Título: O Antes, o Tudo e o Depois
Parings: Quinn/Rachel; Brittany/Santana; Blaine/Kurt; Tina/Mike. Femslash (não leia se não gosta).
Personagens: Quinn Fabray, Rachel Berry, Kurt Hummel, Santana Lopez, Brittany S. Pierce, Finn Hudson, Sam Evans, Noah Puckerman, Mercedes Jones, Tina Cohen-Chang, Mike Chang, Artie Abrams, Will Schuester e outros.
Rating: M - apenas precaução.
Sinopse: É o dia do seu casamento, e você finalmente vai se fixar com a garota dos seus sonhos. O que poderia dar errado? Com um grupo estranho de amigos, você descobre que muito mais do que você planejava.
Nota: Essa história está na minha cabeça há semanas, e era apenas para ser uma one-shot, só que acabou ficando muito mais longa do que eu esperava e provavelmente vou dividir em poucos capítulos. Não se trata apenas do dia apenas do casamento, mas durante as confusões vao se destacando os flashbacks de como Rachel e Quinn chegaram a essa etapa. Outra coisa, eu não gosto de Klaine. Acho que Kurt e Blaine são muito parecidos para ficarem juntos, mas foi a única solução que eu arrumei. Acho que esse foi um dos textos mais trabalhosos (porque envolve muitos personagens, muitas menções, muitos flashbacks) que eu já fiz, e pela primeira vez, eu fiquei completamente satisfeita com algo que escrevi.
Muitas das partes da construção da história foram tiradas das atrizes na vida real, como por exemplo, Rachel fazer Spring Awakening, papel de Lea Michele na Broadway antes de Glee, e outras coisas a mais.
Espero que gostem.
Look at the stars, I came along So then I took my turn
Look how they shine for you,
And everything you do,
Yeah they were all yellow,
I wrote a song for you
And all the things you do
And it was called yellow
Oh all the things I've done
And it was all yellow
(Coldplay - Yellow)
Você acorda com um barulho infernal de uma música do Kiss em seu ouvido, que Puck havia colocado no alarme de seu celular na noite anterior para que você não perdesse a hora. Conseguindo soltar um grunhido frustrado dentro de seu travesseiro, você sorri mesmo assim lembrando-se dos planos para o resto do seu dia.
Você estica sua mão para desligar o aparelho estrondoso, com seus olhos ainda fechados, enquanto você sente a falta de algo. Não tem um calor de outro corpo junto ao seu na sua cama. Não exatamente na sua cama, porque sua cabeça lembra que você não está em seu apartamento, não está em sua própria cama, e sim, num dos quartos do hotel onde o resto dos convidados também haviam se instalado.
Abrindo os olhos o outro lado da cama está completamente vazio. Com longo suspiro você se relembra de sua noiva falando sobre as tradições que todo casamento deve ter, quase lhe fazendo rir da ironia daquela constatação. O único motivo para você ter se controlado, era porque você a conhecia, e sabia que se não a levasse a sério, provavelmente não seria apenas um dia sem se ver antes da cerimônia, e sim, uma semana.
São 08h45minh quando seu corpo consegue se levantar da cama e andar até o banheiro se encarando no espelho. Você parece bem para uma pessoa que meramente dormiu três horas após uma noite de pôquer com os garotos e Santana (foi o máximo de despedida de solteira que você quis ter, e o máximo que a sua namorada havia permitido).
A água colidindo com seu rosto é fria, mas perfeita o suficiente para fazê-la querer sorrir mais com a lembrança que até o final do dia, o amor da sua vida seria finalmente seu. Sua camisa exageradamente desproporcional (como diria sua noiva) é rapidamente substituída por uma simples calça jeans e uma básica camisa xadrez preta e branca, que Kurt não havia pré-aprovado. Você já estava amarrando seu converse azul marinho quando seu telefone toca preenchendo o silêncio do quarto.
O identificador de chamadas não lhe ajuda, e a confusão toma seu rosto, enquanto várias hipóteses absurdas vagam pela sua mente. Dentre elas, ideias como o caso de algo ter acontecido com os vestidos (fazendo provavelmente Kurt entrar em curto circuito), e fazendo sua noiva estar em prantos em meio a um colapso teoria era que talvez sua namorada estivesse desistido de tudo e nesse momento estivesse prestes a fugir vestida de noiva pelo Central Park.
Ela sabia que a última hipótese era a mais irracional, porque A) era apenas o começo da manhã, e o casamento só seria no fim da tarde, então a chance de ela já estar com vestido e no local da cerimônia, era quase nula. E B) se ela tivesse desistido, não seria Tina a pessoa certa para me informar.
"Alô?"
"Quinn." A voz do outro lado não era de Tina, de longe isso. "Oh, ótimo. Vejo que você já está acordada."
"Sim." Você ri em confusa antecipação. "O que aconteceu com a política de 'não devemos nos ver ou nos falar até a hora do casamento'?" É a sua melhor imitação da voz de Rachel, e você sabe que ela iria protestar depois dizendo que sua voz não soa tão estridente. Bem, incrivelmente, dessa vez ela apenas ignora, o que é um sinal que ela existe uma boa chance de ela estar sentindo muito a sua falta.
"Você também não deveria ter bebido ontem." Ela argumenta, espertamente. E você sente seus dentes trincarem e sua maxilar ser flexionada, sabendo que a fonte de informações dela havia sido Brittany, que de alguma forma tinha conseguido estar presente ontem durante o jogo e não atrapalhar ou distrair ninguém. Nesse caso era melhor ter distraído, é o seu pensamento.
