1- Don't wanna let it go

Dizem que o corno é sempre o último a saber. Não no meu caso. Eu soube desde a primeira vez que vi Bellatrix em frente ao Lorde, e nessa época nada havia ainda entre eles. Soube pelo olhar no rosto dela, o olhar mais devoto e apaixonado que eu já vira no rosto de alguém. Ela sentia pelo Lorde das Trevas algo que nunca sentiria por mim, ela o amava de uma forma tão profunda e elevada que é difícil para muitos compreender. Eu a compreendia perfeitamente, porém, porque – ah, a ironia – eu sentia exatamente o mesmo por ela.

A diferença, como eu achava na época, era que nunca o Lorde corresponderia de qualquer forma àquele seu amor insano. Bella, por outro lado, apreciava imensamente meu afeto por ela, quando esse afeto se traduzia em sexo. Ah, quando estávamos juntos, quando ela fechava os olhos e sucumbia ao prazer... naqueles momentos ela era minha. Bella nunca escondeu o quanto gostava de mim, mas infelizmente gostar não era amar.

Comecemos, porém, essa história pelo princípio. Conheci Bellatrix ainda criança, em uma das muitas festas e reuniões das famílias de sangue puro. Nos encontrávamos eventualmente enquanto crescíamos, sem nunca ter muito contato. A vi brevemente em Hogwarts, eu já estava no último ano quando ela entrou para a escola. Passei alguns anos viajando então, e quando voltamos a nos encontrar ela tinha há pouco se formado. Foi então que nossos encontros passaram a ser mais íntimos e frequentes.

Não consigo me lembrar exatamente quando comecei a amá-la, mas quando dei por mim, Bella já me tinha enrolado na ponta do seu mindinho. Não, eu nunca quis sentir aquilo, e eu sabia que Bellatrix era a última pessoa por quem se devia apaixonar se quisesse manter sua sanidade. Mas não havia como evitar uma vez que seu feitiço havia se lançado sobre mim. Minha sanidade não importava mais. Há milhões de coisas que me levaram a apaixonar-me, eu poderia passar horas descrevendo cada uma delas. A escuridão de seus cabelos, a vermelhidão de seus lábios, a risada rouca e sádica que saía do fundo de sua garganta, suas pálpebras pesadas, seu olhar superior. Mas o que mais me encantava nela era sua devoção confessa e irrestrita pela crueldade e pelo poder, aquilo se conectava perfeitamente com algo dentro de mim.

Bellatrix nunca fingiu que não apoiava o Lorde das Trevas. Nos aproximamos, na verdade, exatamente por causa do Lorde - e foi também por causa dele que nos afastamos mais tarde. Ela me falava sobre ele, dizia que ele a treinava para a arte das trevas, dizia que ele a marcaria um dia como sua Comensal. Mesmo antes de Bella, eu já me interessava pelos ideais do Lorde. Ela estava na reunião em que fui marcado, mas confesso que estava tão absorto em não ceder à dor, e na honra que era receber a Marca, que não percebi como ela olhava pra o Lorde naquele dia. Ficamos ainda mais próximos depois daquilo, e pouco depois começamos a dormir juntos. Eu me dedicava à causa porque acreditava nela, mas me dedicava ainda mais apaixonadamente por saber que Bella aprovava minha dedicação.

Ah não, ela nunca foi gentil comigo. Bella nunca me tratou com zelo ou se importou com minha opinião. Mas eu via um brilho de orgulho em seus olhos quando eu lhe contava sobre as tarefas que eu realizava para o Lorde. Ela me achava digno, e essa certeza apenas era suficiente para que eu afundasse ainda mais em meu amor por ela.

Então ela recebeu sua Marca Negra. Foi essa a primeira vez que eu a vi junto ao Lorde. Quando ele pronunciou o feitiço que a marcaria, não foi uma expressão de dor que eu vi no rosto de Bella, mas sim de prazer. Com ela, era difícil dizer onde começava um e terminava o outro, mas eu já vira aquele olhar em seu rosto antes, quando ela estava em cima de mim. Não acho que os outros presentes tenham percebido, eles não a conheciam como eu. E depois que a caveira e a serpente já estavam gravadas em sua pele, Bella levantou os olhos para o nosso mestre e eu vi que ela nunca seria minha. Naquela altura, porém, isso já não importava. Eu estava perdido, estava preso a ela. Bella me consumia completamente, e nenhum amor platônico que ela tivesse podia mudar isso.

