Os personagens desta fanfic não me pertencem. Mas eu não pretendo comercializá-los ou ganhar qualquer coisa por ter escrito esta fic além de comentários preciosos.

Ship: Draco Malfoy/Harry Potter

Capa: por DarkAngel – link no meu perfil.

Sinopse: Harry sempre soube que faria qualquer coisa por sua família, mas jamais imaginou o preço que poderia pagar.

Spoiller: 7

Beta: Twin e Moony fofas!

Finalização: 13 de junho de 2010

Quantidade de capítulos: 11

Ma Mémorie Sale

Capítulo 01 – Destino

O sol brilhava sobre Londres de forma escaldante, como se repetia nos últimos anos. As pedras da estação de King Cross ofereciam um contato reconfortante quando Harry se recostou à parede, olhando Ginny beijar a testa de Lily.

- Vai dar tudo certo, meu bem. Nos escreva logo que puder contando qual sua casa. – ela sorria para a filha, acariciando seu rosto tão parecido com seus próprios traços e Harry suspirou, feliz com a cena.

A cada vez que pisava naquela estação, era inevitável que centenas de lembranças o invadissem a cada detalhe. E era impossível não contabilizar o tempo. Vinte e um anos de paz e felicidade depois que tudo acabou. Ele nunca queria parar aquela contagem.

- PAI! – o grito o tirou de sua reflexão e Harry se separou da pedra fria, se endireitando e procurando sua origem. Do meio da multidão que se aglomerava perto do expresso de Hogwarts, Albus se destacava, correndo em sua direção.

O homem amorteceu o impacto do garoto contra seu corpo em um abraço, acariciando seus cabelos e o beijando.

- E ai, como foi o fim das férias? – perguntou, se contagiando com a animação do garoto enquanto ele cumprimentava a mãe.

- Bem. Eu e o Scorpius saímos para caçar junto com o senhor Malfoy. Foi muito legal! – o garoto pareceu se lembrar de alguma coisa e voltou correndo para a multidão, reaparecendo abraçado com um outro garoto, cujos cabelos eram de um loiro tão puro que pareciam saltar aos olhos ao lado dos negros de Albus.

- Olá, Draco. – Harry se adiantou para apertar a mão do homem que vinha junto com as crianças – Correu tudo bem?

- Sem problemas, Potter. Parece que o natal será na sua casa. – ele avisou em voz baixa, sorrindo, e passou os braços pelos ombros do filho – Você já pediu, Scorpius?

- Posso ir na sua casa nas férias de natal, senhor Potter? O Albus me convidou... e disse que com os primos dele nós podemos montar dois times para jogar quadribol. – ele acrescentou, animado.

- Claro. – Harry riu da empolgação das crianças – Tenho certeza que Bill e George já devem estar planejando tudo também.

O expresso apitou em uma última convocação, e os pais começaram a se despedir dos filhos que ainda permaneciam na plataforma, acomodando as bagagens e olhando de longe eles sumirem em meio aos vagões.

- Vamos, Ginny, eles vão se atrasar! – Ron apressou a irmã, que ajeitava as vestes de Albus e o beijava mais uma vez.

O garoto se desvencilhou da mãe, gritando um "tchau" apressado por cima do ombro, e correu atrás de Scorpius, que já escalava os degraus para ingressar no interior do trem. O loiro estendeu a mão a Albus enquanto ele subia, e o moreno soltou as ameias, mas não chegou a tocar a mão do amigo. Seu ato se perdeu no ar quando os olhos verdes giraram nas órbitas e se fecharam, o corpo pequeno interrompeu o movimento de subir os degraus e voltou para trás, caindo esparramado e inconsciente na plataforma.

- ALBUS! – Harry correu em direção ao filho, o pegando no colo e o afastando do trem. Seu corpo parecia assustadoramente frágil. Ele buscou com o olhar a esposa – Cuide dos outros. – e aparatou para o hospital.

