Lori estava radiante aquela manhã, nada parecia ter o poder de apagar aquele sorriso bobo de adolescente apaixonada desde que Steve a pedira em casamento havia três meses. Em dois dias ela seria a senhora McGarret. Nada lhe roubaria a felicidade de subir ao altar de braço dado com o SEAL.
Estranhamente na mesma semana as vésperas do casamento, Steve estava uma pilha de nervos, bastaria uma palavra para que ele explodisse e acabasse com a raça de qualquer um ali no Five-0, principalmente Danny. Este último parecia estar numa missão exclusiva de irritar o noivo constantemente.
As discussões aumentaram vertiginosamente e estavam prestes a se pegarem, literalmente. O detetive não conseguia se conformar coma decisão de Steve em se casar com a loira nojenta e irritante. Desde que Steve se envolvera com Lori a amizade dos dois começou a se degradar. O loiro não aceitava ser trocado por uma mulher.
– Daniel!
O homem loiro revirou os olhos, estava farto de o chefe chamar sua atenção. Era o único que se dispusera a concluir o relatório do caso que haviam fechado aquela semana. O único que aceitara trabalhar numa tarde de sexta-feira para que não ficasse trabalho para ninguém fazer no casamento do comandante.
Steve adentrou a sala ofegante e encontrou Daniel em pé apoiado na mesa de café. O loiro estava exausto, o trabalho sobrecarregado, Lori, o casamento, Steve, a amizade deles, as brigas deles, Rachel, Stan e Grace. A garotinha não tinha culpa, mas também era motivo de preocupação para o detetive.
– O que quer, Steve? Veio brigar novamente?
– Danno...
– Pare de me chamar assim. Só a Grace pode me chamar de Danno.
– Ok. Por favor, não vamos brigar. Eu sei que ultimamente não tenho sido um cara legal com você.
– Oh! Você notou! Ótimo, porque você está me tratando tão bem que estou com inveja dos caras maus que você prende. Me sinto um verme e...
– Mas você não faz por menos. Provocações em cima da Lori o tempo todo. Me cansei dos seus comentários sarcásticos sobre minha noiva. Eu entendo que você não goste da Rachel, mas nem todas as mulheres são como elas.
– Realmente nem todas são como ela, só as do naipe da Lori.
– Chega! O que você tem contra ela, afinal?
Danny abriu a boca para responder, mas não saiu nenhuma palavra. Sinceramente nem ele sabia qual era o problema com Lori. Nunca dera importância a presença dela. Até ela aparecer acompanhando Steve nas festas, almoços e comemorações deles. A partir daí começou a antipatizar com a moça.
Quando Steve lhe pediu para dormir na casa de algum dos colegas porque Lori iria dormir lá na casa dele. Danny se sentiu substituído. Provavelmente ela faria um jantar delicioso, eles beberiam e no fim, encerrariam a noite na cama dele.
Naquela noite Danny não dormiu. Ficou sentado num banco de pedra na frente da casa do comandante observando as luzes acesas da sala de jantar, depois da cozinha, do quarto e por fim a escuridão na casa toda. A raiva consumia o detetive conforme sua mente formulava imagens dos acontecimentos entre o casal.
Aos poucos a intrusa entrou na vida de Steve e tomou seu lugar. Ele precisava recuperar se posto o mais rápido possível. Não tinha respostas para as perguntas que fazia a si mesmo. Tinha apenas uma certeza. Queria Steve de volta. "Queria Steve?!" Que merda estava passando por sua cabeça?
– Danny?!
– Ahn?!
– Eu estava aqui falando com você e de repente parece que estava em transe.
– Eu... Ah, esquece. O que dizia?
– Bom, os caras querem fazer uma despedida de solteiro para mim. Passaremos o final de semana num lugar incrível. Com direito a hotel cinco estrelas, mulheres, muitas mulheres, bebidas e roletas.
– Fala sério sobre Las Vegas?
Steve apenas sorriu, seu relacionamento com Danny fora do trabalho era assim. Brigavam, soltavam farpas, depois ficava tudo bem. Kamekona lhe disse uma vez que pareciam um casal iô-iô. Só faltavam resolver as discussões na cama. Literalmente.
– É sério.
– Ótimo, como vamos para Vegas? Você por acaso tem um jatinho escondido no bolso?
Steve colocou a mão no bolso da calça e de lá retirou um envelope e jogou para Danny. Passagens de ida e volta, destino: Las Vegas. Primeira classe
– Gostou do jatinho de bolso que arranjei para levar meus amigos à cidade do pecado.
– Como conseguiu?!
– Cortesia da governadora. Você é meu convidado favorito. Está dispensado do serviço. Volta pra casa e faz suas malas, Ainda esta noite estaremos num cassino. Acumulando fichas.
– Pode me dar uma carona no meu próprio carro?
Lá estavam novamente no Camaro de Danny, o comandante dirigia, claro. Mas o outro não estava com espírito para discutir esses detalhes sobre seu carro. Estava muito empolgado com a viagem.
Quando o detetive chegou ao apartamento de Steve havia duas malas prontas na porta da sala. Uma era de Steve, a outra... Ele correu para abrir e encontrou algumas de suas roupas, e um colar havaiano. Tinha também outros apetrechos havaianos, camisas floridas, bermudas e sandálias.
– Tomei a liberdade de fazer sua mala.
– Tudo bem, é sua despedida de solteiro. Eu não quero discutir com você, embora tenha detestado esses itens ridículos que colocou na minha mala.