"Foi um copo de Jack Daniel's, não é como se eu tivesse aceitando um wine cooler. Principalmente por conta da presença do Puck." A sua resposta é racional, e ela sabe que você está falando a verdade, porque quando se trata de álcool, seu cuidado é meticuloso e aguçado. "Não estou de ressaca, Rach. Relaxe, em nem ao menos bebi de verdade. A única prova da existência de uma despedida de solteira ontem são os 50 dólares a mais na minha carteira que eu acabei ganhando do Finn."
Você tem quase toda certeza que Finn perdeu quase todo seu dinheiro ontem à noite, levando em consideração que na mesa de jogo era Puck, você, Santana, Sam e Artie. Ele não tinha uma chance.
"É. Eu sei." Ela diz. "Vocês fizeram um estrago na conta bancária do Finn pelo que o Mike me disse."
"Como o Mike sabe disso afinal de contas?" Mike não estava lá. Houve um problema no vôo dele, e provavelmente ele se atrasaria umas duas horas. E pelo que ele me disse, seria mais vantajoso ele ir direto ajudar Tina, que por acaso estaria ajudando a Rachel, no nosso apartamento, do que apenas pegar o final da 'festa'.
"Ele me disse algo sobre Puck ligar para ele bêbado gritando sobre as damas de honra se agarrando no hotel." Oh, vida. Brittany e Santana nessas horas não eram uma contribuição muito grande. "Enfim, ele deve ter mencionado sobre a falta de habilidade de Finn durante as partidas."
"Certo." Você para olhando para o relógio, e pergunta confusa: "Por que você está usando o celular de Tina?" Da ultima vez que você havia checado, Rachel possuía um celular.
"O meu está indisponível no momento." Sua sobrancelha se levanta duvidosamente, num movimento que sua noiva gosta de chamar de: 'As Nuvens Escureceram.' "Eu sei que você está levantando sua sobrancelha nesse momento, Quinn. Não faça isso só por eu não poder lhe ver."
"Certo." Sua cabeça balança concordando, mesmo sabendo que ela não pode ver seus gestos nos momentos. "Por que seu celular está indisponível?"
"Existe uma boa chance de eu ter entregado meu celular a ela para não ficar tentar a lhe ligar dentro das 24h que deveríamos passar sem nos comunicar." Momento típico Rachel. "Entretanto, acho baste irônico o fato de que ela escondeu o meu celular, e deixou o seu a mostrar em cima da mesa da sala."
"Ou seja, você roubou o celular dela." A sua constatação é o suficiente para fazer com que ela fizesse um barulho que era uma mistura de insulto e surpresa. Revirando os olhos e sorrindo, era óbvio que você sabia que você a havia feito entrar em seu estado de drama, que ao longo dos últimos dois anos (ao contrário do que muitas outras pessoas achavam), se tornou completamente adorável perante seus olhos.
"Quinn, essa noção que você tem da sua futura esposa me ofende."
"Oh, me desculpe."
Ela sabe que você não está se desculpando, assim como você sabe que ela não está se sentindo injustiçada, já que com mesmo o seu impecável nível de atuação (resultado de anos trabalhando na Broadway), é possível detectar quando era apenas drama. Isso era recorrente de muito tempo de convivência, nem todos conseguiam esse efeito como você.
"Eu peguei emprestado." ela responde, e você tem quase toda certeza que ela não pediu antes de usá-lo. "Vou devolvê-lo depois."
"Eu sei. Onde você está exatamente?"
"Psicologicamente falando ou geograficamente?"
"Geograficamente."
"No banheiro. Trancada." ela para. "Até Tina se dar conta da minha ausência."
"Isso explica muita coisa." Seu relógio mostra que fazem exatamente quase meia hora que você acordou. Ou melhor, que Puck lhe acordou. E é capaz de várias pessoas no saguão do hotel estarem perguntando pelo seu paradeiro. "E psicologicamente?"
"Sentindo muito a sua falta."
Você consegue sentir seu rosto franzido do outro lado da linha, e por um momento você sente que é apenas você e ela, um mundo paralelo onde Kurt estava correndo dando os retoques nos vestidos das damas de honra, Finn estava atrás dos únicos arranjos de flores que estavam faltando (porque Rachel havia pedido a ele encarecidamente por isso) e Mercedes estaria tendo um último ensaio para que sua banda saísse de maneira completamente perfeita, foi levemente esquecido.
A sua vontade era agora bem simples. Era apenas segurá-la e não a soltar mais, para que jamais houvesse a chance de ela sentir sua ausência novamente, Vários motivos lhe impedem de sair pela porta e invadir o apartamento de vocês a algumas quadras dali.
O primeiro, Santana. Porque de uma maneira estranha ela vem observando cada passo seu para que você não fuja do compromisso como Puck vem tentando lhe aconselhar a semanas. É um tanto quanto bizarro uma mentalidade dessas vir de uma pessoa como Santana, até porque todos sabem o que ela sente em relação aos termos casamento e noivado. Seus namoros são esquisitos, o seu relacionamento com Brittany também não é a coisa mais normal que alguém já tenha visto.
Parte de você acredite que ela está tentando proteger Rachel, uma pessoa que ela pode não admitir, mas com quem acabou criando certo vínculo (que não desprezo), depois que ela parou de ser tão irritante e usar roupas que não a fazem parecer um personagem de Pippi Meialonga (palavras dela, não suas).
O segundo, Rachel ficaria extremamente irritada notando que, apesar de seu gesto ser impecavelmente romântico, o casamento que vocês teriam gastado tempo, paciência e dinheiro nos últimos meses estaria arruinado, e todas as brigas por conta da sua falta de interesse quanto a cor dos guardanapos (branco marfim, bege rosado ou branco ostra, você se lembra precisamente de e tanto ela repetir, mas até hoje não sabe distinguir qual é qual) teriam sido em vão.
E terceiro e talvez o mais importante, por mais que você a amasse e quisesse dizer-la que você não irá a lugar naquele momento, você sabe que precisa ficar. Porque só assim se casaria e teria uma prova concreta que você estava falando sério, que estaria ao seu lado e ela nunca teria que se preocupar em passar um tempo longe novamente.
