Save me

Capítulo 1: Éramos o par perfeito

Tony Stark era um homem moderno. Um playboy, gênio, filantropo, bilionário e o Homem de Ferro. Já vira vilões megalomaníacos e há pouco tempo atrás enfrentou (juntamente dos Vingadores) um deus e impediu uma invasão alienígena. Mas em toda sua vida, nunca tinha visto algo assim.

-Isso é errado – comentou, ganhando olhares ríspidos dos demais Vingadores.

Em sua sala, recém-decorada com uma janela estilhaçada estava Thor, o Deus do Trovão, esbaforido e segurando em seus braços uma jovem de cabelos negros desfalecida. A cena nem seria tão estranha se a jovem não fosse, na realidade, seu irmão mais novo recentemente extraditado por tentar dominar o mundo com um exército alienígena.

A cena era surreal demais. E por alguns instantes os membros da Iniciativa Vingadores presentes na torre, agora QG, pareciam chocados demais para tomar alguma atitude. Felizmente, Steve Rogers decidiu agir. Afinal, por mais que Loki tenha sido seu inimigo, no momento ele era uma jovem que precisava obviamente de cuidados médicos.

Bruce percebendo a intenção do amigo e líder aproximou-se de Thor, fazendo menção de ajuda-lo a carrega-la. Thor, sem pensar, recuou alguns passos, segurando possessiva e protetoramente seu fardo.

-É melhor coloca-la numa maca, Thor – disse Steve, calmamente e Thor consentiu com o rosto desolado e obviamente perdido em como proceder.

-Por aqui – indicou Bruce, guiando-o pelo braço.

Em pouco tempo eles chegaram ao andar da enfermaria e a deitaram. Bruce logo tratou de examiná-la, mas sem ter idéia do que tinha acontecido, era um tanto quanto difícil. Até mesmo Tony foi ajuda-lo, aparentemente culpado pelo comentário insensível de antes. Steve então trouxe duas cadeiras o mais próximo que pôde da maca, deixando espaço de sobra para que Bruce e Tony pudessem trabalhar. E sem pressionar, esperou para que o Deus do Trovão começasse sua história. Depois de um longo suspiro, ele começou.

*** INÍCIO DO FLASHBACK***

Thor estava nervoso. Mais nervoso do que ficara em sua falida coroação como rei, há anos.

Se lhe tivessem dito há dias atrás que assim que voltasse para Asgard iria se casar, ele provavelmente riria com gosto. Porém, tudo mudou quando conheceu sua futura noiva, uma jovem e belíssima princesa Jotun cujo nome sempre lhe escapava.

Ela era o total oposto dele. Tímida e de fala mansa, mas com senso de humor muito afiado e às vezes até duvidoso. Era carinhosa e ele adorava como ela ruborizava com o menor dos elogios.

No dia em que foram apresentados, passaram quase o dia inteiro andando pelos jardins tentando se conhecer, e ele descobrira poucas coisas a seu respeito. Apesar de ser de outro reino, ela tinha sido criada em Asgard e sua família era pequena, sendo formada somente pelo pai, pela mãe e por um irmão. Mas eles não conversavam muito sobre o assunto, já que isso lhe trazia uma profunda dor e uma enxaqueca terrível.

Em dias se tornaram inseparáveis, e ele já não conseguia imaginar sua vida sem ela. E então o casamento arranjado entre seus reinos não parecia tão ruim. Pelo contrário, seria maravilhoso.

Um dia antes do casamento, ele lhe roubou um beijo ao se despedirem. Ela, desprevenida, abriu a boca em protesto. Era a deixa que ele precisava e logo o beijo casto tornou-se passional. E ele se sentiu o homem mais feliz do mundo ao sentir o corpo dela derreter em seus braços.

Então sim, estava extremamente nervoso e ansioso. Na sua coroação, pouco antes tinha sido acalmado por seu irmão Loki, mas este não estava ali no momento. Após terem voltado de Midgard entregara-o para seu pai para sua punição, mas evitava pensar no assunto, já que só a menção de seu nome lhe trazia uma dor de cabeça absurda.

