Apenas uma one shot baseada em alguns dos meus mais novos e desconhecidos sentimentos. Espero que gostem. Xx.
" I can' wint, i can't reign, I will never win this game without you. I am lost, I am vain, I will never be the same without you. "
Dizem por aí que encontrar o amor é a chave para encontrar a felicidade, que quando você sente aquelas famosas borboletas no estômago por estar perto de alguém, então você é sortudo pois encontrou o caminho para tudo aquilo que você procurou a vida inteira: ser feliz. Eu, particularmente, não posso concordar com isso. Quanta ignorância é achar que alguém por aí, em qualquer canto do mundo, tem a minha felicidade nas palmas das mãos. Ás vezes a felicidade está a nossa frente, e nós estamos tão preocupados em achá-la que não paramos para ver que ela está nas coisas mais simples. Ou ás vezes, como no meu caso, a felicidade está em uma pessoa que você não pode ter. Se o amor é essa sorte que todos dizem então eu provavelmente nasci errada. Eu achava que tinha encontrado o amor quando eu tinha 11 anos, com um garoto alguns anos mais velho que eu que jurava amor eterno por mim, e que no final, me tornou a pessoa fria e fechada que sou hoje. Minha experiência com esse tal amor começou cedo, e terminou da pior maneira que eu esperava. Toda a decepção me levou a lugares que eu nem deveria conhecer, me levou a experimentar coisas que uma garota da minha idade não deveria ter conhecido. Fria, calculista, medrosa, orgulhosa, ciumenta., possessiva. Toda uma camada que por baixo guarda um coração que só quer ser salvo. Passei anos seguindo o conselho de encontrar a felicidade, de que a minha felicidade estava nas mãos de alguém, e no fundo eu só queria que alguém chegasse e quebrasse essa barreira que o tempo criou para me proteger. O fogo que derreteria a camada de gelo envolta do desse órgão vital que chamamos de coração, estava sempre a minha frente. Mas e quando esse fogo é o suficiente para te livrar, mas adentra tão fundo ao seu coração, que acaba te queimando? E te salva de uma coisa, mas te leva a ter sentimentos que você jurou nunca mais sentir, e te traz sentimentos que você jamais experimentou.
O amor não é isso que você procura todos os dias e que jura estar nas mãos de um desconhecido. O amor é aquele que te liberta, e está nas mãos daquela pessoa que você mais conhece. O amor vem, te cura, te limpa, te liberta de tudo aquilo que você precisava, mas ele faz tudo de novo. Porque o amor é esse ciclo vicioso. Você ama, se machuca, se decepciona. E então o amor vem e te limpa. E acontece mais uma vez. Acontece até você conhecer alguém que te arrebate, e que te liberte, mas que te prenda nele para sempre. E eu estou presa nela. Para sempre.
- Demi, abra os olhos vá, por favor. Eu sei que não está dormindo. – Ouvi a voz melosa me desvencilhar dos meus pensamentos. Não abri os olhos imediatamente, mas senti o peso de Selena em minha cintura. Abri os olhos me deparando com a morena em cima de mim, as pernas encaixadas sobre minha cintura e o semblante sapeca.
- Selena, eu quero dormir. Você pode por favor me deixar dormir? Estou me arrependendo de ter vindo morar com você. – Bufei, quase rindo, pois ambas sabíamos que aquilo era mentira.
Selena era a garota. Sim, aquele tipo de amor que eu disse que te liberta, mas te prende para sempre. Ela era isso para mim. Ela veio como um furacão, levou toda a dor embora, quebrou aquela barreira que eu demorei anos para construir. Ela fez tudo isso em um piscar de olhos sem nem eu mesma perceber. Quando percebi, já estava me pegando ouvindo canções de amor na rádio e pensando nela. Foi a coisa mais errada que já fiz na minha vida. Quem diria que a chave para aquela tal felicidade estava na minha melhor amiga? Eu sabia que não podia amá-la daquela forma, mas eu não conseguia evitar. Cada maldita frase de amor tocada por aí me fazia pensar nela. E não era de se espantar, ela era a pessoa mais linda tanto por dentro, quanto por fora. Qualquer um se apaixonaria. O meu problema é que aquilo não era só uma paixão, eu estava presa naquele tipo de amor que por mais que te torture, você gosta. Eu amava todas as sensações que Selena me trazia, eu amava amar aquela garota, pois comparado a tudo o que eu havia passado antes, o amor dela era uma cura.