Talvez por você se conformar com isso, sua única resposta é:
"Eu também estou sentindo sua falta." Suspirando e pensando o quanto de sinceridade havia sido depositada nessa declaração, você decide mudar de assunto para não sentir nada pesado no dia de seu próprio casamento. "Você dormiu bem?"
Era a vez de Rachel suspirar.
"A cama é muito grande e eu sou muito pequena. Faça os cálculos."
"Então você está concordando comigo quando eu digo que você é pequena demais?"
"Eu não sou pequena demais." Ela suspira frustrada. "Você que é desproporcional. Eu tenho a altura perfeita."
"Claro." Você acha divertida a forma como a opinião dela nunca muda, assim como a sua estatura corpórea.
"Como você conseguiu acordar cedo?" Sua noiva lhe questiona, porque sabe que a única coisa que consegue lhe tirar cedo da cama é ela, já que manhã e você são duas coisas que não combinam. Ela é a que acorda antes do despertador tocar. Não você "Puck colocou um celular para tocar no meu quarto antes das cinco da manhã O que ele fez com você?"
"Uma música do Kiss, acho. Não me lembro direito, eu estava num estado muito sonâmbulo para raciocinar."
"Oh, ao menos eles não colocou uma música do Guns n' Roses para tocar."
"Qual o problema dos Guns n' Roses?" você indaga ofendida, porque ela sabe que você aprendeu a gostar deles durante seus anos de faculdade. Ela sempre diz que suas letras deixam algo a desejar, e os gritos são extremamente inapropriados. Em seu pensamento existe a certeza que ela está prestes a usar esses mesmos argumentos de novo, ela não os usa.
"Nada. Só não acho propicio acordar ouvindo uma canção sobre um homem que amava a namorada, contudo acabou tendo que matá-la e a enterrar no jardim de casa porque sabia que acabaria sentindo falta dela." Ela usa sua melhor voz inexpressiva. "Sinceramente, Quinn, não é uma música para ser ouvida no dia de um casamento. Ou talvez, nunca."
Ouve uma longa pausa do outro lado da linha, até que sua namorada disse algumas palavras incoerentes sobre Tina, banheiro, telefone e desligar. Você ligou os pontos após o barulho da outra linha muda.
Você ao menos falou com ela.
Agora era sua hora de descer, tomar café-da-manhã e ouvir todas as reclamações possíveis da parte de Kurt sobre o atraso provável de Brittany e Santana para experimentar os vestidos.
Não é como se ele não soubesse o porquê do atraso. Era óbvio que ele sabia, entretanto na mente dele era melhor ele não comentar sobre o que poderia estar acontecendo no último quarto do corredor, o quarto ao lado do dele, o trauma já deve ter sido suficiente em apenas dividir o mesmo andar que as duas.
"Elas estão uma hora e 49 minutos atrasadas. E nenhuma das duas é a noiva para ter uma desculpa aceitável quanto a isso." Kurt rosna, olhando para o seu relógio Prada pela décima vez nessa manhã.
Você está quase indo mandar alguém buscar as duas a força. Alguém forte o suficiente para arrombar a porta do quarto 702, e forte o suficiente para não querer se juntar a qualquer tipo de oferenda sexual que as duas possam planejar fazer. Ou seja, não existe ninguém certo para a tarefa. O único que não ficaria tentado seria Kurt, e você duvida muito que ele consiga por a porta abaixo.
"Quinn!" Mercedes grita do outro lado do saguão, entrando pela porta principal. Pela sua expressão facial você nota que algo está errado, e você sente uma necessidade de arrumar um lugar para sentar.
"Sim?" seu tom é cauteloso.
"Houve um imprevisto."
"Que imprevisto?"
"O guitarrista quebrou a mão tentando abrir o porta-malas da van."
Seu sangue corre rápido, e seus olhos se fecham, enquanto seus pulmões se enchem de ar. Ninguém lhe confronta. É o seu casamento, afinal de contas, e até agora temos duas damas de honras atrasadas e um integrante inútil na banda que deveria tocar a noite. Sua vontade é de esmurrar alguém. De preferência, Santana. Brittany não presta atenção em horários e o músico não iria quebrar sua própria mão de propósito.
"Kurt" você começa devagar, sem abrir os olhos. "chame, por favor, Santana e Brittany. E diga a ela" era óbvio que ele sabia a quem você estava se referindo. "que se ela não trouxer aquela traseiro latino dela aqui para baixo em menos de dez minutos, eu tenho uma sessão de fotos muito interessante dedicada a ela em meu celular que eu adoraria compartilhar com os convidados durante a festa."
"Desde quando você faz chantagem?" Mercedes parece tão horrorizada, que você abre os olhos e da em ombros, vendo Kurt sorrir maleficamente sabendo que a imaginação dele está a mil com qualquer chance de fofoca durante a recepção.
"Desde que eu fui louca o suficiente para arrumar uma amiga como Santana."
Kurt some do seu campo de visão, saltitando para os elevadores enquanto Mercedes lhe observa apreensiva, e chama:
"Quinn?"
"Isso é Nova York. É um dos lugares que tem mais artistas no país inteiro, nós vamos arranjar um guitarrista até a hora do casamento." Sua voz não é muito segura, e você não sabe mais se está tentando convencer ela ou a si mesma.
Existia uma boa chance de que se Rachel estivesse no seu lugar ela estivesse em meio a uma crise nervosa. E foi por esse e outros motivos que vocês decidiram que ela não deveria interferir ou tentar ajeitar o resto das coisas no dia da cerimônia, porque além de ela possivelmente ter que levar horas em maquiagem, vestido e cabelo, ela não tem controle emocional para esse tipo de pressão.
