Decidi escrever uma fic em português para uma das minhas séries de eleição: Ossos! Espero que gostem, pode ser mais do one shot, mas isso depende dos reviews que tiver! Basicamente, esta história passa-se sete anos após Brennan ter pedido a doação de esperma ao Booth...Acho que vão adivinhar o resto!
-Menino Jesus, eu sei que é altura do Natal. Este ano não te peço coisas que quero, brinquedos, e coisas assim. Eu portei-me bem todo o ano, bem, quase todo! Mas obedeci sempre ao pai, à professora e respeitei os mais velhos. Claro que também respeitei os meus amigos, mesmos quando eles eram mauzinhos para mim e o Joey me chateava muito! Mas mesmo muito! Mas ele é o meu amiguinho, o meu preferido! Tenho ido à catequese todos os domingos, e também vou à missa. Rezo todos os dias e peço paz, saúde e muito amor para todos os meninos, meninas, homens e mulheres do mundo. Em especial, pelos doentes, pelos incompreendidos e por aqueles que não acreditam em nada e que vivem sem objectivo de vida. Rezo para que as guerras acabem, que todos tenham aquilo que eu tenho e que sejam felizes e se dêem bem. O pai diz que a melhor maneira de melhor o nosso aspecto e o humor dos outros é sorrindo, e é isso que eu faço. Todos os dias. Em especial nos dias em que o pai está cansado, eu sorrio, dou-lhe um abraço e faço silêncio. Ele também diz que às vezes o silêncio diz mais do que todas as palavras do mundo por mais belamente que sejam ditas. Por isso, peço-te uma coisa que sei que faz o pai ficar atrapalhado, e talvez um bocadinho zangado e desiludido. Sei que há muitos meninos e meninas que querem ver e passar este Natal com os pais, mas que alguns não estão lá. Ou os pais separaram-se, ou um deles morreu, ou até mesmo os dois, por mais triste que seja, ou um deles está na guerra, lá longe. Mas eu sei que a minha mãe está viva, que os meus pais nunca se separaram, até porque nunca estiveram juntos, e sei que ela não está longe daqui. Quero conhecer a minha mãe. Quero ser como ela um dia. O pai diz que ela é inteligente e bonita. E é por isso que a quero conhecer, quero ver se sou parecida com ela. Só quero vê-la ao longe, dizer-lhe 'olá', talvez, e dar-lhe um sorriso.
Booth ouvia a oração da filha quando passava pelo quarto dela, que olhava pela janela a neve a cair. Ficara estático, ouvindo a pequena e inocente menininha de seus doces sete anos. Ela tinha razão no que dizia; ele realmente ficava atrapalhado, zangado e desiludido. Atrapalhado por a ter deixado fugiu por entre os dedos, zangado por a ter deixado fugiu por entre os dedos, e desiludido por a ter deixado fugiu por entre os dedos. Tudo se resumia a isso, ter a deixado. A carreira como agente do FBI no Jeffersonian tinha deixado de ter uso para ele. Assim que a pequena Joy nascera, ele deixara aquele local. Não conseguia estar perto daquela mulher, que em Junho fizera sete anos em que lhe deixara a criança nos braços, desistindo à última da hora. E não, aquela não era a forte e perseverante Brennan que ele tão bem conhecia.
Custou a todos. Mas a todos mesmo. Booth era um agente competente, um colega de trabalho extraordinário e, mais do que tudo, um amigo. Brennan deixara de ser a mesma com o passar do tempo. Ainda não acreditava que o tempo passava bem depressa, e perdeu a noção da realidade. Durante aqueles sete anos, deixara de viajar como sempre fazia por altura do Natal, mas não porque o passava com a família. Refugiava-se no seu gabinete, por vezes ficava lá noite e dia, revivendo tudo o que era o passado. Passado esse tão distante. O palavreado científico que tinha, perdera-o em alguma quantidade, não muito, mas um pouco significante, e desde que pediu novamente a Booth por outra doação de esperma, ela sabia que queria ser mãe.
Booth ainda lembra as vezes em que eles ficavam sentados no sofá, ele com uma cerveja pela frente e ela segurando no regaço o gelado, que devorava às colheradas. E ainda lembrava as vezes em que quase o fazia deixar cair o que quer que tivesse em mãos e as colocava na barriga para sentirem o pontapear da bebé. E o que ela sorria, falava com a barriga e acariciava-a. Esquecera-se daqueles princípios da física, da química, e de tudo, e sorria como nunca Booth tinha visto. Até ao dia em que Joy nasceu. Ele segurou forte na mão dela o tempo todo. O problema foi quando ela segurou a criança, e ela chorou. Brennan não a conseguia acalmar, e via o jeito que Booth tinha ao embalar Joy. E cada vez que a menina era colocada nos braços dela, ela chorava e chorava. Brennan sentiu-se impotente, com falta de jeito e entregou-lha em braços a Booth.