Engraçado foi o jeito que eu a conheci, há pouco mais de um ano atrás. Uma amiga em comum havia nos chamado para uma festa, e nós nos damos bem na hora que nos conhecemos. Eu jurava que tinha sido apresentada a um anjo. Passamos a festa inteira sentadas conversando sobre tudo, desde filosofia até nossa sexualidade. Ela mexia no cabelo curto enquanto soltava aquela risada de sinos, e me dizia sobre sua paixão por homens. Ela já havia beijado uma ou duas garotas por diversão enquanto estava bêbada, mas jurava que se casaria com um homem rico, famoso, e claro, lindo. Naquele dia, eu apenas ri da garota quase bêbada em meus braços, e a levei para casa. Nossa amizade nasceu rapidamente, pois a partir daquele dia, não paramos de nos ver. Traçamos planos juntas e hoje estou eu aqui, com a garota hétero dos meus sonhos, morando no mesmo apartamento e sendo torturada por aquela magnífica beleza todos os dias.
- Vai me dar carona até a casa dos meninos né? Por favor, por favor. Você não tem idéia do quanto Nick está me dando bola. Ele é super gato, beija super bem, e se você não fosse lésbica, poderia ficar com Joe. Azar o seu. Dois pra mim. – A voz cantada soava no meu ouvido enquanto eu preparava o café. Eu já estava acostumada com Selena falando sobre meninos o dia inteiro, mas ainda sim era como se a cada dia fosse uma facada. Selena mergulhava de cabeça em relacionamentos, e sempre saia machucada, e quem era o band-aid? Sim, eu. Eu não suportava ver Selena machucada ou chorando por alguém que não a merecia, sendo que quem merecia, estava bem a sua frente.
- Eu te levo sim, mas prometa que vai voltar antes das dez. Prometeu que iria jantar comigo e eu tenho uma surpresa para você. – Me virei sorrindo para a mesma, levando o seu café para a mesa. Chegava a ser engraçado como eu cuidava de Selena como um bebê. Eu cuidava desde sua alimentação, até pentear seu cabelo antes de dormir.
- Tudo bem cariño, te amo mi amor. – Ela disse em seu sotaque latino. – Mas que surpresa é essa? – Ela disse curiosa como sempre.
- Se eu te contar não vai mais ser surpresa mi amor. – Imitei seu sotaque. Eu amava o jeito latino da minha garota.
Levei Selena para a casa dos Jonas e voltei para casa com o rádio no carro em um volume absurdo, cantando e observando a cidade maravilhosa que eu morava. Los Angeles sempre fora um sonho meu, e Selena havia decidido seguir esse sonho comigo, o que tornava aquela cidade cada vez mais perfeita e interessante. Nós exploramos cada pedaço daquela cidade dos anjos juntas, e tínhamos memórias para uma vida inteira. Selena era parte de cada pedaço dos meus sonhos, o que a tornava acima de tudo, o meu maior sonho.
Minha idéia de surpresa para Selena era algo simples, mas que a deixaria feliz. Ela não era uma garota muito fácil de surpreender, contando pela longa lista de namorados que ela tinha, todos eles fizeram coisas especiais para ela, tornando-a conhecedora de muitas coisas. Eu não era romântica, mas naquela noite tentaria ser. Tentaria mostrar a Selena que tudo o que ela havia procurando estava em mim. Queria deixar claro que eu era mais do que uma irmã mais velha, e que eu cuidaria dela para sempre como minha garota. Eu não quebraria nenhuma promessa que eu fizera a ela. Nós éramos para sempre independendo de tudo.
Por volta das 20:00 horas a casa estava delicadamente arrumada. Eu havia me inspirado, por mais que eu não soubesse cozinhar, fiz o prato preferido de Selena. A mesa estava farta de lasanha, picles, pães, bolo de chocolate, cupcakes, uvas, maçãs e tudo o que Selena adorava comer. A casa estava arrumada, tudo em seu devido lugar, e eu havia reduzido a intensidade da luz, dando um ar de luz de velas. Havia música calma na rádio, e tudo estava com um ar calmo. Me sentei no banco do piano a esquerda na sala e tentei acompanhar os sons do rádio enquanto esperava Selena chegar.
