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Retratações: Gundam Wing e seus personagens não me pertencem, mas sim aos seus devidos criadores.
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.Desafio Gundam Wing 2010 – Amores Possíveis
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Fanfic: New Perspective
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Gênero: Yaoi, Romance
Casal: 5x4
Censura: M
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Parte 1
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Sempre detestara aquelas comemorações de fim de ano. Para ele, eram apenas uma desculpa para as pessoas ficarem bêbadas, fazerem besteiras, dizerem o que não deveria ser dito e depois se envergonharem pelo resto do próximo ano que ainda nem começara. Ainda se perguntava por que ia sempre a essas festas? Nos Preventers era costumeiramente assim: próximo do final do ano tinha uma reunião informal entre os funcionários, onde era proibido levar cônjuges, namorados (as) ou coisa parecida para a festa; era algo apenas entre os funcionários, era pra ser algo simples apenas para desestressar o ambiente de trabalho, mas que sempre acabava com alguém bêbado, fazendo uma grande besteira que provavelmente lhe causaria uma punição administrativa ou uma demissão por justa causa assim que recomeçassem as atividades do ano seguinte.
Gostava de pensar que comparecia àquelas comemorações por obrigação, mas no fundo não gostava de admitir que se permitia ser arrastado porque simplesmente não queria ficar sozinho em plena noite do dia 29 de dezembro, assistindo algum programa inútil na televisão e se entupindo de um monte de porcaria. Aquela palavra pesava mais em sua mente do que seria capaz de admitir...
Sozinho.
Preferia imaginar que estava sozinho por opção; que assim seria sempre melhor, já que não gostava de dividir seus pensamentos, dúvidas, sentimentos, enfim, sua vida com mais ninguém. Não queria outra pessoa invadindo seu espaço e uma série de outros motivos que poderia passar a noite inteira enumerando. Mas, por mais que fosse mais fácil pensar assim, não era idiota o suficiente para acreditar nisto.
Estava sentado em um canto isolado do que antes era a repartição de arquivos de pessoas desaparecidas, mas que agora havia sido transformado em um enorme salão de festas, com direito a bar e tudo. Segurava uma bebida nas mãos que, àquela altura da noite, já deveria estar em ponto de ebulição, pois somente a segurava sem necessariamente bebê-la. Era apenas uma desculpa para afastar quem por ventura se aproximasse de si perguntando se queria algo para beber. A resposta já estaria na ponta da língua, ou melhor, na ponta dos dedos.
De longe observava os quatro jovens que há alguns anos atrás haviam sido seus companheiros de guerra. Tinha que admitir que era no mínimo estranho a relação que desenvolvera com os outros rapazes: eles eram o que ele tinha de mais próximo a uma família na vida. A guerra lhe tirara tudo, teve que se agarrar às pequenas coisas que lhe restaram, e saber que aqueles jovens também dividiram experiências muito parecidas com as suas próprias, lhe reconfortava de certa maneira. Não que achasse bom que outra pessoa tivesse também seu lar arrancado de suas mãos pelas batalhas, mas saber que alguém lhe entendia naquele mundo tão grande era algo que o oprimia menos.
Havia um acordo mudo entre ele e aqueles quatro jovens; não era preciso palavras trocadas, nem promessas ou algo do gênero, porém, sabia que sempre que estivesse no fundo do poço, precisando que alguém lhe salvasse, um deles estaria sempre disposto a lhe estender a mão e trazê-lo de volta em segurança. Mesmo que nunca permitisse que alguém tivesse uma relação de proximidade consigo, gostava da sensação reconfortante que aquela certeza lhe trazia.
De longe ouvia a risada do mais improvável dos pilotos Gundam. Era uma risada alegre, gostosa de ouvir e que preenchia todo aquele espaço; mesmo que o salão estivesse cheio e barulhento, aquela risada era inconfundível. Observava o homem ainda com expressões de garoto em seu bonito rosto e dono de uma longa trança e olhos violetas, contar alguma história aos seus companheiros de trabalho que no mínimo era inventada, aumentada ou totalmente diferente do que na realidade deveria ter acontecido, enquanto todos ao seu redor riam também.
Da distância onde se encontrava, não pudera ouvir sobre que se tratava a tal historia, mas isso não impediu que seus lábios se curvassem em um tímido sorriso só de imaginar o conto cabuloso que aquele jovem estaria dizendo. Logo seu corpo se encolheu e seu sorriso desapareceu ao passar por sua mente a lembrança de uma das besteiras que esta comemoração de final de ano dos Preventers lhe induzira a fazer.
Aquela lembrança ainda estava muito vívida em suas memórias, mas provavelmente já deveria ter sido superada e apagada da memória do jovem de trança que agora preenchia todo o salão com suas risadas gostosas.
Antes que sua mente pudesse vagar pelas recordações daquele fim de ano em que havia cometido tal besteira, sua atenção foi desviada para outro canto do salão onde estava um jovem de expressões orientais sisudas. O rapaz olhava com cara de poucos amigos para o garoto de risada alegre; seus olhos demonstravam pura desaprovação e podia jurar que também havia mágoa naquele olhar. Imediatamente, reconheceu o que significava. Às vezes aquele olhar também passava por seus próprios olhos quando fitava o americano.
