Ela
Draco/Ginny
By: DanielaMPotter
A minha vida era vazia… um buraco negro no meio de todas as enfermidades daqueles tempos. Até ao dia em que me dei ao trabalho de reparar nela.
Encantei-me por ela, por tudo o que lhe pertencia e era apenas seu. Apaixonei-me pelo seu jeito alegre de andar, pela forma como ela sorria, que quando os seus lábios se curvavam as suas sardas pareciam mais densas. Encantei-me pelo seu jeito de olhar, a forma como os seus olhos transmitiam uma paz e uma força que nada nem ninguém poderia derrubar. Apaixonei-me pela pele branca que, mesmo sem o prazer do toque, tinha a certeza de ser mais suave do que o mais caro dos veludos, e também por cada fio de cabelo seu, cabelos da cor do fogo, o mesmo fogo que ela representava para mim. Ginny era infantil, sempre no bom sentido. Tinha aquele ar de criança eterna: uma teimosia incurável, um sorriso doce, uma energia impossível…
Observava-a todos os dias, seguindo-a pelos corredores, observando cada gesto, cada preferência, querendo saber mais e mais sobre aquela menina-mulher. Ginny era ela própria quando estava com os amigos, a tenacidade habitual, os risos altos, os olhos mais brilhantes do que qualquer estrela no céu. Mas quando Ginny estava junto dele… ela não brilhava, porque simplesmente não era mais a Ginny. Foi aí que percebi que durante todos estes anos eu apenas ligara à Ginny que sempre ficava do lado do Potter, e nunca conheci a verdadeira Ginny, aquela que me cativou e me fez apaixonar imediatamente. Porque Ginny não era a mesma junto dele. Havia uma seriedade fora do normal, uma espécie de máscara de adulta guardada apenas para ele. Uma mistura de honra, coragem, fealdade, força… tal e qual como ele. Eu odiava aquela Ginny pois ela não era não era mais do que uma falsa máscara de maturidade para o agradar. A máscara que o Potter apreciava, porque era assim que os seus dois amigos eram. Mas ele não conseguiu entender que Ginny tinha algo a mais, que era diferente de qualquer outra. Embora já tivesse sofrido ás mãos das Trevas, ela ainda preservava aquela inocência e alegria de quem não está no centro da guerra, uma esperança imprópria a mártires como o Potter ou a pessoas frias como eu. Mas quando Ginny estava longe dele, ela era simplesmente cativante.
Mas a Guerra veio… e pouco deixou! Eu escolhi um caminho diferente do dela e perdi-a. No fundo, no fundo, ela nunca foi minha. Talvez ela nunca tenha reparado na forma como ela era viciante para mim, na forma como foi ela que me fez mover, que me deu forças para lutar e sobreviver.
A Guerra acabou e ganhou o lado que "devia" ganhar. Os heróis cantam vitória e os vilões ardem no inferno ou padecem na prisão. Muitos caíram e tombaram no chão. Muitos olhos não mais se voltaram a abrir de ambos os lados.
Naquela guerra, Ginny morreu. Depois disso, apenas restava uma outra Ginny, ou talvez apenas um espectro massacrado do seu verdadeiro "eu". Agora que ela é definitivamente do Potter, não é mais a "minha" Ginny…
Já não há nada nela que me lembre a mulher que eu amei senão a aparência que nem me cativa. Ela é mulher de outro, assim como ela própria já é outra!
