Prólogo
Há muitos anos atrás, na época da pirataria, das grandes navegações e das gargantas cortadas, havia um famoso bucaneiro chamado Tom Riddle, mais conhecido por Voldemort. Um rapaz que, á primeira vista, poderia ser bonito, alto, magro, com cabelos negros ondulados e rosto pálido, quando na verdade era o diabo encarnado. Inegavelmente frio e cruel, o notório pirata semeava o terror e o desespero até no homem mais corajoso do mundo á simples menção de seu nome. Sua tripulação de patifes, conhecida como Comensais da Morte, partilhava dessa fama. Era uma tripulação bem variada, formada por fracos em busca de proteção, ambiciosos em busca de glória, homens cruéis em busca de um líder, e até mesmo alguns poucos por medo, por não terem escolha. Todos acreditavam ser íntimos do capitão, seus servos mais leais, talvez até amigos que o compreendiam perfeitamente. Estavam enganados. Voldemort nunca quis ter amigos e jamais foi capaz de sentir afeição por algo ou alguém a não ser sua cobra de estimação, Nagini. Onde quer que seu galeão, o Basilisk, aportasse hasteando sua bandeira singular (parecida com o Jolly Roger original, mas o crânio entre as espadas cruzadas tinha uma cobra saindo pela boca, como uma língua), havia caos, destruição e carnificina. Eram os piratas mais temidos não só pelo Caribe afora, mas pelos quatro cantos do mundo e mais um pouco. E era nessa trupe de assassinos que vivia Harry Potter, um rapaz com seus 19 anos, cabelos negros e longos, olhos verdes, óculos redondos, corpo esguio e uma cicatriz em forma de raio na testa. Não era imediato nem tinha qualquer outro cargo de destaque, era apenas um peso morto a mais jogado no convés. Harry fora parar lá nem ele mesmo sabia como, nunca teve muito dinheiro ajudando os tios em seu mercadinho no Porto dos Alfeneiros. Seu tio, Válter Dursley, um homem corpulento com uma enorme bigodeira, era um homem desprezível, que chegava em casa bêbado todas as noites e ainda tentava fazer papel de decente. Sua mulher, Petúnia, era irmã da mãe de Harry, uma mulher magra com cara de cavalo, detinha uma grande fama de fofoqueira pela vila inteira, já que era muito intrometida e também tinha uma tendência a se achar grande coisa. Mas o maior problema de Harry era seu primo, Duda, um rapaz louro e redondo que lembrava um porco. Este gostava de juntar a turma para praticarem seu esporte favorito na falta de passatempo melhor: caçar e espancar Harry. Este, por sua vez, cresceu atormentado por Duda, passou muitos anos correndo do primo e sua gangue, mas com o passar do tempo foi crescendo e tomando coragem para enfrentá-lo de cara, mas era bem difícil já que Duda contava com toda a proteção dos pais. Desde criança, Harry sempre demonstrou uma intensa paixão pelo mar. Passava horas sentado no telhado do mercadinho para observar o porto, e sonhava com o dia em que poderia se livrar dos Dursley e desbravar o mundo à sua vontade, mas nunca lhe era permitido sair de casa, apenas quando precisava fazer alguma entrega no povoado. Em raras ocasiões, ainda lhe eram cedidos alguns passeios, explorando ilhas desertas e visitando lugares a bordo de um barquinho que havia construído junto com seu amigo de infância, Rony Weasley, que de fato já não via há muito tempo devido ao fato dele ter sumido misteriosamente. Após perder contato com seu melhor e único amigo, Harry voltou a se sentir solitário e a ficar enfurnado dentro do mercadinho, trabalhando como um escravo.
Três anos atrás, o Basilisk resolveu fazer um pit-stop por ali e fazer algumas pilhagens, cortar algumas gargantas, estuprar algumas moças, encher alguns canecos com rum, só o básico. Quando atacaram o mercadinho dos Dursley, Harry viu sua chance de escapar dali imediatamente. Pediu aos saqueadores o Direito de Parlamento e foi levado ao capitão, a quem pediu para que lhe permitisse um lugar em seu navio. O capitão acabou por aceitar, e Harry, feliz da vida, não queria nem saber do destino dos Dursley que deixara para trás, só pensava que sua vida mudaria muito dali para frente. E de fato mudou, para pior.
Não demorou muito, Harry começou a se horrorizar com os métodos dos companheiros. Mas para não ser morto por eles, tentava fazer tudo direitinho. Logo Harry foi ficando bem habilidoso na arte da pirataria e aprendeu a gostar, ainda que de muita má vontade. E teria sido muito bem-sucedido em espalhar respeito pela sua pessoa entre a tripulação do Basilisk, não fosse um imprevisto.
Em seu último ataque a um povoado, o imediato de Voldemort, Severo Snape, um homem que se assemelhava muito a uma enorme ave de rapina, alto, magro, pele macilenta, nariz de destaque de tão protuberante (chegava a ser ridículo), cabelos oleosos e olhar frio, raptou uma lindíssima garota ruiva de pele sardenta chamada Gina Weasley. Bastou que ela e Harry trocassem olhares de relance para acabar em amor á primeira vista. Gina foi feita de escrava de bordo por Voldemort, que a usava com todo o auge de sua crueldade. Não demorou muito para que ela e Harry começassem a ter um caso. Porém era realmente arriscado, já que Voldemort começou a demonstrar abertamente muito interesse pela garota havia alguns dias, portanto era um amor proibido por decreto. Ambos se encontravam na calada da noite, quando toda a tripulação já dormia, para se sentar ao alto do mastro central e namorar sob o luar. Harry sempre prometia que um dia ambos ainda fugiriam do poder de Voldemort, para um lugar bem longe do alcance do Basilisk e seus tripulantes. Mas esse sonho não durou muito.