O jovem de longa trança, olhos violeta e risada alegre, atendia pelo discreto nome de Duo Maxwell, o qual nada combinava com sua personalidade hiperativa. Duo era o tipo de pessoa que por onde passava, chamava a atenção; tinha o sorriso fácil, a personalidade animada e envolvente, além de muita beleza física. Já havia sido o motivo da perdição de muitos funcionários dos Preventers, inclusive do jovem oriental de expressões sisudas que o encarava. Duo não era uma pessoa de coração leviano, apenas não se prendia muito às pessoas.
Durante a guerra, Duo e o oriental que outrora havia sido chamado de soldado perfeito, haviam mantido um relacionamento. Era visível perceber que houvera duas formas bem diferentes de envolvimento entre eles. Duo encarara tudo de forma superficial: para ele fora apenas diversão, algo para suprimir a solidão e o isolamento que a guerra impunha; apenas uma amizade com benefícios, nada que envolvesse sentimentos mais sérios.
Já o oriental de expressões sisudas, que atendia pelo imponente nome de Heero Yui, havia se apaixonado. Era uma ironia, uma piada do destino afirmar isto, mas era a mais pura verdade. O soldado perfeito, introvertido e sem sentimentos, pelo menos em teoria, se apaixonara pela mais problemática das criaturas: o jovem comunicativo e de personalidade completamente adversa a sua. Parecia até um daqueles filmes adolescentes onde o nerd se caía de amores pela agora mais popular do colégio. Um clichê total, mas que ocorrera de fato.
Depois que a guerra acabou, a necessidade daquele relacionamento também se extinguiu dentro de Duo. O adolescente ainda continuara por algum tempo fazendo visitas de amizade beneficiada a Heero, porém, essas visitas foram se tornando cada vez mais raras, até que se findara de vez, para desespero do soldado perfeito. Heero era orgulhoso demais e ainda ostentava aquela austeridade, e não admitia que se apaixonara por Duo e que aquele fim de relacionamento lhe arruinara por dentro. Então, estava sempre pelos cantos, se alimentando dos restos da atenção que Duo lhe dava.
Novamente, retornando à conclusão que chegara de que Duo não era uma pessoa leviana e sim alguém que não se prendia, tinha que admitir que o americano já tivera casos com muitos homens, mas não o considerava promiscuo e sem sentimentos; era apenas a forma que ele encontrara de sobreviver após a guerra: estar com muitos e, ao mesmo tempo, com ninguém. Tinha pena e até compaixão pelo olhar magoado e acusatório que o japonês lançava agora para o jovem de trança. Conseguia entender a forma circunspecta e distante que Heero adotara para sobreviver após as guerras, mas não conseguia entender como Heero sobrevivera a Duo, às vezes nem ele mesmo compreendia como ele próprio sobrevivera ao americano.
Depois de cruzar seu caminho com o do moreno de olhos violeta, era isso que você conseguia fazer: apenas sobreviver.
-Flash-Back-
Era para ser apenas mais uma dessas comemorações de final de ano que tanto odiava, e já tinha uma meta pré-estabelecida dentro de si: iria à festa, cumprimentaria seus colegas de trabalho, beberia no máximo um copo de qualquer bebida alcoólica que estivessem servindo e partiria. Pronto. Era o plano perfeito. Se não fosse talvez por um certo jovem de cabelos trançados – que mexia com sua fértil imaginação – cruzar seu caminho naquela noite.
Já varava a madrugada quando o americano, completamente embriagado – diga-se de passagem – tivera a brilhante idéia de subir em cima de umas das mesas remanescentes do que outrora já fora um sério ambiente de trabalho, e iniciar um discurso nada educado ou pudico. Passara a mãos por seus cabelos negros, presos num curto rabo de cavalo, e soltara um suspiro de desaprovação.
A essa altura da noite, o jovem loiro que era sempre o mais paciente a suportar estes ataques de exibicionismo de Duo, havia ido embora acompanhado por seu inseparável amigo de misteriosos olhos verdes e uma franja castanha que lhe tapava um dos olhos.
Suspirou novamente em resignação, olhou para o outro canto do salão e viu um japonês com uma expressão ilegível na face, se aproximar da mesa onde o americano dava seu showzinho. Respirou fundo pela terceira vez. Teria que intervir antes que aquela noite terminasse de forma no mínimo trágica. Apertou o passo para chegar mais rápido que o japonês à mesa onde Duo estava.
Sem pensar muito, puxou o americano pelas pernas colocando de forma constrangedora no ombro e carregando-o para longe da multidão que assistia seu showzinho. Existiram protestos e vaias de vários companheiros de trabalho, que estavam se divertindo de forma sádica com aquele discurso imoral que Duo fazia.
Levando Duo para longe, percebeu que foi seguido por um japonês nada contente.
– Ei, me solta! Eu ainda não terminei meu discurso, me solta! – ouviu a voz do americano chorosa e alterada pela bebida, enquanto este se debatia tentando se soltar.
– Desonroso. – foi tudo que conseguiu dizer, deixando claro que não o colocaria no chão ate estarem longe dali.
