Deixei-me guiar pelo brilho dourado daqueles olhos, possuidores de um mistério á revelar. Eram intensos, profundos e um ótimo instrumento para hipinóse. De uma maneira inexplicável, sempre flagrava á mim mesmo fitando-os, afinal, sempre tive uma imensa vontade de decifrá-los.
Tão indiferentes, com uma pitada de ironia, e uma gota de veneno escorrendo pelos cantos.
Quando mais eu os observava, mais confuso ficava. Indagações sem sombra de resposta brotavam em minha mente frágil com uma frequência descomunal.
E dalí pra frente, as coisas só pioraram. Agravaram-se, á partir do momento em que percebi que estava perdida e irrevogavelmente apaixonado por eles. Ou melhor, pelo demônio onde os mesmo alojavam-se. Havia sido um erro imperdóavel, e eu, Alois Trancy, estava ciente disto.
Imaginei que aquele contrato pudesse dar á mim tudo que sempre sonhei, porém, mais uma vez eu estava enganado. Apesar de ser um conde, esbanjando posses e riquezas eu não possuía o essencial. O amor. Aquele que um dia já fez parte de minha vida, porém, fora arrancado de mim de forma súbita e dolorosa, não dando-me nem ao luxo da despedida. Tão cruel...
E naquele momento, minha paixão, cobiça e objetivo eram aquele demônio em trajes de mordomos, aquele, denominado Claude Faustus, aquele que arrancou-me a vida com as próprias mãos.
É irônico pensar que a última vez que meus olhos azuis encontraram-se com aqueles brilho dourado pelo qual apaixonaram-se fora antes de fecharem-se para a eternidade vaga e não prometida.
Foi a única vez que consegui decrifá-los. E nesta´única vez pude notar a crueldade e frieza sobre-humanas, as quais, nunca consegui enxergar.
