Autora: Debí Kvothe
Shipper:
Harry Potter/Draco Malfoy
Gênero:
Romance
Classificação:
M
Disclaimer: Não tenho os direitos autorais de Harry Potter. É tudo da J.K Rowling, Warner Bros. e Etc.

x –

Harry abriu os olhos.

Sua cabeça doía terrivelmente, foi a primeira coisa que teve consciência quando o sol irritou suas retinas, fazendo-o estreitar os olhos. Demorou alguns minutos até finalmente identificar um homem parado em frente à janela, olhando a paisagem. Mesmo contra as sombras que o sol fazia sobre sua silhueta, era possível perceber que seus cabelos eram de um loiro quase branco. Ele era alto, magro e vestia-se casualmente, com roupas leves.

Harry tinha a leve impressão que o conhecia. Ele parecia estranhamente familiar, mesmo de costas para a cama onde estava deitado. Quando conseguiu finalmente desviar os olhos da figura, olhou ao redor. Havia uma poltrona de couro com aspecto feio, com um casaco pendurado descuidadosamente no espaldar. Na parede oposta à cama, avistou um quadro barato que retratava uma casa de campo inglesa. Sobre a mesa-de-cabeceira pintada de branco, uma jarra de água jazia imóvel junto a um copo.

Era sem dúvida nenhuma um quarto de hospital.

Estava prestes a chamar o homem quando percebeu que sua voz não saía. Um pouco frustrado, pigarreou, limpando a garganta e o estranho se virou imediatamente. Os olhos muito claros dele se arregalaram e em poucos minutos estava inclinando-se sobre a cama, segurando o rosto de Harry com ambas as mãos, como se tivesse medo que ele sumisse caso fizesse menos força.

"Harry!" O estranho exclamou em um misto de incredulidade e alívio. "Você está acordado."

O moreno franziu o cenho e sentiu uma leve dor com o movimento súbito do outro, mas não reclamou. Apenas continuou olhando-o por longos segundos, e antes que pudesse pensar a respeito de onde o conhecia, um nome escapou de seus lábios.

"Draco" murmurou fracamente com a voz rouca. Harry não se lembrava como sabia quem ele era. Apenas sabia.

"Então você finalmente resolveu voltar" Riu-se o loiro e seus olhos brilharam. "Você não tem idéia do susto que nos deu."

"Nos deu?" Repetiu, atordoado.

"Sim. Hermione e Ron estão aqui, Harry."

Seus amigos! É claro que Harry se lembrava deles.

"Onde eles estão?" Perguntou para o loiro que estava estranhamente perto, deixando-o um pouco desconfortável.

"Chamarei um médico para lhe examinar e os avisarei que você acordou" Falou o garoto antes de juntar seus lábios em um beijo leve. Harry arregalou os olhos, chocado, e antes que pudesse perguntar o que diabo fora aquilo, o outro sumia pela porta.

Harry forçou ao máximo a memória, mas não conseguia recordar-se de como havia parado ali. Sabia que se chamava Harry Potter, tinha 20 anos, cursava a Faculdade e seus melhores amigos se chamavam Ron e Hermione. Mas não se recordava do homem que o deixara há poucos minutos. E se fosse levar em conta o beijo que recebera, parecia óbvio que os dois talvez fossem mais do que amigos. Por mais que amasse Ron e Hermione, jamais se beijaram nos lábios. Só o pensamento o fez torcer o nariz em desgosto.

Antes que pudesse pensar melhor sobre o assunto, um homem vestido de branco, com sapatos de solado de borracha, entrou e, depressa, se aproximou da cama. Logo atrás vinha o homem loiro.

"Enfim acordou!" O médico exclamou, segurando seu pulso. "Então, como está se sentindo?"

"Não muito bem" Harry confessou um pouco abalado.

Draco franziu o cenho, parecendo levemente alarmado, e olhou para o médico. O médico olhava no relógio para contar os batimentos cardíacos de Harry e, em seguida, apoiou a mão dele de novo sobre a cama.

"Você esteve inconsciente por algum tempo, mas logo estará bem."

"Inconsciente..." Harry repetiu. "Por quê?"

"Não se lembra?"

Harry tomou cuidado para não mexer a cabeça, que doía, e antes que pudesse dizer alguma coisa, o estranho se intrometeu:

"Ele parece estar sentindo dor." Parecia que ele estava se controlando ao máximo para não se aproximar de Harry e o moreno começava a se sentir mal por não lembrar quem ele era. Pela maneira como agia, parecia óbvio que se importava com ele.