Chegaram ao aeroporto e havia um jatinho particular esperando-os. Um oficial fardado da aeronáutica estava aguardando na porta. Os passageiros estavam surpresos com tamanho conforto e consideração por parte da governadora.
– Cara, começo a desconfiar que tem um caso com essa mulher!
– É muito amor pra ser apenas cortesia de "amigo".
Subiram as escadas e cumprimentaram o piloto. Dentro, uma segunda pessoa os aguardava. O copiloto era uma mulher belíssima e os guiou até a sala de estar. Todos se acomodaram nas poltronas confortáveis e ela saiu.
– Senhores passageiros apertem os cintos e divirtam-se!
Quando a voz do alto-falante se calou a porta do compartimento se abriu e as comissárias de bordo deram início ao serviço. Serviram os rapazes e um DJ colocou todos pra dançar, inclusive as garotas. As comissárias eram dançarinas contratadas para entreter os passageiros.
Logo todos estavam rindo, dançando e bebendo muito. As jovens deveriam estar faturando muito, porque pareciam bem receptivas aos rapazes. Chin estava com uma no colo. McGarrett e Williams também dançavam com as meninas.
Desembarcaram e um motorista particular estava esperando-os na saída do aeroporto. Acharam melhor dispensar o motorista e ficarem com o carro. Uma belíssima Mercedes na cor prata. Após um telefonema para a empresa que forneceu o carro e tudo se resolveu.
Steve guiou o carro pela cidade maravilhosa, tinha um hotel cassino em cada edifício. Todos prometiam a melhor diversão, mas os rapazes já haviam feito a reserva, na verdade isso foi trabalho da governadora, no hotel Flamingo.
O hotel bastante luxuoso tinha uma reserva em sua suíte mais cara para Steve McGarrett. Após se instalarem os garotos foram apresentados as mordomias daquele paraíso. Bebidas finas eram servidas durante a recepção deles.
Às dez horas em ponto estavam prontos pra cair na night. Fizeram um brinde ao noivo, à amizade e a despedida de solteiro. Entraram no carro e seguiram a orientação do gerente do hotel para os melhores lugares para se divertir.
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Lori estava desfrutando o ofurô do spa em seu dia da noiva. Em algumas horas seria uma mulher casada. Estava preocupada com o noivo. Ele partiu para Las Vegas na sexta-feira a noite e não deu notícias desde então. Passou o sábado ligando para ele e os amigos, tentou se acalmar, mas era impossível ficar calma se faltavam algumas horas para a cerimônia e o noivo tinha sumido do mapa.
Depois de inúmeras tentativas frustradas ela estava desesperada e agressiva, a família tentava conte-la sem sucesso. Os Convidados já lotavam o espaço reservado e o noivo continuava desaparecido.
– Lori querida, acho que ele fugiu do compromisso.
– Mãe, quer calar a boca pelo amor de Deus!
– Filha, não se preocupe, quando ele aparecer o papai vai fazer picadinho de McGarrett.
– Será que vocês podem parar com isso?! Está me deixando louca! Merda!
Finalmente o celular de Lori tocou e ela identificou uma chamada interurbana. Atendeu rapidamente, provavelmente era Steve que estava ligando para explicar a falta de comunicação e avisar que já estava chegando.
– Alô?! Amor?! Não dá pra entender. Fala devagar.
– Lori! É O Chin.
– Oi, Chin. Cadê o Steve? Quero falar com ele.
– Então, nós estamos procurando por ele.
– Como assim?!
– Eu sei a gente deu mancada, não era pra acontecer nada desse tipo.
– Não estou entendendo!
– Desculpa, cara. Desculpa mesmo. Ninguém se lembra do que aconteceu na noite de sexta-feira e quando acordamos no sábado, o Steve e o Daniel haviam desaparecido.
Chin escutou apenas o baque surdo de um corpo indo ao chão. Provavelmente Lori desmaiara. As coisas estavam realmente tensas, Ninguém tinha visto Danny ou Steve. Aparentemente eles nem voltaram para o hotel. O grupo ficou preocupado. Eles tinham inimigos no mundo inteiro poderia ter acontecido algo com eles?
Os rapazes resolveram coletar pistas do ocorrido da noite anterior. Cada um iria para um lugar e tentaria descobrir o paradeiro dos dois desaparecidos. Até que Chin sugeriu manter o grupo unido para segurança de todos.
O grupo começou a vasculhar a suíte em busca de pistas. Acharam um ticket de estacionamento de um bar onde possivelmente estiveram. A Mercedes constava no ticket e provavelmente o bar foi um dos últimos lugares por onde passaram a entrada era das cinco horas da manhã.
Pegaram o carro e foram para o bar. A fachada mostrava toda a decadência do local. O letreiro estava gasto com as letras quase apagando e as luzes queimadas. O local era malcheiroso e estava muito sujo.
– Caramba! Nós bebemos aqui?!
– Não me admira que quase morri de vomitar, vai saber o que eu bebi.
No balcão um homem mal encarado passava um pano imundo na madeira quebrada e envelhecida. Chin se aproximou e sentou num banco em frente ao homem mal encarado. Quando reconheceu o cliente sentado a sua frente o homem gargalhou por alguns minutos até conseguir atender o rapaz.
– O que vai ser dessa vez?
– Então me reconheceu?
– Claro, seria impossível não lembrar de vocês mostrando a bunda em cima do meu balcão e você rebolando no meu colo feito uma vadia.
Os outros ao lado de Chin engasgaram instantaneamente. O que havia acontecido naquele bar durante a noite anterior?
– Ei cara será que pode contar o que aconteceu exatamente a noite passada?