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As saias rodavam. O vermelho cru, brilhante, vivo e escuro girava em um único tom, oscilando em curvas sinuosas no ar. A luz do fogo fazia com que o vermelho parecesse mais escuro em comparação às faíscas brilhantes e à brasa acesa sob os pés descalços e delicados que dançavam. O fogo fazia a saia girar em cor de sangue e Harry quase podia ouvir a música que não existia enquanto os pés se moviam sobre o fogo em uma cadência e uma batida contínua de gritos surdos.

- Senhor Potter?

Sua cabeça se ergueu em um gesto brusco e assustado e ele percebeu que havia dormido na cadeira novamente. Endireitou-se, sentindo as costas estralarem, e passou as mãos no rosto cansado antes de olhar para a enfermeira.

- Sim, Suelen?

- O senhor tem visita.

Os olhos verdes buscaram o pequeno relógio sobre a mesa no canto do quarto. Uma e meia da manhã do dia 25 de dezembro.

- É minha esposa?

- Não, senhor. É a família Malfoy.

- Ah, claro. – ele riu.

A enfermeira entendeu como uma assertiva e saiu do quarto, chamando os visitantes. Scorpius entrou primeiro, tímido, lançando um olhar incerto para a cama do outro lado.

- Feliz natal, senhor Potter. – ele ofereceu um pequeno pacote para Harry, que acariciou seus cabelos.

- Obrigado. Ganhou muitos presentes? – o garoto confirmou com a cabeça em um sorriso pequeno e Harry se levantou para cumprimentar os outros visitantes.

- Como vai, Potter? - Astoria pousou uma mão sobre seu ombro em um gesto de conforto e ele sorriu.

- Mãe, posso dar o presente do Albus? – Scorpius aguardava parado em frente à cama, olhando para o amigo.

Harry passou as mãos pelo rosto e a mulher o socorreu, indo até o filho.

- Claro, meu bem. Só não o incomode.

Harry viu os dois sentarem-se à beira da cama. Os dedos pequenos de Scorpius afastaram os cabelos negros dos olhos fechados de Albus enquanto Astoria acomodava sobre a mesa de cabeceira um pequeno embrulho entre os outros deixados ali mais cedo, por outras pessoas. Ele achou melhor aproveitar que havia alguém para ficar com Albus enquanto tomava um pouco de ar.

Draco estava parado perto da porta, observando a cena de longe. Ele não falou nada, somente trocou um olhar com Harry enquanto deixava o quarto e se dirigia à cafeteria. A enfermeira demorou a aparecer, servindo os dois rapidamente.

- O pessoal do plantão está fazendo uma pequena ceia no refeitório para trocarem os presentes de amigo secreto. Se quiserem, podem se juntar a nós. – ela convidou com um sorriso compreensível quando Harry negou com a cabeça – Ok, se precisarem de algo é só tocar a campainha.

Quando ela saiu, Harry tomou um gole do café quente e deixou a cabeça cair sobre a bancada, respirando fundo.

- Você está péssimo, Potter. – Draco disse sério e ouviu o outro rir amargo – Desculpe vir a essa hora, mas Scorpius insistiu que queria ver Albus.

- Tudo bem. – Harry se endireitou para beber mais um pouco – Como conseguiram entrar? Não é exatamente horário de visitas.

- Fazer grandes doações ao hospital tem suas vantagens. – o loiro respondeu em um sorriso contido antes de beber um pouco do seu café também – Achei que Ginevra estaria com você, ou algum outro Weasley.

Harry negou com a cabeça, bebendo.

- Eu mandei todos para casa. Lily e James já estavam afetados o suficiente pela situação, não poderia negar para eles uma festa com a maior presença possível de entes queridos para mimá-los.

- Menos você.

- Eu não conseguiria. – ele disse, olhando para a porta do quarto de Albus.

- Alguma mudança no quadro?

