Título: Wonderful Life

Autora: Lady Anúbis

Beta: Schei-chan

Banda: the GazettE – com participação especial do Alice Nine

Casais: Aoi x Uruha\Reita x Ruki\Kai x Nao\Saga x Shou\ Tora x Hiroto

Classificação: + 18

Gênero: Angst/Slash/ Romance/ Lemon.

Status: Em andamento

Direitos Autorais: Infelizmente o The GazettE não nos pertence, mas a imagem deles pertence a PS Company. Essa fanfic não tem fins lucrativos e foi feita apenas para diversão.

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WONDERFUL LIFE

Cap. 1 – Salto para a Inexistência

Os olhos chocolate observam a água do rio correndo sob a ponte. Equilibra-se com dificuldade no parapeito, segurando na viga que está atrás de suas costas, pensando seriamente no que pretende fazer nesse momento. Olha para trás e vê sua moto caída, o estrago feio da derrapagem no chão coberto de uma camada fina de gelo causando-lhe tristeza, pois gosta daquela máquina... Aoi quem lhe deu no último natal... Antes deles...

- Essa vida é uma droga mesmo! – Volta a fixar os olhos na água de forte correnteza, que deve estar extremamente fria.

Pensa muito no que o levou a tomar essa decisão. Afinal, ele tem tudo que alguém poderia querer... Uma família carinhosa, sucesso, amor, dinheiro... Mas tudo parece ter tomado um rumo errado, que não tem mais volta. Sente-se um fracasso como pessoa, um profissional de terceira... Nem a pessoa que ama acredita nele!

E como se não pudesse evitar, os acontecimentos que precipitaram seu estado emocional voltam com força, a imagem daquele maldito crítico musical se aproximando de si na boate, nítida como se estivesse acontecendo agora. Uruha o conhecia de vista, de algumas coletivas de imprensa, mas naquela noite o sujeito parecia estar de folga... Literalmente falando. Ele se aproximou dançando, todo animadinho... Um homem passando dos 40 anos, careca e um pouco fora do peso. O loiro até simpatizava com ele nas entrevistas, pois era sempre profissional, sem ficar nas típicas perguntas pessoais.

Mas naquela noite não parecia o mesmo e ficou se insinuando para ele, enquanto Aoi tinha ido ao banheiro. Nada anormal quando iam nesses lugares, onde as pessoas costumavam beber e soltar suas inibições. O guitarrista nem sabia que o crítico era gay, mas o sujeito já foi se sentando ao seu lado e colocando a mão sobre sua coxa. Acabou tendo de ser enérgico com o insistente jornalista e logo o homem estava caído no chão, com todos ao redor olhando em sua direção.

Esse foi o início de tudo. O vingativo crítico começou a hostilizar abertamente a banda, em especial o guitarrista loiro, questionando sua técnica e debochando de tudo, desde seus solos até de sua forma de vestir. Outra pessoa teria apenas ignorado... E Uruha teria feito o mesmo se não tivesse seu talento e profissionalismo questionado abertamente. Logo ele que se empenhava tanto em ser cada vez melhor, que era um virtuose da guitarra por excelência.

Sua insegurança antes dos shows apenas aumentou. Sempre bebia antes de uma apresentação, meio que para controlar o nervosismo que tomava conta dele, mas desde que Aoi entrara na sua vida diminuíra esse hábito, pois o namorado se preocupava demais com seus excessos. E com a 'campanha de difamação' Takashima voltara a beber bastante, ainda mais do que antes... O que começou a causar atritos entre ele e o restante da banda.

"O Ruki não tinha nada que se meter na minha vida!" – Pensou ao lembrar a briga que o levara a cair ainda mais na depressão, mais fundo do que já estava nos últimos tempos.

