Olá, leitores! Finalmente estou postando minha fic Stable Queen em português. Ela é diferente das outras que eu postei. O ship é Stable Queen (Daniel/Regina), mas no começo vão notar que ela se baseia muito no início da história da Regina. Não tem muito o que dizer, apenas que espero que gostem da fic!
Enjoy! xo.
A recém-chegada – Capítulo Um
A manhã estava levemente quente, mas a chuva torrencial atingia as montanhas de Westwood. Os altos montes estavam encobertos por uma formosa névoa branca. O frio atingia as bochechas da jovem Regina Mills. A filha do lorde era uma grande admiradora do campo, gostava de observar as paisagens quando o cheiro que elas exalavam era pomposo de grama molhada e flores selvagens. Obviamente ela preferia estar montando naquele dia, mas apenas sentar-se à varanda e deixar os pensamentos se perderem juntos das pequenas gotículas que tocavam seu rosto não era de longe uma sensação ruim.
― Regina! – o som ecoou pelos ouvidos da jovem debruçada sob o parapeito da varanda. Cora Mills não era das mais amigáveis. Ela era uma mãe presente, no entanto distante no que cabia a sentimentos e suporte moral.
Cora detestava o fato de que Regina insistia em fazer hipismo. Para a mãe o esporte cabia aos homens e praticá-lo masculinizava muito sua imagem. O que em parte era verdade. Regina tinha um estilo muito particular e único, sempre trajava roupas mais masculinas, como as calças de hipismo, o que aterrorizava Cora. Mas apesar de tudo, Regina tinha a sutileza feminina em seus trajes. Às vezes um lenço, outras uma jaqueta de montaria de cores delicadas e claras. Obviamente nada suficiente para uma mãe que desejava vê-la em um trabalhado vestido de cetim e ceda pura. Mas Regina pouco se importava com tais inutilidades, a seu ver.
― Regina Mills! – a voz veio novamente, desta vez mais potente e furiosa, fazendo Regina efetivamente mover-se do lugar para seguir o caminho de onde o sonoro chamado de sua mãe veio. Ela percorreu toda extensão de seu esbelto quarto até finalmente alcançar a porta e suspirar antes de abri-la. Cora estava lá, o que era estranho, pois ela parecia tê-la chamado do andar inferior. Regina não disfarçou o leve susto ao dar de cara com a mãe, mas então se lembrou. "Ah. Magia..." A jovem se perguntava como esquecia que a minha tinha poderes se ela os usava com tanta frequência.
― Sim, mamãe? – questionou quando seu coração tornou a tomar um ritmo normal. – Chamou-me?
― Duas vezes, Regina, sim. – a maneira como Cora falava, parecia soar como se duas vezes fosse um caso de extrema desobediência por parte da filha. Ela não podia negar que certamente não se movera ou respondera por mera falta de vontade. Cora e Regina não tinham a melhor relação de mãe e filha e a mais nova tentava ao máximo evitar a rigidez da mais velha. – Seu pai trouxe uma menina para casa. O nome dela é Terra. Ela irá morar conosco daqui em diante. Seu pai quer que se conheçam. – Regina não podia dizer o que, ou como, mas notou um leve desprezo de Cora sobre o fato de a recém-chegada estar morando de agora em diante com eles. E isto fez com que Regina já gostasse daquilo. Qualquer um, ou qualquer coisa, que incomodasse Cora, era motivo suficiente para Regina já se satisfazer com o assunto.
Não era que ela não amava Cora, sim ela amava sua mãe. Mas tudo que a mãe fazia parecia ser para destruir a vida de Regina. E as críticas. Estas eram absurdas. Cora iria achar defeitos em absolutamente tudo que sua fazia, desde tarefas impostas por ela mesma até as práticas que Regina tinha por vontade própria. Estas eram especialmente criticadas, a montaria sendo, obviamente, a maior de todas. Talvez por mera vontade de implicância que Cora tinha, talvez porque a mãe efetivamente reprovava mulheres em cima de um cavalo sem o mínimo de classe.