- Não. Nada. – ele tomou mais um gole, que, pela sua expressão, pareceu descer rasgando sua garganta.

- O que os médicos dizem que ele tem? – o loiro insistiu. Havia se informado até então pelos boatos dos jornais, mas, pelo que via, a situação era um pouco diferente de "o filho de Harry Potter está internado em coma no St. Mungus".

- É uma doença degenerativa. Não se sabe as causas, mas, pelo que parece, ele nasceu com ela. Os efeitos foram estimulados pelo uso contínuo da magia depois que ele entrou no colégio. Era para ele ter morrido no dia do desmaio se o socorro não tivesse sido rápido o suficiente. Foi quando atingiu o cérebro.

- Mas o que ela faz?

- Destrói células. Elas simplesmente morrem. Algumas se regeneram, mas, no caso das cerebrais, não. As poções que ele tem tomado estão conseguindo repor as dos sistemas fundamentais para mantê-lo vivo, mas, como não anulam o avanço da doença, elas são repostas hoje e destruídas daqui a algumas horas, de forma contínua. Assim ele não acorda, o quadro não muda. E pode chegar um ponto em que as poções não sejam tão rápidas quanto a doença. Então... – ele depositou a xícara sobre o balcão e a ficou encarando fixamente.

Draco o olhava sem saber o que dizer. Eles não tinham nenhuma ligação há anos, até que Albus e Scorpius entraram para a Slytherin e decidiram se tornar a dupla mais inseparável do mundo, independente da vontade dos pais, que também não fizeram nada para impedir isso além de aceitar a convivência eventual de forma velada pelas crianças.

Ele também tinha um filho, e estaria simplesmente em desespero se acontecesse algo do tipo com Scorpius. Mas não tinha como oferecer nada para amenizar a dor que sabia que Potter estava sentindo, mesmo porque não havia proximidade entre os dois para isso.

- Se eu puder fazer alguma coisa, Potter. – ofereceu, quase sem jeito – Scorpius está sentindo muito. E... e eu ainda tenho uma dívida com você. – ele se viu na obrigação de acrescentar.

Os olhos verdes o encararam por um longo momento antes que um pequeno sorriso surgisse nos lábios do moreno e ele desse as costas para o loiro, voltando para o quarto do filho.

- Se souber de uma cura, me avise. Eu faço qualquer coisa pelo meu filho.

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Os dedos de Ginny se entrelaçaram aos seus e Harry a olhou sorrindo, andando ao seu lado com a filha pequena nos braços. Era bom saírem assim, para simplesmente... estarem juntos.

- Olha, pai, uma vassoura!

Um James empolgado ficou na ponta dos pezinhos em frente à loja para ver melhor a nova Firebolt 7 que planava na vitrine.

- Você já pediu seu presente para o tio Ron? Garanto que ele ficaria mais empolgado com a vassoura que você. – Ginny riu ao ver a expressão do filho se iluminar e ele correr de volta para o casal, se abraçando à perna do pai.

- Se eu ganhar, joga comigo, papai?

- Claro! – Harry colocou o pequeno Albus no chão, segurando sua mãozinha, e se inclinou para beijar os cabelos ruivos do outro filho.

- O que é aquilo? – Ginny apontou uma pequena concentração de pessoas não muito distante, e sorriu para Harry, em um consenso para se aproximarem.

Havia um círculo em uma esquina do Beco Diagonal, perto da entrada do Gringotes, fechado naquele sábado. No centro, uma fogueira pequena queimava em chamas não muito altas, mas vivas. Sentado nos degraus do banco, um homem vestindo botas bruxas, mas uma calça e camisa trouxas, com lenços de cores fortes amarrados na cintura e no pescoço, tocava um violão de forma enérgica. A música era bonita e instigava à dança.

