.
-PARADO! – alguém gritou dentro de sua cabeça, e o som ecoou como se tivesse sido proferido no topo de uma montanha.
Flashs passaram voando em frente aos seus olhos, imagens que ele não conseguia recordar, emoções, sensações. E dor. Muita dor. Draco Malfoy finalmente acordou, sentando-se com um pulo, a mão pressionando firmemente o lado esquerdo do peito enfaixado. Seu coração parecia estar queimando. Ofegante, olhou em volta. Estava em um quarto de hospital, sozinho. A porta estava aberta e, lá fora, podia ver e ouvir as enfermeiras conversando, médicos passando e pacientes. O que diabos tinha acontecido?
Tivera que ficar dez dias no hospital, por causa do tratamento pós-cirúrgico. Os médicos quase o impediram de ir embora, pois queria ir dirigindo para casa, sozinho. Afinal, quem o buscaria no hospital? Como se alguém se importasse. Gritou com os médicos até que eles permitissem que ele fosse, sabendo – só pela expressão no rosto deles – que eles o deixariam morrer se ele viesse parar no hospital novamente. Dane-se, ele era muito importante para ficar naquele hospital. Tinha negócios a dirigir, coisas a fazer. Portanto saiu a passos rápidos e entrou no carro que mandaram um subordinado trazer.
O trânsito estava pesado e já era noite escura lá fora. Dirigia rápido, em silêncio, evitando parar em qualquer sinal. Quanto mais rápido chegasse em casa, mais rápido podia deitar-se e dormir e esquecer tudo aquilo. Mas então começou a ter flashes. De novo, os malditos flashes. Uma jovem de cabelos muito cheios ria para ele. E, cada vez que ela aparecia em sua mente, seu coração doía. Draco reduziu a velocidade e tentou ignorar os flashes. Foi quando notou que não estava no caminho de sua casa. Acabara de entrar em uma rua que nunca estivera. Olhou em volta, para algum tipo de localização, quando algo lhe chamou atenção.
Uma pequena livraria iluminada. Draco freou o carro em frente a ela, do outro lado da rua, e saiu do carro. Não sabia por que estava fazendo aquilo, mas precisava entrar lá. Algo o dizia. Enquanto andava até a livraria, observou a vitrine. Uma garota de cabelos cheios e castanhos lia, sozinha, enquanto tomava uma xícara de algo que Draco não conseguia identificar de longe. Ele quase parou no meio da rua, com o choque. Era a mesma que estivera aparecendo nos malditos flashes em sua cabeça. Ela deve ter percebido que estava sendo observada, pois voltou os olhos castanhos para ele. Bem a tempo de vê-lo agarrar o peito e cambalear na calçada.
Levantou correndo e saiu para a rua, agarrando o braço de Draco, para mantê-lo de pé.
- Você está bem? – ela perguntou, parecendo genuinamente preocupada, e começou a levá-lo para dentro da livraria – Venha, sente-se por um momento.
Draco deixou-se levar sem falar nada. Ela colocou-o em uma das cadeiras da mesa onde estivera sentada há poucos minutos atrás e correu até a pequena cozinha para buscá-lo um café e algo para comer. Quando voltou, ele estava sério, mas não parecia estar com dor. A mão continuava segurando o peito.
- Qual é o seu nome? – ele perguntou, enquanto ela o servia.
- Hermione – disse e, terminando de servi-lo, sentou oposta a ele – E o seu?
Contudo Draco não respondeu. Por que tinha a sensação de conhecer Hermione? Por que estivera vendo ela em suas malditas visões? Suspirou.
- Draco – disse, enfim.
- Você está bem agora? – Hermione perguntou, olhando o rosto preocupado dele.
- Você me conhece? – ele perguntou, ignorando a pergunta dela.
- Não, nunca o vi antes. Posso perguntar por quê?
- Eu tenho a sensação que conheço você.
- Não, nós não nos conhecemos, Draco – ela disse, parecendo ligeiramente assustada.
- E eu nunca vim aqui? – ela balançou a cabeça negativamente, enquanto ele olhava em volta – Eu sinto... como se já conhecesse esse lugar há tanto tempo. Eu... eu sinto...
