Disclaimer: Os personagens são de Markus Zusak.

Nota inicial: Diferente do original, essa minha historinia não vai ser narrada pela Morte. É, sim, em 3ª pessoa, mas narrador onisciente. Não por isso, peguei alguns elementos que o autor utiliza, de forma que, no texto, há uma mescla do meu jeito de escrever com o jeito do Markus.
Eis o primeiro capitulo (h) Espero que gostem.


I – Natural

-"Cabelos da cor de limões" – leu Rudy. Seus dedos tocaram as palavras. – Você falou de mim com ele?

Que tal um beijo, Rudy?

-É claro que eu falei de você com ele – disse Liesel.

Rudy voltou a olhar o desenho com um sorriso enviesado. Ela se importava com ele, era isso que o desenho queria dizer. E era obvio que Liesel se importava, eles não se desgrudavam desde os nove anos, eram melhores amigos, certo? E só amigos.

Rudy estava certo disso desde que Liesel negara seu beijo no Amper. Estava se negando a continuar gostando dela dessa forma.

-Falei porque você é importante pra mim, Rudy.

Havia um turbilhão de emoções no coração adolescente de Liesel Meminger naquela tarde, enquanto estava sentada à frente de Rudy. Devagar, ele levantou os olhos para ela, processando as palavras que Liesel dissera. Ela só podia estar brincando.

Mas os olhos de Liesel eram sérios e fixos nos dele. E ele pôde enxergar, pôde parar de se enganar. Porque, acima de tudo, os olhos de Liesel estavam decididos, cheios de amor. Ela também o queria.

Foram necessários dois segundos pra uma discussão interna sobre o que fazer. Pedir um beijo, como fizeram antes? Não fazer nada? Inclinar até ela? Puxá-la para si? Tudo isso no tempo de um piscar de olhos.

Então Rudy pousou A Sacudidora de Palavras ao seu lado, sem tirar os olhos de Liesel e se inclinou até ela. Quase era possível um escutar o coração do outro batendo com força contra o peito.

• AS POUCAS PALAVRAS •

QUE FORAM DITAS NAQUELE MOMENTO

-Liesel... – Mas a frase fora interrompida por um indicador em seus lábios, pousado ali por poucos instantes antes da mão da garota espalmar na bochecha de Rudy tranquilamente.

-Não diga nada, Rudy. – Ela sussurrou e se aproximou. – Não diga nada.

Quando os lábios se chocaram – numa delicadeza e cautela exagerada – ambos perderam a respiração. Foi Rudy quem sentiu o coração voltar a bater primeiro, respirou fundo inalando o perfume daquele momento, colocou uma mão no rosto de Liesel e roçou seus lábios nos dela, fechando os olhos.

Foi quando Liesel despertou, tomando conhecimento de seu corpo. E, ao contrario do que sempre achou que faria, deslizou seus dedos pro cabelo de Rudy, trazendo-o para si e pressionando seus lábios nos dele.

Eles sabiam o que fazer, era natural. Por isso Liesel cedeu passagem quando a língua de Rudy pediu. Por isso as mãos dele mudaram de posição, se acomodando na cintura dela. Por isso que ela ajoelhou e se encaixou em Rudy ao menor estímulo. Porque era natural.

E, ao contrario do que vocês podem pensar ou querer imaginar, não passou disso. As mãos de Rudy não saíram da cintura de Liesel, exceto quando os dois se separaram em busca de ar, para enroscarem no cabelo loiro da menina e puxa-la de volta pros seus lábios. E as mãos de Liesel não saíram do cabelo de Rudy, não cansaram de mantê-lo ali, firme, pra ela, concentrado nela.

Como se ele pudesse se concentrar em outra coisa.

-Rudy? – A roubadora de livros perguntou, deitada no peito do amigo. A resposta dói um resmungo qualquer. – O que vai mudar?

Ele demorou pra responder, por isso Liesel levantou a cabeça e olhou-o.

-O que você quer que mude? – Falou finalmente.

-Nada. – Ela respondeu de imediato e Rudy sorriu.

-Então nada vai mudar.

Liesel sorriu e deitou de volta no peito de Rudy, escutando-lhe o coração atrás da camisa, da pele, das costelas. Ela e Rudy haviam se beijado... Não precisava se repreender por não tê-lo feito antes. As coisas aconteceram naturalmente, exatamente quando tinham que acontecer.


N/A: Manifestações, pode ser? '-'
BL