Complicada e Perfeitinha.
ShikaIno.
"Por que você é tão problemática?" É o que me pergunto. Mas... Por mais problemática e complicada que ela seja... Eu me sinto tão bem em estar aos seus braços...
Lembro-me que a conheci em uma fria e linda noite de inverno. Como poderia ser linda, se eu havia colocado um ponto final em meu relacionamento com uma garota pela qual eu daria a vida? Um relacionamento de o quê, três anos? E que a culpa era toda minha?
"Droga, como fui idiota! Por que fiz aquilo com ela?" Eu pensava, me condenando mentalmente. Eu usava uma blusa de manga curta e não negava estar com frio naquela noite. Eu batia queixo e tremia. Foi aí em que ela apareceu.
Usava uma calça jeans de tonalidade escura e um casaco branco. Olhei diretamente para seus olhos, que eram azuis. Mas eram de um tom de azul magnífico. Me deu vontade de ficar lá, os observando, pelo o resto da vida. Pelo menos, eu não machucaria mais ninguém. Os cabelos dela eram loiros e compridos. Estavam presos por um rabo de cavalo. Eu não conseguia vê-la perfeitamente, minha vista estava embaçada e tomada por lágrimas.
Ao vê-la se aproximar de mim, deixei uma fina lágrima escorrer pelo meu rosto. Ela tirou o casaco que usava e o depositou em minhas costas, notando meu frio.
"Está tudo bem?" ela me perguntou, com aquela voz. Ora essa, eu estava com frio, chorando, acabado. E ainda me perguntou se eu estava bem? Que garota complicada. Mas, balancei a cabeça negativamente e sem querer, desabei a chorar. Ela estendeu os braços, para um abraço. A abracei. Chorando, eu fui pensando "Por que uma estranha está me consolando? Qual pessoa faria isso, consolaria um canalha que machucou os sentimentos da ex-namorada?"
Mas... Esses pensamentos foram indo embora, quando senti o calor do corpo dela. Ela é tão quentinha... É tão bom poder ficar abraçado à ela. Se eu pudesse, ficaria o resto da minha vida ali, nos braços dela. Mas... Quem era ela? Quem era aquela... Estranha? Não importa.
Depois daquele dia, começamos a nos encontrar mais vezes, geralmente por acaso. Eu também, sempre esquecia de pegar seu número. Viramos bons amigos, depois que consegui o número dela. Notei o quando ela era legal.
O quanto ela era...
... Complicada...
... E ao mesmo tempo...
... Perfeitinha.
Eu não sabia que eu me apaixonaria por ela. Não sabia que ela era capaz de curar minhas profundas feridas de um antigo relacionamento. Afinal... "Se existe alguém para lhe machucar, também existe alguém que cure suas feridas".
Nossos momentos juntos foram únicos. Inesquecíveis. Mas agora... Ela está longe, em outro continente. Mas eu estou aqui, esperando-a. Sei que ela irá voltar. Afinal, foi uma promessa... Não?
"Eu volto, cabeça-de-abacaxi. É uma promessa."
Ela me disse até selar nossos lábios com um leve e doce beijo, e disse no meu ouvido um "eu te amo" e bagunçou meus cabelos. Logo saiu correndo até o avião que iria pegar, para ir para Miami.
Dei um leve sorriso. Como foi bom sentir seus lábios quentes tocando os o ela era complicada... Mas ao mesmo tempo, perfeitinha.
Ela é a pessoa a quem pedi para a estrela cadente.
É tão irônico. Uma garota que surge na calada da noite, consolando um estranho, consegue conquistá-lo com seu jeito de ser. No começo, pensei que tudo aquilo não passava de um sonho, um simples sonho. Mas tive certeza que era real, quando senti o quente abraço dela naquela noite e no simples beijo no aeroporto naquela manhã.
Eu não estava sonhando. Ela existia mesmo. A garota a quem pedi a uma estrela cadente, existia. E da mesma forma como pedi:
Complicada...
... E perfeitinha.
Owari