― Terra? – Regina perguntou simplesmente enquanto a mãe virava-se em direção da escadaria principal do castelo. Sabendo que deveria segui-la, a jovem o fez, fechando a porta de seus aposentos e seguindo os passos ritmados da mãe enquanto só o que se ouvia era o estalar das botas de montaria de Regina no chão. Irritava Cora profundamente, mas o que aparentava naquele momento era que nada poderia irritar mais a mãe do que a presença da garota mencionada.
Descendo as escadas passo a passo preguiçosamente, Regina finalmente alcançou o Hall de entrada onde seu amado pai se postava ao lado de uma garota aparentemente da mesma idade de Regina. Ela não olhava o chão como era esperado de pessoas que acabavam de conhecer Cora. O que fez com que Regina prestasse mais atenção nela. Seus olhos eram cativantes, num tom claro de mel, quase que próximo com o de Regina. Seus cabelos estavam ensopados, assim como suas roupas, por isto era difícil de deduzir se eram lisos ou encaracolados, mas Regina apostava num meio termo ondulado. Terra, como Regina lembrou que era seu nome, trajava roupas simples, mas não miseráveis. Ela lembrava a imagem de uma camponesa refinada.
― Regina, minha querida... – Seu pai, o Lord Henry, se pronunciou após um longo tempo em que deixou que as duas garotas se acostumassem com a presença e visão uma da outra. Ele sabia certamente que Regina não era a única a observar, Terra só o sabia fazer mais discretamente. – Está é Terra. É filha de um grande e velha amiga minha. Seus pais... – a pequena pausa fez Regina franzir o cenho e finalmente encarar seu pai, esperando uma resposta. – faleceram recentemente. Então Terra irá morar conosco de agora em diante.
― Ela vai ser sua dama de companhia... – Cora iniciou sua breve explicação e Regina já rolava os olhos furiosamente. Sem delongas ela interrompeu a mãe.
― Não preciso de uma! – Regina era uma das poucas que ousava com sua mãe, mas somente até certo ponto.
― Isto não foi uma pergunta. – O retruque só deixou a jovem Mills mais raivosa.
― Eu não quero, mamãe. É tão difícil entender? – Estando prestes a deixar o cômodo, Regina bufava, mas Cora agiu mais rápido e um borrão de fumaça roxa aparecia cintilando em suas mãos finas, cobertas por luvas pretas devido ao frio tempo. A fumaça se desenrolava em torno de Regina impedindo-a de se mover.
Terra olhava a cena, agora horrorizada. Havia pavor nos olhos de Regina e, pelo que a outra jovem via, ela parecia quase que sufocada. O instinto mandou Terra correr para acudi-la, mas foi Henry que a impediu segurando em seu braço e olhando dolorosamente para a garota enquanto sacudia a cabeça negativamente. Um não pareceu ser murmurado de seus lábios, mas Terra não ouviu nada. Ele parecia claramente atordoado e movido pelo mesmo instinto de ir acudir a filha, mas algo o impendia de fazê-lo e que quer que fosse o martirizava e condenava por dentro. Henry somente a soltou quando a garota afirmou com a cabeça que não se moveria. Nenhuma palavra foi dita e a troca de movimentos e olhares durou uma questão de segundos.
― Como ousa me desafiar desta maneira, Regina? – Os olhos de Cora pareciam turvos. Por mais que estes já possuíssem certo tipo de frieza, ela havia certamente aumentado com o uso da magia. Como se a névoa não saísse de suas mãos e sim de seus olhos. Para os dois que assistiam a cena, a névoa parecia atordoar ainda mais a mente de todos.
― Mãe...