Ao entrar em uma sala mais afastada e pouco iluminada do departamento, colocou o americano no chão. Este logo que se viu livre das mãos do amigo, fez menção de sair da sala para então voltar, mas foi impedido pelo japonês que chegou à porta da sala.
– Em que diabos você estava pensando? Um agente dos Preventers se dando a um papel ridículo desses. – Heero o censurou.
– Chegou a policia! – exclamou Duo em desaprovação ao sermão que logo se iniciaria.
– Poupe saliva, Yui. Maxwell provavelmente não vai prestar atenção e nem lembrar de uma palavra que você disser.
– Gente! – Duo deu um alto soluço. – Eu acho que não tô nada bem. Não sabia que vocês dois tinham irmãos gêmeos. – o americano disse antes de cair de bunda no chão.
– Ele está mais bêbado do que o de costume. Acho melhor levá-lo pra casa. – Heero sugeriu, agarrando o braço de Duo e tentando levantá-lo.
– NÃO! – Duo gritou se soltando das mãos do oriental. – Você é chato e vai brigar comigo! – Duo disse de forma meio desconexa e alterada balançando o dedo indicador. -Com você eu não vou!
– Deixa, Yui. Eu o levo pra casa. – Wufei disse, vendo que quando Duo estava em seu perfeito juízo e dizia não pra alguma coisa ele era bem teimoso, imaginem então quando estava bêbado.
Heero passou a mão pelos cabelos desgrenhados, de forma nervosa, e suspirou.
– É melhor então você levá-lo. – Heero concordou, abrindo caminho para que Wufei e Duo pudessem chegar ao elevador e deixar o prédio dos Preventers. Era melhor que o amigo chinês o levasse, do que Duo dar mais algum vexame em seu ambiente de trabalho.
O caminho para a casa do americano havia sido até tranqüilo para a costumeira personalidade teimosa e hiperativa de Duo. Este se debatera um pouco antes de entrar no carro do chinês, depois cantara algumas músicas de um jeito enrolado durante o percurso e, por fim, acabara dormindo no banco do passageiro. Ao chegar ao apartamento onde o americano morava, Wufei desceu do carro e o rodeou. Cautelosamente, para não acordar o americano, abriu a porta do passageiro, destravou o cinto de segurança que prendia o corpo de Duo, pegando-o no colo. Ao colocar o corpo quente do jovem de trança em seus braços, não pode se impedir de ser invadido pelo cheiro fresco de lavanda que vinha dos longos cabelos de Duo, que mesmo o cheiro da bebida não anulava aquele aroma sempre agradável do americano.
Inspirou profundamente, se recompondo. Não podia permitir que sua fértil imaginação tomasse o controle agora. Então, repetiu mentalmente os passos que deveria seguir: levar Duo até seu apartamento, dar-lhe o banho, trocar aquelas roupas, certificar-se de que o americano dormiria bem e ir embora; tudo isso sem deixar que fizesse algo fora do que estava em seu roteiro.
Wufei não era necessariamente apaixonado por Duo, mas este mexia demais com seus pensamentos mais libidinosos e secretos. Sentia uma atração exagerada pelo americano e se não fosse o hábito que Duo tinha de se envolver com várias pessoas e não se apegar a ninguém, talvez pudesse se apaixonar por ele.
Não que Wufei fosse do tipo romântico que sonhava encontrar sua alma gêmea e viver feliz para sempre, mas acreditava na honra de um relacionamento. Na verdade, duvidava muito que Duo pudesse um dia honrar alguém.
Abriu a porta do apartamento de Duo com certa dificuldade. Ainda que o americano fosse magro e leve, carregá-lo por tanto tempo já estava sendo doloroso. Levou o corpo adormecido do americano diretamente para o banheiro. Durante o trajeto Duo disse algumas coisas desconexas, sua mente oscilava entre acordar e adormecer de vez. Depositou o jovem no chão frio do box, ouvindo alguns sons de protestos vindo da boca de Duo, mas que não foram compreendidos por seus ouvidos.
Certificou-se de que o chuveiro estava na posição verão e o abriu, ouvindo imediatamente palavrões que nem ao menos conhecia antes, saírem da boca do americano.
– Caralho, quem foi o filho duma puta? Fecha essa porra de água fria! – Duo gritava, enquanto seu corpo despertava por completo.
– Você precisa acordar, trocar esta roupa e comer algo. Está bêbado demais e de estômago vazio, não vai te fazer bem. – Wufei disse de forma severa, lembrando-se que reparara em Duo durante a festa inteira para saber que ele não havia comido nada.
– Você me paga, seu china desgraçado! – Duo blasfemou, retirando sua camisa molhada do corpo.
Mesmo concentrado em seu propósito, Wufei não foi capaz de se impedir de admirar o americano se despir. A pele levemente bronzeada de textura aparentemente sedosa, o corpo magro e bem definido, a trança comprida e castanha que caia como um manto de pura perdição sobre as costas nuas do americano.
– Gosta do que vê, China?
Wufei sobressaltou-se ao ouvir a voz de Duo. Estava tão perdido em sua imaginação fértil e inútil, que nem ao menos percebera que se deixara ser consumido e ludibriado por ela. E seu descuido havia sido perfeitamente percebido pelo americano.