"Certo." Mercedes silaba.
Você está passando meia hora procurando em sua lista de contatos alguém bom o suficiente para tocar a guitarra em seu casamento, os contatos de Mercedes estão em LA, onde ela mora, então não era como se ela pudesse ajudar de alguma forma.
Você considera várias vezes tentar ligar para sua noiva, porque afinal de contas, é ela que está ligada ao meio musical, não você. Só que essa não é a solução correta. Já que conhecendo Rachel, ela poderia simplesmente aparecer ali em meros segundos caso soubesse que algo estava dando errado.
E ela não podia saber disso. Ela precisava estar calma.
E você provavelmente teria tudo sob controle antes mesmo do almoço.
Kurt levou aproximadamente 20 minutos para tirar as duas damas de honra do quarto, e quando ele voltou, você ainda estava em meio a minha busca apreensiva de alguém para substituir o guitarrista de mão quebrada de Mercedes. Essas coisas tão estranhas faziam você se perguntar se isso era pura sorte (ou a falta dela) ou apenas perseguição. Porque de tantos momentos que aquele individuo poderia ter quebrado, torcido, deslocado a mão, tinha que ser justo no dia do seu casamento.
Aliás, que tipo de pessoa quebra a mão abrindo um porta-malas de uma van?
"Finn." você chama sorrindo quando ele aparece na sua frente com um prato de bagels, Era estranho em pensar que em meio de tudo que estava acontecendo, ele estava calmo o suficiente para se alimentar de uma enorme quantidade de bagels daquelas. Você estava prestes para pedir sua ajuda quanto o guitarrista quando você raciocina algo. Naquele momento ele não poderia estar ali. "Ei, você pegou as flores que Rachel lhe pediu?"
"Flores?" ele questiona confuso, com sua boca moderadamente cheia. "Que flores?"
"Os lírios, brancos. Que por acaso Rachel passou duas semanas escolhendo?" você parece estupefata, e ele está com a expressão que nenhuma das informações que estão sendo disponibilizadas para ele estão realçando a sua memória. "Ela pediu para você pegá-las... hoje. Duas horas atrás lá no centro da cidade."
Os olhos dele aumentam duas vezes de tamanho, enquanto ele deposita o prato de comida em cima da mesa da recepção ao seu lado. Você quase voou no pescoço dele, pensando seriamente em atacá-lo, se não fosse por Mercedes segurando seu braço, e Kurt ligando para Sam para que ele descesse imediatamente porque a situação estava ficando calamitosa.
"Finn." Você rosna, segurando-o pela gola da camisa, com a mão que Mercedes não conseguiu prender. O aproximando o máximo possível, com um rosto duro e sentindo a respiração dele prender. "Aquela floricultura não abre dia de terças-feiras, eles fizeram uma exceção porque nós pedimos encarecidamente pela cooperação deles. Se, por algum motivo, eles fecharem a loja cedo, no horário máximo que eles nos deram, e essas flores não chegarem aqui intactas, você vai ser um padrinho sem braços. Me fiz clara?"
"S-sim." Ele balança sua cabeça atrapalhadamente, tropeçando dois passos para trás quando você o solta.
"Sam." Você chama com a voz baixa a figura que acabava de se juntar ao grupo, mais confuso do que nunca. "Você pode acompanhá-lo pra que ele não bata o carro, sofra um acidente e manche minhas flores de sangue?"
Sam concorda com a cabeça, guiando um Finn completamente catatônico pelo saguão em direção as portas que dariam no estacionamento. Você, Mercedes e Kurt observam aquele gigante desproporcional cambalear algumas vezes até desaparecer da vista de vocês.
"Huh. Momento: assustadora chefe líder de torcida de volta." Kurt comenta, em meio a uma tosse falsa, querendo disfarçar. Mercedes assente também.
Santana e Brittany aparecem em alguns minutos, depois do café-da-manhã seguindo Kurt (agora mais satisfeito) para fora do hotel. Eles iam passar no seu apartamento para buscar Tina para a prova de roupa. Brittany como sempre estava com um ótimo humor, lhe dando um rápido abraço e um beijo na bochecha de Mercedes, antes de correr atrás de Santana que apenas lhe deu uma resposta simples ao seu bom dia (Fabray, algumas coisas nunca mudam), para continuar caminhando com sua expressão de poucos amigos.
Você segue a procura de um taxi com Mercedes na sua cola, seu tempo era contado de relógio, e os segundos parecem mais valiosos do que nunca. Você tenta agir da maneira mais rápida possível, escapando de qualquer um dos fãs acumulados em peno na entrada do hotel.
Quando você se ver presa em meio ao tráfico lento e horrível, você apensar respira frustrada, fechando os olhos e apoiando a cabeça contra a divisória transparente entre o banco do motorista e o dos passageiros de trás. Mercedes coloca a mão nas suas costas, lhe apoiando.
"Nós vamos nos atrasar."
"Eu tenho certeza que Artie tem a coordenação o suficiente para não deixar que nada de ruim aconteça com o pessoal do bufê." Ela tenta ajudar, e você concorda com a cabeça. Não abrindo os olhos. "A recepção não é tão longe daqui, você não quer simplesmente ir andando?"
"Com a quantidade de gente amontoada nos seguindo a cada passo, provavelmente nós não conseguiríamos chegar lá com os nossos membros intactos." A sua racionalização é boa, e você não quer nem imaginar como está a frente do seu apartamento naquela hora. Rachel provavelmente a esse momento, já deveria ter fechado todas as cortinas. Você sabia o quanto a sua noiva amava seus fãs, mas o excesso de fanatismo num dia como esse poderia lhe deixar mais louca do que ela normalmente parecia ser.