― Silêncio! – clamou furiosa, com os olhos penetrantes focados apenas e somente em Regina. – Quando eu der uma ordem, ela deve ser cumprida. – Regina permaneceu estática envolta da nuvem purpura. – Você entendeu? – os dedos de Cora se apertaram e a fumaça roxa se moveu entorno da jovem, apertando-a. Seus olhos possuíam leves lágrimas, mas ela concordou com a cabeça. Cora sorriu, de forma quase que irônica. Era maléfico. – Ótimo.
Em segundos não havia mais fumaça alguma no cômodo e Regina havia se virado e subido as escadas de pressa para seu quarto, batendo a porta com um estrondo que se misturou com seus soluços. Sem que se deixasse abalar, Cora moveu-se vagarosamente para a sala do chá, chamando uma criada. Isso Cora fazia com total e extrema educação, vindo de origens baixas pelo menos algo ela aprendera, tratar seus servos bem.
Henry também deixara o Hall, desconsolado e sem notar que a garota nova ficará ali perdida no meio do aposento. Terra ainda estava em estado de choque e respirava com dificuldade. Seus olhos castanhos claro estavam focados na porta do andar superior. Ela não sentia pena de Regina, era na verdade uma compaixão, uma necessidade de acolhê-la com um abraço. No fundo Regina realmente precisava disso, pelo menos Terra deduziu. Entre ter uma mãe psicótica e um pai omisso, Terra preferiria sua própria situação: nem pai, nem mãe nenhuma.
Choveu a semana inteira e durante aquele período Regina deixou seus aposentos poucas vezes, fez algumas refeições em seu quarto e na maioria das tardes só saia de lá para tomar o chá da tarde com a mãe. Não que ela gostasse da atividade, mas era praticamente um ritual que Cora criara. "Uma dama nunca perde a hora do chá." Ela costumava dizer a Regina com aquele tom superior e olhar de reprovação todas as vezes que a mesma se atrasava. A filha simplesmente concordava com a cabeça e sentava-se diante a mãe, permanecendo calada ou pronunciando poucas palavras durante os trinta minutos de tortura que aquilo durava diariamente.
Pouca, ou quase nenhuma, palavra foi trocada entre Terra e Regina durante aquele período. Na maior parte das vezes quando acontecia, era estranhamente por parte de Regina. A novata da casa parecia absurdamente tímida, mas sempre respondia com um caloroso sorriso.
Apesar da relutância da jovem, sua mãe mantivera a absurda ideia de uma dama de companhia. E Terra se dedicava em seu máximo, acatava as ordens de Cora, mantinha-se junto de Regina quando lhe era ordenado, sempre em silêncio, com um acenar de cabeça na confirmação que iria fazer o que lhe fora mandado. Terra tinha em sua cabeça, que por mais horrenda e mal carácter que Cora pudesse parecer, ela a estava aceitando em sua casa. Se não fosse por Henry, obviamente, Terra estaria na rua sem lugar para morar. Mas Cora a poderia ter recusado também se achasse conveniente. Já havia ficado bem claro, desde o dia da chegada de Terra, que quem ditava as ordens na casa era a mãe, e sua magia.
Terra nunca precisou presenciar novamente, nas semanas que se seguiram, os poderes de sua patroa. Regina se mantivera fora do alcance da mãe na maior parte do tempo e quando estavam ambas no mesmo ambiente, a filha mantinha o silêncio como seu melhor amigo.
Certa tarde, logo após deixar a sala das damas depois do chá, Regina e Terra fizeram o caminho para o jardim. Era a primeira de muitas tardes que o sol se abria, mas Cora não queria que Regina cavalgasse. Então as duas simplesmente sentaram-se no jardim, sob a gigantesca macieira que Regina mantinha desde a infância. Envolta no canto dos pássaros, Terra tomou a liberdade de buscar duas maçãs dos galhos da beirada. Eram frutas pomposas, de uma cor vinho forte; tão perfeitamente cuidadas que pareciam de cetim puro.
― Elas são bonitas. – Terra pronunciou-se com um sorriso quando sentou-se novamente à relva suave, logo após entregar umas das frutas a Regina.
