Disclaimer: Glee não pertence a mim e sim a Ryan Murphy e essa história foi escrita originalmente em inglês por Chloe Winchester. Eu estou apenas fazendo a tradução.
Nota da Autora: Para Warblerinfections. Espero que isso faça jus às suas expectativas :)-
Estive Procurando Por Você Minha Vida Toda
Capítulo 1: Medo do Escuro
Um garoto senta-se sozinho em um banco no parque. O sol pálido dança em sua pele de porcelana, o cabelo balança um pouco com a brisa. Ele respira fundo, uma bengala decorada com estampa xadrez ao seu lado. Seus olhos azuis da cor do céu parecem olhar para o parque a sua frente, observando as crianças brincarem e os cães correrem. Algumas pessoas passaram por ele, mas elas eram invisíveis.
O garoto era cego.
Ele deslizou os óculos de sol sobre os olhos, sentindo o calor do sol em seu rosto, sabendo que seus olhos poderiam queimar se os mantivessem expostos.
Suas mãos tatearam sobre um livro em seu colo, coberto de pontos em um código que só ele entendia. Ele riu baixinho para si mesmo em uma frase do diálogo. Ele estendeu a mão para o relógio, pressionando um botão.
"Duas e treze" o relógio chiou. Ele se levantou com um suspiro, colocando o livro em sua bolsa, checando o fecho para ter certeza que estava fechado antes de se levantar e ir embora. Ele estalava a língua, segurando sua bengala na mão, contando os passos em sua cabeça.
Ele ouviu alguns sussurros de crianças confusas enquanto ele passava, perguntando as suas mães o que havia de errado com ele. Ele ouviu o cruzamento de carros ali perto, ouviu um homem a menos de uma quadra gritar para seu filho diminuir a velocidade de sua bicicleta.
Estava um dia agradável.
Outro garoto estava sentado sozinho em sua cama. Sirenes soaram ao longe, nesse bairro que antigamente era agradável, seus pais gritavam no corredor, assim como o resto das pessoas daquele prédio.
O coração daquele garoto era endurecido, duro como pedra. Anos de gritos, anos apanhando de seu pai, de estranhos nas ruas, anos com sua mãe ignorando os espancamentos que lhe deixava coberto de hematomas, anos brigando consigo mesmo por ser quem ele era, anos indo para escolas onde os meninos eram maus assim como ele e anos machucando a si mesmo apenas para ter algum tipo de controle, o transformaram nisso.
Ele era frio, impiedoso, cansado e cruel por fora.
Por dentro, lá no fundo, onde ele não deixava ninguém chegar, nem a si mesmo, ele estava com medo, sozinho e vulnerável. O que ele queria mais desesperadamente do que qualquer outra coisa no mundo era ser amado. Às vezes, quando ele apanhava muito e perdia sua sensibilidade, ele imaginava um garoto doce, quente e bonito. Ele imaginava estar em seus braços, todos os problemas, contusões e agonia desaparecendo com seu toque.
Ele estava imaginando isso agora, quando um homem que ele chamava de pai invadiu seu quarto, agarrando sua camisa, sacudindo-o, chamando o de bicha aos berros, o batendo de novo e de novo com uma força inacreditável enquanto sua mãe continuava a beber na sala de estar.
Quando tudo acabou, ele limpou o sangue debaixo de seu nariz, sentou-se novamente em sua cama, em seu rosto não havia qualquer expressão, nem dor ou outra emoção, guardou a raiva e empurrou de volta para a garrafa que ele nunca abria.
Ele atendeu ao telefone, respondendo a uma chamada que não poderia ser mais indesejada.
"Quê?" Ele rosnou.
"Se acalma cacete. Vamos naquela espelunca amanhã ou não?". Wes perguntou, a voz carregada de sarcasmo e diversão.
"Sim, vamos" Ele suspirou.
"Algo errado?" Seu amigo perguntou.
"Não" Ele mentiu. "Estou bem".
Blaine Anderson desligou, olhando suas mãos, estremecendo suavemente quando uma garrafa bateu contra a parede, um grito se seguiu.
Foi uma noite terrível.
O garoto cego caminhava alegremente, tendo a certeza de manter o controle de onde estava, sabendo que ele tinha que tomar cuidado naquela parte desconhecida da cidade.
Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.
O menino cujo pai havia gritado para diminuir a velocidade da bicicleta passou e esbarrou no cotovelo de Kurt fazendo o girar, enquanto um corredor passou à sua direita, um carro buzinou, os pneus cantando por um breve momento, ele tropeçou em seus próprios pés e caiu.
Ele respirou fundo lentamente algumas vezes, as palmas das mãos esfoladas. Ele rapidamente pegou sua bengala, batendo no chão suavemente para tentar ouvir onde estava.
Ele podia sentir os edifícios e as pessoas ao seu redor, provavelmente encarando-o. Mas... mas nada mais era familiar. Virou-se, desorientado e, agora, com medo do escuro, Kurt Hummel estava perdido.
"Blaine, o que diabos estamos fazendo aqui?"
O garoto riu, sacudindo os cachos de seu rosto. "Cale a boca, Wes. Basta confiar em mim."
"Esse lugar é uma cidade de merda e cheia de caipiras¹" Jeff reclamou.
"É? Bem nossa concorrência está aqui. Nós também podemos verificar quem são as vadias que temos que vencer", respondeu ele.
"Como eles são chamados mesmo?" Nick perguntou.
