- Não! Daniel! Meu amor! Por favor, fale comigo! Acorde!
Aqueles gritos ecoavam na cabeça de Regina ao mesmo tempo em que vinha em sua mente a resposta doentia de sua atormentada mãe.
- Regina, não adianta chamar por ele. Ele não acordará nunca mais. Ele se foi.
- Não! Eu não posso acreditar! Ele vai acordar! Daniel! Acorde! Por favor! – o desespero que Regina sentia era tão grande que só conseguia balbuciar algumas frases.
- Ele não poderia estragar o seu destino Regina. Você deverá se casar com o rei Leopold e se tornará uma rainha poderosa. Esse é o seu destino. Aquele rapaz só estava atrasando a sua vida.
- Eu não quero me casar com o rei. Eu não o amo! E não importa o que você faça Daniel nunca sairá daqui! - diz apontando para seu coração.
-Ah, minha filha! Isso não passa de uma tolice imaginada por todas essas jovens tolas. O amor não serve para nada minha querida. O amor é uma fraqueza Regina! Quero que você sempre me lembre de minhas palavras. O amor não passa apenas de um fruto imaginário da cabeça das jovens tontas. Eu não quero que você seja uma tonta. Pode ser que hoje você não me entenda, pois está com o seu coração machucado. Mas um dia eu tenho a certeza de que irá me compreender.
- Nunca! Eu nunca vou compreender esta monstruosidade que você fez. Como nunca vou te dar a razão minha mãe. - gritava Regina.
- Você matou o amor da minha vida! Sai daqui! Sai daqui! Eu não quero te ver nunca mais em minha vida. Eu sinto nojo de você. Nojo!
- Olha o respeito comigo! Afinal eu ainda sou a sua mãe!
- Se você não quer sair então saio eu mesma!
Dizendo isso Regina sai correndo do estábulo sem saber em que direção seguir. Estava completamente desnorteada, deprimida e chorando. Os gritos de Regina chamaram atenção de Henry que foi até o encontro da filha.
- Minha filha! O que está acontecendo? Por que está tão desesperada?
- Morto! Ele está morto! Caiu morto em meus braços! - gritava Regina deixando grossas lágrimas caírem em seu rosto de horas atrás que estava transbordando alegria e esperança de poder viver a sua vida com quem amava. Agora só restava a dor em seu coração e nada mais.
- Quem morreu minha filha?
- Daniel! Daniel está morto! Morto! -
Henry pode sentir a tristeza no rosto de sua filha.
- Daniel? Aquele jovem que cuida dos estábulos!
- Ela o matou na minha frente! Arrancou seu coração e o transformou em pó!
- Quem fez tal ato de maldade?
- Minha mãe! Ela o matou e estragou a minha vida.
- Mas por que ela fez isso?
- Porque eu o amo! Ela matou o amor da minha vida! Eu não sei mais como eu vou conseguir viver pai!
- Você amava Daniel! Porque nunca contou sobre isso para mim.
- Eu tinha medo de que não apoiassem meu romance com ele. E foi isso que aconteceu. Quando eu ia fugir ela apareceu e o matou! Bem na minha frente. Somente para eu ser obrigada a me casar com o rei. Eu não sei o que eu faço! Eu quero morrer! Não vejo mais nenhum sentido na minha vida sem ter ele ao meu lado.
Dizendo isso Regina cai de joelhos em frente à árvore onde ela e Daniel se encontravam as escondidas. Seu pai a ampara e evita fazer da queda algo maior.
- Vamos para casa minha filha! Você está muito fraca para ir a qualquer lugar hoje.
- Eu não quero voltar para lá! Eu não quero vê-la novamente!
Regina falava com dificuldade e sentia que todo o ar de seu corpo tinha ido embora.
- Eu não estou conseguindo respirar!
- Calma minha filha! Respire fundo que o ar voltará aos poucos!
- Eu... Eu... Eu estou sofrendo tanto. - balbuciou Regina
- Eu sei minha filha! Você não deveria estar sofrendo assim! Eu tinha que ter prestado um pouco mais de atenção em sua mãe. Eu também tenho a minha parcela de culpa.
- Não! Não é sua culpa! Por favor, me abraça! - pedia Regina que precisava de um pouco de calor humano.
- Claro que sim minha filha! Vamos voltar para casa porque parece que vem uma tempestade por aí!
- Está bem meu pai! Eu voltarei com o senhor.
Ao se levantar Regina sente a sua visão ficar turva e as pernas bambearem. Estava completamente tonta e percebeu que não conseguiria andar.
- Pai, eu não estou me sentindo bem.
Ao dizer isso Regina desmaia nos braços de seu pai! Henry volta para o castelo com o corpo desacordado da filha.
- Meu senhor! O que aconteceu com a minha filha?
- Você sabe mais do que eu o motivo isso tudo!
- Me deixa levá-la para o seu quarto?
- Eu mesma levo! Regina não se sentiria bem com a sua presença. Deixa que eu cuido da minha filha.
- Regina! Minha filha! O que você tem?
- Você assassina alguém na frente dela e ainda pergunta o que ela tem. Cora, nós conversaremos mais tarde.
- Mas meu senhor...
- Mais tarde! Agora a Regina é a minha prioridade.
Henry acompanhado de duas criadas levam Regina para quarto da jovem. O quarto era cuidadosamente mobiliado como toda jovem sonhava. Tinha uma cama com a melhor madeira do reino e os lençóis da cama eram de seda que Cora havia importado de outro reino. O guarda roupa era rico em todos os detalhes. No chão havia uma tapeçaria que havia sido presente de algum nobre para Regina. E na parede algumas das melhoras obras de arte que existiam na época. Henry deposita o corpo da filha na cama e em seguida pega um frasco e embebeda num pedaço de pano e passa cuidadosamente no nariz da filha que vai acordando lentamente. Ao olhar ao redor de seu quarto, Regina olha e fala com sofreguidão.
- Sabe que eu trocava toda a minha vida apenas para ter a chance de viver o amor verdadeiro. Mas minha chance se foi! E eu sinto que nunca mais vou ser a mesma.
- Não fale assim minha filha! Você ainda é tão nova para essas palavras tão duras.
- Não é a idade que torna as pessoas duras meu pai. São as circunstâncias da vida. E eu sinto que meu coração está sangrando por dentro e que toda a minha felicidade esvaiu do meu viver.
- No começo minha filha vai ser muito difícil! Eu não vou te negar isso! Mas com o tempo superará tudo isso que está acontecendo com você. Bem... Agora eu vou deixar você descansando um pouco.
- Por favor! Não se vá meu pai! Fique comigo! Eu não quero ficar sozinha.
- Eu faço companhia para você nesta noite dura e dolorida. Eu me deitarei ao seu lado e farei companhia para você. Deixa apenas eu trocar de roupa. Não demorarei em voltar.
Ao sair deixa ordens explicitas para as duas criadas que estavam com ele.
- Não deixe Cora entrar no quarto de hipótese nenhuma. Não fara bem para a minha Regina.
Dizendo isso sai do quarto. Regina deixa escapar algumas lagrimas e começa a balbuciar baixinho.
- Daniel! Meu amor! Eu nunca me esquecerei de você. Eu te amo com todas as forcas do meu coração.
Minutos depois Henry volta e se deita na cama ao lado da filha. Coloca a sua cabeça em seu peito e fica fazendo carinho no cabelo da filha. Regina choraminga baixinho ate que começa a sentir todo o peso daquele dia demasiadamente cansativo. Adormece nos braços de seu pai que a partir daquele momento passou a ser a única referência de família que Regina queria cultivar.