Em um dos encontros, Snape acabou por flagrar os dois jovens em um beijo particularmente agarrado e não pestanejou em ir informar seu chefe. Voldemort deu a ordem, Harry foi imediatamente apanhado, e nos dias que se seguiram, os gritos abafados de Harry passaram a fazer parte da rotina. O rapaz foi amarrado pelos tornozelos ao mastro central e açoitado umas 80 vezes ao dia com intervalos regulares para tomar água e almoço (o carrasco, claro...) e em seguida recebia sal e vinagre sob os ferimentos. Em suma, Harry já estava com as cordas vocais inchadas de tanto urrar de dor.
Gina também andava extremamente abatida. O capitão fazia questão de a moça estar por perto para presenciar os açoites diários de Harry, levando-a ás lágrimas. Não só isso, como também Voldemort passou a maltratá-la com muito mais frieza. Era só uma questão de tempo até Gina perder a pouca sensibilidade que lhe restava nas pernas, também estava muito pálida e magra, pois além dos abusos de Voldemort, passou a sobreviver a uma única e mísera refeição diária, integrada por alguns restos de comida da tripulação (bem diferente do banquete servido ao capitão, os marujos comiam uma gororoba que lembrava lavagem – imaginem os restos...) e um copo de água salgada. Pelo menos ainda lhe era permitido ver Harry. O rapaz certamente já teria morrido não fosse Gina vir visitá-lo durante a noite para aliviar seus ferimentos com gelo e trazer um pouco de comida. Harry também já se habituara a dormir como um morcego de cabeça para baixo, algumas vezes Gina ficava para dormir junto com ele recostada ao mastro e abraçada ao braço cheio de cicatrizes de Harry, pois era a única parte dele que alcançava sentada ao convés. Quando a paciência de Voldemort finalmente chegou ás raias do limite, foi decretada a hora do rapaz partir.
No dia seguinte, Harry foi desamarrado e posto sobre a prancha com inúmeras espadas cutucando-lhe a espinha. Os gritos suplicantes de Gina eram muito destacáveis entre os risos zombeteiros dos piratas.
– As últimas palavras de vossa senhoria? – indaga Voldemort com desdém.
– E pobre lá tem senhoria, meu chefe? – indaga Harry, tentando fazer parecer que a situação o divertia ao invés de preocupá-lo. – Pobre só tem desgraça!
– Bah, que seja, então! – diz Voldemort já sem paciência. – As últimas palavras de vossa desgraçensa?
– Já que você perguntou, eu gostaria de saber o que foi que eu fiz para merecer tal sorte... – disse Harry, provocando risos entre a tripulação.
– E ainda me perguntas?! – exclama Voldemort. – Lúcio! Adiante-se!
E eis que emerge dentre os homens sujos e esfarrapados um homem alto e louro, muito bem vestido, adornado de ouro e prata, com um tubo de papel em uma das mãos e uma comprida e fina bengala com punho prateado em forma de cabeça de cobra em outra mão. Ele desenrola o papel e começa a ler:
– Harry Tiago Potter, você é acusado de desrespeitar as leis do navio, arrumar brigas desnecessárias com os tripulantes, nos roubar, desobedecer e abusar da gostosíssima criada de nosso capitão (aqui Voldemort olha para Lúcio com uma expressão de "fica quieto que é melhor pra você" com um punho erguido), sinceramente você é um estorvo, deveria ser amarrado a uma bala de canhão e atirado ás profundezas do oceano!
– Mas como eu sou muito bonzinho, você só vai dar uma volta na prancha, sem balas de canhão. Vês como sou generoso? – disse Voldemort com um sorrisinho no rosto.
– M-ma-mas... ladrão que rouba ladrão tem cem anos de sabão! He he... – recita Harry dando um sorrisinho amarelo.
– É "cem anos de perdão", retardado! – corrige Voldemort.
– Você conhece, né... Ladrão! – dispara Harry.
– Basta de tentar nos enrolar, ande logo na maldita prancha, Potter! – berra Snape.
– Bom, já que estou sendo lançado á minha própria sorte, acho que tenho direito a pelo menos uma pistola de pólvora e uma bala... – disse Harry.
– Pelos céus, tem razão! – exclama Voldemort. – Tragam uma pistola para o rapaz!
A pistola foi entregue pela mão a qual faltava um dedo de Rabicho, o responsável pela gororoba no navio, um homenzinho gordo e curvado que lembrava um rato.
– Pronto, aí está a maldita pistola, agora andando, seu porco fariseu! – berrou Lúcio agarrando o punho da bengala e desembainhando uma espada de dentro desta, e em seguida apontando-a para Harry, assim como os demais. Nagini, a gigantesca cobra de Voldemort, soltou um silvo muito alto, estirando a língua ao rapaz.
Como não havia alternativa, Harry enfiou a pistola na faixa que tinha amarrada ao abdome, virou-se para o mar, caminhou até a pontinha da prancha, e então olhou para trás. Lá estava Gina, o rosto manchado pelas lágrimas, segurada pelos braços por dois piratas, Macnair e Greyback.
– Eu volto pra te buscar! Eu prometo! – disse Harry em alto e bom som para que Gina o ouvisse, e logo em seguida, pulou para o mar sob os berros dos piratas.
Comentários do autor: E aí, o q estão achando da fic? Depois de muito tempo de reflexão, decidi tomar coragem e arriscar a por aqui... Um fato sobre minha pessoa é que tenho muito pouca criatividade, então eu vou fazer algumas paródias, como "Piratas do Caribe", e até passagens dos próprios livros do Harry Potter, pra poder escrever essa fic. Espero que gostem.