"Nude Erections²" Jeff riu. Blaine bateu em seu braço.
"Idiota."
"Ei" Thad disse, sorrindo e gesticulando para o outro lado da rua. "Saca só".
Blaine olhou, arrumando sua jaqueta. E gelou.
Um rapaz. Um lindo rapaz, delicado, caminhava pela calçada do outro lado da rua. Ele estava estalando a língua, um olhar de pânico em seu rosto, batendo a bengala no chão quase freneticamente. Blaine achou que ele tinha uma música muito animada presa em sua linda cabeça.
"Parece que ele joga no seu time, Blaine" Brincou David, acotovelando-o nas costelas.
"Cala a boca" disse ele, rindo friamente.
"Que tal irmos dizer um oi?" Wes sorriu, atravessando a rua e indo em direção a ele. Blaine franziu a testa.
Ele não queria isso. Por alguma razão estranha, ele queria que eles deixassem aquele menino angelical em paz. Ele não sabia por que ele se sentia assim, mas a última coisa que ele queria era incomodá-lo. Ele queria deixá-lo naquele estado intocável de beleza. Mas Wes e os outros estavam indo em direção a ele, rindo.
"Ei, amigo" Thad sorriu, zombando dele. O menino congelou.
"Óculos maneiros" Trenton comentou, arrancando-os de seu rosto. "Se importa se eu experimentá-los?"
"Por favor" Sua voz também era celestial, um sino suave e doce que fez o coração de pedra de Blaine derreter. "Por favor, eu não quero nenhum problema. Estou apenas tentando voltar para casa".
Ele não olhava para eles quando falava. Ele não olhava para nada. Ele estreitou os olhos contra a luz do sol, agarrando a bengala na mão, quase choramingando quando Thad a tirou dele.
"Pra que isso, para a vovó?" Ele bufou.
"Deixe-me em paz" Ele implorou.
Blaine entendeu tudo. Os óculos de sol, a bengala, o olhar perdido...
"Droga", ele suspirou. "Gente, para". Eles começaram a insultá-lo, ignorando o pedido de Blaine. "PAREM COM ISSO!"
"Cara, qual o problema?" Wes perguntou. O anjo foi pressionado contra a parede do edifício, seu peito chacoalhando enquanto ele tentava respirar, os olhos assustados e cheios de lágrimas.
"Ele é cego" ele sibilou. David bufou.
"E daí?" O garoto fez o mesmo barulho assustado novamente. O estômago de Blaine fervia por razões desconhecidas.
"E daí? Você tem merda na cabeça? Saia de perto dele!" Ele o empurrou para trás, arrancando os óculos de sol de Trent. "Vá para a droga da escola. Encontro você lá mais tarde".
"Blai-"
"VAI!" Ele rosnou. "Ou eu vou chutar a sua bunda aqui e agora!"
"Ok, ok" disse Flynn, erguendo as mãos e se afastando. "Nós estamos indo. Desculpe por assustá-lo".
"Princesa" acrescentou Jeff sob sua respiração. Eles foram embora, deixando um Blaine irracionalmente irritado para trás.
Ele olhou para o anjo, apertando a bengala em sua mão, esperando ele se acalmar. "Desculpe por eles. Eles... eles são idiotas."
"Você vai me machucar também?" Ele perguntou com a voz trêmula, ainda com medo.
"Não" assegurou Blaine, mantendo uma aspereza em sua voz. "Não, eu não vou." Ele olhou em volta. "Onde você está tentando ir?"
"Minha casa" ele chiou.
"Qual, hum..." Ele estava nervoso. Por que diabos ele estava nervoso? "Onde você mora?"
Kurt estava corando, lágrimas de frustração em seus olhos. Ele culpou aquela criança e sua maldita bicicleta por tudo aquilo.
"Onde estamos agora?" Ele sussurrou, odiando-se por ter que confiar nesse rude estranho. Ele podia sentir o cheiro persistente de cigarro em sua jaqueta, que era de couro, ele percebeu pela frieza do material que sentia perto de seu braço. Ele cheirava a colônia também. Loção pós-barba, talvez, gel de cabelo e chiclete. Pela mais ridícula das razões, ele achou o aroma quase inebriante.
"107 e Ballard" ele disse. Kurt engoliu, piscando para se livrar das lágrimas.
"Norte" ele respirou.
"Tudo bem" Blaine assentiu. Ele pegou sua mão, tendo que pegar a esquerda, pois o garoto segurava a bengala na direita. "Vamos, eu vou levá-lo."
Kurt parou quando ele tentou guiá-lo. "Eu nem sei o seu nome" ele respirou.
"Eu sou Blaine."
"Kurt."
O anjo tinha um nome. Pela primeira vez em anos, literalmente anos, Blaine sorriu.
Nota da Tradutora:
1- O termo original é "Fucking Cowtown", cidade de merda e cheia de caipiras foi o melhor que eu consegui fazer.
2- "Nude Erections", em português seria Ereções Nuas, mas para o bem do trocadilho eu vou usar o original.
Eu fiquei sabendo que tem outra pessoa traduzindo esta história, mas como eu estou traduzindo para treinar o meu inglês e a pedido de uma amiga e porque eu me interessei pela história, eu vou continuar. Postarei todas as terças e sextas. Notas da autora só quando for a respeito da história.
Se alguém tiver alguma história boa que gostaria que eu traduzisse, estou aberta a pedidos.