"Você sofreu uma séria concussão" Disse o médico, sério. "E depois apresentou uma leve hipotermia. Pode me dizer seu nome?"

"Harry James Potter" respondeu prontamente.

"Porque está perguntando isso?" Perguntou o loiro, parecendo aborrecido dessa vez. "Ele por acaso se tornou algum doente mental?"

"É de praxe checar a situação do paciente após um problema desse tipo, Sr. Malfoy." O médico olhou para ele com severidade. "Para saber se houve algum dano a memória" completou.

"Desculpe-me, não conheço procedimentos médicos"

"Quando nasceu, Sr. Potter?"

Harry conseguiu dar-lhe a data correta.

"Bom. E sabe em que ano estamos?"

Mais uma vez a pergunta foi respondida com facilidade, sem necessidades de pensar a respeito.

"Lembra-se onde mora?"

"Eu não tenho certeza..." Harry pareceu entrar em pânico, a respiração irregular, forçando a memória ao máximo.

O médico ergueu uma sobrancelha e olhou para Draco, que aproximou-se um pouco da cama.

"Ele mora em Londres."

"É normal que apresente alguma confusão. Sabe me dizer quem é esse homem?" Perguntou apontando para o loiro, que o olhou um pouco ansioso, como se estivesse com medo da resposta.

"Não exatamente" Confessou baixinho, desviando o olhar. "Sei que se chama Draco Malfoy, o nome me veio imediatamente à mente, mas não me lembro de tê-lo visto antes, apesar de me parecer levemente familiar."

"Sou seu namorado, Harry!" O loiro praticamente gritou, olhando para Harry com os olhos um pouco brilhantes demais. O moreno se perguntou se ele ia começar a chorar, mas tão rápido quanto a fragilidade chegou, ela sumiu. "Vou esperar lá fora" disse antes de lhe dar as costas e sumir de vista.

"Amnésica é comum em casos como o seu, Sr. Potter. Não se preocupe, aos poucos tenho certeza que tudo voltará ao normal. Caso não aconteça, poderá procurar um profissional para ajudá-lo da melhor maneira possível."

O médico fez mais alguns exames antes de sair, mas o moreno não ficou muito tempo sozinho, em pouco tempo Hermione e Ron entraram esbaforidos no quarto. Harry sorriu. Era muito bom ver rostos conhecidos.

"Harry!" Hermione exclamou, aproximando-se da cama e segurando uma de suas mãos. "Como está se sentindo?"

"Um pouco dolorido" Confessou "Mas relativamente inteiro."

"Você se lembra de nós?" Ron perguntou hesitante. Harry piscou.

"É claro que eu me lembro de vocês!"

"Encontramos Draco e ele nos disse que você não se lembrava dele." Hermione explicou, sentando-se na beirada da cama. "Ele parecia um pouco triste... Entendo que vocês tenham brigado, mas se essa é apenas uma vingança sua não acho que seja certo."

"Hermione, eu não estava mentindo!" Harry exclamou aborrecido. "Eu não me lembro dele. Eu nem ao menos sou gay! Tem idéia do quanto foi esquisito quando acordei em um hospital sem me lembrar como havia vindo parar aqui para logo em seguida receber um beijo de um completo estranho e homem?"

"Harry, como pode dizer uma coisa dessas?" Ron perguntou perplexo, sentando-se na outra beirada da cama. "Você é louco pelo Draco!"

"Eu não o conheço" Exclamou o moreno, perdendo a paciência. "O médico disse e normal perda de memória em casos como o meu."

Hermione assentiu e Ron fez uma careta.

"Apenas seja gentil com o Draco, tudo bem? Logo você receberá alta e precisa se acostumar com a presença dele... Vocês moram juntos."

Harry a olhou com incredulidade.

"Nós moramos juntos?"

"Sim, Harry" Disse Ron após um suspiro. "Draco foi expulso de casa depois que vocês começaram a namorar. O pai dele não aceitou o relacionamento, sabe? Desde então vocês dividem o apartamento."

"Que maravilha!" Exclamou o moreno, fechando os olhos. "Eu vou morar com um completo desconhecido?"

"Harry, ele não é um desconhecido. É seu namorado e você é completamente louco por ele. Talvez se vocês passarem mais tempo juntos, possa se recordar..."

"Draco não saiu do seu lado desde que você sofreu o acidente. Ele estava tão excitado quando nos disse que você tinha acordado!" Ron falou em voz baixa.

"Vou conversar com Draco agora e perguntar por quanto tempo você ainda precisa ficar aqui, tudo bem?" Disse a garota, apertando-lhe a mão uma última vez antes de sair do quarto.

