N/A: Em itálico, POV do Tom Riddle.

Todos os Teus Fins

Por Lestrange

São as afeições como as vidas, que não há sinal mais certo de haverem de durar pouco que terem durado muito. Padre António Vieira

Um dia, um diário mudou-te a vida. Não para pior mas para melhor, pelo menos era assim que suspeitavas. Mas, inocente, não conseguiste lidar com os teus sentimentos, não conseguis-te lidar com ele, Tom. Tom Riddle. Inesquecível. Nem um mínimo detalhe te passava ao lado. Tocou-te na alma como se tocasse delicadamente e suavemente numa harpa. Hoje sentes um vazio no peito.

Abrias o diário pela centésima vez, tentando encontrá-lo, mais uma vez , naquela imensidão de folhas sem qualquer letra rasurada. Estaria sempre em branco para ti e para as tuas mais profundas confissões. Quantos momentos passas-te prostrando os teus olhos infinitamente para ele sem teres coragem para escrever uma única palavra? Era uma afeição, um carinho que nem tu tinhas conhecimento da sua existência.

O relógio de pêndulo contava as horas que passavas a tentar encontrar respostas que sempre foram desejadas e que só ele próprio te podia dar. As respostas que sempre querias ouvir. As respostas formuladas por letras sobre aquelas velhas folhas que nunca havias ouvido por ninguém. Nunca o tinhas sentido. Nunca tinhas sentido a sua pele gélida sobre a tua, rubra. Só em sonhos. Mas seria isso realmente suficiente? Nos sonhos tudo sempre foi possível. Até tu criavas um universo diferente. Um lugar onde estivesses tu e ele, apenas. Para ti pareciam séculos até acordares e encarares a tua verdadeira e incontestável realidade. Quando o sol penetrava pelas janelas e te fazia fechar os olhos fugindo à luz sabias que o momento tinha acabado. Que a tua ligação a ele tinha findado.

E quantas vezes quiseste que acima de tudo aquele sonho durasse mais? Muito mais? Talvez para sempre. Pois sempre foi esse o teu desejo. Prolongar o tempo, para sempre. Que um momento nunca mais acabasse.

Eu dava-te o tempo, Ginevra. Simplesmente te dava. Contudo, para ti, tudo era insuficiente. Não te cansavas dos meus toques na tua pele. Não te cansavas dos meus dedos entrelaçarem-se no teu cabelo vermelho. Vermelho como o teu sangue. Sangue que eu sempre desejei derramado sobre as minhas mãos. Como ter a tua alma encurralada sempre e para sempre a mim.

Fazia de tudo para te parecer que comigo o tempo parava, que podias viver sempre num imaginário. Interessava-me tudo em ti. O meu brinquedo, a minha marioneta. Aquela que sempre se interessou por mim, e nunca o sentimento seria mútuo. Nunca. Mais não podia fazer com que te separasses de mim mais facilmente. O tempo sempre esteve contra mim, contra as minhas vontades. Mesmo assim eram décadas para mim. Anos e anos passados contigo. Enquanto que, para ti, eram apenas noites. A tua vida seria sempre assim? Uma constante afeição sem dares pelo facto que seria o teu fim? Porém a tua vida, o caminho que escolheste por tua livre vontade. Pois foi pelo meu toque que te encontraste num vasto mar de incertezas e dúvidas que te definiam como um ser incerto, à deriva por momentos desconhecidos.

Momentos tão longos que mesmo assim pareciam tão curtos. Momentos infinitos com um começo e um fim. Não importava o que estaria entre este começo e fim, importava apenas como tudo começava e como um dia acabaria.


N/A: Agradecimentos à B. por ter betado de forma relâmpago hahaha e à Dark pela criação deste difícil Mini-Challenge hahahaha