Inverno
Milo arrumou os cabelos loiros pela milésima vez, tentando se conter. Por que Camus não o entendia? Ouvia o outro esbravejar, chama-lo de cínico, escroto e uma dezena de outros nomes, aos quais não respondia. Era ele que havia terminado, então qual o problema de Milo deitar-se com outros? Não conseguia compreender.
Ele pedira que não fosse daquela forma, que não fosse daquele jeito, mas Camus não o ouvira. Estava envolvido demais com o jovem cavaleiro de bronze que era seu pupilo até meses atrás, e agora estava no status de namorado, Hyoga. Não que ele também não tivesse uma relação fixa como o outro. Lá estava Saga para comprovar. Havia anos que se envolvera com o cavaleiro de Gêmeos e assim permaneciam – juntos. Mas apaixonara-se por Camus.
Apaixonara-se por sua beleza gelada, por sua ausência de respostas, pela falta de reação, pelos sentimentos contidos. Apaixonara-se e deixara-se levar por esta paixão por mais de um ano, encontrando-o às escondidas, sempre demonstrando seu amor de forma velada. Havia uma espécie de promessa entre os dois, de viver plenamente o amor que sentiam num futuro próximo, quando estivessem livres e desimpedidos.
Mas então veio a ruptura. Camus, o ser racional, sempre, rompeu os laços que os mantinham juntos. Sofriam demais, ele disse. Faziam mal um ao outro, argumentou. Era melhor dessa forma, concluiu. E Milo relutou. Não quis aceitar nenhum dos argumentos, achando-os falhos, fracos, inúteis. Amavam-se, então por que não permanecer juntos?
"Não como amantes..." disse Camus e aquilo o feriu profundamente.
Não era bom o suficiente para o outro.
Posto isso, Milo fez a única coisa que poderia ser feita nesse tipo de situação: saiu e deitou-se com o primeiro que apareceu. Sentiu-se um lixo. Sentiu que traía Camus – e não Saga, como deveria sentir – seu amor verdadeiro. Sentiu que lhe devia explicações. E foi à Casa de Aquário contar tudo que havia feito. Foi confessar-se e implorar pelo retorno de seu amor.
Lá chegando, a reação que encontrou foi a exata oposta. Encontrou o fim definitivo.
Retornou, então, à Casa de Gêmeos. Lá estava Saga, esperando-o como sempre, com o carinho e o amor de todos os dias. Foi então que percebeu que nunca deveria tê-la deixado.
Fin
Dedico esta fic à Tsuki Koorime.
Por Mudoh Belial
10.01.2012
Às 11h 51min.