"Você tem razão." Mercedes lhe da uma leve tapa em suas costas, lhe fazendo se sentir momentaneamente melhor. "Eu tenho uma ideia."
"Que ideia?"
"Você precisa relaxar."
"Sério? Nem havia percebido." Seu sarcasmo tende a sair mais sobre os momentos de pressão, e sua amiga sabe disso. "Qual a ideia."
"Fale sobre algo que faça lhe sentir bem." Ela sugere. "Que lhe distraia por alguns momentos e que faça você esquecer a necessidade de sair batendo em qualquer motoristas dos carros a nossa frente." Com uma revirada dos olhos, você recebe outra tapa. Mas dessa vez não era para fazer você se sentir melhor. "Não revire os olhos para mim, Quinn Fabray. Eu sei o que está passando na sua cabeça. Eu lhe conheço. Morei com você por anos."
Sua vontade é de dar uma resposta de volta, mas você decide ignorar completamente.
"O que você quer que eu fale sobre?"
"Eu não sei. O que lhe faz feliz?"
"Rachel me faz feliz."
"Isso não vai lhe ajudar a tirar a cabeça do estresse da cerimônia, Fabray." Ela responde, tendo sua vez de revirar os olhos.
"Mercedes..."
"Certo!" ela joga os braços dramaticamente para cima em rendição. "Pense em algo sobre ela que não lhe lembre o casamento."
Você assente e se prende em pensamento.
"Como vocês duas se encontraram afinal de contas?" questiona. "Eu me lembro de receber uma ligação indignada do Kurt falando sobre vocês namorando, mas eu nunca soube exatamente como vocês chegaram a esse ponto."
"Sério? Depois de anos, você nunca soube disso?"
"Eu não sou a pessoa que mora mais perto, Quinn. Além do que eu estava chocada demais com a sua demonstração de afeto em público para fazer alguma pergunta coerente sobre vocês duas."
"Não foi tão chocante assim." Você diz.
"Vocês se odiavam no colégio." Ela pausa. "Acho que isso é suficiente para provar que não foi a coisa mais esperada de todas. Foi um choque."
"Talvez..."
"Vai me contar como foi ou não?" Mercedes rufou. "Não estou vendo previsão nenhuma desse carro se movimentar."
"Okay."
(Flashback)
Não foi algo planejado, nem algo que você sabia se gostaria que acontecesse. Até porque em sua mente, a probabilidade de você encontrar ou esbarrar com Rachel em plena Nova York, era inexistente. Sim, vocês moravam na mesma cidade, só que essa cidade era por acaso uma das cidades mais movimentadas e superlotadas do país, e ainda para completar conviviam em meios opostos.
Enquanto Rachel Berry estava começando a cravar seu nome na Broadway (você já tinha visto algumas citações sobre ela nos jornais), você estava focada em seu novo estúdio de artes que você tinha montado com um grupo de amigos da faculdade. Ou seja, eram ambientes bem diferentes.
Além do que, você realmente duvida que ela iria ao menos reconhecê-la caso lhe visse. Você mudou tanto desde o colégio que não se lembra mais como era a sensação de ser uma popular líder de torcida, e não se lembra também o motivo de seu comportamento imaturo durante aqueles longos quatro anos.
Ao contrário do que todos esperavam, você não quis cursar Medicina em Standford ou Direito em Yale. Ao invés disso, você se inscreve no curso de artes visuais na Universidade Coumbia. Uma vez Brittany havia lhe dito que seus desenhos e rascunhos eram bons e a deixava feliz. Não que qualquer pessoa leve a opinião de Brittany a sério em alguma coisa, mas foi um pequeno empurrão para que você pudesse fazer algo que você queria e estava em sua cabeça já fazia um bom tempo.
Seu cabelo estava mais curto, um pouco abaixo do ombro, ficando num cumprimento mediano. Apesar da maioria dos médicos terem lhe dito que você provavelmente não iria crescer mais em sua altura, você acabou aumentando mais alguns centímetros.
Suas roupas também mudaram. Você não se lembra quando foi a última vez que vestiu uma saia ou um vestido. Talvez quando você provou para si mesma que não era mais a perfeita Fabray, que seus pais sempre sonharam que você fosse. Calça jeans, camisas e camisetas agora amontoavam seu guarda-roupa.
E para completar a total mudança você tinha se descoberto atraída por meninas. E apenas meninas.
Depois de algumas lutas, tudo pareceu começar a fazer algum sentindo. A falta de interesse no namoro e nos beijos de Finn, o nojo da sua relação com Puck e a extrema e dolorosa necessidade de mostrar uma personalidade que não era sua.
Você respira fundo, passando a mão pelo seu cabelo, entrando em um dos seus favoritos coffee shops. Apesar de tudo, você estava feliz. Ou pelo menos, achava que estava em seu nível máximo de felicidade possível de alcançar.
Sua intenção era só de entrar lá dentro, comprar um grande expresso para viagem e ir para a sua casa, depois de um dia longo e trabalhoso quanto aquele. Bem, isso até algo chamar sua atenção perante aquele ambiente desértico. Melhor, alguém chamar sua atenção.
Seus olhos reconheceram no mesmo momento Rachel Berry sentada em um dos sofás mais distantes e escondidos do estabelecimento, lendo um livro, com extraordinário interesse. Inicialmente você achou que sua mente estava lhe pregando uma peça, porque sendo realista, quais seriam as chances?
Mas era ela mesmo. E você não era mais a única pessoa que havia mudado nesses anos. Ao contrário de sapatos e meias altas, uma bota de salto fino destacava suas pernas cruzadas, fazendo você se perguntar como você nunca tinha reparado antes. Os suéteres tinham sido substituídos por uma camisa preta de manga longa com um decote que destacava os peitos que você nem sabia antes de existência de. A saia continuava curta do mesmo jeito, e diferente de você sua estatura também permanecia a mesma.
