A ÚLTIMA DANÇA
Por Mah
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I ATO
Ela gostava de passos curtos e bem delineados. Leves, suntuosos, calculados. Movimento por movimento. Compassos, música, contagem. Sorrisos e dor. Coreografia, arte. A dança em toda sua perfeição. A dança em sua melhor contemplação. E em meio à poesia do próprio corpo, o amor e ódio por outro corpo.
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Era em uma Londres fria e coberta de neve que eu buscava alguma razão para aceitar o destino. O céu cinzento de inverno dava poucas esperanças para minha mente desesperada. Encarei o nada tentando pensar coerentemente. Um pequeno apartamento. Próprio. Um emprego mal remunerado. Gastos novos e exorbitantes. Algo haveria de ser sacrificado. Eu iria ter que entra nos eixos.
Pelo menos, eu estava sozinha... Esse era meu único e mesquinho consolo. Nunca antes, em toda minha vida, pensei que seria capaz de apreciar a solidão. Mas havia o alívio em saber que eu iria carregar toda aquela dor sozinha. Ninguém precisava saber de nada... Ninguém precisava sentir pena de nada.
Soltei um suspiro resignado enquanto tentava engolir o café intragável. Detestava café! Lembrei de meus pais. Dependentes daquela bebida horrorosa... Eles não iriam saber. Eles não precisavam saber. Essa era única coisa que minha cabeça conseguia assimilar claramente.
Admirando os contornos do famoso Big Ben eu deixei a mente vagar livremente. O relógio, marco do tempo, mostrava à hora exata do meu medo. A hora em que não havia nada para preencher o vazio. Aquele que tomava conta do meu corpo e destroçava meu coração. O ócio me destruía.
Eu estudava durante as manhãs, trabalhava durante as noites e dançava todas as tardes... E aos sábados, aos domingos... E durante todos os meus dias de folga. Minha alma vivia para a dança, o meu corpo exigia o movimento... Minha mente queria distrações.
'Envoy Ballet'. Primeira bailarina até o presente instante. Eu estava lutando para manter minha posição no corpo de baile, mas as dificuldades cresciam progressivamente. Mathilde Monnier me detestava juntamente com suas pequenas alunas bajuladoras. Não foi fácil ver Sarah partir. Ainda mais quando deixava seu filho estúpido para trás. Suspirei ao lembrar que o maldito Potter achava que podia cuidar de mim. Ridículo! Eu não o suportava.
Mas em meio a toda desventura, havia a dança. Vívida e consoladora. O alicerce da minha vida. Eu era a ruiva de olhos verdes que só encontrava lugar para a poesia do corpo. Ballet era a única coisa que pulsava em minhas veias e abrigava meu coração. Tudo que eu queria para mim... Até meu último instante de vida.
N/A: Olá pessoas! Alguém aqui se lembra de mim? Aqui estou eu novamente... Com mais uma UA (depois de Lírios de Inverno, eu acabei pegando gosto). Sobre a fic: III Atos (como na maioria dos Ballets de Repertório). Cada Ato deve conter aproximadamente cinco capítulos... Talvez sete, ainda não sei muito bem. É relativamente longa, mas será postada em um curto espaço de tempo (eu espero).
Próximo capítulo na semana que vem. Com o James \o/\o/
Deixem reviews e façam uma autora feliz, afinal de contas, meu niver é sexta-feira. Ok... Esqueçam isso! Eu detesto fazer aniversário.
Bom, eu espero realmente que vocês gostem e acompanhem essa fic.
Bjos e até a Próxima!
Quase nenhum personagem aqui me pertence. Tia Jô me emprestou!
Fic dedicada a Ana e Stéphanie.
