Embora o começo do verão fosse extremamente quente e seco, estava chovendo muito; o suficiente para, ao menos, abafar gritos de socorro vindos de um dos muitos becos do lugar.
Chovia bastante para desorientar uma jovem mulher, já a muito perdida. Além do barulho torrencial da chuva, a única coisa que ela conseguia ouvir era o som de seus stilletos batendo no chão.
- Regulus – berrou a moça, tirando uma mecha do cabelo negro e molhado da frente de seus olhos – você está aí?
Não obteve resposta, o que já era previsível. Se encolheu ainda mais no sobretudo de cor escura, que, por causa da água nele acumulado, pesa dez vez mais que o normal.
Continuou a andar pelas ruas vazias, sentindo-se cada vez mais desorientada.
Os lábios, pintados de vermelho, tremiam incessantemente, lembrando-lhe que não era prudente permanecer por muito tempo embaixo d'água. Mas sua urgência era maior que seu senso de bem estar.
Com um tanto de dificuldade, tentou ler o número da placa de um prédio à sua esquerda. Era algo como 313B. Umas duas quadras antes do lugar marcado com Regulus. Deu meia volta, mas antes que pudesse atravessar a rua para voltar ao seu ponto de partida, um grito abafado de dor lhe chegou aos ouvidos.
Extremamente atenta, estacou onde estava. Seus olhos e ouvidos tentaram captar algo, mas debaixo da chuva, ambos os sentidos fracassaram na busca por alguma anormalidade.
Durante algum tempo nada aconteceu. Até que, para surpresa da jovem, um novo ruído chegou aos seus ouvidos. Esta vez, já precavida, não perdeu tempo, e tentou chegar o mais rápido possível ao foco do barulho.
Com dificuldade por conta dos saltos extremamente altos, levou mais tempo do que o normal para correr, e, quando julgava que perdera sua oportunidade, ouviu um novo grito. Muito perto.
Chegou a um dos becos do lugar, situado entre dois grandes galpões. No chão, havia um corpo estirado. E uma poça de algo denso e escuro no chão, sendo diluído pela água.
Aproximou-se do corpo. Era um rapaz, extremamente pálido e ferido. Seus lábios abriam e fechavam rapidamente.
- Regulus – a moça chamou, tentando manter o controle – fique aí. Vou conseguir ajuda.
Hesitou um pouco, deixá-lo ali não era a melhor opção, assim como ficar parada também não era. Mas, como o pouco de força que lhe sobrava, o jovem fechou sua mão em volta do pulso dela, chamando-lhe a atenção.
- Bellatrix – o rapaz murmurou – ele... você. Chame meu... chame meu
- Não perca tempo falando Regulus – Bellatrix o cortou rispidamente – você precisa de um médico.
Ele olhou para ela, pedindo que o deixasse terminar de tentar falar.
- Eu... Chame meu irmão.
Ignorando a surpresa do momento, Bellatrix notou a fonte da sangria de Regulus: um ferimento em seu peito.
Antes que pudesse berrar ou falar qualquer coisa, ele já estava morto.
Prólogo da minha fic para o Projeto Where Else, do fórum 6V. Espero que gostem. E não esqueçam de comentar :)
Em breve vou postar o primeiro capítulo. Em breve mesmo.