– Responde. Você gosta? – Duo perguntou de forma maliciosa.
-Você está bêbado Maxwell.
– Estou bêbado, não cego. Você 'tava me secando. – Duo gargalhou alto ainda sobre o efeito do álcool. – Você bem que podia estar bêbado também, aí ia precisar de uma ducha fria comigo...
– Vou pegar uma toalha e roupas limpas e secas pra você por esse seu juízo no lugar.
Wufei se virou para deixar o pequeno banheiro do apartamento do americano e arejar um pouco sua mente. Já estava perdendo o controle e deixando sua imaginação fértil tomá-lo, porém, antes que pudesse se afastar muito, teve o pulso preso pelas mãos de Duo. Imediatamente se virou para encarar o olhar malicioso e sugestivo que o americano lhe lançara.
– Na verdade eu gostaria de por outra coisa em um lugar aqui dentro de mim ao invés de juízo.
Duo aproximou seus lábios das orelhas de Wufei, passando a língua de forma provocante. Neste momento, a libido de Wufei deu um chute grande em seu juízo fazendo com que este fosse trancado em algum lugar bem longe dentro da mente do chinês. Os fatos que se seguiram, faziam a virilha de Wufei arder de desejo toda vez que estas memórias retornavam em sua mente.
– Acho que não estou bêbado o suficiente para cometer esta loucura!
– O quê? – Wufei acordou de seus pensamentos mais sórdidos para então notar que não estava sentado sozinho naquele canto escondido do salão.
Corou ao notar o jovem de cabelos loiros e de expressão angelical e bochechas avermelhadas, virar um copo do que parecia ser vodka pura de uma só vez. Internamente, se perguntara se havia dito algo de sua pecaminosa lembrança em voz alta. Mas, ao notar a expressão perdida do loiro vagar para o outro lado do salão, concluiu que não. Caso contrário, o anjo virtuoso como era, estaria em choque a aquela altura.
– Ai isso queima! – ouviu o loiro reclamar ao terminar de virar o segundo copo de vodka de uma só vez. Não havia nem notado que o outro carregava dois copos daquele líquido consigo.
– Isso é vodka, Winner, não água. Você ficou louco? – Wufei olhou surpreso para o árabe. Não sabia que o jovem bebia, muito menos de forma tão descontrolada.
– Bem que eu queria estar louco, quem sabe eu não tomava coragem. – o loiro olhou para si e deu um sorriso tímido.
Wufei estava verdadeiramente impressionado. Nunca vira Quatre colocar uma gota de álcool na boca e agora ele estava ali virando copos carregados de vodka a goladas como se fossem água. Isso certamente era algo preocupante. Percorreu o salão com os olhos para ver se algo a mais estava fora do normal, mas não notou nada de muito diferente. Heero ainda continuava no mesmo canto encarando Duo, só que agora era incomodado por um colega de trabalho. Duo continuava a contar suas historias e as pessoas a sua volta seguiam sorrindo, e um novo membro se juntara as demais para ouvi-lo: um jovem de olhos verdes misteriosos que outrora fora um piloto Gundam, agora ria de forma acanhada e tímida das lorotas do americano.
Estranhou Quatre não estar ao lado de Trowa. Pelo que se recordava, Winner era a pessoa mais próxima de Duo que existia e onde se avistasse Trowa e Duo e não visse o loiro junto, algo certamente estaria muito errado. Olhou para o árabe sentado ao seu lado e tentou acompanhar para onde os olhos aquamarines se direcionavam. Ficou bestificado ao notar que o olhar o árabe vagava para um canto mais afastado do salão, onde se encontrava um jovem de feições orientais e cabelos desgrenhados.
– Eu não sirvo nem pra seguir meus próprios conselhos. – ouviu o loiro dizer mais para si mesmo do que pra qualquer outro.
– Você esta bem, Winner? – o chinês perguntou olhando para o loiro e franzindo a testa.
– Dizem que a bebida deixa a gente mais corajoso… Pura mentira. – Quatre riu com sua expressão calma e apaziguadora que era capaz de acalmar ate um leão voraz. – Talvez eu tenha bebido pouco.
O loiro retirou a bebida da mão de Wufei e a virou de uma só vez, fazendo uma careta maior ao sentir o líquido rascante descer em sua garganta. Não imaginava que a bebida de Wufei pudesse estar tão quente.
– Agora você está me assustando, Winner. – Wufei encarou o outro de forma severa e preocupada.
– Xiiiiii... – Quatre fez sinal de silêncio, já dando sinais que estava ficando bêbado. – Tô tentando criar coragem. – completou, deixando seu olhar vagar de novo para onde estava o japonês.
Agora o chinês realmente não estava entendendo nada. Por que diabos o árabe queria criar coragem? E por que ele encarava de forma tão resignada para Heero? Algo de muito estranho estava acontecendo.
Durante a guerra Quatre e Trowa mantiveram um relacionamento. Ao contrário do que via na relação de Heero e Duo, o chinês percebera algo de sincero na relação do árabe com o europeu; parecia ser algo sólido e duradouro. Foi com grande surpresa que percebeu que, quando a guerra acabara, os dois não estavam mais juntos, não como um casal, apesar de Trowa e Quatre estarem sempre junto como cúmplices e amigos. Às vezes, o chinês tinha a curiosidade de perguntar a um dos dois o que não dera certo no romance deles.
