Quando deixaram o corpo inerte da sra. Watson no Aquário de Londres, Mary se levantou devagar. Um fio de regeneração saiu de sua boca. Surpreendentemente sua aparência era a mesma. Então ela se deu conta do que aconteceu e começou a chorar desesperadamente. Ali na sua "morte" viu a oportunidade de deixar John e Rosie em segurança definitivamente. Mesmo em meio a lágrimas e tristeza, conseguiu agir, se sacrificando por amor mais uma vez em sua vida.
Ela correu até o antigo apartamento que morava em Londres quando era solteira. Havia lá algo guardado de quando ela fazia missões para os Wyther. Carne artificial. Rapidamente conseguiu criar uma sósia de si mesma inerte e sem vida. Mary o levou até o aquário e o deixou ali, a substituindo. Agora só havia um único refúgio que ela poderia ir. Darilium, para a casa de seus pais.
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O relógio de Mary era um manipulador de vórtex que ela não usava há anos, desde que tinha se estabelecido na Terra. Ela então deu as coordenadas e num piscar de olhos estava em Darilium. Avistou a casinha que seus pais moravam há 2 anos. A velha e amada TARDIS logo ao lado. Mary respirou fundo e bateu na porta.
-Mas quem será que pode ser numa hora dessas...-ela ouviu a voz escocesa e rabugenta de seu pai, o que a fez sorrir -Amelia?
Ela abraçou seu pai que estava ainda perplexo, mas extremamente comovido por ver a filha.
-Pai-Mary disse-será que posso passar um tempo com vocês?
-Mas é claro-o Doutor concordou-contanto que me conte o que aconteceu.
-Então docinho quem era...-River ficou sem palavras ao ver a filha e só correu para abraçá-la-Mary!
-Mamãe!-a mais nova respondeu de volta-É tão bom vê-la.
-Mas por que veio nos visitar? Não que eu não esteja feliz, é claro-Melody explicou.
-É o que eu queria saber também-o Doutor cruzou os braços sentando-se na frente da filha.
-Tem razão eu não vim aqui a toa-Mary começou a explicar-aconteceu algo muito grave. Eu morri durante um dos casos de Sherlock. Na verdade na resolução dele. Só que depois de um tempo eu me regenerei. Mas decidi manter minha morte porque John e Rosie correm perigo por minha causa. E eu não tenho mais pra onde ir. Só tenho a vocês agora.
Ela não pôde conter as lágrimas.
-Então John não sabe que está viva?-seu pai lhe perguntou.
-Não e tem que ser assim pai-Mary fungou-é pro bem deles.
-Eu sinto muito minha menina-ele a abraçou-fique aqui o tempo que precisar.
Mary só ficou em silêncio, grata pelo apoio de seus pais. Ela ficou um tempo em Darilium, vivendo sua vida tranquila porém preocupada, não deixava de pensar na família que deixara pra trás. Mas os momentos de alegria com seus pais a faziam lembrar sua feliz infância.
Então em um belo dia ela recebeu uma mensagem codificada. Um código que ela conhecia bem, mas queria muito esquecer.
Dentro do envelope, além da mensagem havia uma pequena mecha de cabelo loiro. Ela reconheceu o cabelo de quando era mais jovem.
Era dela mesma. Mary cortou os cabelos quando era espiã dos Wyther. A mensagem era deles e dizia que ela podia fugir o quanto quisesse, mas John e Rosie jamais escapariam das garras deles. Os Wyther teriam sua vingança contra Mary com a morte deles. Mary mostrou a mensagem a seus pais.
-Isso é pior que os inimigos da AGRA-ela disse preocupada-como eu posso contar que estão sendo perseguidos por alienígenas? Como eu posso me aproximar sem colocá-los em perigo?
-Só se acalme minha querida, vamos pensar em alguma coisa-River tentou consolá-la-tenho certeza que você não vai deixar que nada de mal aconteça a eles.
-Tem que voltar e contar pra ele-O pai de Mary foi prático-ele tem que saber a verdade sobre você, toda a verdade, é direito dele. John lhe deu votos de confiança infinitos. E você o conhece melhor do que ninguém. Sabe que ele te daria ouvidos e a perdoaria.
-Depois de ficar mortalmente magoado-Mary disse chateada-mas vocês tem razão. Ele tem que saber.
-Conte a ele e faça mais uma coisa-River pensou em um plano mais elaborado-Diga a ele que vocês precisam fugir. Você está tendo uma oportunidade única, minha filha. Mesmo em meio ao caos pode ser feliz com quem ama.
O Doutor a olhou um tanto tristonho.
-Sua mãe tem razão Amelia-ele pôs um braço sobre o ombro da filha-fuja pra bem longe, deixe a Inglaterra pra trás. Vá pra uma terra de estrangeiros. Tenha uma vida comum na medida do possível. Eu vou te dar uma carona até Londres.
