Capítulo 1. À Primeira Vista
Dor. No início, eu só sentia dor. Cada célula do meu corpo gritava de dor. Mas eu não conseguia emitir nenhum som, nenhuma palavra. Eu não ouvia ninguém, nada. Eu era nada.
Aos poucos, tudo foi acabando. A dor, a inconsciência, a insanidade. Aos poucos, eu voltei a mim mesma, se é que eu realmente existia. Porque eu não me sentia como algo vivo. Eu me sentia morta, vazia.
Comecei a perceber meus dedos levemente e os movimentei com cuidado. Ainda doía. Então me permiti ficar quietinha, encolhida em mim mesma. Eu já começava a sentir meus braços frios ao redor de mim; sentia que meu cabelo estava molhado na nuca; sentia meu rosto contraído contra uma superfície dura e áspera.
Em seguida, tão rápido como tinha vindo, a dor foi embora. Minha cabeça ainda girava, eu ainda estava entorpecida, mas nada mais doía. Eu cogitei a idéia de me sentar. Não seria muito esforço, certo? Com cuidado, me esforcei para me levantar. Talvez tenha usado um pouco de força demais porque, em um segundo, eu fui arremessada contra a janela, fazendo um barulho horroroso. Flocos de poeira caíram do teto com o estrondo e uma aranha pulou para longe de mim. Então senti um pouco de calor em minha nuca e virei para a janela, cujas tábuas estavam frouxas por causa do impacto. Sem nenhum esforço, terminei de empurrar as toras de madeira e pulei para fora daquele lugar.
De repente, tudo me atingiu de uma única vez: a luz intensa do sol na minha pele, o cheiro forte de flores nas minhas narinas, o toque áspero da grama nos meus pés, o ruído contínuo de água e o som vibrante de pássaros perpassando minha audição... e, do nada, tudo parou e eu fiquei completamente cega.
Um turbilhão de imagens invadiu minha mente nesse momento, mas nenhuma delas me era familiar. Eram todas desconexas, algumas mais coloridas e mais vivas do que as outras e a velocidade com que elas passavam por mim era tão grande que me assustou. Eu via outras pessoas como eu, rostos pálidos, deslumbrantes e cruéis. E havia sangue e gritos e medo e dor... e ele estava no meio de tudo isso. Tão lindo... Era um homem jovem, de corpo alongado, esguio. Ele vestia calças pretas de cintura alta, botas, uma camisa branca sem gravata e um casaco de veludo azul por cima. O cabelo era castanho muito claro e levemente encaracolado e seus olhos eram negros e grandes. Mas, apesar de sua beleza, sua expressão era de alguém insano e perturbado, e ele estava coberto de marcas prateadas, todo sujo de sangue e ódio, enquanto caminhava em meio àquele cenário terrível.
Quando voltei a mim, estava sentada no chão, as mãos agarradas à grama, a sensação na garganta me machucava e eu sentia meus olhos arderem, apesar de nenhuma lágrima sair deles.
Levantei do chão e limpei minhas mãos na barra de meu vestido que parecia ter sido amarelo um dia. Caminhei um pouco pela grama, tentando me acalmar enquanto observava os arredores. Parecia uma fazenda, eu podia ver uma grande casa de madeira longe de onde eu estava, mas que estava abandonada.
Então cheguei a um campo de algodão, e caminhei por entre os arbustos baixos, enquanto sentia os pequenos tufos brancos nas pontas de meus dedos, ainda pensando melhor na minha visão e no lindo estranho que a protagonizara. Só então percebi que ele não estava apenas caminhando no meio daquele pesadelo. Ele o estava deixando, estava indo embora. Havia um jeito, então. Ele ainda tinha uma centelha de bondade, de humanidade. Algo nele me perturbava e me entorpecia ao mesmo. Então eu percebi que estava apaixonada pelo estranho das minhas visões e decidi que precisava encontrá-lo.
Nota da autora: Ha, eu voltei!! Pensaram que iam se livrar de mim, né?? Mas aqui estou eu de novo, torturando vocês com minhas histórias!
Bem, essa é meio que uma queridinha minha, porque eu AMO Alice e Jasper desde sempre e fui assombrada pelas cenas dessa fic por muito tempo, até conseguir sentar e escrever.
Como vcs pode ver, não é completamente fiel à história original, mas apenas o meu jeito de encarar como as coisas aconteceram com eles.
Espero sinceramente que gostem!
Beijos! Beijos! Beijos!
Gabi Granja