― Eu as cuido como se fossem filhas. – havia um leve sorriso nos lábios carnudos da jovem. Ela deu uma dentada profunda na fruta e suspirou mastigando-a. Levou um tempo até que tivesse engolido tudo para voltar a falar, como uma dama faria. – De onde você vem?
Terra achou curioso. Depois de todo este tempo que já havia se passado, desde que chegara, esta era a primeira vez que Regina lhe dirigia uma pergunta. Especialmente sendo uma pergunta sobre sua vida. A garota lembrou-se de sua vila, de sua amável mãe e como eram felizes só as duas. Ela nunca conhecera o pai, nem sabia realmente que ele era porque sua mãe também nunca mencionara. Mas para Terra também pouco importava, pelo menos até o tempo que ela fora feliz ao lado de sua mãe.
― Eastentown. – ela falou simplesmente. Apesar de Regina pareceu um pouco fechada, naquele momento seus olhos pareciam curiosos, a fim de instigá-la a continuar. O que ela acabou não fazendo.
― É longe daqui. – Regina disse então. – Fez longa viagem?
― Sim, – Terra riu, Regina claramente conversar. Como se a maça a tivesse libertado. – leva algumas horas... Eu já esperava, no entanto, já que fica praticamente na fronteira com o Reino vizinho.
― Meu pai faz muitas viagens para aquela região. – ela disse mordendo a maça novamente, desta vez esquecendo-se das perfeitas regras de etiqueta. – Ele faz muitos negócio com o Reino vizinho e sei que fica perto da região da fronteira. Disse-me uma vez que é um lugar fabuloso. Queria me levar lá uma vez...
― E por que não foi? – perguntou a jovem com um sorriso.
― Mamãe. – Não havia muito mais a se falar, Terra entenderia que aquilo era suficiente para impedir qualquer coisa de ocorrer. Apesar de nova, ela já tinha a ciência da dinâmica daquele lar.
― Entendo. – ela concordou afinal. – Seu pai se hospedava em nossa casa algumas vezes. Quando pernoitava no caminho. Lembro-me que uma vez ficamos os três acordados e ele leu uma história para mim. Acho que tinha oito anos. – A lembrança a fez sorrir largamente. – Seu pai sempre foi muito amável e costumava nos ajudar.
― Engraçado. – Regina sorriu. – Nunca o ouvi comentar que ajudava sua família. Provavelmente porque mamãe não perdoaria atitude tão nobre e louvável. – inconscientemente as duas gargalharam juntas.
― Acho que tanto você e seu pai se deixam intimidar muito por ela. – Terra deu de ombros enquanto Regina franzia o cenho e a encarava como se fosse louca. – Não há nada que não possa ser derrotado. Além do mais, a magia dela deve ter algum limite.
― Bom, se há... Ela fez questão que não soubéssemos. – Regina refletiu. Terra tinha um pouco muito importante ali, que futuramente ela esperava se lembrar. – Você sente falta de sua mãe?
― Muita. – de repente os olhos de Terra ficaram turvos, Regina identificou que era lágrimas.
― O que houve com ela?
― Ela ficou doente... – Terra suspirou mordendo a maça novamente e notando que chegava ao seu fim. – Mesmo com a ajuda do Lord Leopold, não pudemos fazer muito. Eram medicamentos caros, mas não a salvaram. Nunca entendi bem qual era sua doença...
― Sinto muito. – Regina falou sinceramente e inclinou-se para segurar a mão de Terra amigavelmente.
― Obrigada. – ambas trocaram um sorriso largo, como se uma amizade estivesse a ponto de surgir. Regina colocou-se de pé, segurando as longas saias do vestido para não tropeçar nelas.
― Venha comigo, quero lhe mostrar meu cavalo. – ela disse esperando que Terra ficasse de pé e pegou sua mão quando ela o fez, guiando-a para os estábulos.
