Mais um dia em que a noite encontrava Bella debruçada sobre as contas. Deveria colocar tudo na ponta da lápis para ver se sobrava algum dinheiro para comprar ao menos uma boneca e algo diferente para o jantar de Natal. Economizou muito nos últimos meses, mas acabou adoecendo e precisou comprar remédios. Isso definitivamente não estava nos planos.
E agora o que fazer? Não queria ver mais uma vez o rostinho decepcionado da filha.
Fechou os olhos e esticou as pernas na cadeira da frente. Ela não poderia nunca, jamais dizer que se arrependia dos seus atos no passado. O que ela fez lhe gerou Nessie, seu único tesouro. Seu erro foi apenas se entregar a quem não a amava. Entregar seu corpo, sua pureza a alguém que não tinha sentimentos.
Bella nunca escondeu de Nessie o que houve realmente. A filha tinha o direito de saber que seu pai não a conhecia pelo simples fato de Bella não ter lhe contado que estava grávida e ter perdido o contato com ele. Bem, não era totalmente verdade, mas também não era mentira. Bella jamais contaria que estava gravida simplesmente por saber que ele nunca assumiria sua filha. E Nessie a culpou por isso. Brigaram e depois voltaram as boas. Apesar de desejar ter um pai, Nessie amava a mãe com todas as forças.
E por causa desse amor entre mãe e filha Bella pensava na melhor forma de passarem o Natal. Levantou-se decidida. Iria conversar na empresa onde trabalhava como secretária. Talvez pedisse um adiantamento, ou quem sabe um empréstimo no banco? Afinal, era pobre mas honesta.
Caminhou até o pequeno banheiro, fez sua higiene e foi para o quarto que dividia com a filha. Deitou-se ao seu lado e fez suas orações. Tinha esperança do amanhecer de um dia melhor.
Longe dali, o homem alto e de porte elegante comemorava sua recente conquista. Ele tinha dinheiro, tinha poder e conseguia tudo o que queria. Entrou para o quarto do seu duplex e se jogou na cama. Pela primeira vez em dois anos ele conseguiria dormir em paz. Girou na cama enquanto sentia seu pranto molhar o travesseiro. Estava longe de ser aquele homem arrogante e sem sentimentos que todos julgavam ser. Tinha sentimentos, sim. Ele amou... ele ama. Uma única mulher desde sempre. E há dois meses descobriu um motivo para amá-la ainda mais. Ele iria atras da sua vida. Pra ele, esse não seria mais um Natal soberbo como todos os outros. Mesa farta, casa cheia, mas seu olhar vazio, triste... sem ela.