– Eu acho que vou lá. Já bebi o suficiente.
Wufei fitou o loiro se levantar e dar alguns passos pra frente, mas foi em vão. Se não fosse pelos reflexos rápidos do chinês – resquícios da guerra – árabe teria atingido o chão violentamente.
– Acho que bebi um pouquinho além do suficiente. – Quatre disse olhando meio sem graça para o chinês que estava ajoelhado ao seu lado, o segurando e impedindo que seu corpo tocasse o chão.
Wufei suspirou exasperado, procurando entender o que diabos acontecia ali. Winner fora sempre tão centrado e quieto… Chegou novamente a conclusão de que aquela maldita festa de final de ano só servia para isso: fazer as pessoas agirem como idiotas.
– Banheiro. – Quatre disse, impulsionando seu corpo para frente e tapando a boca com as mãos, abafando a ânsia de vômito.
Wufei imediatamente entendeu o que o árabe quis dizer e o guiou até o banheiro mais próximo. Entrando no local, levou o árabe até um vaso sanitário, onde ele pudesse por para fora o pouco que havia comido. Quando ouviu o som da descarga, foi verificar se ele estava bem.
– Winner, é melhor você ir pra casa, comer algo e descansar. Vou chamar o Barton pra resolver isto.
Antes que o chinês pudesse se levantar, teve sua camisa puxada pelo loiro, que o olhou com aqueles olhos grandes e lacrimejados.
– Deixa o Tro, ele não precisa saber disso. Não vou estragar a chance dele só porque fui covarde. – o loiro lhe lançou um olhar grande e choroso.
– O que você tem na cabeça, Winner? – Wufei se exasperou, confuso com tudo aquilo. – Esta querendo parar em um hospital em coma alcoólico?
– Foram só três copinhos. – Quatre fez um bico, começando a se sentir constrangido. – Eu já estou bem melhor. Vamos voltar pra festa!
O árabe fez menção de se levantar, mas seu corpo já fragilizado pelos efeitos da bebida – a qual não estava acostumado – o fez cair de volta ao chão. Wufei abaixou-se ao lado dele, apoiando-o. Já havia desistido de tentar entender o que estava acontecendo naquela maldita festa de final de ano. Viu os olhos marejados do loiro lhe encarando; podia notar que o árabe estava verdadeiramente envergonhado pelo papel que fizera. Olhando dentro daquela íris de tão clara, Wufei pôde notar que haviam leves rajas cinzas, nunca havia reparado em como os olhos do loiro eram bonitos. A pele tão branca e frágil que ao menor toque se avermelhava; as bochechas coradas pelo efeito da bebida. Não podia negar que Quatre realmente parecia um anjo.
– Wufei... – Quatre choramingou baixinho. – Me leva pra casa?
Wufei revirou os olhos. Já estava virando rotina em sua vida carregar bêbados para casa. Tudo por causa daquela maldita festa de final de ano que tanto odiava. No ano anterior fora Duo. Tudo bem que no final teve uma grande surpresa, muito melhor do que do que as coisas cabulosas que sua fértil imaginação criava, mas agora o chinês estava realmente começando a se perguntar se tinha cara de babá.
O oriental nunca tivera muita intimidade com o árabe. Não que não o considerasse seu amigo ou não o estimasse, simplesmente nunca tiveram muitas oportunidades de se conhecerem verdadeiramente. Primeiro, porque quando era mandado para missões de campo era sempre com Heero, Duo ou Sally Po. Uma única vez havia sido mandado com Trowa, mas nunca com Winner. Em segundo, porque quando encontrava Quatre fora do trabalho, este estava sempre com o americano, e este sempre dominava qualquer conversa que pudessem ter, afinal, a personalidade hiperativa acabava anulando a tímida e tranqüila do árabe.
Mas, desta vez, Wufei resolvera bancar a babá de bêbado porque estava realmente preocupado com o loiro. Não era do feitio do árabe beber e muito menos fazer cenas, e se não o levasse pra casa naquele momento, certamente isso aconteceria. Tímido e recatado do jeito que Quatre era, não iria suportar as chacotas que seus colegas de trabalho fariam quando retornassem as atividades de trabalho no ano seguinte.
Levantou o corpo do árabe, fazendo com que ele se apoiasse em seu ombro. Quatre era leve e deveria ser uns 10 centímetros, no mínimo, mais baixo que o moreno.
– Acho que não estou tão bêbado assim, Wufei. Posso andar sozinho... Mas não em linha reta. – Quatre gargalhou alto, visivelmente alterado pela bebida.
– Tudo bem, se você acha que consegue...
Wufei soltou o corpo do árabe e o viu tentar andar cambaleando e tropeçando nos próprios pés. Observou o outro se arrastar, se apoiando nas paredes gargalhando da própria situação. Aquele, definitivamente, não era o Quatre que conhecia. Parecia que ele iria dar bem mais trabalho do que Duo.
No caminho para o carro, o loiro parecia que tinha ingerido alguma fórmula secreta do riso e não bebida alcoólica, além de conversar coisas meio desconexas.