Mais uma matéria do maldito crítico saiu na revista mais lida no Japão, questionando mais uma vez a técnica de Uruha, chamando-o de amador e ainda questionando sua sexualidade... Coisa que não interessava a ninguém, apenas a ele mesmo. Isso irritou demais o loiro, que chegou a um ensaio já embriagado, os colegas fazendo o possível para ignorar, mais para evitar briga. Só que o guitarrista começou a errar demais, coisa inconcebível para o seu perfeccionismo, até que Takanori explodiu.

A discussão entre os dois foi feia, com o vocalista chamando Takashima de idiota por se importar tanto com a opinião dos outros e ter se tornado aquilo que o crítico safado falava dele. Por pouco os dois não trocaram uns tapas, sendo contidos por seus respectivos namorados. Mas o significado da briga fora bem além, pois Uruha esperava mais apoio dos amigos... E do namorado... Yuu simplesmente ficou calado.

Por mais que o amasse, sentia-se traído por perceber que Aoi também o julgava mal, não acreditando naquilo que vinha lhe tirando o sono. Não se conformava com a injustiça dessa perseguição e muito menos porque questionava sua capacidade como músico... E a separação foi inevitável... Será que o moreno o amava tanto quanto dizia?

O loiro balança a cabeça, a fim de espantar essas lembranças, pois elas apenas reforçam a tristeza que o oprime e o convence que o melhor é acabar com tudo isso de uma vez. A decisão é difícil, sente-se um covarde por fugir dessa forma, mas que diferença pode fazer? Sente-se tão inútil que nem faria falta...

- As coisas estão complicadas pra você... Amigo? – Uma voz desconhecida o desperta, voltando-se e encarando um rapaz ruivo, de olhos cor de avelã, traços ocidentais e aparentando não mais do que 16 anos, que se esforça para se equilibrar no parapeito ao seu lado.

- Quem é você? – Não quer nenhum jornalista ou coisa do gênero vindo atrapalhar esse momento só seu. – Se está atrás de notícia, veio ao local errado.

- Não... Eu vim aqui dar uma volta e... Topei com você na ponte. – O rapaz fala de forma calma. – Precisa de um amigo pra desabafar?

- Amigos... – Fala com sarcasmo, pois não consegue deixar de pensar mais uma vez nos parceiros de banda e em como se sente decepcionado. - Eles nos abandonam quando mais precisamos deles.

- Mas eu sou um desconhecido... Quem sabe não sou o indicado pra te ouvir? – O tom compreensivo em sua voz traz certa tranqüilidade ao coração aflito do guitarrista. – Meu nome é Angel... Eu...

No momento em que ele estende o braço para apertar sua mão, o ruivo perde o tênue equilíbrio que se esforçava para manter e despenca da ponte, mergulhando na água gelada. A reação de Kouyou é imediata, pulando desesperado e nadando com grande dificuldade, evitando que ele também seja tragado pela correnteza. Tenta diversas vezes alcançar o garoto, mas ele sempre lhe escapa, puxado pela força das águas escuras. Após demandar muito esforço consegue segurar a mão pequena, puxando-o para si, enlaça o corpo quase inconsciente do rapaz, impulsiona-se de encontro a alguns arbustos, agarra-os forte e leva Angel até a margem.

- Ei... – Passa a mão pelo rosto bonito, pálido e gelado, preocupado com a hipotermia. – Acorda... Precisamos procurar um lugar pra te aquecer.

Observa o lugar em busca de ajuda, odiando-se por ter escolhido a ponte mais afastada da cidade e por ter colocado o rapaz em risco apenas por tentar ajudá-lo. Percebe que a luta hercúlea contra a correnteza os arrastou alguns quilômetros da ponte, levando-os ainda mais para longe. É então que vê uma casa e, tomando Angel em seus braços, o carrega naquela direção. Ele mesmo sente o corpo reclamar do frio intenso, os músculos doendo e o maxilar tremendo intensamente. Ao chegarem diante do casebre, nota que está abandonado e para alguns instantes a fim de pensar no que deve fazer.

