Sumário: A vida dele sempre foi perfeita, ou pelo menos assim Roxas gostava de achar. Mas com a superar seus medos por outra pessoa não é tão fácil quanto parece. Quando tanto o seu passado e o de seu amante ameaçam a sua relação instável, Roxas tem de encarar a verdade: Sua vida nunca foi perfeita. Mas ao menos era melhor que a de Axel. [Akuroku UA]
Nota da Tradutora: Kingdom Hearts não me pertence
(quem dera, quem dera...). A fic "Perfect Match" é da autora
Beutelmaus, eu só tenho permissão para traduzi-la =D E eu
gostaria, se possível, se gostarem da fic, comentem na original em
inglês, ok?
Eu vou tentar manter as traduções mensais, mas, por
favor, eu estou no terceiro ano, também conhecido como o inferno
sobre a Terra, então posso atrasar. Mas como eu já traduzi uns
cinco capítulos...
Perfect Match – Prólogo
Perfeita.
Uma simples palavra parecia ser capaz de descrever a vida dele exatamente.
Perfeita
E vista pelo lado de fora, era.
Seus pais eram ricos. Ele vivia nessa enorme mansão de Destiny Islands, com apenas seu irmão gêmeo de companhia. Seus pais nunca estavam em casa. Eles tinham de trabalhar para providenciar a seus filhos a melhor vida que eles poderiam ter, afinal. E trabalho significava viagens de trabalho. Muitas delas. Para lugares longínquos. O tempo todo. Eles só iam para casa uma vez a cada dois ou três meses. Se Roxas e seu irmão tivessem sorte.
Mas isso não o incomodava nenhum um pouco. Ele até... Gostava um pouco. Ele e seu irmão amavam um ao outro carinhosamente e sempre se divertiram juntos. Eles nunca precisaram de qualquer outra pessoa, mesmo quando eram crianças.
Quando eles eram mais jovens, por volta dos seis anos, seus pais começaram a deixá-los sozinhos por alguns dias seguidos, às vezes até semanas, com um envelope repleto de dinheiro, mas sem ninguém para tomar conta deles. Tinha sido estranho a princípio, amedrontador até, mas os dois garotos conseguiram se virar muito bem, mesmo sem ter um adulto por perto.
Eles aprenderam a cozinhar refeições bem simples, eventualmente descobriram como lavar as roupas, eles deixavam a casa limpa e ficavam felizes quando seus pais eventualmente vinham para casa e os elogiavam, diziam que eles eram bons garotos e como eles estavam felizes porque eles eram tão fortes e maduros e até os beijavam antes de sair, dizendo adeus novamente.
Às vezes ele se perguntava por que seus pais não contrataram uma babá ou uma empregada ou algo assim, porque até mesmo antes ele sabia que alguns de seus amigos as tinham para cuidar deles quando os pais não estavam em casa. Mas ele e o irmão sempre concordavam que eles não precisavam de uma babá ou uma empregada ou coisa assim, porque eles sempre foram bons garotos e eram capazes de lidar com essas coisas. Eles já tinham seis anos, afinal.
E ele podia lembrar claramente esse dia, quando os avós deles os visitaram, quando eles descobriram sobre isso.
Ele ainda podia lembrar da expressão chocada no rosto de sua avó quando eles contaram que estavam sozinhos por quase duas semanas. Eles tinham sete anos na época e o verdureiro da loja da rua oposta já tinha se acostumado com a visão dos dois adoráveis meninos lutando com a cesta grande demais para os dois, cheia de comidas e doces.
Ele ainda podia lembrar das lágrimas nos olhos de sua avó quando ela os colocou nas pequenas camas e os beijara boa noite e ele conseguia recordar do sorriso no rosto de seu avô que os observava da entrada da porta.
E ele se lembrava dos gritos, dos muitos gritos, quando seus pais finalmente chegaram em casa.
Por que eles não ficaram com eles? Por que deixaram os dois sozinhos? Como eles podiam ficar longe por tanto tempo, sabendo que os dois pequenos estavam sozinhos, completamente sozinhos?
E os pais deles gritariam de volta, como eles eram bons garotos e lidavam com tudo muito bem, como os pais deles tinham de trabalhar muito para dar a eles tudo o que eles queriam.
E eles ouviriam a avó deles chorar e o avô deles berrar sobre o quão terrível era para garotos dessa idade lidar com tudo sozinhos. Como as crianças não precisavam ter tudo o que queriam, mas sim de ter os pais para amá-los e entendê-los. Como pais deviam amar seus filhos e como ele não entendia o porquê dos pais não o amarem.
O pai deles berraria que ele os amava sim.
O avô deles gritaria que ele não era capaz de ver isso.