Estava tão distraída dedilhando as teclas do piano que nem percebi a hora passar, já estava sentada ali a meia hora quando escutei batidas fortes na porta. Selena. Só a pequena escandalosa batia assim.
- Demi, demi, demi, abra logo, quero fazer xixi. – A morena berrava do outro lado da porta e eu podia imagina-la dando pulinhos apertadas. Dei risada imaginando a cena.
- Já vai, amor. – Abri todos os feixes da porta e olhei Selena impaciente dando pulinhos como eu imaginava. Sorri enquanto ela entrava e fazia uma careta estranha.
-Uau... o que aconteceu aqui? Isso é pra mim ou você está esperando alguém? – Ela olhava o apartamento em volta com a expressão surpresa.
- Bom, isso é pra você. Eu disse que haveria uma surpresa. – Eu sorri um pouco envergonhada.
- Demi, isso é fantástico... está tudo muito... lindo. – Ela ainda estava um pouco boquiaberta enquanto andava em direção a mesa.
- Vá ao banheiro enquanto eu tiro a lasanha do forno, e depois nos sentamos para comer e conversar. – Eu pisquei e sorri para a mesma enquanto ela fazia o que eu instruí.
Tirei a lasanha do forno, levando também vinho e alguns copos para a mesa. Lá na sala Selena já estava sentada, cantarolando baixo a música conhecida do rádio. Uma ironia não planejada, no rádio tocava Lucky – Jason Mraz feat Colbie Caillat.
- Lucky i'm in love with my best friend... – Eu voltei cantarolando também, me sentando a mesa e olhando fixamente para Selena. Ela me olhava de volta, com certeza tentando achar algum propósito para aquilo tudo. Eu estava nervosa, mas Selena parecia confortável. Só um pouco desconfiada pela sua expressão.
Esfreguei as mãos em sinal de nervosismo, mas antes de qualquer coisa, iria servi-la. Me levantei para fazer o prato de Selena, colocando tudo o que a mesma adorava. Enchi seu copo de vinho, e observei a mesma comer.
- Você não vai comer? Isso aqui está muito bom. Você nem sabe cozinhar, mas está de parabéns. Meu Deus, que delícia. – Ela comia, aparentemente estava com fome para elogiar minha comida. Eu não era lá a melhor cozinheira, e era sempre Selena que fazia a comida da casa ou comíamos fora, mas naquela noite eu havia me empenhado para fazer algo bom.
- Sel, você deve estar se perguntando o propósito disso tudo. – Comecei a falar quando ela terminou de comer, e bebericava o vinho prestando atenção em mim. – Bom, não é segredo nenhum que eu amo você. E que eu amo você muito mais... do que eu deveria amar. – Dei uma pausa para encontrar as palavras certas. – Esse jantar, tudo isso, é uma forma minha de tentar te mostrar o quanto eu te quero a cada dia mais. Eu sei que quando eu me declarei para você meses atrás eu prometi que iria ser forte e achar alguma forma de superar isso que eu sinto, e que eu nunca iria me afastar de você, mas tem ficado cada dia mais difícil estar perto de você e não te querer. Eu venho lutando todos os dias para te esquecer, mas fica tão difícil quando você está sempre perto de mim, com sua doçura, com seu jeito de criança, com sua dependência por mim para cuidar de você. Eu não sei mais como lidar com esse sentimento, e tem horas que eu acho que vou explodir. Eu amo você da maneira mais bonita que já amei alguém, e isso dói, dói tanto porque você me salvou, você quebrou a barreira do meu coração e limpou todas as decepções que estavam nele, mas ao mesmo tempo você entrou nele e você está tão envolvida, tão envolvida... você foi aquele amor que fica. E eu sinto muito por isso Selena, eu sinto muito ter me apaixonado por você, sinto muito que muitas vezes isso atrapalhe nossa amizade, mas eu sinto muito mais ainda por você não conseguir ver que ás vezes eu sou a pessoa certa para você. Eu sei que você gosta de homens, eu sei que é louca por eles, mas já parou para ver seu histórico com estes caras? Só tem decepção. E eu te acho uma garota muito forte por conseguir lidar com tudo isso. Mas toda vez que você se machuca quem está lá com você sou eu, e eu sempre vou estar. Em todos os momentos eu que estou com você. Eu partilho de cada momento seu de felicidade. Eu não estou aqui te pedindo em namoro, ou qualquer coisa, eu só quero uma chance. Eu sei que eu sou uma menina, mas eu nunca me senti dessa forma antes com ninguém, e eu não vou desistir disso. Eu não vou desistir de você. – Respirei fundo passando o dorso da mão no rosto limpando as lágrimas que teimavam em escorrer. – Eu amo você, Selena. Eu amo tanto você e isso está me matando. Porque sério, eu morreria por você.