Harry olhou para Ron, seu melhor amigo, e suspirou.

"Eu sou mesmo apaixonado por ele, cara?"

"Totalmente apaixonado por ele." Explicitou o amigo.

Harry não conseguia entender como as coisas chegaram aquilo. Até onde se lembrava era um garoto de vinte anos, cursava Faculdade e lembrava-se o nome dos pais, Lilían e James Potter. Apesar de não conseguir focalizar seus rostos nitidamente, a lembrança lhe trazia paz, segurança,amor.

Draco também lhe parecia familiar. Seus traços eram delicados e bonitos. Harry nunca se sentira atraído por um garoto antes, e perguntava-se como, de uma hora para outra, poderia ter se tornando apaixonado por um como seus amigos insistiam que ele era. Parecia impossível.

"Eu sempre fui gay?" Perguntou para Ron, receoso. O ruivo riu.

"Por Deus, não, Harry! Draco foi seu primeiro caso homossexual."

De alguma forma distorcida, aquilo lhe acalmou.

"Não estou preparado para morar com ele, Ron. Posso passar algum tempo n'A Toca?"

"Claro que sim, Harry!" O ruivo disse alegremente, abrindo um sorriso. "Agora descanse, sim? Irei ver como está Hermione e avisar seus pais que você está bem."

Harry apenas assentiu, percebendo o quanto estava cansado. Antes de o amigo fechar a porta atrás de si, já estava dormindo.

Quando Harry voltou a acordar, não havia ninguém no quarto. Uma enfermeira tomou-lhe o pulso, a pressão sanguínea e pôs um termômetro em sua boca.

Mais tarde, outras pessoas auscultaram-no, perguntaram como se sentia, com gentileza, olharam e tocaram os ferimentos que tinha no corpo, fazendo anotações. Haviam tirado raios X de sua cabeça e mais tarde uma tomografia, porque Harry ficara algum tempo sem sentidos, mas todos achavam que não existia motivo para preocupação. Descobriu que havia se acidentado enquanto dirigia seu carro em um dia chuvoso.

"Do que mais não se lembra?" Perguntou um doutor num tom de voz casual.

Harry sentia-se feliz por poder desabafar com alguém.

Outro médico chegou, mais tarde, olhou seus olhos com uma pequena lanterna e fez-lhe algumas perguntas, umas de ordem geral e outras pessoais. No final da consulta, assegurou-lhe que não havia motivos para preocupação, pois ele não parecia ter sofrido danos sérios. Sugeriu que descansasse e não se preocupasse com nada, e saiu do quarto, pensativo.

Um tempo depois resolveu tomar banho, e um enfermeiro veio ajudá-lo.

"Precisa de mais alguma coisa?" O homem perguntou com polidez após entregar-lhe um sabonete e toalhas brancas. Harry apenas negou com a cabeça e entrou no banheiro, tomando um banho rápido.

Encontrou um espelho em frente a pia e se examinou. Tinha um pequeno corte no supercílio esquerdo e seus olhos muito verdes eram sombreados por longos cílios escuros. Seus lábios estavam sem cor e sua pele pálida demais, mas fora isso, tudo estava normal. Com um suspiro, Harry saiu do banheiro. Ron e Hermione esperavam-no no quarto.

"Você já conversou com sua mãe, Ron?" Harry perguntou, sentando-se em sua cama.

"Hum, precisamos conversar sobre isso, Harry..." Ron parecia contrariado, lançando olhares de soslaio para Hermione que estava parada ao lado de Harry, de braços cruzados contra o peito em uma pose decidida.

Harry ergueu uma sobrancelha, estranhando a situação.

"Pode falar, Ron." Encorajou.

"Meus irmãos estão vindo pra cidade essa semana e por isso não tem espaço lá em casa, e, hum... Hermione também decidiu passar um tempo na minha casa porque emprestou o apartamento para uns parentes..."

"Como assim emprestou o apartamento para uns parentes?" Harry perguntou perplexo. "Você nem ao nos deixa entrar lá sozinhos por medo que destruamos sua casa!"

"Esses meus parentes são bem corretos." Explicou a garota com determinação, olhando fixamente para Harry. "E organizados."

Harry suspirou, resignado.

"Você pode me passar o telefone dos meus pais?" Pediu para Hermione. "Não consigo me lembrar qual é"

"Eu conversei com seus pais também, Harry." Hermione falou rapidamente, impedindo-o de pegar o telefone sobre a mesinha-de-cabeceira. "Eles estão indo viajar pros EUA. E não é seguro que você fique sozinho agora que ainda está se recuperando.