A mãe deles gritaria que não era da conta deles.
A avó deles exclamaria que era sim da conta deles se eles negligenciavam os netos deles.
O pai deles ficaria furioso e demandaria que eles saíssem.
A avó deles choraria e insistiria que eles levassem os dois com eles. Ela choraria sobre o quão perigoso era deixar dois garotos sozinhos. O que fariam se um deles se ferisse, ou se alguém invadisse a casa, ou se um dos dois adoecesse, ou...
Ele lembrava o quanto ele chorara, e como seu irmão pulou para fora de sua cama e sentou na dele e o abraçara, o próprio chorando, mas tentando ser forte para seu irmão menor, sussurrando palavras tranqüilizantes e puxando as cobertas sobre eles para que eles não ouvissem mais as vozes zangadas no andar de baixo.
Não foi permitido aos avós vê-los depois dessa cena. Depois eles descobriram que seu avô tentara tirá-los de seus pais, mas o pai deles, sendo um conhecido advogado de sucesso, ganhara o processo. Os avós deles não foram permitidos mais vê-los.
Não os deixaram ir ao funeral da avó deles.
Dessa vez fora ele que abraçara seu irmão e tentara segurar as próprias lágrimas enquanto ele sussurrava palavras sem sentido na tentativa de acalmá-lo. Eles tinham dez anos na época. Eles não entendiam realmente o que estava acontecendo, só contaram a eles que a avó deles tinha ido para o céu, onde os outros avós deles estavam e a eles não tinha sido permitido dizer adeus.
Foi então que ele aprendeu que se importar com alguém só trazia dor. Então ele parou de se importar. Ele parou de se importar com seus amigos, com seus pais. O único com quem ele se importava era seu irmão. Porque ele sabia que seu irmão era o único que nunca o machucaria.
Ele tinha ouvido uma vez que não gostar dos pais era uma coisa terrível. Mas a pessoa que disse algo assim certamente nunca encontrara seus pais.
Para o resto do mundo, a vida dele ainda era perfeita. Para o resto do mundo, ele e seu irmão eram as crianças mais afortunadas vivas. Para o resto do mundo, os pais deles agiam como se ligassem para eles, como se fossem pais amorosos e responsáveis, que eles tinham de deixar sozinhos embora eles nunca quisessem partir.
E ele estava bem assim. Ele não ligava de não os ver nunca. Eles podiam ficar longe para sempre e começar novas famílias em qualquer outro lugar. Ele não ligava desde que eles continuassem a mandar dinheiro para ele e seu irmão. Ele parara de se importar a muito tempo.
E ele tinha de admitir, a vida dele era muito boa, se um não soubesse sobre a vida familiar fodida dele.
Ele era popular, tinha vários amigos, tinha seu irmão, que ele amava profundamente, era rico, nunca tinha problemas na escola.
As notas deles eram ótimas, a maioria 'A' e alguns 'B's. Ele era o aluno brilhante da classe, amado pelos professores, adorado pelo seu próprio fã-clube, adorado por muitos, se não todos seus caros colegas.
Ele era adorável, afinal. E ele sabia disso.
Ele sabia que os olhos azul-bebê eram maravilhosos, ele sabia que o cabelo loiro e pontudo era perfeito, sabia que sua birra fofa fazia homens adultos chorarem. E ele sabia como usar sua aparência em proveito próprio.
Oh, sim, ele sabia.
Ele flertava, sorria e fazia birra se necessário para alcançar um objetivo, seja copiar respostas de testes da garota próxima a ele, seja conseguindo uma refeição grátis na lanchonete, seja o dever de casa dele feito por um de seus admiradores, seja uma garota ou um garoto para esquentar a cama dele à noite.
Ele sabia como usar as pessoas. Era talvez a única coisa que seus pais já tinham o ensinado na vida. Isso... E nunca se apegar.
Todos gostavam dele. Pelo dinheiro, pela aparência, por sua habilidade. Mas ele nunca deixava ninguém chegar perto dele, exceto pelo seu irmão gêmeo. Todos os outros só o usariam, como ele próprio fazia com todos. Abrir seu coração para as outras pessoas significava tê-lo quebrado eventualmente. Ele sabia. Ele sabia disso desde que ele tinha dez anos e segurou seu irmão nos braços, chorando pela sua avó, silenciosamente odiando seus pais por não estarem lá por ele e seu irmão.
Oh, sim, ele sabia.
Ele era feliz. Ele dizia a ele mesmo que ele era todo dia. Sim, os pais dele eram idiotas, e daí? Isso não o incomodava mais. Ele tinha tudo o que queria. Todos tão sortudos quanto ele seriam felizes, certo? Certo.
Ele tinha tudo.
E ainda assim…