Quando colocou o amigo no banco do passageiro de seu carro, Wufei elevou uma das sobrancelhas ao notar o loiro segurar-se para conter o riso, como se tentasse esconder um grande segredo.
– O que foi desta vez, Winner?
Wufei cruzou os braços, olhando sério para Quatre. Logo se admirou ao vê-lo tirar, sabe-se lá de onde, uma garrafa cheia de um líquido transparente o qual o chinês logo reconheceu como sendo vodka. Balançou a cabeça em negação.
Aonde diabos Quatre havia arrumado aquilo e quando?
– Me dá a garrafa, Winner. Você já bebeu o suficiente. – Wufei olhou-o com cara de poucos amigos e estendeu a mão, esperando que ele lhe passasse a tal garrafa.
– Não! – o loiro abraçou o recipiente como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. -Essa é minha, se você quiser uma vai lá pegar.
Quatre apertou mais ainda seu abraço na garrafa e gargalhou como se estivesse ganhado algum campeonato muito importante.
-É só minha!
Wufei suspirou um pouco cansado e bateu a porta do passageiro sem a menor paciência para tomar o vidro à força de Quatre. Rodeou o veículo, entrando pela porta do motorista e batendo-a com força.
-Pode ficar com essa garrafa contando que não vomite no meu carro. – Wufei pronunciou sério, ligando a ignição do automóvel.
-Sim senhor, capitão!
Quatre encenou de uma continência para Wufei que o olhou em desaprovação e, dentro de seu íntimo, o chinês prometeu para si mesmo nunca mais ir àquela maldita comemoração de fim de ano; jurou também que, de agora em diante, ficaria bem longe de bêbados, mesmo que este bêbado fosse Duo. Definitivamente, não se achava com cara de babá.
Durante o percurso até a casa do árabe, Wufei teve que respirar fundo várias vezes para que não parar o carro em uma esquina qualquer e mandar o loiro descer. Quatre não calou a boca um segundo sequer; falava e ria o tempo todo, deixando o chinês simplesmente no limite de sua paciência.
Deu graças aos céus quando estacionou o carro à frente do prédio onde o amigo morava. Repetiu mentalmente os passos que faria a seguir, antes de poder finalmente ir para casa: levar Quatre até o apartamento, arrancar aquela garrafa de bebida de suas mãos, dar um banho com muita água fria e deixá-lo dormindo. Pronto, era simples, fácil e indolor. Bom, pelo menos para ele, porque o loiro com certeza amanheceria com uma enorme dor de cabeça.
Ao chegar ao apartamento, Quatre mal conseguia acertar a chave no buraco da fechadura. Era uma cena engraçada e que fez o chinês esquecer um pouco de seu nervosismo e rir discretamente. Poderia ter pegado o chaveiro da mão do loiro e ele mesmo abrir a porta, mas estava, no fundo, se divertindo com aquela situação.
– Consegui! – Quatre gritou em comemoração ao abrir a porta como se estivesse conquistado um campeonato muito importante.
– Parabéns! – Wufei ironizou.
Quatre o olhou de soslaio em desaprovação. Estava muito bêbado, mas não a ponto de não perceber a ironia do oriental. Ao colocar os pés dentro do apartamento, o loiro correu até a cozinha, voltando com dois copos na mão e a garrafa aberta que havia furtado da festa de fim de ano dos Preventers. Encheu os dois copos de jeito meio desajeitado e ofereceu um para o chinês.
Wufei apenas pegou o copo, colocando-o em seguida em cima da mesa de centro da sala, sem ao menos beber um gole.
– Winner, me dê a garrafa. – Wufei ordenou.
– Não, eu preciso beber pra criar coragem. – Quatre abraçou, mais uma vez, a garrafa.
Wufei pensou, então, que talvez fosse o momento de mudar de tática. Geralmente ser autoritário e firme funcionava com o americano, mas parecia que não tinha o mesmo efeito com o árabe. Não estava afim de muito papo; queria apenas deixar Quatre em casa em segurança e ir embora, mas abandoná-lo ali sozinho, do jeito que estava, seria uma péssima idéia. Resolveu fazer o que parecia um esforço sobre-humano para si: suavizou a expressão enfezada de seu rosto e olhou nos olhos de Quatre, tentando parecer o mais amigável possível.
– Por que, Winner? Pra quê você quer tanto criar coragem? – perguntou realmente com uma ponta de curiosidade.
Quatre olhou para o chinês com uma expressão de surpresa no rosto. Nitidamente não estava esperando que o oriental quisesse conversar, mas tinha que admitir que ele parecia verdadeiramente interessado na resposta da pergunta que fizera. Quatre se jogou no sofá olhando para o vazio, ponderando se respondia ou não, afinal, nunca tivera tanta intimidade assim com o oriental para ficar dividindo segredos. Estendeu a mão, entregando a garrafa para o chinês, dando um basta em seu showzinho de bêbado.
– Pra falar com ele, pra chamar a atenção dele... eu... sei lá... – Quatre respondeu, olhando para o chão e mexendo com os dedos como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo.
