Disclaimer : Naruto não me pertence. Se pertencesse Neji estaria bem vivo e junto da Hina-chan. Aquele deus grego com cabelos de dar inveja em muita mulher *-*

Obs.: Miya e Lais Santtanna, eu fiz essa fanfic para as senhoritas. Espero que gostem.

A menina que tinha a morte como companhia

Seu corpinho era pequeno como seus sorrisos. Estes eram raros, porem sempre sinceros. Sua pele de um branco ligeiramente rosado lembrava a neve limpa. Neve que a trairia, que assistiria revoltada sua morte, que a mataria. Seus cabelos eram como o céu a meia-noite em uma noite de lua cheia, de um negro azulado intenso e encantador. Seus olhos tinham cor de espelho, refletiam a lua constantemente ou a superfície das águas por ela iluminadas. O rosto redondo e todas as suas características um tanto quanto peculiares exibiam uma garota com o aspecto de boneca de porcelana.

Seu olhar era triste e morto como o de uma boneca de porcelana.

Olhar de quem já viu tudo na vida e a nada teme.

No dia em que nascera nevava. O céu estava cinzento e denso e as ruas estavam cobertas por varias camadas de neve suja e lamacenta. No hospital, alheia ao clima feio e a paisagem horrenda de uma cidade poluída durante uma nevasca, uma mulher dava a luz a sua filha primogênita. Assim que a criança saiu do ventre da mãe veio o choque. Ela não chorava. A equipe médica e a mulher ficaram preocupados. O pai sentia medo e baixou a filmadora, esquecendo-se de pausar a gravação. Nascera morta?

Não.

- Talvez seja muda. - arriscou uma enfermeira após checar os sinais vitais.

A sala continuou em silencio. O pensamento dos doutores ali presentes formavam quase um mantra implorando para que o bebe emitisse algum som. O vento gritava com a janela de vidro, ameaçando arrebenta-la e tomar a pequena em suas correntes de ar para leva-la para longe daqueles olhares aflitos. Um choro contido ecoou. Era a mulher que trouxera ao mundo a menina que deixava as lágrimas correrem livremente por seu rosto. Aquele casal de pais não era como os outros. Eles provinham de uma família muito tradicional e fechada. Eles eram o Sr. e a Sra. Hyuuga. Ele era o homem mais poderoso economicamente do país e ela era sua esposa. Ele encarou a companheira irritado, a raiva cintilando em seus olhos opacos e pálidos.

- Não bastava ser menina, tinha que nascer deficiente? Eu falei que era melhor abortar!

As lamúrias da mulher se intensificaram. Era o choro de quem tinha estado no inferno e sobrevivera apenas para ser lançada para lá de novo e trancada. A neve parara de cair. O vento sussurrava segredos a sala de parto, mas ninguém parava para ouvi-lo. Então houve um barulho. A parteira guinchou de felicidade. A recém-nascida não era muda, apenas devia ter entrado em choque com o parto longo e complicado.

Era o dia 27 do mês de dezembro.

Eles não sabiam que aquele choro era o anuncio de uma tragédia.

A luz do sol entrou pela janela ao se livrar de uma nuvem e o pai da criança percebeu.

Então deu-se um nome a ela.

Hinata quer dizer lugar ao sol.

Hinata Hyuuga era tão fria quanto a neve sendo iluminada pelo sol naquele dia.

Aos dois anos de idade a menina que devia ser ensolarada nada falava. Ela se recusava a balbuciar qualquer palavra, limitando-se a soltar grunhidos para se comunicar. Assistia quieta, geralmente escondida debaixo de algum móvel, seu brigar com sua mãe na enorme mansão. Seu olhar quicava de um para o outro tentando decifrar o significado daqueles sons que eles chamavam de palavras.

As pessoas assistiam assustadas a ruína da família com a chegada da filha.

Até que um dia, sete de janeiro para ser exata, durante mais uma das brigas dos pais, a garota foi até eles. Parada no meio da cozinha, viu as lágrimas correrem como rios em direção ao oceano pelo rosto ovalado de sua mãe. Com recém formados três anos, a menina, que dedicara sua curta vida até ali a ser mera espectadora, ja entendia uma pequena fatia do que aquelas palavras significavam. Foi até a mais velha caída no chão e pronunciou sua primeira palavra.

- Mamãe.

- O que disse, querida? - a mulher segurou o choro.

- Mamãe.

Ela sorriu e tomou a filha nos braços. Logo o marido se juntou a ela e abraçou a menina também. Afinal a maior parte das brigas tinham a pequena como motivo principal e aquele momento, ambos sabiam, seria raro.

Naquela semana não houve brigas.