- Momentos extremos exigem medidas extremas! – Diz para o ruivo, mas na verdade é para si mesmo.

Com um chute certeiro arrebenta a fechadura antiga, o que faz a porta se abrir e permite que entre com sua carga, que geme e treme em seus braços. Deposita o corpo pequeno na sala minúscula, fechando a porta para evitar o vento, correndo em busca de papel e madeira para tentar acender o fogo na lareira.

- O duro vai ser acender. – Olha para o rapazinho que se encolhe junto à antiga construção de pedra que aquecia a casa no passado. - Espero que meu isqueiro não tenha se estragado com a água.

Mas tudo parece funcionar melhor do que esperava, pois logo o fogo está aceso, aquecendo o cômodo e trazendo certo conforto para ambos. Pega o celular no bolso, pensando em ligar para alguém e pedir ajuda, mas o seu aparelho 'morreu afogado'.

- Bom... Nada de telefone. – Tenta parecer calmo, preocupado com o estado do garoto que tentara impedi-lo de fazer uma besteira. – Depois que nos aquecermos vou sair em busca de socorro. Melhor tirarmos essa roupa molhada...

Ajuda o garoto a se despir, percebendo o quão jovem ele é, preocupado ao ver como as extremidades de suas mãos e pés estão ficando azulados devido ao frio. Ajeita-o bem perto do fogo, tirando do rosto trêmulo os cabelos que lhe cobrem os olhos atentos.

- Puxa... Não imaginava como sentir frio era ruim! – Angel tenta parecer animado diante do preocupado músico. – Não estou acostumado com essas coisas.

- A culpa foi minha... Não devia ter interferido... – Kouyou sente-se mal com toda essa situação.

- Pior seria ter deixado você... Fazer o que pretendia. – Uma expressão triste se apossa do rosto angelical.

Uruha também começa a se despir, os efeitos da hipotermia agindo sobre seu corpo, mas sente uma pontada nas costelas ao retirar a camisa e vê o hematoma, provavelmente resultado da derrapagem da moto. Sentam-se um ao lado do outro diante do fogo, a sensação gostosa do calor se apossando novamente de seus corpos enregelados e os fazendo suspirar de alívio.

- Você ainda não me falou por que estava naquela ponte. – Angel pergunta com gentileza, procurando não colocar Uruha na defensiva. – Somente algo muito ruim faria alguém pensar em morrer dessa forma.

- Deixa pra lá... Não precisa ficar ouvindo minhas lamúrias. – O desânimo se abate mais uma vez sobre Kouyou, sentindo todo o vazio de antes.

- Mas eu quero! – Não há insistência no rapazinho, que parece americano pelo sotaque. – Acho que conquistei o direito depois desse mergulho...

O sorriso de Takashima é triste, mas sente conforto por alguém se importar o suficiente para querer ouvi-lo, mesmo sendo um desconhecido, que nem sequer sabe quem ele é realmente.

- Tudo em que eu acreditava... Em que baseava a minha vida... Tudo ruiu como um castelo de cartas. – As palavras saem com dificuldade, um aperto em seu peito tornando difícil desabafar aquilo que sente. – Sabe... Eu queria nunca ter nascido... Não faria falta mesmo...

- Tem certeza disso? – Angel passa a mão pelos braços ao sentir que estes começam a se aquecer novamente. – Talvez você esteja julgando mal a própria importância na vida das outras pessoas.

- Ninguém se importa... Por que eu me importaria? – No fundo não é um drama barato para comover o ouvinte, mas realmente sente isso, com todas as suas forças.

- Se você pudesse realizar um desejo... Seria esse? – Os olhos de avelã se voltam para o músico, que ainda treme um pouco.

- Como assim? – Uruha o observa intrigado, pois essa conversa começa a ficar esquisita.

O garoto ruivo se senta diante dele as pernas cruzadas na posição de lótus, as costas sendo aquecidas pelo fogo. Parece empolgado com algo, mesmo que a ocasião não seja para tanto.