O nervosismo foi embora assim que avistou o rosto corado de sua noiva, agora esposa. Pena que poucos presenciaram o casamento. Somente seis testemunhas, dentre eles os Três Guerreiros e Lady Sif, como era tradição nos casamentos asgardianos¹. Por um breve momento, achou que seus amigos não estavam de fato felizes com seu casamento, pois várias vezes os pegavam cochichando e Lady Sif encarava claramente sua noiva. Porém, tal pensamento lhe escapou quando olhou a felicidade estampada no rosto de sua esposa e a aprovação de seu pai.

Não demorou muito para que os recém-casados se despedissem de todos e se recolhessem para seus aposentos para sua noite de núpcias.

Nada era mais sensual do que a inexperiência dela, o toque de sua pele jovem e sedosa. Mas ele não teve pressa. Explorou com calma e com a destreza de um mestre todo o seu corpo e logo ela o acompanhava. No começo, incerta e um tanto temerosa, mas nada que a prática dos dias seguintes não tenha melhorado.

O tempo passou voando. E sem se dar conta, passara quase dois meses quase que totalmente excluído do resto do reino. Sentindo saudades de seus amigos, decidiu procura-los.

Não precisou de muito, pois seus amigos se encontravam perto de seus aposentos. Claramente chateados de terem sido barrados pelo guarda. Quando o viram, trataram de arrasta-lo depois que Lady Sif pedira para que ele liberasse sua entrada em seus aposentos, pois ela tinha uma mensagem urgente.

Mal fora levado para os campos de treino quando Volstagg o atingiu com um soco. Fandral lhe falava de uma terrível trama do qual ele e o rei tinham sido vítimas e quando ele pareceu duvidar Hogun lhe atingiu com um pequeno tronco de árvore, diretamente na cabeça, arremessando-o uns dez metros. Apesar da dor do golpe, pela primeira vez em meses, conseguia pensar claramente. E então sentiu muita raiva.

Quando os quatro chegaram de volta aos aposentos de Thor, era claro que uma discussão similar ocorrera ali. Lady Sif estava esbaforida e parecia incerta ao olhar sua esposa que ostentava um grande corte no supercílio e marcas de dedos no rosto e pescoço.

Ela, ao ouvir seu retorno, voltou-se em sua direção. E em meses, viu o rosto de seu irmão diante de si. Tão jovem, e agora tão feminino. Sem perceber, aproximou-se e tentou tocar-lhe o rosto. Somente acordou quando ganhou um tapa, seguido de outro e mais outro.

Os Três Guerreiros e Lady Sif ficaram sem reação, assim como ele, ao verem Loki, que sempre fora tão composto, avançando em Thor, empurrando, agredindo e acusando-o de traição e chamando-o de imoral.

-Como pudeste, Thor? Como pudeste? – ela repetia histérica, chorando, com a mão no abdome e o rosto contorcido de dor.

Por mais que tentasse, o Deus do Trovão não conseguiu acalmá-la. Seus gritos eram tão agoniados e altos que provavelmente boa parte de Asgard os ouvia. Por isso, não foi surpresa quando as portas de seus aposentos se abriram novamente, dessa vez revelando Odin e Frigga.

Frigga, sem pensar correu para Loki e a abraçou, numa vã tentativa de acalmá-la. Odin não parecia sem um pouco surpreso com o acontecido. Parecia inclusive até um pouco desinteressado. E nessa hora, Thor percebeu que a trama que seus amigos lhe contaram, na verdade não estava tão correta. Para eles, tudo era culpa de Loki, o Deus das Mentiras e Trapaças em mais uma tentativa de conseguir o trono de Asgard. Porém, ao ver a reação do Pai de Todos e de Loki, chegou à conclusão que talvez tudo tenha sido culpa de Odin.

Aparentemente Loki chegara à mesma conclusão, e voltara sua histeria e indignação para Odin.

