O termômetro marcava °41.

Você costumava cuidar de mim. Eu suava, sentia náuseas, e minha visão estava deplorável, limitando-se apenas a borrões indistinguíveis. Você cuidava de mim e, por um momento que poderia ser infinito, voltei a enxergar tudo tão claramente quanto água. Consegui distinguir você e todos seus tons, que eu, por anos a fio, me esforcei a decorar. Eu enxergava, deitado naquela cama de hospital, a reciprocidade cravada nos teus olhos cor de chocolate, e deixei-me consumir pela doçura proveniente de tal. De repente, rodopiávamos no ar, abraçados, sem a mínima vontade e sequer pretensão de nos soltar. O momento entre a sua boca e a minha era infinito.

Nós éramos infinitos, ali, naquele instante.

Ali, nos desejávamos igualmente, não havia discernição, não havia nada além de nós, infinitos, continuando a rodopiar e rodopiar pelo ar, sem a menor pretensão de nada.

Eu suava, sentia náusea, era madrugada e eu estava sozinho.

Na verdade, você nunca apareceu.


N/A: Devaneios de uma mente que ainda não dormiu. Mas, particularmente, eu gostei dessa junção de Nietzsche com The Perks Of Being a Wallflower. Rin e Obito se encaixaram muito bem, na minha humilde opinião.