Wufei deu graças aos Céus; parecia que finalmente o árabe cederia e ele iria poder fazer o que tinha ido fazer e ir embora dormir. Já estava cansado e com sono. Mas a expressão derrotista com que o loiro lhe respondeu, o fez ter vontade de continuar a conversa. Por algum motivo, ainda desconhecido, o incomodou saber tão pouco sobre a vida do amigo.
Sentou-se na mesa de vidro que ficava no centro da sala, ficando exatamente de frente para o loiro.
– Ele? Quem? – indagou, já presumindo a resposta por ter percebido para quem o loiro olhava quando começou com a bebedeira. – Yui?
Imediatamente, viu as bochechas de Quatre se avermelharem e ele se encolher no sofá. Os olhos aquamarines foram em direção ao chão, e Wufei viu Quatre mexer os lábios e dizer em um tom quase inaudível.
– É...
O silêncio dominou a sala do apartamento do árabe por um longo tempo, enquanto Quatre esperava ouvir o som da risada do chinês, mas este som não veio. Levantou seus olhos temerosos para fitar o rosto de Wufei, querendo encontrar uma expressão de deboche em sua face, porém, o que encontrou foi a feição séria e indecifrável no rosto do chinês lhe fitando.
– O que foi? – Quatre deu de ombros. – Não vai rir de mim? Dizer que sou maluco?
– Por quê? – Wufei perguntou sem entender a reação do árabe. Que tipo de reação ele estava esperando afinal?
– Por eu ser ridículo, estúpido, idiota e louco por achar que algum dia o Heero vai olhar pra mim.
– Por eu acharia todas essas coisas de você Winner? Você esta apaixonado pelo Yui? E daí?
– E daí? – Quatre se fez de indignado, como se a resposta para aquela pergunta fosse a coisa mais óbvia do mundo. – E daí que o Heero é completamente obcecado pelo Duo. Ele não conseguiria me enxergar na frente dele nem se eu estivesse nu e com pisca-piscas de natal. E convenhamos... Eu nunca vou conseguir competir com o Duo.
Quatre se recostou no sofá, soltando um longo suspiro; parecia que aquele desabafo estava entalado em sua garganta há muito tempo.
Wufei ficou encarando o loiro, realmente surpreso com o que tinha ouvido. Nunca pensara em Quatre dessa forma e compará-lo a Duo era absolutamente impossível. Não que Quatre não fosse bonito e atraente do seu modo; é que simplesmente nunca havia reparado no árabe. O loiro tinha um jeito meigo, angelical, calmo e, às vezes, até meio infantil. Duo era o seu total oposto: agitado, hiperativo, tinha um jeito sapeca e sensual. Compará-los era como comparar o dia com a noite, antagônicos ao extremo.
Wufei começou a reparar melhor em Quatre. O amigo tinha o corpo pequeno, os cabelos de um loiro bem claro, a pele branquinha que chegava a se avermelhar em alguns partes, os olhos grandes, a boca pequena e rosada. Necessitava admitir que a beleza do árabe era bem incomum e um tanto quanto provocativa. Wufei refreou-se ao notar que Quatre o fitava sugestivamente.
– Me mostra como é estar com ele...
– O QUÊ?
Wufei se sobressaltou ao ver o árabe inclinar-se em sua direção, segurar seu rosto com ambas as mãos – uma de cada lado -, e aproximar seus lábios dos deles depositando um selinho leve e rápido.
– Me mostra como é estar com o Duo, como ele faz... – Quatre disse com a voz pausada e embargada, ainda segurando o rosto do chinês entre suas mãos.
Wufei sentiu seu coração acelerar descompassado e sua mente girar com um turbilhão de pensamentos. Será que o árabe estava lhe sugerindo aquilo que ele imaginava? Tirou a mão do loiro de seu rosto, levantando-se da mesa de centro e se afastando de Quatre.
– Onde você esta com a cabeça, Winner? – passou a mão pelos cabelos negros, tentando refrear aquela sua imaginação fértil; o árabe só poderia estar muito bêbado ou seus ouvidos já estavam muito afetados para ter escutado aquilo. – Você ouviu o que acabou de sugerir?
– Por quê? Você acha que eu não dou conta de ser como ele... De transar como ele... Será que eu sou tão desinteressante assim pra você, Wu-baby. – Quatre se levantou do sofá, aproximando-se do chinês e chamando-o pelo o apelido que Duo costumava usar para implicar com Wufei. – Eu sei que você arrasta um caminhão pra cima do Duo, e sei também que você sabe direitinho como é estar com ele...
Quatre se aproximou do chinês fitando-lhe de forma divertida e começou a desabotoar a camisa de botões que ele usava. Wufei estava chocado demais pra reagir às investidas do árabe. Então seu interesse pelo americano era assim tão óbvio que até mesmo o loiro já havia percebido? E como Quatre sabia que Duo e ele já haviam dormido juntos? O americano obviamente deveria ficar contando suas aventuras amorosas para o loiro e ele era apenas mais uma delas.
Olhou para o loiro e este ainda estava concentrado no trabalho de desabotoar sua camisa. Era visível que estava afetado pela bebida. Se estivesse em seu juízo normal, já teria conseguido abrir os botões há muito tempo. Um formigamento começou a surgir em seu baixo ventre. Começava a ficar excitado com a visão do loiro tentando despi-lo, mesmo que aquilo parecesse muito errado.