Pouco depois, nos casamos. Eu não podia estar mais feliz, e Bella fez com que todos acreditassem que ela também não. Diferente do que muitos dizem, porém, a diversão para nós só começou realmente depois do casamento. Acontece que antes nosso relacionamento era meramente casual, nos separávamos e voltávamos todo o tempo, e depois que coloquei meu anel em seu dedo nos tornamos Monseiur e Madame Lestrange, ficamos realmente unidos.

Foi a melhor época da minha vida. O Lorde das Trevas nos tinha a mais alta estima e nos enviava nas mais importantes missões. Quando eu me juntava a Bellatrix no campo de batalha, não havia quem nos vencesse. Éramos rápidos, impiedosos, poderosos. Éramos os guerreiros perfeitos do Lorde das Trevas, não havia Comensal que nos superasse em eficiência ou em requintes de crueldade. Continuam gravados em minha memória a cor do sangue, o som dos gritos, o calor das chamas. E em meio a todas as lembranças desses tempos dourados, uma se destaca.

Foi em uma das invasões que costumávamos fazer a vilarejos trouxas, havíamos matado tantos aquela noite que eu havia perdido a conta. Quando a vila estava quase toda destruída, Bella deu a invasão por encerrada, e os outros Comensais que estavam sob nosso comando nos deixaram. Ela me olhou quando o último deles desaparatou, um sorriso psicótico que eu amava surgindo em seus lábios.

- Vamos nos divertir mais um pouco, querido. - Ah, o que eu não faria por Bella se ela me chamasse daquela forma?

Entramos em uma casa de trouxas, uma das últimas que havia sobrado em pé. Havia um jovem casal lá dentro, que gritou e tentou fugir quando nos viu. Sim, nós nos divertimos muito com eles, mas não são as memórias da tortura que me atormentam. Terminei com a vida do meu trouxa antes de Bella, é claro, ela sempre gostava mais de brincar com a comida, então escorei-me em uma parede e a observei matar sua vítima. Quando nos divertíamos com trouxas, Bella raramente se satisfazia em matar apenas com um Avada Kedavra.

Ela estava com sua adaga de prata, e cortava o pescoço da mulher lentamente, fazendo-a se afogar no próprio sangue. Era uma visão e tanto, Bella ficava linda quando matava. Se eu tivesse a habilidade, pintaria uma tela com essa cena: a dor no rosto da trouxa, a adaga refletindo a luz esverdeada da Marca Negra que entrava pela janela, o sangue vermelho adornando tudo. E Bellatrix era o que realmente me encantava na imagem. Ajoelhada ao lado do corpo, os cabelos levemente desalinhados caindo em cascata por suas costas, o cenho um pouco franzido pela concentração, os lábios entreabertos em uma expressão de puro deleite, os seios subindo e descendo com sua respiração, deixando escapar pequenos suspiros quando o corpo da trouxa se contorcia. Se eu pudesse tomá-la no exato momento em que ela matava, eu o faria.

Quando a vida deixou os olhos da trouxa, os lábios de Bella se curvaram no sorriso sádico que eu tanto amava, aquele sorriso que acendia seus olhos. Ela levantou-se e direcionou seu sorriso para mim, fazendo-me perder a respiração. Andei até ela, absorvendo cada detalhe seu. O sangue manchava seu vestido negro, seu decote, seu rosto e suas mãos. Linda, ainda mais linda com o vermelho em sua pele alva. Bella afastou a fenda da saia e levantou-a um pouco para prender a adaga ensanguentada no elástico da coxa, e minha mão foi até sua, impedindo que ela abaixasse novamente o vestido. Nossos olhos se encontraram, luxúria queimando entre nós. Puxei-a pela cintura com minha mão livre, enquanto a outra levantava de leve sua perna, encaixando nossos corpos. Seus braços contornaram meu pescoço, aproximando nossos lábios.

- Vamos para casa? - murmurei, sorrindo malicioso.

- Não, eu quero aqui. - aquela voz sussurrada, rouca, que me deixava louco.

Afundei meu rosto em seu pescoço, me deliciando com o gosto do sangue misturando com o de sua pele. Senti seus dedos finos se emaranhando em meus cabelos. Tudo aquilo era excitante demais. Causar dor e tirar vidas era uma afirmação indubitável de que estávamos vivos, matar era o que fazia a vida pulsar em nós com sua maior força. Sangue era nosso afrodisíaco.