Havia uma mulher, a saia rodada vermelha, lenços presos à cintura e outro nas mãos, os cabelos negros, como os olhos, soltos e longos, giravam em meio aos brincos, colares e pulseiras douradas que tilintavam como se acompanhando a música enquanto seu corpo dançava com graça, os pés descalços perigosamente próximos da fogueira pareciam ter vida própria, conduzindo os movimentos sinuosos de todo o seu ser.

Harry desprendeu os olhos da visão da moça dançando com algum esforço ao sentir um puxão leve em sua blusa. James ergueu os bracinhos em uma clara indicação de que queria ser erguido para ver também o que os pais assistiam por cima das cabeças da multidão. Harry não hesitou, pondo o filho montado sobre seu pescoço, e puxando Albus mais para perto, sentindo-o recostado às suas pernas.

O garoto, porém, não estava feliz com a apreciação da diversidade de vestes e sapatos à sua frente. Ele podia ouvir a música, o tilintar e os risos e queria saber o que estava acontecendo. Uma luz oscilava pouco adiante e, em um impulso, o garotinho quis alcançá-la, correndo para que os pais não o impedissem, se desviando das muitas pernas.

- Albus! – Harry gritou assim que sentiu a ausência do filho de junto ao seu corpo. Colocou James no chão junto a Ginny em um movimento rápido e tentou atravessar a multidão e localizar o filho ao mesmo tempo.

O espetáculo fora interrompido para todos quando a pequena criança surgiu correndo no meio da roda até se chocar com as pernas da cigana. Todos riram e ela olhou os olhos verdes envergonhados por apenas um segundo antes de se abaixar e erguer o rosto da criança com um toque leve para que pudesse lhe dizer que não foi nada, e procurar localizar seus pais.

O toque, porém, lhe disse muito mais do que desejava. O sorriso gentil se desvaneceu no rosto da cigana, dando lugar a tristeza e preocupação.

- Desculpe. – Harry se aproximou, se abaixando ao lado de Albus, que envolveu seu pescoço de forma automática, sendo erguido ao seu colo.

- Não tem problema. Mas eu gostaria de conversar com você. – ela se voltou, ainda diluindo as imagens que a invadiram ao tocar a criança, para apontar a grande diligência estacionada na travessa ao lado. Quando seus olhos pousaram no estranho, porém, ela sorriu e acrescentou com alguma surpresa – Harry Potter.

Ele sorriu sem graça, e negou.

- Não, obrigado. Não me entenda mal, mas não acredito nessas coisas, então é melhor que não perca seu tempo comigo.

Ela analisou seu rosto por alguns segundos, atenta.

- Alguém com a sua trajetória já deveria ter aprendido a acreditar. É importante.

Ele se assustou um pouco com aquilo. Era uma frase dúbia, mas, de alguma forma, ele pensou que ela pudesse se referir à profecia. E a profecia era um dos poucos detalhes de sua história ainda mantida em quase segredo.

- Não é exatamente não acreditar. Eu aprendi a não deixar que adivinhações e profecias guiem minha vida. – ele respondeu sério.

- Tudo bem. – ela sorriu – Mas vai chegar um dia em que você sentirá que é capaz de dar sua vida para saber o que vai acontecer. E eu gostaria que soubesse que eu estarei aqui, e posso te ajudar. E vou te ajudar sem pedir nada em troca, porque você já fez demais por gente como eu.

Ela envolveu o lenço em seus ombros e lhe deu as costas, caminhando pela rua sendo seguida pelo violeiro. Deixando para trás um homem moreno confuso.

- Papai?

- Está tudo bem, Albus. – Harry sentiu como se o chamado do filho o puxasse de uma realidade distante – Cadê a mamãe? Vamos embora.

-:=:-

NA – Olá, meus queridos.

Nossa, só agora me dei conta de há quanto tempo eu não postava uma HD longa ._. Saudades.

Espero que curtam a fic. Ela vai ser postada de forma alternada com Asmodeus, para me dar tempo de escrever sem matar vocês de abstinência XD

Enjoy!

Beijos