Minha primeira fic de Sirius&Marlene


Capítulo um

O inicio da minha dor

Isso dói. Dói no peito. Uma dor latente, sufocadora, insuportável. E não há meios de arrancar isso do peito.

Eu nunca havia pensado que haveria tal dor, tal sofrimento, eu me considerava uma menina feliz, com um ideal, diferente. Tudo começou quando eu comecei a reparar nele.

Era um dia frio de outono e ventava muito, os ventos entravam assobiando pelas janelas, o céu estava cinzento, baixo, trovejava, parecia que ia desabar sobre nós. Eu corria a larga passadas, meus longos cabelos castanhos estavam esvoaçavam pelas minhas costas, meu rosto corado em evidente preocupação, eu corria apressadamente até a enfermaria.

- McKinnon! – uma menina nervosa estava me esperando na porta.

- Como eles estão? Meu Deus, que tempestade! –eu disse, entrando apressadamente. Estava uma correria para lá e para cá, haviam quatro leitos ocupados, três jogadores da Grifinória e uma jogadora da Sonserina. A enfermeira colocava a mão na testa enquanto pedia para que todos saíssem e deixassem apenas as monitoras. Eu era uma delas, a monitora da Sonserina.

Fui até a menina que chorava, um raio caíra na vassoura dela. A pobrezinha estava em choque de tamanho o susto!

- Oi, está tudo bem agora, ta? Estamos aqui, você vai ficar bem. – eu disse gentilmente, apanhando a mão da goleira da Sonserina. Ela me olhou, incapaz de falar e piscou.

Ainda me recuperando da corrida até a enfermaria, passei os olhos pelo quarto, o outro jogador da Grifinória estava adormecido, o segundo conversava com a monitora ruiva da Grifinória e o terceiro jogador da Grifinória estava no leito próximo a janela, ele olhava emburrado para o céu. Eu nunca havia falado com ele, ele tinha fama de conquistador e mulherengo, era displicente e irresponsável _sem contar em arrogante_ , ele e os amigos, que se denominavam os "Marotos". A verdade é que eles me davam muito trabalho. Esse era Sirius Black, olhando atentamente, os cabelos negros, longos num corte que o deixava mais bonito, os olhos cinzentos e sombrios, a pele alva, e os lábios perfeitos...Então ele se virou para mim, abrindo aquele sorriso provocador e irresistível.

- Hei. –ele me chamou, com uma voz rouca.

Eu desviei os olhos, mas ele continuava a me fitar, então lentamente levantei-me e fui até ele, com passos lentos. Coloquei as mãos na cintura, com os cabelos longos bagunçados, o uniforme da Sonserina impecavelmente arrumado, o rosto corado e o ar superior que eu emanava, demonstrando minha superioridade, ele me avaliou, divertido.

- Pois não?

- Sabe, eu também estou traumatizado, gostaria de alguém para me reconfortar. –disse ele, em tom de provocação.

Eu respirei fundo, como ele era arrogante, como os demais de sua Casa. – vou chamar o sua monitora, sim?

- Nah... Ela está ocupada – Lily, a monitora da Grifinória, levantou os olhos para Sirius.

- Pois bem, o que quer?

- Quer sair comigo? –ele me perguntou, confesso que fiquei aturdida. Nunca em meus cinco anos de Hogwarts ele tinha sequer olhado para mim, uma sonserina, o que era aquilo afinal? O prazer de perturbar uma "rival"? Ele só podia tá brincando.

- Eu não saio com quem não conheço e, muito menos, com grifinórios. – eu disse, entortando os lábios num sorriso de deboche.

Ele ia abrir a boca para me dar uma resposta, mas Lily o interrompeu.

-Marlene, algum problema?

-Ah não, nenhum, apenas que seu amigo está carente de atenção, acho que a vergonha de ter caído da vassoura afetou seu ego. –eu disse, maldosamente dando um tapinha na perna que ele machucara.- ops, desculpe! Mesmo.