Na sua frente você notou que Rachel tinha se tornado uma mulher, e você não sabia precisamente como estava se sentindo em relação a isso. Mesmo vendo suas fotos em reportagens antes, em seu pensamento, você nunca chegou a essa conclusão, já que o único sentimento que lhe passava quando via os tais artigos, era a culpa.
Contudo não foi a culpa que lhe deu a coragem necessária para se aproximar da figura sentada no sofá naquela noite. Não. Foi outra coisa.
Uma coisa a qual você ainda não tinha resposta.
"R-rachel?" sua voz chama não com muita certeza que ela teria lhe escutado. Não era para você ter gaguejado, entretanto também não era algo evitável quando se consegue sentir o próprio coração pulsando dentro da garganta, quase saindo pela boca.
Lentamente ela desfoca-se do livro e levanta o olhar em sua direção, e agora você se questiona o porquê de sua preocupação com o seu coração preso na garganta, já que você não mais sente seu coração pulsando, assim como não sente nenhuma outra parte do seu corpo funcionando devidamente.
"Quinn?" e você achando que ela não lhe reconheceria.
"Rachel." você constata, mais uma vez, só que de maneira mais forte. Sim, Fabray. Você já disse isso. Passam-se alguns segundos e vocês ambas não sabem o que fazer além de se encarar por mais um tempo. Voltando aos seus sentidos, você consegue dizer: "Oi" nunca estranha voz rouca, que mostra que toda sua auto-confiança construída nos últimos quatros anos teriam ido por água abaixo com a simples presença de Rachel Berry.
"Oi." a resposta dela é simples, só que faz sua cabeça explodir tentando encontrar algo coerente para dizer de volta na hora e que não fizesse você parecer uma completa idiota.
"Você vem muito aqui?" no mesmo instante, você sente uma vontade inexplicável de dar uma tapa em seu próprio rosto. Isso soou como a pior cantada de todos os tempos, Quinn. Num movimento calmo (ou não) suas mãos são limpas em sua calça, e você nem mesmo tinha se dado conta de como ou porquê elas tinham começado a suar em primeiro lugar.
Respire. Use os pulmões. São coisas boas para se fazer numa hora como essas. E você tenta fazer o ar entrar nos seus pulmões, mas parece impossível.
"Me desculpe." e de repente você sente as desculpas saindo pelos seus lábios sem nenhuma preparação psicológica. Não era assim que você imaginava tentar fazer emendas e pretendia consertar todos os seus erros da época de esculpa. Na verdade, você não tem a menor idéia de onde diabos surgiu aquilo. E pelo jeito nem ela, pois o rosto de Rachel se contornou numa confusão enquanto ela franze a testa sem entender nada. Você limpa sua garganta e endireita sua coluna para não se mostrar tão vulnerável. "Não era para isso ter saído assim."
Devagar ela assente a sua explicação, e coloca o livro em suas mãos em cima da mesinha a sua frente, junto a um copo quase pela metade de leite achocolatado. Leite de soja, você pensa. Ela é vegana. Você quer sentar ao seu lado, mas só faz isso quando ela menciona com a mão vagamente o lugar vago no sofá.
Depois de um longo silêncio e todos os seus dedos estalados, ela tem coragem de lhe perguntar: "Como você está?"
Você pondera sobre isso. Sua vida parece perfeita e produtiva. Bem, até aquele momento. Agora observando ali, seu peito doía como se todos os erros do passados tivessem voltado a tona, mesmo que sua mente gritasse: Viu? Ela conseguiu o que ela sempre quis, mesmo com você e seu horrível costume de trazê-la para baixo no colegial, sua imbecil.
"Eu estou ótima." Ela quase responde ao seu sorriso, só acaba em apenas concordar com a cabeça. Seu cabelo está mais longo do que da última vez que você se lembra de ter a visto. Está volumoso e com brilho incrível, deixando você parcialmente hipnotizada toda vez que uma mecha caía em frente ao seu rosto. "E você? Eu li uma reportagem no New York Times sobre você essa semana."
"Não tenho do que reclamar." Ela sorri, e isso lhe machuca por dois motivos. O primeiro, você não tinha notado o quanto sentia falta do sorriso otimista de 1000wtz de Rachel Berry, e o segundo, você sabia que aquele sorriso não era para você. "Ter o papel principal na Broadway é um sonho."
"Entendo." Você não entendia, mas ao menos tentava.
"Eu não sabia que você estava na cidade." Ela comenta logo em seguida e você fica feliz por isso, seu corpo não iria aguentar outro momento outro momento de pressão pensando em algo para quebrar aquele silêncio desconfortável numa situação estranha daquelas.
"Eu moro aqui." Sua voz é forte, mas não chega a ser grossa. Era como se você só estivesse querendo afirmar com convicção esse fato. "Eu fui para Universidade Columbia."
"Sério?" Rachel está se mostrando mais animada do que no começo da conversa, e seus olhos brilhavam em antecipação de uma maneira que você não sabia nem que era possível. Você não conviveu com ela de verdade para notar esses pequenos detalhes que fazem sua barriga formigar como se estivessem cheias de borboletas. "O que você cursou? Medicina? Direito?"
Ela arrisca como qualquer outra pessoa arriscaria antes.
"Artes." E por um segundo, sua resposta deixa Rachel chocada, surpresa e um tanto quanto impressionada. Contendo seu sorriso, é a primeira vez que você vê Rachel Berry sem saber o que dizer. Você poderia irritá-la por conta disso, só que não é a hora certa, você precisa reconquistar sua confiança antes, se é que algum dia, você já a teve. "Então..." você para, imaginando algo para mudar de assunto. "tem tido alguma notícia dos ex-integrantes do Novas Direções?"
