Seus olhos se abriram gradualmente. Sua cabeça e todos os músculos de seu corpo doíam. Sua visão começou a desembaçar e revelar um quarto escuro, mas não muito. Quando as dores diminuíram, se sentou na cama. Um homem misterioso aguardava pacientemente.
Seu queixo era avantajado e seus lábios grossos. Suas bochechas eram magras, como todo seu corpo. Seu nariz era pequeno, diferente de sua testa, e seu cabelo branco como marfim era espetado e não tinha mais de três cm de comprimento. Mas o que mais chamavam atenção eram seus olhos, que lembravam a raça japonesa, negros e penetrantes, que revelavam a ausência de uma alma. Estava usando grandes e pesadas vestes, com um capuz pendurado.
"Está se sentindo melhor?" Sua voz era suave.
O garoto sentado na cama tentou se concentrar. Sua imagem estava escondida no escuro.
"Estou... Quem é você?"
"Não consegue se lembrar?"
"Não..."
"Você se lembra de alguma coisa?"
"Nada..."
O garoto se levantou. A fraca luz da lua iluminou sua face. Era gentil e pálido. Seu queixo e lábios finos, seu nariz e testas proporcionalmente pequenos. Seu rosto era liso, e sem imperfeições. Seus cabelos lisos, negros como a noite, desciam até pouco depois de seus largos ombros. Seus olhos eram vermelho-sangue, hipnotizadores. Tinha o tamanho normal para sua idade, 16 anos, e era trinta centímetros menor que o homem que o observava. Estava usando Jeans e uma camisa de manga comprida, com tênis de grife.
Alguém bateu na porta.
"Filho, você está aí dentro?" A voz preocupada veio do outro lado.
"Quem é essa?" O menino perguntou.
"Sua mãe, e mais do que isso, sua primeira" O homem respondeu.
"Minha... Primeira?".
O homem concordou com a cabeça e abriu a porta. A mulher, pouco gorda e de cabelo escuro curto entrou no quarto. Sua face ficou aterrorizada.
"Não... Eu sabia que tinha algo de errado... No ultimo mês você..." Gaguejou.
"Siga seus instintos" O homem disse dirigindo-se ao menino.
Ele se aproximou dela. Lágrimas escorriam de seu rosto. Ele a cheirou. Sua mente nesse instante entrou em um momento de instinto. Não era mais ele. Agora quem estava ali era um animal, preso a um corpo de um garoto. Tudo aconteceu naturalmente. Ele abriu a boca, revelando dois caninos superiores bem avançados. Se aproximou do pescoço de sua mãe e delicadamente a mordeu, perfurando veias e artérias.
Quando o furo foi feito, deixou metade de seus caninos para fora do corpo e sugou, como se faz com um canudo.
Quando ficou satisfeito, retirou seus dentes de dentro dela e carinhosamente a deitou no chão. Estava desmaiada. Por alguns instantes, ele se deliciou com o gosto do sangue que permaneceu em sua boca e passou a língua em seus lábios para limpá-los.
Enquanto o sangue era digerido, ele começou a se lembrar de toda sua infância, da pessoa que acabara de morder e até do último mês.
O homem que estava à sua frente se chamava Toikuri, e um mês atrás, ele havia entrado em seu quarto lhe prometendo a vida eterna e a melhor das sensações. A curiosidade o atraiu para ser mordido como acabara de fazer. Nas noites seguintes, Toikuri voltou para o morder. Com o tempo, Sua pele ficou mais pálida, pela ausência de sangue, mas sua força e velocidade aumentaram, como sua sensibilidade à luz do sol. Uma hora entes, Toikuri voltou e o mordeu, mas dessa vez ele o secou. Nesse momento todo seu sangue havia sido trocado pelo sangue venenoso de Toikuri, o sangue de Nosferatu.
"Qual o seu nome?"
"Você não sabe?"
"Você é quem tem que saber..." Sorriu levemente.
Pensou um pouco. Seu nome estava embaralhado com suas memórias.
"Meu nome é... Meu nome é Max Hanwitch."
"Prazer, Max Hanwitch, mas esse não é mais o seu nome."
"O quê?"
"A única coisa que poderá continuar da sua vida humana é seu nome de identificação. Sua família não é mais sua família, e agora você se identifica por outro sobrenome, o da sua bloodline."
"Minha... bloodline?"
"Sim. Existem centenas de bloodlines, cada uma vem de um primeiro nosferatu, formado a partir de Mito, o Primeiro."
"E qual a minha... bloodline?"
"A sua, a minha, do meu criador e de todos os criadores na secessão... é a bloodline Ikitalo."
"Max, da bloodline Ikitalo..."
"Isso mesmo, agora vamos, aposto que você nunca viu essa cidade depois de onze horas!"
Toikuri pulou a janela e Max foi atrás dele. O caminho de descida pelos quatro andares do prédio foi um tanto assustador. O vento os puxavam para cima e a pressão para baixo. Depois de alguns segundos, chegaram ao chão. Toikuri começou a andar assim que chegou ao chão, mas Max se sentiu bambo nos primeiros minutos e teve que correr para alcançá-lo.
Entraram naquele momento em um mundo mágico, que estava diante de seus olhos o tempo todo, mas nunca conseguiu enxergar.