Eu ri, e me virei, levantando a cabeça. Senti-me vitoriosa.

Tudo o que eu queria era ser exemplar. Ser uma bruxa incrível e me formar com louvor. Eu tinha as melhores notas e o melhor comportamento, e não admitiria que Sirius Black manchasse minha reputação. Minha imaculada reputação de certinha e chata. Sim, era o que eu ouvia pelos cantos. Mas tudo bem. Nunca me achei muito bonita, embora muitos garotos tenham tentado algo comigo, mas eu raramente queria alguma coisa, uns beijos de vez em quando, mas só... Minha mente estava tão focada, tão objetivada que eu me sentia falsamente feliz na minha redoma de vidro.

Porém, o distúrbio Sirius Black ameaçava essa redoma... Aparentemente, a minha provocação na enfermaria só atiçara o garoto, que não evitava mexer comigo sempre que nossos caminhos se cruzavam, chegava a ser insuportável, eu corava, e todos percebiam e riam. Aquilo tinha que parar.

Desci pelos jardins até a parte do lago que Sirius e os amigos "Marotos" costumavam ficar. Lá estavam os quatro, rindo de alguma piada provavelmente infame. Quando notaram minha aproximação, pude ouvir os risinhos, e os assobios de James Potter enquanto dava tapinhas no braço de Sirius.

Ele se virou, aqueles cabelos negros lindos balançavam displicentemente, os olhos dele estavam cinza-claro enquanto me encarava, triunfante, o sorriso debochado naqueles lábios perfeitos... Ele me perturbava. Definitivamente.

-Então McKinnon resolveu ceder?

Mas por essa ele não esperava, e nem eu. Num movimento rápido, levantei meu braço direito e dei-lhe um tapa na cara. Depois, silencio absoluto. Os Marotos abriram a boca, paralisados, e ele com a mão no rosto ainda quente e corado, me olhava incrédulo e indignado. Achei que tinha ido longe de mais, que ele ia explodir em raiva, mas em vez disso, ele jogou a cabeça para trás e começou a gargalhar. Rindo tanto, ele colocava a mão na barriga, e logo os amigos começaram a rir, sem entender direito o motivo, mas que a cena de tão patética se tornara absurdamente engraçada. Eu fiquei ali, parada, incrédula, enrubescida e um tanto que humilhada.

-Des- desculpe –gaguejou entre os risos altos, seus olhos escorriam lágrimas de tanto rir. Como isso podia ser tão absurdamente engraçado?

-Eu não... O que pode ser tão engraçado? –perguntei, já possessa.

-Eu não sei explicar! –disse ele, ainda rindo – mas foi tão... inesperado! Já recebi muitos foras de garotas _bom, não muitos, porque a maioria não resiste _, mas um tapa assim, do nada, sem eu nem ter feito nada! Foi simplesmente, hilariante...

-Como sem ter feito nada? Ora, você me perturba todo dia, não me deixa em paz! Me humilha todo dia. –eu comecei, e ele parou de rir. – Eu quero que isso pare, por favor.

-Eu paro.

-E-... O que? Sério? –aliviei-me, iria ser tão simples assim? Mas ele deu aquele sorriso. Ah não.

-Com uma condição. –disse em tom desafiante. – que saia comigo.

Eu fiz careta de indignação e ia começar a falar, mas ele falou primeiro.

-Uma vez só, é só essa a condição.

Eu revirei os olhos, vi os três amigos com sorriso nos lábios, apreciando a situação. Deus, o que eu fiz para merecer isso?

-Que seja. –concordei de mal grado.

-Ótimo! –ele disse, passando a língua nos lábios num sorriso maroto. – próximo fim de semana, no Três Vassouras.

Eu assenti a contra gosto e andei de volta pro castelo, com o cachecol verde e prata balançando nas minhas costas, e meus cabelos novamente voando. A ventaria recomeçara.