-Vamos falar com o John agora?-Mary ainda estava pasma.
-Sim quanto mais cedo mais seguro pra ele e pra minha neta-o Doutor respondeu-vamos, pra TARDIS agora!
Mary se assustou com a decisão tomada tão rapidamente, mas estava acostumada a lidar com os problemas dessa maneira. Ela abraçou sua mãe e seguiu seu pai até seu velho lar.
John voltou a sua casa para buscar algumas coisas para sua mudança de volta ao 221B. Ele estava arrumando tudo quando um barulho no quintal chamou sua atenção e o deixou em alerta. Pegou sua arma e esgueirou-se até o quintal. Então ele parou ao ouvir os gemidos da TARDIS.
"Mas que coisa estranha será essa?" Pensou ele.
E já do lado de fora, avistou a TARDIS. Seu cérebro entrou em parafuso de novo. A porta da cabine se abriu. O Doutor saiu de lá. John estava prestes a ter um piripaque.
-Então finalmente tenho o prazer de conhecê-lo pessoalmente-O Doutor sorriu-você me lembra muito de outro profissional da saúde.
-Que...que... quem é você e como veio parar aqui?!-o médico não se conteve.
-Ah claro entendo que é muito pro seu cérebro de pudim processar, mas eu sou o Doutor-o timelord se apresentou sem muitos rodeios.
-Doutor quem?-John disse ainda irritado-e não me respondeu como veio parar aqui.
-Argh!-O Doutor suspirou-só entre na cabine Dr. Watson, por favor.
John lhe fez uma cara feia mas obedeceu. Ele ficou ainda mais perturbado. Seus olhos vasculharam o interior da TARDIS.
-Isso é impossível!-ele exclamou-o que é esse lugar? Quem é você? O que veio fazer aqui?!
-Eu entendo toda sua confusão John mas vou responder sua terceira pergunta-O Doutor tentou esclarecer-Amelia.
Então John viu sua falecida esposa. Teve certeza de que estava sonhando. As alucinações queriam atrapalhar sua recuperação de novo. Ele inspirava e expirava profundamente, tentou não desmaiar.
-Mary...-ele suspirou-vc... por que?... como?
-Eu sinto muito-ela se aproximou chorando-há muito mais sobre mim que você precisa saber.
Ele não hesitou em abraçá-la. Segurou-a firme para se certificar de que ela estava ali viva.
-Seja lá o que for-John disse depois de um longo tempo-eu quero ouvir e entender, mas saiba que eu te perdoo. Só... obrigado por estar viva.
John seguiu sua esposa pelos corredores da TARDIS até que eles entraram em um cômodo estranhamente terráqueo. O velho quarto de Amelia. Eles sentaram-se na cama de solteiro.
-Acho que devo começar do começo-ela suspirou-é uma longa história mesmo.
-Tenho todo tempo do mundo-ele disse meio abalado.
-Tem mais no meu passado além de eu ser super agente-Mary retomou-meu pai, o homem que te abordou, o Doutor, bem... ele é um alienígena.
-Como é?-John replicou incrédulo.
-Achei que o tamanho da nave ajudasse a te convencer-ela disse-bem há muito tempo, ele conheceu uma moça chamada Amy e seu noivo Rory. Ambos viajaram com ele por todo tempo e espaço.
John só fez uma careta e decidiu apenas ouvir.
-Bom Amy e Rory tiveram uma filha-Mary continuou a história-Melody. Infelizmente a menina cresceu longe deles e pior ainda foi treinada como assassina para um dia matar o Doutor. Ele havia se tornado um inimigo pra muitos e um herói para outros. Mas Melody, agora chamada de River Song, não o matou. Se apaixonou por ele-ela fez uma pausa sorrindo-e eles se casaram e tiveram uma filha, eu. Me nomearam Amelia Mary Smith. Eu cresci o quão normal pode se crescer filha de um alienígena. Eu mesma na minha juventude tive aventuras pelo multiverso com as minhas irmãs. Mas um dia eu fui capturada por uma organização chamada Wyther. Me usaram como uma assassina profissional pra matar quem fosse conveniente a eles. É claro que fiz isso relutantemente. Em momento nenhum eu quis isso. Mas tinha que fazer pra sobreviver. Foi aí que eu tive uma missão na Inglaterra e decidi ficar. Foi quando o pessoal da AGRA me encontrou. Eu achei neles a família que eu tanto queria. Foi quando mudei meu nome pra Rosamund. Pra que ninguém dos Wyther me achasse. É claro que tive que me acostumar a viver perigosamente. Mas dentro de mim sempre fui relutante, sempre vivi em conflito. E depois do incidente eu tentei viver uma vida normal.