Quando Quatre terminou de desabotoar sua camisa, passou a depositar pequenos beijos em seu peito nu.
– Me mostra como é que ele faz... – Quatre praticamente implorou com sua voz embargada de desejo.
A essa altura Wufei perdera toda a sua noção de juízo e se entregara aquele pedido, que para sua consciência fora a gota d'água. Já não podia mais controlar a vontade latente que surgira em seu corpo de possuir o loiro, e deixara o cobiça daquele momento dominar completamente suas ações, afinal, não estava fazendo nada de mais. Pelo que sabia o árabe era solteiro e ele também, então, por que não se entregar aquela súplica?
Wufei levantou o corpo do árabe que, involuntariamente, entendeu aquele sinal envolvendo o corpo do chinês entre suas pernas. Isso fez com que a ereção que já surgira se friccionasse com a rigidez do loiro. Começou a carregá-lo em direção ao quarto.
Enquanto era levado, Quatre segurou o rosto de Wufei entre suas mãos e o beijou de forma afoita e desesperada. Suas línguas se encontraram e começaram a travar uma briga por espaço, cada uma querendo explorar mais fundo à outra boca, ainda desconhecida. O chinês sabia que o loiro estava tentando se parecer ao máximo com o americano, buscando adivinhar o que Duo faria naquela situação, mas o gosto de seus lábios eram bem diferentes. Apesar de carregar o gosto do álcool, o beijo de Quatre possuía um gosto adocicado, diferente do costumeiro gosto apimentado dos lábios do americano; e seus lábios eram pequenos e macios, sua boca morna e doce.
Ao chegar ao quarto, Wufei depositou o corpo do árabe delicadamente na cama, sem parar de beijá-lo. Posicionou seu corpo em cima do loiro, e após alguns minutos daquela guerra incessante de línguas, Quatre apartou o beijo.
– Me diz o que o Duo faria agora... Chuparia você?
Quatre se afastou, empurrando o corpo do chinês para que este ficasse de pé. O árabe desafivelou o cinto que Wufei usava, abrindo a calça do chinês expondo sua ereção. Começou a dar pequenas lambidas no membro do oriental, como se estivesse chupando um picolé, para depois abocanhá-lo por inteiro, colocando toda a ereção do chinês para dentro de sua boca. Nesse momento, Wufei soltou um gemido de prazer, se não freasse Quatre naquele momento gozaria li mesmo.
Wufei afastou a boca do árabe de seu membro para logo em seguida preenchê-la com um beijo. Suas mãos percorreram o corpo ainda vestido do loiro, tentando se livrar daquele excesso de pano que não era mais necessário. Após despir o árabe, o moreno passou a acariciar a ereção do mesmo, enquanto ainda mantinha sua boca ocupada com o beijo. Suas mãos logo deslizaram para a entrada de Quatre, pressionando-a com os dedos, preparando o corpo do loiro para receber algo mais grosso que seus dedos.
– Você quer que eu fique de quatro pra você? É assim que Duo faria você penetrá-lo? – O árabe sugeriu com a voz rouca e baixa, ficando na posição, mostrando que estava disposto a parecer uma cadela no cio se aquilo o fizesse se parecer mais com Duo.
Wufei pouco se importou se aquilo era ou não o que o americano faria. Naquele instante, tudo o que ele queria era penetrar o loiro e se livrar daquele desejo incontrolável que o árabe despertara em si. Com cuidado, o chinês posicionou seu membro na entrada de Quatre, forçando-o para dentro. O loiro soltou um gemido alto de dor, misturado com prazer.
Wufei esperou alguns minutos até que Quatre se acostumasse com o volume dentro de seu corpo, enquanto acariciava a ereção do árabe, masturbando-o. Após alguns segundos, começou a se mover dentro da passagem morna. No início, as estocadas eram leves, mas foram se aprofundando e tornando mais rápidas e fortes. Quatre soltava gemidos que excitavam ainda mais o chinês. Ao sentir que seu prazer estava próximo do ápice, começou a masturbar o loiro com mais força para que também sentisse prazer. Com arremetidas profundas e fortes, Wufei atingiu seu orgasmo dentro do loiro, ao mesmo tempo em que sentia o prazer de Quatre escorrendo por seus dedos.
Suas pernas estavam bambas e sua respiração descompassada. Percebeu o corpo do árabe se enfraquecer, esparramando-se pela cama, e deixou-se cair por cima do corpo menor do loiro. Ficou assim por alguns instantes, esperando sua respiração se normalizar.
– Você acha transando assim dá pra fazê-lo esquecer o Duo um pouquinho e pensar em mim? – Ouviu o loiro perguntar antes de cair no sono.
Provavelmente, o árabe estava cansado pelo ato sexual e também ainda encontrava-se sob o efeito da bebida. Deslizou seu corpo para o lado, saindo de cima de Quatre e fitou a expressão adormecida e o anjo deitado de bruços. Relembrando os minutos anteriores, não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Havia acabado de ter a transa mais louca de sua vida e o mais estranho: não fora Duo quem a proporcionara.
Continua...