O moreno estreitou perigosamente os olhos.

"Você armou tudo isso!" Acusou Harry, apontando um dedo para seu peito. "Você armou tudo isso para que eu não tenha opções e vá morar com o Draco!"

"Eu não armei nada, Harry" Disse a garota, virando-se e segurando o braço de Ron, que apenas lhe lançou um olhar de desculpas. Harry não o culpava, sabia como a amiga podia ser ameaçadora quando queria. E ele podia jurar que havia um sorriso em seus lábios. "Deixei todos os seus objetos pessoais com o Draco. Ele só foi até o apartamento buscar algumas roupas para você, estará de volta logo."

E dizendo isso, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Harry soltou um suspiro e deitou-se na cama. Havia recebido alta há algumas horas e tudo o que mais queria era ir para algum lugar que não cheirasse a doentes e gelatina. O médico dissera que Harry não deveria ficar sozinho nos primeiros dias, caso acontecesse alguma recaída. E pelo que notou no garoto de cabelos loiros, a última coisa que ele faria era colocar a vida de Harry em perigo.

Harry imaginou a situação ao contrário. E se namorasse alguém e essa pessoa, de uma hora pra outra, se esquecesse dele? Não iria ser fácil.

Mas Hermione deveria ver seu lado também. Como seria, para ela, viver junto com alguém que até uns dias nunca havia visto na vida? E ainda mais um homem que se dizia ser seu namorado. Harry sentia vontade de rir sempre que o chamava dessa maneira. Era surreal demais.

Coisas assim só aconteciam com Harry Potter.

Estava tão perdido em pensamentos que quase não ouviu a porta se abrindo. Parado a sua frente, parecendo meio hesitante, estava Draco Malfoy.

"Você parece bem" Ele comentou em voz baixa, e passava a impressão de estar se contendo para não pular na cama onde Harry estava deitado para tocá-lo e verificar com as próprias mãos se realmente estava tudo bem.

"Estou melhor" Admitiu, também em voz baixa. O loiro abriu um sorriso pequeno.

"Fico feliz, Harry. Mal acreditei quando Hermione me disse que você tinha decidido continuar morando na nossa casa! Pensei que você fosse para casa dos seus pais ou morar com algum dos seus amigos..."

Então Hermione dissera para Draco que a escolha de morar com ele havia partido dele? Subitamente Harry sentiu vontade de dizer que esse era seu plano, mas preferiu ficar em silêncio. Descontar sua frustração nele não valeria à pena. Ser-se-ia obrigado a viver em sua companhia, tentaria ser o mais sensível possível.

Draco parecia a ponto de quebrar ao mínimo toque.

Era desconcertante e um pouco irritante ao mesmo tempo.

"Arram, claro!"

"Trouxe uma roupa pra você. Te levarei para casa tão logo se troque."

Draco aproximou-se e entregou as peças de roupa para Harry, que lhe agradeceu com um resmungo e se trancou no banheiro. Só então percebeu o quanto esse gesto deveria ser idiota para o outro. Se namoravam e moravam juntos, era óbvio que deviam ter uma vida sexual ativa, e ter vergonha de se trocar na frente dele era patético.

Mas se o loiro pensava que iria para cama com ele assim que chegassem em casa, estava redondamente enganado. Por mais que dissessem que os dois eram namorados, em sua cabeça ainda era difícil aceitar o fato. E não se lembrava de já ter dormido com alguém antes. Era tecnicamente virgem.

Vestiu-se com raiva de Hermione, de Ron e de Draco. Saiu do banheiro e encontrou o outro sentado na beirada da cama, mexendo distraidamente no celular. Ele levantou os olhos muito claros para Harry assim que este abriu a porta e lhe sorriu, mostrando uma fileira de dentes brancos e perfeitos.

"Já coloquei todas as suas coisas no carro. Vamos?" Perguntou incerto. Harry apenas assentiu.

O loiro levantou e Harry sentiu uma alegria meio mórbida ao perceber que era quase uma cabeça mais alta. Pelo menos não correria o risco de ser estuprado. Subjugaria o garoto facilmente.

Sentindo-se menos infeliz, seguiu o outro para fora do hospital.

Algumas horas antes havia sido examinado por um neurologista e todos os exames deram negativos, o que deixou Harry aliviado.

"Uma concussão na cabeça pode causar reações estranhas nas pessoas, mas a amnésia decerto é temporária." Disse-lhe o médico. O moreno só esperava que tudo voltasse logo ao normal.

