Declínio.

[Figurado] Decadência, abatimento, ruína.


"E em meio ao vermelho, seu declínio, sentiu-lhe a paz o envolver."


O vento espalhou-se por todo o campo, fazendo as folhas sobrevoarem os corpos ali. O vermelho estava presente por todo canto daquele local, os corpos já sem vidas, estirados ao chão, faziam o trabalho de tingir a neve.

O único ser que obtinha ainda a vida, também tinha o vermelho em si. E em sua camisa branca o sangue tomou conta, tornando-a um bordô.

Até em sua face rígida tinha vestígios de vermelho.

No campo o silêncio seria predominante, se não fosse o ritmo acelerado de seu coração e sua respiração descompassada. Seus lábios estavam levemente roxeados, enquanto seus dentes cerravam involuntariamente - devido à temperatura fria.

Em meio todo aquele massacre, ele não conseguiu sentir o fragrância da vitória misturada com a do sangue. Tudo o que ele conseguiu sentir foi o seu próprio congelar.

O vermelho do sangue por muitos anos foi o seu vício. O seu único companheiro, um amante fiel. E agora havia se tornado o seu declínio, sua ruína.

E ali, pela primeira vez em muitos anos de sua vida, ele fechou os olhos e desejou o descanso.


Sentiu um toque cálido em sua face e - imediatamente - abriu os olhos. Deparou-se com verde. O verde que coloriu o lugar mórbido. E ele não mais desejou, ele encontrou, em um singelo toque, em um simples abraço.

E em meio ao vermelho, seu declínio, sentiu-lhe a paz o envolver.


Você ainda pode ver meu coração?
Toda minha agonia se vai,
Quando você me aperta em seu abraço.
- Within Temptation.