Empurrei Bellatrix contra a parede e juntei nossos lábios num beijo esmagador, compartilhando o gosto do sangue que eu tinha lambido de sua pele. Levantei sua saia lentamente, apertando e arranhando suas pernas no caminho. Quando partimos o beijo, suas mãos forçaram meus ombros para baixo. Entendi a mensagem, me ajoelhando aos seus pés e enterrando meu rosto entre suas pernas. Beijei primeiro a parte de dentro de suas coxas, puxando com os dentes o elástico em que estava seu punhal e deixando que ele estalasse contra sua pele. Ela arrepiou-se com a pequena dor e agarrou meus cabelos, puxando-os com força e me forçando a ir direto ao ponto.

Beijei seus lábios internos como se beijasse sua boca, sentindo-a estremecer. Eu queria consumi-la por inteiro, queria levá-la à loucura da mesma forma como ela me enlouquecia. Ela se contorcia e suspirava, e eu sentia sua umidade aumentando até que ela atingiu o orgasmo, e eu não parei enquanto não senti seu corpo relaxar. Fiquei novamente em pé, e Bella não perdeu tempo em arrancar minhas calças.

Juntei nossos quadris, invadindo-a com força enquanto ainda estava tão sensível, ganhando dela um gemido rouco. Suas pernas se enlaçaram em volta de mim, me fazendo entrar até o fundo. Meus dedos impacientes arrancaram as amarras do corpete que ela usava, expondo seus seios, e apertei-os em minhas mãos, beliscando os mamilos e ganhando mais um gemido dela. Ah, eu fazia tudo por aqueles gemidos. Minhas estocadas ganharam força, empurrando-a sem dó contra a parede, enquanto passei a beijar e morder seus seios. Suas unhas arranhavam com força minhas costas, e só o som dos seus gemidos e a sensação do seu corpo contra o meu eram suficientes para me desfazer completamente.

O cheiro do sangue, o som distante dos gritos, o brilho da Marca Negra no céu, a morte, a dor e, principalmente, cumprir perfeitamente as ordens do Lorde. Todas essas coisas, para mim, acrescentavam-se à excitação do momento. Eu sabia, porém, que era unicamente isso que excitava Bellatrix, que eu era apenas um instrumento para que ela liberasse aquilo. Não me importava. Naqueles instantes, tudo que havia para mim era Bella e o calor dos nossos corpos. Aumentei o ritmo e a força dos meus quadris, e ouvi aumentar o volume de seus gemidos. Sua pele deliciosa sob meus lábios, cada centímetro do seu corpo colado no meu, nossas respirções ofegantes, Bellatrix me fazia perder a cabeça. Sussurrava seu nome repetidas vezes, como uma prece.

- Rodolphus! - ela gemeu, quando finalmente sucumbiu de novo ao orgasmo.

Foi mais que o suficiente para que me fizesse gozar também. Nunca, nunca Bella havia dito meu nome durante o sexo, muito menos durante o orgasmo. Naquele momento, acreditei que ela fosse minha, apenas minha. Entregue a mim como eu havia me entregado a ela. Ela tinha meu coração entre seus dedos, ditando o ritmo em que ele batia. Eu queria congelar o tempo e reviver aquele instante por toda a eternidade. Queria segurar Bellatrix e nunca mais deixá-la ir, nunca mais. Não queria deixar passar aquela pequena demonstração de afeto, aquele pequeno sinal de entrega. Eu não queria deixar que aquilo se fosse, mas isso nunca esteve ao meu alcance.

Bella nunca mais falou meu nome durante o sexo depois daquilo. Aquela foi nossa última noite juntos antes que ela se tornasse amante do Lorde das Trevas.

-x-

N/A: Eu disse, eu repeti, não vou escrever mais fic. Aí eu recebo um bocado de comentários lindos, tenho uma epifania com uma musica e PUF! olha eu aqui escrevendo mais fic! É uma tristeza . Mas então, vou explicar o motivo dessa fic. Eu me deparei com uma fic Rodolphus/Bellatrix na chamada Lithium (n tem nada a ver com essa aqui, só o nome!) e aí me toquei que essa música do Evanescence tinha tudo a ver com eles dois! E aí eu me toquei que minha fic VB tb tem o nome de uma música deles q tem tudo a ver com VB, e que as duas musicas são do mesmo cd! Aí me veio a inspiração pra escrever essa fic e a ideia de fazer (no futuro, no futuro) uma terceira, com outra música do mesmo cd, na visão do Voldy, completando uma trilogia, pra mostrar os 3 lados desses triângulo torto que tanto me encanta *-* Ok eu sei, eu tenho um parafuso ou dois a menos...

Então, espero que gostem e comentem. Bjos!