-A paz entre os dois reinos era necessária. Cabia a você forjá-la, Loki Filha de Laufey e herdeira do trono de Jotunheim– gritou Odin, calando a todos, exceto Loki.

-Acusava-me de tentar roubar-lhe o trono, mas foi você quem o fez – esclareceu Loki, deixando a todos atônitos - Eles me chamam de Deus das Mentiras, mas não sabem que eu aprendi com o melhor, o Pai de Todos – gritou tão alto quanto o outro – Imoral!

A discussão continuou entre Odin e agora Thor, que tal como o irmão, agora irmã, indignara-se com a traição. Porém ambos pararam a discussão quando perceberam Loki caída ao chão em meio a uma poça de sangue que escorria por entre suas pernas. Frigga gritava para que a levassem para a Sala de Cura o mais rápido possível. Odin parecia angustiado por ver Loki em tal estado, porém vitorioso em saber da existência de um herdeiro para ambos os reinos.

Quando Odin colocou a mão em seu ombro, como que o parabenizando por um trabalho bem feito, Thor sentiu-se enojado. Mas procurando não demonstrar, saiu de seus aposentos. Sabia que a partir daquele momento, Asgard não seria mais um lar para Loki, nem para nenhum fruto provindo da perversa mente de seu pai.

Pensando nisso, foi diretamente para a Sala de Troféus, e tomando posse do Tesseract voou com seu martelo Mijölnir em busca de Loki para que pudessem retornar à Midgard.

***FIM DO FLASHBACK***

Após a história, Steve estava chocado, e sua expressão demonstrava justamente isso. Bruce tremia levemente, mas respirava fundo e procurava se manter focado em preparar o aparelho de ultrassom.

-Isso tudo foi horrível, mas sejamos práticos. Se seu irmão já estava meio louco antes, imagina agora. O que te fez pensar que ele não vai fazer tudo de novo? – ponderou Tony, com sua sutileza peculiar.

-Meu irmão estava sob o domínio de um feitiço, assim como meu bom amigo Erik Selvig, Homem de Lata – retrucou de imediato, levantando-se da cadeira e enfiando o dedo no rosto de Tony – Loki nunca faria algo assim! Ele...ela pode ter um humor estranho e gostar de aprontar, mas nunca machucaria uma raça inteira sem um bom motivo. E no momento, a desavença dela é com o Pai de Todos.

-Calma, Sr. Cortinas. Só estava perguntando. Não se ofenda, todos sabem que sempre falo mais do que devo e acaba enfiando o pé na jaca – disse levantando as mãos, se rendendo.

-Não tem frutas aqui – respondeu Thor, procurando pelo chão, confuso. Steve, que também não entendeu o termo, também olhava em volta dos pés de Tony, tentando discretamente achar a tal fruta pisada.

Bruce que até então, estava calado, deu um suspiro aliviado ao ver a tela do ultrassom.

-Tudo bem com mãe e filho. Ao que parece foi só um susto. Mas de qualquer jeito, eu evitaria esforços e mais emoções muito fortes agora. Ainda não dá pra ver direito por causa do tamanho. Mas gostaria de escutar o batimento cardíaco? – perguntou Bruce, e tomou um susto ao ver Thor já tão perto dele e do monitor.

Ele sem esperar uma resposta posicionou o transdutor e logo o som do batimento tomou conta da enfermaria. Thor não pôde evitar o sorriso que se abriu em seu rosto, e sem perceber, pousou sua enorme mão na de Loki e a acariciou.

Fim do cap. 1

¹ - nos casamentos nórdicos, o casal só é considerado realmente casado após ser visto em público por pelo menos seis pessoas.

Nota da autora:

É, eu sei, clichê dos clichês dos clichês...mas essa história estava martelando na minha cabeça há dias, e eu tinha que escrever...hihi. Minha primeira fic fora do universo HP, então peço perdão se não ficou lá grande coisa. Então, seria legal ler algumas opiniões a respeito :)

O título da fic veio de uma música do Queen, que eu amo e achei que tinha tudo a ver com a fic ^^