N/A: Esta fanfic também será publicada em inglês. Boa leitura!


Havia algo de diferente em Sherlock ao cruzar a porta do apartamento 221B naquela noite. John levantou os olhos do livro que lia, e observou o amigo passar pela sala com pressa, abrir uma gaveta e retirar algo em meio aos talheres. John não se deu o trabalho de se virar para observá-lo.

- Então, Sherlock, alguma novidade sobre os roubos na joalheria?

Sherlock balbuciou algumas palavras, mais para si do que em resposta a John e novamente atravessou a sala, dirigindo-se ao seu quarto com pressa. John o observou fechar a porta com os pés e deu de ombros. Não era uma atitude muito diferente do que ele estava acostumado a ver diariamente dentro daquele apartamento em Baker Street e aquele não era um dia para se importar com pequenas coisas, pois Anna, seu relacionamento de 1 mês, tinha acabado naquela tarde. Voltou então sua atenção ao livro na tentativa de se distrair.

Em pouco tempo, o silêncio da sala foi interrompido pelo celular de John, que apitou com um alerta de mensagem.

Você está pronto para sair? –SH

John ergueu as sobrancelhas e olhou para o celular. Já eram 22:17 e ele se encontrava de pijamas e roupão. Olhou em direção ao quarto de Sherlock e respirou fundo.

Você teve coragem de me mandar mensagem mesmo estando a 5 metros de mim? – JW

Você não respondeu minha pergunta. –SH

John rolou os olhos.

Eu não vou sair para lugar algum. Estou de pijamas, caso não tenha notado. –JW

John, não seja ingênuo. Obviamente quando eu entrei na sala eu observei que você estava com seus trajes noturnos. E lendo um livro entendiante. Largue este livro, John. Estamos saindo. -SH

John sorriu ao ler a mensagem do amigo. Ele sabia que Sherlock não deixava passar detalhes, mas também não esperava que ele fosse convencê-lo tão facilmente de se levantar. Mas Sherlock tinha algo em mente e John sabia que seria uma forma ainda melhor de se distrair do término do seu namoro. Levantou e dirigiu-se para seu quarto, abrindo o guarda-roupa. Pegou o celular que havia jogado na cama e escreveu rapidamente:

Pra onde nós vamos? O que eu devo usar? –JW

Em poucos segundos seu celular piscou e a resposta apareceu na tela.

Use qualquer coisa que não seja pijamas. Ou lençóis de cama. –SH

John riu ao lembrar-se que Sherlock tinha visitado o Buckingham Palace usando apenas lençóis, mas xingou o amigo mentalmente por não ter respondido para onde iam. Colocou um jeans escuro e uma blusa de frio vermelho-escuro. Tentou arrumar o cabelo em frente ao espelho e correu para o banheiro para escovar os dentes. Enquanto o fazia, pode ouvir seu celular apitar 3 vezes.

"Oh, Sherlock, dá um tempo!", pensou.

Voltou ao quarto, onde pegou carteira e celular.

Estou na sala. Obviamente você ainda não está pronto. –SH

John, estamos perdendo tempo. Pare de se arrumar, você já possui uma namorada. –SH

John, você está pronto? Como eu disse, estou aguardando. -SH

John leu as mensagens e entrou apressado na sala de estar, onde Sherlock estava sentado na sua poltrona, com o livro que John estava lendo nas mãos, folheando-o desinteressado.

- Será que você pode ficar um dia sem me mandar todas estas malditas mensagens?

- Penso que não. John me responda, como você consegue ler algo tão entediante como este livro? – Sherlock balançou o livro em direção a John, que encontrava em pé a alguns metros de distância. – Aliás, não me responda. Você vai começar um discurso ainda mais entediante, enquanto temos assuntos muito mais importantes a falar. – Sherlock se levantou da cadeira em um pulo, e deixou o livro na mesinha mais próxima. - Vamos? Temos uma noite adorável pela frente.

- Agora você pode me dizer onde vamos? –John seguiu Sherlock pelas escadas.

Sherlock sorriu para ele enquanto colocava seu casaco por cima da roupa.

- Eu te direi no caminho. – Sherlock falou animado, atravessou a porta do apartamento e acenou para um táxi que vinha pela rua. John veio logo atrás, observando a expressão de felicidade no rosto do outro. Por fim, desistiu de fazer perguntas e entrou no táxi que havia parado, fechando a porta a tempo de ouvir o endereço que Sherlock havia passado ao taxista.

"Não é muito longe daqui... Mas o que será que tem de tão interessante por lá para sairmos tão tarde de casa?" John estava pensando se havia algo de diferente no local, distraído com as luzes da cidade que iluminavam o interior do taxi. Olhou mais uma vez para Sherlock, que também o observava, com um sorriso no rosto.

- Você ouviu para onde vamos, John. Imagino que esteja se perguntando o que vamos fazer neste endereço. Não é muito longe, então preste atenção no que vou te contar, porque acho que precisaremos desta informação quando estivermos por lá.

- Tem algo a ver com os roubos?

- Sim. E a melhor parte é que estamos perto de juntar o quebra-cabeça.

Então durante todo o trajeto Sherlock contou a John o que havia descoberto durante o dia, as novas informações que havia recebido da rede de sem-teto e das deduções que ele tinha feito a partir disso. Também lembrou John de detalhes que eles já sabiam desde o dia do primeiro assalto, cerca de 8 dias antes, e como isso estava relacionado ao assalto da noite anterior. Contou também que havia conversado com Lestrade sobre os possíveis responsáveis e teve acesso ao banco de dados de criminosos com perfil para o caso atual. Depois de ouvir tudo que Sherlock tinha a falar, John ficou um tempo em silêncio, tentando absorver toda a lógica que Sherlock havia criado para a situação, tentando imaginar como ele tinha sido capaz de fazer as conexões que havia explicado. Mais uma vez, olhou para Sherlock e uma mistura de sentimentos o envolveu. John não sabia se queria jogá-lo pela janela do táxi por fazer parecer fácil demais de entender o que ele dizia ou se queria abraça-lo e elogiá-lo pela sua inteligência inquestionável. Por fim, suspirou profundamente e disse:

- Então você acha que eles vão se reunir hoje neste lugar?

- Exatamente.

- Certo. – John esfregou as mãos sobre o jeans da calça e olhou para a rua, no momento em que o taxi virava no endereço que Sherlock havia lhe pedido.

- Aqui estamos. – Sherlock falou, animado, ajeitando as mangas do seu casaco. – Vamos, John. – Sherlock saltou do táxi e observou animado o pub a sua frente, com um grande letreiro neon escrito "Divine Pepper" em vermelho.

John saiu do taxi e retirou o dinheiro da carteira para entregar ao taxista, que olhou para o pub e sorriu para John, agradecendo em seguida. O médico se virou e deu alguns passos, parando ao lado de Sherlock e observando o pub.

- Sherlock, você tem certeza que é aqui?

- Absoluta.