Selena lutava consigo mesma e isso estava bem claro em seu rosto. Ela queria chorar mas não se permitia. Ela me olhava com amor, raiva, tristeza, tudo misturado ao mesmo tempo e eu não sabia o que pensar ou esperar.
- Eu... eu... – Ela tentava dizer mas eu a parei.
- Antes de me dizer qualquer coisa, escute a música que eu fiz para você. – Me sentei ao piano e dedilhei as teclas tentando encontrar o tom.
- Eu não deveria te amar, mas eu quero, eu simplesmente não consigo me virar.
Eu não deveria te olhar, mas eu não posso me mover, não consigo desviar o olhar...
Comecei cantando olhando fixamente para Selena que lutava em não sustentar meu olhar, mas quanto mais ela desviava, mais eu procurava seu olhar.
- E eu não sei como ficar bem se não estou, porque eu não sei como fazer esse sentimento parar... – Fechei os olhos e cantei cada parte daquela música. Cada palavra era verdade e eu queria que Selena sentisse a minha verdade.
- Só para você saber esse sentimento está me tomando o controle e eu não posso ajuda-lo..
Eu não vou me sentar por perto, eu não posso deixa-lo vencer agora
Eu pensei, você deveria saber, eu dei o meu melhor para desistir de você mas eu não quero..
Eu só direi isso tudo antes de ir, só para você saber...
Terminei o refrão lutando para não chorar. Selena havia se sentado ao meu lado e estava chorando. Sua luta interna havia terminado e ela havia se permitido chorar. Um meio sorriso estava em seu rosto enquanto ela me observava tocar e cantar.
- Está ficando difícil ficar perto de você, existe tanto que não posso dizer... – Olhei fixamente em seus olhos enquanto cantava essa parte. Ela abaixou o olhar olhando para suas próprias mãos.
- E você me faz querer ter sentimentos, e olhar de outro jeito...
Esse vazio está me matando
E estou querendo saber porque esperei tanto tempo
Olhando o passado eu percebi, isso estava sempre lá para nunca ser dito
E eu estou esperando aqui, estive esperando aqui...
Cantei as últimas notas finalizando com o último toque do piano. Meu olhar sustentava o de Selena e eu não sabia o que dizer. Tudo o que havia para ser dito estava presente naquela música. Selena me abraçou forte. Seus braços magros magros envolveram meu pescoço, e eu puxei a cabeça um pouco para trás para observá-la. As lágrimas não paravam de rolar de seu rosto, e eu as sequei com beijos suaves. Selena fechou os olhos, e em um ato automático eu beijei seus lábios. Ela exitou no começo, mas logo seus lábios se abriram dando passagem para minha língua adentrar em sua boca. Uma de minhas mãos estava em sua cintura, e a outra em seu rosto puxando-a para mais perto. Era um beijo calmo mas intenso. O gosto doce dos lábios de Selena, a sensação de tê-la ali tão próxima a mim. Chupei seus lábios delicadamente enquanto Selena se desvencilhava do beijo. Eu sorri abrindo os olhos encontrando a mesma com um meio sorriso de volta para mim.
- Foi o beijo mais sincero e apaixonado que alguém já me deu na vida. – Selena finalmente falou depois de alguns minutos de silêncio tentando entender o que havia acabado de acontecer. Eu sorri com o comentário mas eu sabia que depois daquilo viria um "mas" e a conversa tomaria um rumo do qual eu não iria gostar.