-É aqui que eu entro-John falou-conheço a história daqui pra frente. Então... seu pai... Dr. Smith presumo...
-Na verdade só Doutor...-ela corrigiu.
-O Doutor-John reformulou-e River Song são alienígenas. Seus pais são alienígenas. Então você...
-Tecnicamente nasci na Terra-Mary respondeu.
-Você é descendente de alienígenas-ele suspirou profundamente-como foi que não... morreu? Eu vi você na minha frente eu...
-Meu pai é do povo dos senhores do tempo-ela se aproximou de John-Do planeta Gallifrey. Eles tem uma habilidade que eu aparentemente herdei. Quando são mortalmente feridos eles se regeneram. Mudam de corpo mas a minha mãe era parte humana e a minha irmã Jenny também não muda de corpo quando regenera. Foi o que aconteceu comigo. Eu regenerei. Coloquei um corpo artificial no meu lugar.
-Entendo porque não me contou nada disso-ele respondeu-provavelmente eu não acreditaria. Mas por que fugiu? Seria fácil acreditar que você se recuperou do tiro.
-Mas você e Rosie ainda correriam perigo por minha casa-ela confessou-nunca me perdoaria por isso.
-Você vai voltar pra casa comigo-John se levantou decidido- Vamos falar que você fingiu sua morte, vamos dar um jeito.
-Não podemos voltar pra casa-Mary disse com pesar-ainda vamos correr perigo por minha casa. Os Wyther ameaçaram vingança contra mim prejudicando vocês dois.
-E o que fazemos então?-ele perguntou atônito.
-Meus pais tem um plano-Mary confessou-eu só espero que você concorde.
Eles caminharam de volta ao console da TARDIS. John tentava processar tudo que vira e ouvira até agora, se perguntava se era verdade ou se não passava de um sonho ou alucinação.
John reconheceu a figura do Doutor novamente e esperou para ver o que ele lhe diria.
-Imagino que você está mais calmo agora-o senhor do tempo deu um sorriso triste-pensei em um único jeito de salvar vocês.
-Mary disse que tinham um plano-John respondeu-me conte vou fazer o que me pediu de um jeito estranho eu confio em você.
-Mas deveria Dr. Watson-disse o Doutor-eu sou seu sogro. Bem... vocês tem que se mudar pra uma terra de estrangeiros. Um lugar em que forasteiros não chamam atenção. América. Vão pra uma cidadezinha pacata lá e façam sua vida. Vocês são médico e enfermeira, não vão demorar a conseguir um emprego. E Rosie vai crescer segura. Com seus pais pra tomar conta dela.
-E quanto a Sherlock?-John lembrou do amigo-ele não pode saber da verdade?
-Eu lamento muito, mas não-seu sogro suspirou- colocaremos ele em risco também se ele souber. Dê a ele uma desculpa convincente. Diga que recebeu uma excelente e irrecusável proposta de emprego.
-Eu vou fazer isso-era nítido o pesar que John sentia em ter que deixar tudo pra trás.
Ele abraçou e beijou Mary se despedindo. Trocou um rápido olhar de acordo selado com o Doutor e foi ao encontro de Sherlock.
John entrou sem cerimônia no 221b. Encontrou Sherlock lendo um livro, sentado em sua poltrona, vez ou outra observando Rosie, que brincava sentada no tapete, alguns brinquedinhos ao seu redor.
-Senta John e me conte o que foi que aconteceu-Sherlock disse olhando para ele.
Seu amigo apenas se sentou já acostumado com seu hábito de deduzir. E de fato John parecia levemente transtornado.
-Eu estava em casa quando recebi uma ligação surpreendente-o médico começou-uma clínica chamada Tardis me fez uma proposta. Querem que eu trabalhe com eles. O salário é bom e eu aceitei trabalhar com eles.
-Até aí tudo bem-Sherlock replicou-mas qual o problema?
-É que... bem...-John se inclinou pra frente parecendo desconfortável-a clínica fica nos Estados Unidos, no Kansas pra ser mais exato.
-Pretende se mudar?-o detetive se ajeitou na poltrona levemente alarmado-Vai se mudar com sua filha, que é uma criança de colo pra um país desconhecido?
-Eu sei que é difícil e muito extremo, mas...-John tentou se justificar-eu vou ter que ir. Preciso do dinheiro.
-Vai mesmo pra uma cidade diferente criar sua filha sozinho?-Sherlock falou com cautela-Eu sei que seu salário atual não é tão bom e se preocupa com o futuro de Rosie, assim como todos nós, mas aqui você tem tantos amigos pra te ajudar a cuidar dela...
-Eu sei, mas acho que dessa vez vou conseguir fazer amigos -John tentou ser otimista-consegui me tornar seu amigo então... escuta, eu vou sentir sua falta, você vai sentir a minha, mas é uma questão de necessidade. Além disso, nunca vou deixar de falar com você. Vou mandar mensagens e e-mails todo dia. Prometo.