- E se eu te disser que sou um anjo? – Fala sem nem perceber a reação clara no semblante do loiro. - Bom... Na verdade ainda sou um aprendiz, mas... Estou quase lá.

- Eu diria... – A descrença é nítida. - Pra você parar com as drogas que anda tomando, pois já estão te afetando o cérebro.

- Mas... Eu estou falando a verdade! – Angel pensa em se levantar, mas está nu e seria uma situação constrangedora demais. – Pra ser promovido a anjo preciso ajudar alguém e... Pretendia te impedir de pular daquela ponte.

- Se depender da sua habilidade... – Prefere nem discutir a veracidade das palavras do garoto, pois se ele quer acreditar nisso... – Você vai ser aprendiz eternamente.

Angel volta a sentar ao lado do loiro, encolhendo-se emburrado diante do fogo e observando o crepitar das chamas.

- Também não precisa falar assim. – Sua voz se torna manhosa. – Eu tentei e... Ainda posso realizar um desejo seu.

- Ok... Desculpa. – Kouyou se encolhe todo, pensando na droga que a vida se tornou e em como parece que tudo perdeu o sentido. – Estou descontando em você. Viu como eu não sirvo pra nada mesmo?

- Então está feito. – O americano sorri, esfregando os pés ainda gelados. – Realizei seu desejo.

- Certo, certo... – Takashima não leva muito a sério o garoto, que só pode ter batido a cabeça na queda. – Melhor a gente dormir por aqui, pois já anoiteceu... Mas amanhã vamos pra cidade.

O corpo magro de Kouyou se acomoda melhor diante do fogo, enrodilhando-se para aquecer-se melhor, vendo que o jovem que salvou faz o mesmo, visivelmente cansado. Pensa em Aoi antes de adormecer, em como era bom sentir o calor e o aroma gostoso do seu moreno. E tudo isso acabou... Agora está sozinho.

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A manhã se inicia nublada, prometendo neve, mas suas roupas estão secas o suficiente para irem para a cidade. O loiro veste a camisa com cuidado, temendo a dor, mas então percebe que o hematoma sumiu e fica intrigado... Mas prefere ignorar. Deixam a cabana e caminham pela estrada sem conversar. O ruivinho sabe muito bem que o músico não acredita nele, mas não pode condená-lo por isso.

- Ei... Levaram minha moto! – Uruha exclama ao chegarem à ponte. – Desgraçados!

- Ora... Se você não existe... – O tom de Angel é irônico. – Nunca teve uma moto e... Jamais derrapou nessa ponte.

- Aham... – Uruha nem liga muito para as palavras do garoto, mais preocupado em pensar numa forma de irem até a cidade. – Podemos caminhar até o subúrbio e ver se pegamos um táxi.

Procura em vão por sua carteira no bolso do casaco, desesperando-se e vasculhando por todo ele, constatando finalmente que a perdeu.

- Que droga! O que mais vai acontecer?! – Chuta um monte de neve meio derretida acumulada na entrada da ponte... O mesmo que atropelou antes de derrapar, mas que agora está intacto. – Acho que perdi a carteira quando pulei pra te salvar. Não tenho dinheiro pro táxi.

- Dinheiro eu tenho. – Angel caminha ao lado de um desconsolado Takashima, que se sente ainda mais deprimido depois desses novos contratempos. – Pra onde vamos?

- Pensei em irmos até o prédio da PSC. – Fala baixo, pensando ainda em como não é bom nem para se matar. – Os rapazes devem estar ensaiando e... Vemos o que fazer.

- Tudo bem. – Eles andam meio sem rumo pela estrada, onde dificilmente deve passar alguém, mas algo surge saindo de uma das ruas que a cortam. – Ei... Táxi!!!