- Mas... eu não posso, Demi. Não posso fazer isso com você. Desde que nos conhecemos, eu nunca te olhei dessa maneira, nunca te olhei com essa devoção que você me olha. O problema não é você. O problema é que eu não consigo me ver assim. Não consigo me ver com uma garota. É tudo muito estranho para mim. Eu passei a vida inteira me imaginando com um príncipe e eu ainda estou a procura dele. Eu não me vejo com uma princesa. Eu sou a princesa, sei que sou a sua princesa, mas você infelizmente não é a minha. Eu não gosto disso e acho que nunca iria me aceitar assim. O que eu diria a minha mãe, ao meu pai, minha família? Eu não posso Demi, eu sinto muito. Eu sinto tanto porque eu queria que fosse recíproco, mas eu não posso retribuir. E o que mais dói é que eu não sei o que te dizer para fazer porque eu NÃO POSSO te perder. – Ela deu ênfase nisso e segurou meu rosto em suas mãos. – Eu não posso te perder, não posso ficar longe. Eu não imagino como seria minha vida sem você, cariño. Eu sei que é muito egoísta da minha parte te pedir para ficar aqui comigo, mas por favor, não vá embora. Eu te imploro Demi, não vá embora. – Selena chorava e era um choro assustado, com medo. Suas mãos tremiam em meu rosto.
Envolvi seu corpo em meu abraço confortador como sempre e alisei o topo de sua cabeça como eu sempre fazia quando Selena chorava.
- Eu... eu não vou embora. Eu só... preciso de um tempo. Eu prometi que nunca iria deixar você e vou cumprir, mas eu preciso de um tempo, Selena. Preciso de um tempo de você. Eu passo muito tempo cuidando de você e me focando nesse sentimento. Mas isso está me matando aos poucos e eu não sei quanto mais eu vou agüentar.
Ela tentou dizer mais alguma coisa depois daquilo mas eu me levantei. Selena me olhou ainda chorando. A dor no meu peito era enorme. Cada palavra que ela havia me dito era como se fosse uma facada, e por mais que eu não quisesse, eu me sentia destruída pela pessoa que havia me salvado. Eu não podia culpá-la, pois ela não havia culpa alguma, mas eu me culpava. Me culpava por ter me apaixonado e por ter sido fraca o suficiente para deixar aquilo crescer. Eu me culpava por não conseguir ficar perto de Selena sem quere-la. Me culpava por causar aquela dor a Selena, por fazer ela passar por aquela situação. Tudo o que eu queria era que Selena pudesse ficar em paz sem mim, mas ela implorava para que eu ficasse. Ela pedia para que eu ficasse como uma criança pede para a mãe não ir embora. Aquilo me matava porque eu sabia que não podia deixar Selena, mas tudo o que meu coração pedia era aquilo. Era um alívio para a dor. Mas como seria um alívio para a dor, sendo que mais tarde, eu sofreria com a dor da saudade e voltaria para ela de novo?
Pensei por alguns minutos antes de ir embora, e quando estava na porta para ir, Selena tocou meu braço. Seu olhar era de dor.
- Não vá, por favor... – Ela balbuciou.
Eu não consegui. Fiquei paralisada. A puxei para meus braços e a abracei forte. Eu não conseguiria deixa-la. Por mais que eu quisesse, eu não conseguiria. Eu era uma fraca, covarde apaixonada que lutaria com aquele sentimento todos os dias até que um dia Deus resolvesse cessar-me da dor.
Coloquei minha amizade com Selena acima de qualquer outro sentimento depois daquele dia. Nunca comentamos ou falamos daquele beijo ou daquele episódio. Fui agindo da mesma forma com ela e ela da mesma comigo. Nossa promessa era ficarmos uma com a outra independendo de tudo, e eu iria cumprir mesmo que ficar perto dela matasse uma parte de mim a cada dia mais. Porque o amor era isso. O amor era essa redenção, era dar e não esperar nada em troca. Era amar de uma forma e se contentar em ser amada de outra. Selena fora e sempre será o amor de minha vida, mas infelizmente, algumas vezes, nós não podemos ser o amor da vida daquele de quem mais amamos.