-Eu sei...-seu amigo suspirou-não posso negar que vou sentir sua falta. Mas a decisão é sua meu amigo. E eu respeito o que decidiu.
-Ei...-John o chamou-não vai ficar sozinho. Você tem a sra H., Greg, Molly. Está em boas mãos.
-Tem razão John-Sherlock concordou-só espero que tudo dê certo lá e que você venha me visitar de vez em quando. Você e a Rosie.
-Claro com certeza-John sorriu aliviado.
Levou uma semana para que John partisse. Durante esse tempo recebeu mais instruções do Doutor e de Mary. Ninguém deveria saber que ela estava viva. Muito menos Sherlock. John, Mary e Rosie iriam morar em Lawrence, Kansas, cidade relativamente pequena e pacífica. Escondidos de qualquer Wyther. Os Watson deveriam mudar seus nomes.
-Quer dizer usar uma identidade falsa?-John questionou o Doutor.
-Não exatamente-o senhor do tempo explicou-por segurança, vocês devem mudar pelo menos seus sobrenomes. Não vão tomar o nome de ninguém. Só criar um novo nome pra vocês.
-Que tal Winchester?-John disse depois de pensar-Ainda vou poder escrever John W. É o lugar onde eu cresci.
-Ótimo-o Doutor concordou-ainda serão John e Mary W.
-John e Mary Winchester-Mary concordou-e a Rosie também vai precisar mudar de nome não é?
-Ah sim-seu pai confirmou-vão ter que dar um novo nome a sua filha. John e Mary são nomes comuns, mas Rosamund é muito específico. Rastreariam vocês e os encontrariam muito facilmente.
-John -Mary olhou pra ele-escolha o nome da nossa filha. Eu já escolhi e talvez se escolhesse agora, eles ainda desconfiariam que é minha filha. É sua vez agora.
-Elizabeth-ele respondeu depois de pensar um pouco-é o nome da rainha. Ela não vai esquecer que é britânica.
John ficou emocionado. Por ter sido soldado, ele não conseguia evitar ser um tanto patriota.
-Sherly-ele prosseguiu-Sherlock ia ficar feliz que dei seu nome a minha filha. Mais ou menos-Elizabeth Sherly Winchester.
-Elizabeth é comum, Sherly é constrangedor como todo nome do meio deve ser e Winchester é um sobrenome simples-O Doutor ponderou-acho que vai servir John.
Seu genro lhe deu um sorriso tristonho.
A semana passou rapidamente e numa tarde de sexta lá estavam Sherlock John e Rosie no aeroporto.
No 221B ele havia se despedido de Molly, Greg e a sra. Hudson. E Sherlock fez questão de acompanhar os Watson.
-Então é isso-Sherlock disse-o fim de uma era.
-Pode até ser que sim-John replicou ajeitando Rosie em seu colo-mas não pense nisso como um adeus. Eu vou cumprir minha promessa. Vou sempre manter contato. Afinal você é meu melhor amigo e tenho certeza que ninguém conseguiria tomar seu lugar.
-Digo o mesmo de você meu melhor amigo-Sherlock sorriu.
Eles trocaram um abraço. Rosie ganhou um beijo de seu padrinho e um abraço. Ouviu-se a última chamada para o avião de John e ambos suspiraram.
-Faça uma boa viagem John-Sherlock desejou e eles trocaram um aperto de mão.
O detetive observou seu melhor amigo e sua afilhada se afastarem e tomarem o avião. Ele se deu ao luxo de admitir que já sentia saudades dos Watson.
Quando John e Rosie chegaram a Lawrence, lá estava a TARDIS os esperando em frente a casa que ele havia comprado. Mary e o Doutor os esperavam. Mary abraçou o marido e a filha com todas as forças.
-Eu sinto muito John-ela disse emotiva-sei que não é fácil pra você, mas obrigada, muito obrigada...
-Eu vou indo-o Doutor anunciou-se cuidem, amem uns aos outros e fiquem seguros. Vou voltar se precisarem de mim.
-Obrigada pai-Mary lhe deu um abraço-mande minhas lembranças a mamãe.
-Seja feliz minha filha-o Doutor lhe deu uma última piscadela carrancuda e sumiu pra dentro de sua TARDIS, que desapareceu logo em seguida.
Os Watson, agora Winchester, entraram em sua nova casa. Mary e John tinham os corações cheio de expectativa e ansiedade. Fariam seu melhor para que uma terra desconhecida começasse a parecer seu lar.
Essa é mais uma história que eu chamo de remendo de SED, para ligar os acontecimentos da quarta temporada com a minha fic. Ah além disso essa história em particular é mais ou menos um prólogo bem antes da história Segredos entre as Dimensões.