-Posso entrar? – Booth perguntou espreitando na porta.
-Claro! – Joy disse com um risinho.
-Oh, upa! – Ele exclamou pegando nela em braços.
-Já te disse que é feio ouvir atrás das portas. Ainda por cima, quando as pessoas estão a rezar.
Os olhos dela esverdeados olhavam-no de forma repreensiva mas doce, e o sorriso tímido não tardava a aparecer iluminando-lhe a cara.
-Eu sei que sim. Mas eu gosto tanto de te ouvir. – Booth deu-lhe um beijo na testa e sentou na beira da cama, tomando um lugar à beira dela.
-O Parker vem passar o Natal connosco?
-Ele prometeu que passava cá. E disse que o pai natal se engana sempre na casa e deixa lá também um presente para ti.
Cada vez que pensava no Parker, aquela criança tão pequena e adorável que agora era adolescente. E o quanto ele gostava de irmãzinha e ela do irmão grande. Ele a chama de 'maninha', e ela trata-o por 'mano grande' ou apenas 'mano'. Ele brinca com ela sempre que pode, leva-a às cavalitas, empurra-a nos baloiços, espera por ela no final do escorrega, ajuda-a com os trabalhos de casa, ele e o pai ensinaram-na a jogar basebol, e ele até a ensinara a apertar os cordões das sapatilhas pelo método das 'orelhinhas de coelho'. Pedia-lhe para que ela tocasse alguma coisa no piano, só para ele e o pai. 'Mano' fora a segunda palavra que aprendera a dizer, claro depois de dizer 'pai' que deixou Booth babado por semanas, e encantado a cada dia por a ouvir.
Ela era uma menininha tão doce e adorável, de vestidinhos que a faziam parecer uma princesinha, ou de calções, mostrando os joelhos esfolados e o lado aventureiro dela. O penteado variava entre apenas três opções: os cabelos castanhos soltos, ou preso numa trança ou em dois puxos de cada lado da cabeça. Ela oscilava entre uma 'maria-rapaz' que jogava basebol, que gostava de ver o pai jogar hóquei e perdera quatro dentes em consequência das suas aventuras, e uma menina muito certinha e inteligente que até pedira ao pai para aprender a tocar piano, empenhada em tudo o que fazia. Bem, como Booth diz, uma mistura dos genes da mãe com os dos do pai.
-Vou te dizer uma coisa garota, sabes que te adoro, não sabes?
-Sei. E eu também te adoro muito. – E lançou-se num abraço ao pai.
-Vamos combinar uma coisa. Amanhã é véspera de Natal, e eu vou…eu vou levar-te a conhecer alguém muito especial.
-A sério? – A menina arregalou os olhos. – Pai, tens a certeza? Não te importas?
-Não…Chegou a altura de enfrentar o passado. Se fores tão esperta como o pai e a mãe, irias por acabar por a descobrir…E a verdade é que eu quero estar lá contigo, para te dar uma ajudinha quando precisares.
-E também porque tens saudades.
-Tantas… - Booth suspirou, desabafando. – Vá, mas agora vamos dormir. – Ele preparava-se para tirar o lençol e a coberta para ela se deitar quando ela pediu:
-Posso dormir contigo?
Booth olhou para ela e pegou nela ao colo, enquanto ela amarrou os braços em redor do pescoço dele e ele a levou até ao quarto dele. Deitaram-se e ele aconchegou-a, juntando-a ao peito dele e dando-lhe um beijo na cabeça disse:
-Boa noite Joy.
-Boa noite pai. – Ela respondeu acomodando-se nos braços do pai.
Booth deitou os olhos na menina, um pouco depois, e ela já dormia. Então ele levantou um pouco a cabeça e observou as fotografias na mesa-de-cabeceira, uma delas que Angela tirara. Uma era aquela que tinha há já muito tempo, ele e Parker. A outra, era ele e Brennan, ela com a recém-nascida nos braços, nascida há pouco mais de um dia. As pessoas daquelas fotografias resumiam a vida dele, e ele, na manhã seguinte estaria revendo, e talvez recuperando a única que ainda não tinha com ele.
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