Nem no resto do mes.

Ou nos meses que se seguiram.

Foi em maio que ela pronunciou sua segunda palavra. Estava no banho quando a energia acabou, logo o chuveiro despejou água fria e tudo ficou escuro. Ela não gostava do escuro. Então ela gritou com toda a sua força em um tom de repreensão por estar sozinha. O que mais assustou não foi o tom, mas o que foi dito.

- Hiashi! - berrara.

O homem discutia com a esposa sobre onde estavam as velas quando a ouviu. Seu ego ferido de pai deu uma inflada. Ao chegar no banheiro iluminou o rosto pequeno e recebeu de volta um olhar irritado. Ele riu no breu e a envolveu com uma toalha. Depois de seca-la e vesti-la, foi com a pequena nos braços até a sala. A mãe tentou corrigi-la apontando para ele e dizendo papai repetidas vezes.

- Hiashi. Mamãe. - a menina falou encarando a mãe.

-Ela tem moral Satsu. - ele riu- Deixe a menina. Pode me chamar de Hiashi-sama, Hinata?

- Hiashi-sama.

- Muito bem.

Aos quatro anos de idade o vocabulário dela se limitava ao nome do pai com o uso do sufixo e a mamãe. Era frágil demais e vivia doente. Não podia descer a escada sozinha, pois começava a arfar sem ar ainda na metade. O pai vivia ralhando com ela. O desgosto pela filha era visível para todos. Ele sempre esperara um herdeiro robusto, forte como um touro e saúde ferro, então receber uma filha com uma saúde tão instável era o fim.

- Essa menina é uma inútil! - esbravejava- Imprestável!

Ela nada fazia senão ouvi-lo em silencio, não ousando se mover. Seus olhos sempre embaçado por lágrimas de medo. Pequenina e indefesa, aprendera a temer os acessos ira do pai e sua grande mão que, sozinha, cobria toda a barriguinha dela. Ela apenas deixava aquela chuva de palavras de estranha sonoridade, que em quase nada a ofendia por não saber o significado, dançarem pelo ar de forma peculiar e cada uma, ao seu modo, desaparecer sem deixar rastros. Então ela ouvia tudo com atenção, pois não contava com a ajuda da mãe quando ele começava a brigar com ela.

Incrivelmente, Satsu Hyuuga nunca estava em casa quando Hiashi resolvia brigar com a filha.

Mais estranho ainda era saber que ele brigava com ela constantemente, logo a mulher saia por horas quase todos os dias do ano.

Certo dia a menininha resolveu defender-se ao seu modo. Ousou interromper a tempestade de frases proferida pelo homem. Deixou uma unica palavra fluir boca afora. De seus diminutos e rachados lábios pálidos cinco letras escorregaram com vida e sinfonia própria.

- Papai.

Fora quase um sussurro sentido de tão baixo. Aquilo bastou para desmontar o homem. Ela fez uma mesura profunda e se levantou. Não ergueu seu olhar de encontro ao dele. No dia em que chegara a chama-lo de forma carinhosa não se permitia fita-lo. Ela preferiu observar seus pés brancos e subnutridos contando quantas veias azuladas ela conseguia ver. Ele estava se estilhaçando por dentro ao observa-la. Não enxergou a sua herdeira, a futura líder Hyuuga, mas uma nenina de quatro anos doente e lançada a própria sorte mesmo tendo dinheiro, porque não tinha uma família de verdade.

Ele tentou abraça-la, mas ela partiu antes que ele o fizesse. Foi vendo-a se afastar que a realidade esbofetou-lhe a face. Hinata tinha estatura de uma criança de dois anos e meio e a maturidade de uma criança bem mais velha. Ela tinha uma coleção de marcas roxas pelo braço e as ignorava por serem uma mensagem contante de que ela vivia no hospital, e para uma uma garota como ela os hospitais são uma fonte de felicidade. Com seus ossinhos salientes e anemia ela se sentia bem quando agulhas de diversos tamanhos invadiam sua pele injetando líquidos que proporcionavam a possibilidade de correr pela sala sem desmaiar quando chegasse em casa. Ela dormia na maca apenas esperando para voltar para casa revitalizada.

Naquele dia ele chorou. Deixou as lágrimas caírem até que seus joelhos ficassem dormentes pelo tempo na mesma posição. Até que ele dormisse de exaustão ali mesmo, no piso de madeira de sua sala, abraçado a sua repentina solidão doentia. Até que a menina escondida atrás da mesa de canto perto da escada adormecesse também.


Eu sei que eu não terminei algumas fics e vir com outra é loucura, mas eu estou me organizando para terminar todas elas.

Espero que gostem desse primeiro capítulo.

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