É um assunto neutro e que não iria causar problemas. Afinal de contas, talvez o Clube Glee tenha sido a coisa mais importante na vida de ambas em relação ao colégio. Por mais que você não admitisse antes, Sr. Schue e Glee foram os motivos para que sua adolescência não tivesse sido um completo desastre.
"Kurt foi para Parsons." É a sua vez de ficar surpresa. Kurt não parecia o tipo de pessoa que gostaria de morar em Nova York. Visitar, talvez. Mas seu perfil se mostrava mais com alguma cidade grande da Califórnia. "Nós restabelecemos contato."
Ela lhe explicaria que Kurt durante os anos de faculdade estivesse mais disposto a ser mais tolerante com ele. E por incrível que pareça, eles conseguiram manter uma amizade. Uma estranha amizade, mas ainda assim uma amizade. Ele foi o responsável pela mudança visual nela, entretanto não a forçou a nada que ela não quisesse. Há alguns meses ele teria aberto uma loja e uma nova linha de roupas e até agora estava indo bem. Kurt não fazia questão que ela usasse as roupas de sua linha, ele apenas fazia questão que ela aparecesse apresentável, e com essa mentalidade ele meio que virou seu assistente de compras. A única diferença entre ele e um assistente de compras mesmo é que ele não cobraria pelas horas do trabalho.
Kurt se mostrava tão determinado quando você a remendar os erros do passado e dos julgamentos injustos contra Rachel Berry. Você fechou as mãos pressionando contra sua própria calça, pensando que as diferenças entre vocês dois era que ele não tinha sido tão cruel quanto você e ele havia conseguido ajeitar tudo bem antes de você.
"E Brittany e Santana?" Rachel pergunta quebrando você dos seus pensamentos. Você era a única que poderia ter uma resposta para aquilo, e todos estavam cientes disso.
Ela não está impressionada quando você diz que Brittany está agora em uma enorme companhia de dança de Los Angeles. E Rachel fica menos impressionada ainda quando é informada que ela também está dividindo um apartamento com uma Santana recém-formada em Direito. Ela nunca questionou a relação das duas, até porque ela nunca entendeu realmente como funcionava. E para falar a verdade, nem você.
Mike e Tina estavam também em Nova York. Ela lhe explicou que Mike se formou em Julliard, na divisão de dança, obviamente, enquanto Tina agora estava sendo sua colega de trabalho e estava começando também na Broadway (com um papel menor, é claro) na mesma peça que ela. A amizade entre as duas era um pouco mais normal do que a entre a diva e o estilista que costumavam serem seus colegas de colégio.
"Eles estão noivos."
"Oh."
"É. Tina achou que ele nunca fosse pedi-la em casamento depois de tantos anos de namoro." Você concorda com a cabeça, nunca imaginando que um namoro de colégio poderia dar certo depois que entrados na vida adulta. Você estava errada. De novo.
Mercedes estava gravando um álbum solo, de vez em quando vocês se falavam por telefone e Rachel já havia visto várias vezes os clipes dos singles dela na MTV e Vh1, então era uma informação em comum que vocês possuíam.
Artie estava agora trabalhando para a Apple após ter criado um dos softwares mais usados e conhecidos na indústria musical. Ele estava em um dos cargos mais altos no campo de informática, a procura de novas tecnologias. Da última vez que vocês ouviram notícias dele ele estava em Washington, mas duvidam que ele ainda esteja morando lá.
Finn aparecia de vez em quando para visitar Rachel quando ele podia. Ele havia se alistado no exército numa forma de demonstrar que podia ser tão heróico quanto seu pai, e por alguma razão ele se encaixou muito bem no esquema de não questionar e apenas receber e obedecer a ordens. Além do que 'garotas adoram caras de uniforme e ferimentos de guerra' ele explicaria (isso soa como algo que poderia sair da boca de Puck, mas nunca da de Finn). Mas como prova da sua teoria, ele tinha uma cicatriz em seu braço esquerdo que ele ganhou em meio a um tiroteio em uma das vezes que ele estava servindo em território iraquiano.
Os únicos que continuaram em Lima foram Puck e Sam. Depois do dono do Bredstix decidir se aposentar os dois conseguiram um empréstimo para fazerem os dois se associarem e comprarem o local.
Impressionava de como os considerados maiores "perdedores" de McKinley High passaram a ser um dos poucos moradores de Lima com condições de prosperar. Os atletas, as líderes de torcidas... não estavam mais no topo como antes, tanto é que da última vez que você ouviu notícias de Azimio e Karafosky, ambos estavam trabalhando como zeladores em sua antiga escola, agora dirigida por William Schuester. Às vezes, a vida era boa assim.
"Você mudou muito." Seu comentário é completamente do nada, e você tenta descobrir onde foi parar o seu filtro vocal desde que você começou a conversar com Rachel. Porque parece que comentários espontâneos estão saindo a borbotões.
"Você também. Até agora eu não vi você fazer movimento indevido nenhum que possa me fazer acreditar que você irá jogar líquido gelado em mim." Você morde seu lábio inferior com sua resposta fria e aguçada. Não parecia a Rachel que você estava falando há dois minutos.
Talvez você merecesse aquilo afinal de contas. Sua vida no colégio se resumia a fazer da vida dela um inferno durante os primeiros dois anos, os segundos dois anos era o simples tratamento frio e a ignorando. Você foi uma idiota, e merece essa tapa psicológica. Não pode julgá-la por conta disso. Era apenas justo.
"Desculpe, isso foi completamente rude da minha parte."
"Não." Você balança sua mão, engolindo a pressão dentro de sua garganta. "Eu fui uma completa idiota com você. Me impressiona você ter me dado a chance de dirigir uma palavra depois de tudo."
"Você não me torturou todos os anos, Quinn. Você ficou indiferente a mim boa parte do colegial." Ela da em ombros, e você sente seu estômago arder com a palavra: 'torturar. '.