"O seguro pagará todos os danos do seu carro" Draco disse quando ambos encontravam-se dentro do carro do loiro. Harry apenas assentiu enquanto colocava o cinto de segurança. Draco ainda o olhou por alguns segundos antes de fazer o mesmo e ligar o automóvel. "Tem certeza que você está bem? Parece meio pálido..."

"Só preciso dormir um pouco" Falou com mais rispidez do que pretendia. Draco espremeu um pouco os lábios e seus olhos voltaram a brilhar da mesma forma que brilharam quando Harry disse que não o reconhecia.

"Tudo bem, chegaremos logo em casa." O loiro disse finalmente, dando a partida.

O caminho foi feito em silêncio, e Harry agradeceu intimamente por isso. Não era fácil aceitar que teria que viver com alguém que nunca vira de uma hora pra outra. Hermione achava mesmo que ele iria se apaixonar por Draco novamente? Era totalmente inviável.

Pegaram o elevador em silêncio, e Draco segurava a mochila com as coisas de Harry em uma das mãos. O moreno ignorou a gentileza deliberadamente.

Quando entrou no apartamento que dividia com ele, a primeira coisa que viu foi a cozinha e copa, em tons de branco e prata. A sala, ao lado, era simples. Apenas um sofá, uma mesa de centro e uma TV.

O loiro colocou as coisas sobre o sofá e se virou para Harry.

"Bem vindo de volta!" Murmurou, sorrindo um pouco.

"Obrigado" devolveu, olhando ao redor.

"Você não se lembra daqui?"

"Não" Respondeu o moreno, infeliz. Imaginava que quando entrasse em casa reconheceria o lugar, mas isso não acontecera. Era como entrar em um lugar completamente novo.

"Não se preocupe, está tudo bem. Conversei com os médicos antes de te levar e eles disseram que é perfeitamente normal caso de perda de memória com concussões assim. Logo, logo você se lembrará de tudo." Consolou o loiro, e Harry relaxou um pouco.

Draco era realmente bonito, admitiu um pouco contra a vontade. Ele tinha lábios tão rosados que faria inveja a qualquer mulher. Seus olhos eram cinzas e muito claros, seu cabelo era louro e ostentava um sorriso de dentes perfeitos. Era magro e ligeiramente estreito.

"Venha, te mostrarei o quarto" Draco o chamou, pegando a mochila em cima do sofá e andando pelo corredor em direção a uma das portas. Ele abriu à última e Harry espiou dentro.

Era um quarto grande, com closet, cama de casal, uma janela imensa que ocupava quase uma parede inteira e outra porta que Harry imaginou ser a suíte. A lareira estava acessa, o que deixava o quarto aquecido.

O moreno entrou no aposento, seguido por Draco, e abriu a porta do closet.

"Acho que vou tomar um banho antes de dormir." Falou para Draco, que o observava.

"Não sei como agir com você agora" O loiro confessou, sem desviar o olhar.

"O que quer dizer com isso?" Quis saber, enfrentando seu olhar.

"Quero dizer que se você estivesse agindo tão indiferente antes eu simplesmente te arrastaria pra cama e faríamos sexo até não lembrarmos mais do próprio nome. Mas agora a situação é diferente. Não sei o que fazer."

Harry corou um pouco com as palavras do outro e desviou o olhar.

"Nós não vamos fazer sexo!" Explicitou o moreno, querendo deixar claro às coisas antes que ele o agarrasse contra a vontade.

"Eu sei que não." Draco disse com um suspiro, encostando-se à parede. "O que quero dizer é que não sei como agir ao lado dessenovo Harry. Nós somos namorados há três anos e eu te amo, por isso respeitarei a sua privacidade. Só quero que você sinta-se a vontade." O loiro aproximou-se alguns passos e tocou o rosto de Harry com a pontinha dos dedos. O moreno sentiu-se arrepiar de leve. "Fiquei tão preocupado com você, Harry. Tão preocupado. O que eu faria sem você, seu idiota? Na próxima vez que fizer a loucura de dirigir em uma chuva daquelas, se sobreviver, eu te mato."

Harry piscou, atordoado. Primeiro o outro falara sobre amor e agora falava sobre assassinato?

"Desculpe-me" Disse o moreno. "Por preocupar você."

Os lábios de Draco se curvaram um pouco pra cima e ele precisou erguer-se na ponta dos dedos para alcançar os de Harry. Foi um toque que durou menos de cinco segundos, mas o suficiente para que ele sentisse a região estranhamente sensível.

"Desculpe-me" Disse o loiro. "Por não resistir a você."


Nota da Autora: Desculpem os erros, sem betagem.