- Você nunca esteve aqui, eu lembraria. Tome seu café, vai fazê-lo sentir-se melhor.
Hermione empurrou a xícara para ele, que esticou a mão para pegá-la no mesmo instante. Seus dedos tocaram os dela, mas Hermione tirou sua mão rápido, assustada. Olhou-o com desconfiança e levantou-se, indo até a cozinha, deixando-o sozinho. Draco observou-a ir e tentou chamá-la, mas ela não voltou. Foi quando notou um porta-retrato grande ao lado de um vaso de flores em cima da bancada da livraria. Na foto, Hermione e um jovem ruivo e sorridente. O coração de Draco doeu mais uma vez.
Draco estava em casa há quase duas horas agora, mas não conseguia dormir. Sua cabeça latejava e ficava tendo visões confusas.
Policiais, muitos policiais, todos portando armas e um deles – um ruivo – gritando para um homem de máscara, a arma em frente a seu rosto.
Tomou um grande gole do vinho que havia se servido, mas não adiantou nada.
O policial ruivo continuava gritando para o homem de máscara, ambos apontando armas um para o outro. O homem de máscara – aparentemente um assaltante - segurava uma moça para se proteger.
E a dor, a dor em seu coração era quase excruciante. Draco ofegava, enquanto as visões continuavam mais nítidas em sua cabeça.
O assaltante atirou.
Draco quase pode ouvir o som da bala em seu ouvido. Seu coração doía tanto que lágrimas escorriam de seus olhos. Mas o que enxergou depois o fez sentir náuseas.
O policial fora atingido na cabeça pelo tiro do homem de máscara.
Enxergou sua queda como se fosse em câmera lenta.
No dia seguinte, Draco foi até os arquivos da polícia. Não poderia entrar, mas tinha seus contatos lá dentro. Seguiu entre as muitas prateleiras, empilhadas de arquivos, abrindo alguns esporadicamente. Finalmente, abriu um arquivo com a foto do policial ruivo.
Rony Weasley, falecido.
Draco já o conhecia. Era o mesmo da foto com Hermione em sua livraria. Era ele. Tudo fazia sentido agora. Soltou a pasta com os documentos de Rony e eles se espalharam pelo chão. Draco olhou em volta, transtornado, sem fôlego.
Draco entrou em seu apartamento quase correndo. Foi direto até uma mesa em um estreito corredor. Enquanto isso, continuava a ter as malditas visões. Enxergava claramente Hermione e Rony na cozinha da livraria. Pareciam tão felizes. Eles brincavam um com o outro e riam. Draco abriu as gavetas e jogou tudo para fora, agonizando, abrindo caixas e jogando longe coisas inúteis. Suas mãos finalmente alcançaram uma caixinha no fundo da terceira gaveta e ele abriu com rapidez. Dentro havia apenas um colar, com um pingente de coração. Draco abriu o pingente com as mãos trêmulas. Havia uma foto de Rony e Hermione dentro.
- Não! – Draco gritou, suado e quase como se estivesse bêbado de dor.
Bateu as costas contra a parede atrás de si e deixou-se cair até o chão lentamente. Com uma das mãos, segurava o pingente e a outra apoiava sua cabeça que latejava. Quando não agüentava mais de dor, chorou.
Hermione molhava o pequeno canteiro de flores em frente a sua livraria. Era uma noite como outra qualquer e não havia quase ninguém na rua. Ouviu então passos e, quando virou-se para ver quem passava, viu Draco andando até ela. Respirou fundo e largou o regador. Ele parecia muito doente e, de alguma forma, triste. Foi até ele, para que ficassem frente a frente.
- Você está bem? – perguntou, olhando para o rosto pálido dele.
Draco não disse nada, apenas colocou a mão no bolso e tirou dele um pequeno objeto prateado. Desviou o olhar dela, pois era doloroso demais olhá-la. Hermione observou-o esticar a mão em sua direção e, em um primeiro momento, não conseguiu definir o que era aquilo que ele segurava. Mas então finalmente viu. Seu colar. Seu pingente de coração.
Hermione arregalou os olhos e colocou a mão sobre a boca, horrorizada.
(Continua...)
N/A: A segunda parte será postada amanhã.
