Disclamier: Naruto pertence à Masashi Kishimoto.

Revisado em: 02/09/14


Carambolas

Ninguém seria capaz de cuidar daquela casa como a jovem dos olhos perolados. Lembro-me como se fosse ontem quando ela chegou. Era uma tarde fria de outono e as folhas amarelas cobriam o chão. Há anos a residência ao lado estava abandonada, até que ela apareceu. A grama alta e a pintura descascando comprovavam minhas palavras. O pequeno sobrado não tinha muitos atrativos, mas sob os cuidados de femininas mãos, logo se transformou em um lar acolhedor.

O jardim sem grandes atrativos era muito parecido com todos os outros da rua. Contudo, o quintal era diferente. Não por ser maior ou mais colorido. No geral, era também muito semelhante aos demais. Uma pequena parte era coberta com ladrilhos e o resto com uma grama sempre muito bem aparada. O que o tornava diferente e especial era o velho pé de carambolas. O bairro possuía inúmeras árvores, é claro. Porém, nenhuma como aquela.

Um mês após a mudança dela as árvores já não possuíam mais folhas. O pequeno sobrado já havia recebido uma pintura e o jardim, algumas flores. Apesar de tarde, sempre que a garota voltava do serviço, recolhia todas as folhas que cobriam o quintal.

Mal a vi durante o inverno. Sempre saia muito cedo e retornava muito tarde. Contudo, os fins de semana eram dedicados à casa e, principalmente, às plantas no jardim e quintal.

O velho pé de carambolas existia desde que me lembro, entretanto somente depois da mudança dela a árvore começou a produzir frutos e a perfumar tudo ao seu redor. No começo do verão eu fechava as janelas para impedir o cheiro único de invadir sem pudores minha casa. Contudo, com o passar dos anos me acostumei com aquele invasor e passei a apreciá-lo. Inclusive passei a comprar a fruta após ver a jovem ao lado comendo uma e acompanhar uma gota do suco escorrendo por seu pescoço.

Nada é eterno, infelizmente. Um dia ela saiu e não voltou mais. Não sei o que ela fazia, ou do que gostava. Não sabia absolutamente nada da garota ao lado, a não ser da dedicação com a qual ela cuidava daquele pé de carambolas.

- Hey, Shino. Temos trabalho a fazer. Quanto tempo pretende perder olhando por essa janela?

- Já vou Kiba.

Minha vida continua. Despeço-me silenciosamente da árvore que é derrubada pelo novo dono da casa. Aquele garoto loiro e escandaloso nunca saberia cuidar daquelas carambolas.


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