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O carro para diante do prédio da PS Company, Kouyou sentindo-se novamente em seu meio. Passa pela portaria como faz todos os dias, acenando para o recepcionista e caminhando na direção dos elevadores.

- Onde você pensa que vai? – Seu braço é agarrado pelo recepcionista, uma expressão marcada pela desconfiança em seu rosto. – Qualquer visitante precisa se identificar na Portaria.

- O quê? – Takashima se sente confuso, ainda sem entender como aquele homem que o vê todos os dias não o reconhece. – Tanaka... Sou eu... Uruha!

O homem alto, ainda mais do que o loiro, puxa-o para que saia, sem qualquer reconhecimento ou manifestação de que isso seja apenas uma brincadeira.

"Os rapazes não podem ter me cortado da banda, assim desse jeito!" – Não pode pensar em outra coisa.

Desvencilha-se da mão forte do homem, encarando-o diretamente, esperando que isso possa fazê-lo lembrar de quem é.

- Eu sou do GazettE! – Tenta argumentar com o truculento homem, que parece bem diferente do que está acostumado desde que o conhece. – Passo e sempre te cumprimento... Todos os dias nos últimos anos.

- Do que está falando? Nem sei quem é esse Gaze... Sei lá. – A voz dele é sinceramente dura. – Pensa que me engana com essa conversa?

- Co-como assim não conhece o... – As palavras de Angel agora parecem fazer algum sentido. – Não pode ser...

Então ele vislumbra alguém conhecido entrando pela porta da frente. Os rapazes do Alice Nine passam por ela sem pressa, mas... Há algo diferente neles... Não sabe dizer o que...

- NAO! – Grita e corre até o baterista, após esquivar-se da mão forte de Tanaka. – Onde está o Kai? Fala pra mim... Eles estão me dispensando, não é isso?

- Ahm?! – O músico fica paralisado pela surpresa, assim como os outros. – Kai?! Não conheço ninguém...

- Gente... Vocês me conhecem há bastante tempo... – Olha de um para outro, desesperado. – Digam que me conhecem, por favor.

Shou se aproxima e o observa, mesmo que tenha certeza que nunca o viu, mas sente que talvez isso possa trazer algum conforto para o confuso rapaz.

- Infelizmente não... Sinto muito. – Diz em um tom compassivo.

- Não... Shou... Vocês todos me conhecem. – O nervosismo na sua voz é nítido. - Além do contato nos corredores a gente se aproximou quando o Nao começou a namorar o Kai.

- Eu... Quem? – O citado continua meio perdido, sua expressão mais fofa servindo de defesa.

- Eu sou do GazettE... Cruzamos-nos todos os dias no corredor. – Continua tentando, agarrado às últimas esperanças de que esteja enganado. – Você, Shou, começou a namorar o Saga recentemente...

- Comigo?! – O baixista parece se divertir com as teorias do loiro bonito. – Até que não é uma má idéia.

- Fica quieto. – Hiroto percebe que não é o momento de alimentar as ilusões do pobre rapaz e acerta uma cotovelada no assanhado amigo.

- Tora... Eu e o Aoi saímos com vocês... – Nem sabe mais porque insiste, quando o rostinho de Angel, ao seu lado lhe revela a verdade. – Você estava de rolo com o Saga, antes de ...

- Opa... Estou gostando dessa conversa. – O baixista se sente o poderoso nessa história.

- Sentimos muito... – Tora olha feio para o amigo antes de se aproximar do loiro que parece realmente desconcertado. – Não sei o que aconteceu com você... Mas não te conhecemos.

Tanaka alcança-o, dessa vez com mais energia, o jogando sem qualquer discussão no lado de fora do prédio. O loiro fica alguns minutos ainda olhando para a construção moderna, que foi quase como sua casa por tantos anos.

- Então você estava falando sério? – Fala com Angel, mas sem nem sequer voltar-se. – Eu já não existo mais...

- Foi o que você desejou. – O garoto diz com a voz tranqüila, apesar de notar como essa constatação é dolorosa.