"Me desculpe." Sua voz repete mais uma vez, só que agora essa expressão tem muito mais nexo nessa conversa, e você jura que mesmo por uma fração de segundo ela se mostrando acreditando em você e em sua palavra. Só que depois de tanto tempo, ela não poderia acreditar em tudo em uma única tentativa.
"Quinn-"
"Eu sei que você tem todas as razões do mundo para não acreditar em mim agora." Você a corta, quase num tom desesperado (que você não tem a menor ideia de onde veio). "Mas eu mudei. Muito. Você mesma disse isso. Bem, não com as melhores palavras, mas disse. Eu só preciso de uma chance."
"Você fala como se fosse me ver mais vezes." ela ri.
"E eu vou." Você concorda com algo que sua cabeça ainda nem tinha decidido direito. Realmente, você não está conseguindo mais filtrar o que diz.
"Você vai?" ela questiona incrédula num fio de voz e com os olhos piscando em confusão. Você sabe que na sua ideologia, você nunca em hipótese alguma daria uma segunda chance a qualquer pessoa que tivesse feito com você metade do que você fez a Rachel. Na verdade, primeiramente, você nem teria dado a oportunidade de ela se aproximar de você, e muito menos teria dado permissão para que sentasse ao seu lado no sofá.
E é aí que você entende. Ela não é você. Ela é Rachel Berry. E a maneira com que ele consegue agir apesar de tudo, só faz lhe dar mais vontade de se aproximar dela, e por mais estranho que pareça, se tornar uma pessoa melhor.
"Vou." Sua afirmação é tão forte que ela acredita.
"Hmmm..." Ela murmura pensando, e pega o copo para tomar o resto do líquido com uma expressão pensativa.
"Que tal a noite?" a pergunta sai antes mesmo que sua língua consiga ser segurada, fazendo Rachel engasgar de leve por causa de um questionamento tão bruto.
"O que tem amanhã "à noite?"ela diz em meio a tosses. Ela poe a mão contra o peito tentando facilitar a entrada do ar, enquanto você segura seu outro braço lhe dando suporte.
Péssimo movimento da sua parte porque agora a única coisa que passa em sua mente é de como deve ser a sensação de deixar seus dedos tocarem toda sua pele, porque ela é tão macia que dói pensar.
"É." Você começa e mexe a cabeça tentando manter seu autocontrole intacto. Mais tarde você faria uma lista de coisas que você perdia completamente na presença da ex-diva do clube Glee. Entre elas, poderíamos citar a perda da autoconfiança, do autocontrole e do senso crítico. "Você quer fazer algo amanhã à noite?"
"Quinn, eu tenho show." Ela diz num devagar para eu processar mais rápido, como se não fosse uma afirmação óbvia. Claro que ela tem show. Ela trabalha na Broadway. Dã.
"Certo." Você diz como uma imbecil, e estala os dedos com a memória disso. "Eu vou para sua apresentação então."
"Você está se auto-convidando para ver a peça?"
"Não. Eu estaria pagando meu ingresso para ver. Então tecnicamente, não é um ato de se auto convidar.
"Isso significa que você vai pagar, assistir e depois ir embora, certo?"
"Obvio que não. Vou pagar, assistir, aplaudir alto e depois ir para a fila de autógrafos lhe irritar até você decidir me dar uma chance para eu provar que não sou uma pessoa má." Você ouve ela rosnar em frustração e sorrir ao mesmo tempo, de uma maneira que você sente seu coração voltando a bater depois de tanto tempo inativo.
"Por que eu tenho a impressão que não vai adiantar eu lhe dizer 'não'?"
"Porque eu posso criar um buraco na minha conta bancária, mas eu irei continuar indo toda noite até que você que vai ter que desistir e dar o braço a torcer."
"Deus. E eu pensando que era a insistente de nós duas." Rachel reclama, ao mesmo tempo em que você tenta de várias maneiras manter seu rosto sério.
"Você não conhece a nova Quinn Fabray."
"Realmente. Não conheço."
"Isso significa que você está tentada a dar uma oportunidade a ela de se redimir?" sua melhor cara de cachorro abandonado não funciona como planejada, mas é possível notar que você a quase fez rir.
"Não."
"Então-"
"Você vai ter que ir ao show."
"Berry, eu estou quase pensando que você está apenas tentando vender mais ingressos."
"Não posso negar que você aparecendo todas as noites ia nos fazer faturar uma boa quantidade de dinheiro."
O som de algo interrompe qualquer argumento que você teria. O celular de Rachel está tocando e ela parece tão apressada para ir embora que se levanta de supetão lhe assustando. Seu coração que havia voltado a bater a poucos minutos parece estar parando novamente, lentamente... dolorosamente. Ela estava indo embora.
"Quinn, eu preciso ir. É uma emergência." Ela desliga o celular, e da um beijo em sua bochecha, lhe deixando chocada e parada sem reflexo algum. "Por incrível que pareça, gostei de ter conversando com você."
Ela já tinha dado dois passos para trás em direção a porta, quando ela volta e segura seu braço, levantando sua manga e tira uma caneta de dentro da bolsa. Ela começa escrever algo, e você ve a marca da tinta preta sobre a sua pele, mesmo você não conseguindo distinguir as letras por conta que sua cabeça está rodando.
Rachel solta o seu braço, pega o livro apoiado contra a mesinha e sai pela porta. Foi tudo tão rápido que você nem consegue imaginar o que acabava de acontecer. Sua bochecha estava ardendo, queimando e seus pulmões pareciam vazios demais para deixá-la pensar corretamente.
Você olha para o seu braço e sorri. Com a letra sem defeitos de Rachel estava escrito:
'Spring Awakening – Teatro Eugene O'Neill, 49ª Rua, lado Oeste. 19h.'