- Bom... Pelo menos você conseguiu fazer sua boa ação e vai se tornar um anjo. – O som de sua voz é triste como o céu carregado de nuvens escuras sobre suas cabeças. – Alguma utilidade eu tive...

- Kouyou... Agora você pode começar do zero. Não tem mais identidade, nem casa, nem família... – Takashima se volta finalmente para olhar o ruivinho, surpreso, pois em nenhum momento lhe disse o seu nome verdadeiro. – Mas tem a segunda opção.

- E qual é? – Em instante algum imaginou que se sentiria assim tão... Oco por dentro.

Os primeiros flocos de neve começam a cair, o aprendiz de anjo ergue o rosto e deixa-os tocar sua recém-adquirida pele humana. O toque é tão suave, sentindo um enlevo pela sensação tão doce e fria, pois algo tão fútil para um ser humano, para ele é indescritível.

Uruha fica alguns minutos perplexo diante de uma reação tão pura e simples. Resolve manter o silêncio e deixar que o garoto aproveite esse momento em sua plenitude. Sorri triste quando os olhos avelã encaram-no brilhantes.

- Desculpa... Mas eu nunca senti isso antes. – Está quase empolgado, mas se controla diante da situação do seu novo amigo. – Você pode encarar o resultado da sua decisão...

- Eu... A banda não existe também... – Essa possibilidade o pega desprevenido e estremece diante dela, sem ter certeza se deseja saber. - Mas... Certamente estão todos ótimos sem a minha presença neste mundo.

- Você decide. – Angel sabe que ele hesita. – Mas como você poderia recomeçar sua vida... Sem saber o que aconteceu?

- Sim... Tem razão. – Respira fundo, o estômago se contorcendo em expectativa. – Por onde começamos?

Angel pega na mão fina do loiro, segurando firme, sabendo que a parte mais difícil de sua tarefa está para começar.

- Acho que devemos começar pelo início. – Sorri, ainda deixando um floco descer por seu rosto e aproveitando ao máximo a sensação. – Vou te levar pra Kanagawa.

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Muito bem... Aqui estou apresentando a vcs uma fic nova. Ela é um presente especial para minha amiga do coração Schei-chan... Também a beta... Pois precisava ser enganada para não descobrir que a tirei no primeiro ASS do grupo Rebeldesecretos. Preciso dizer o quanto foi maravilhoso tirar alguém tão especial e cheia de luz quanto ela, que me ensinou que podemos fazer diferença na vida das pessoas, mesmo que não possamos perceber isso. Essa história é nossa e de tanta gente especial que circula pela net. Quando nos importamos com os outros... Fazemos parte da vida deles.

Como essa fic já está praticamente pronta, com 7 caps, pretendo postar um por semana. Então não se preocupem com a demora, que minha deprê acabou provocando nas minhas demais fics em andamento, essa vai ter uma freqüência já planejada.

Ao pensar no plot para essa fic esbarrei em um filme muito antigo que assisti muitas vezes na televisão. Eu desejava falar sobre a importância das pessoas nas nossas vidas e como podemos mudar o mundo ao nosso redor. O filme é "A Felicidade não se Compra" e é simplesmente perfeito, com um roteiro emocionante... LINDO!

A segunda parte da escolha era definir qual dos gazeboys poderia personificar melhor essa importância na vida dos demais e, lendo as entrevistas deles, percebi que Uruha é o denominador comum... Graças à existência dele que o the GazettE é uma realidade. Podem haver alguns discordantes, mas... Coloco esse meu argumento no cerne dessa fic.

Agradeço a ajuda das minhas amigas, Yume Vy, Eri-chan, Schei-chan (tadinha, te enganei), Litha e Samantha Tiger... Vcs foram cobaias maravilhosas, como sempre.

Espero que gostem e COMENTEM!!!!

11 de Maio de 2010

10:00 PM