Ela. Sempre foi ela.

Ymir podia se lembrar da vez em que a conhecera. Como esquecer tal momento tão importante em sua vida? Ela tinha seus 8 anos. Nunca conheceu seu pai e mãe, via-se no orfanato desde que se lembrava e nem se importava com este fato. Provavelmente cresceria sem amor (considerando que as freiras não gostavam muito dela) e seria uma pessoa sem noção de certo e errado.

Era uma tarde de domingo e as freiras fizeram questão de levar as crianças para visitar esse novo parque que tinha sido aberto em frente ao orfanato. Começou a brincar de soldado com sua amiga Mikasa, a qual perdera os pais em um desastre sangrento, Ymir não sabia dos detalhes, a asiática não era de falar muito, talvez fosse até melhor assim. A morena tinha medo de saber demais. "Aiá!" Exclamou enquanto atingia o braço de Mikasa com uma espada de papelão, não muito forte, Ymir sabia que mexer com Mikasa era pedir para ser morto. "Ymir, você sabe que se a madre superiora te pegar com essa espada você vai ficar com problemas? De novo." Mikasa disse com tranquilidade, mesmo sabendo que poderia ficar com problemas também. "Eu não ligo para o que aquela velha diz!" Exclamou Ymir, continuando a atingir a menina de cabelos negros no braço.

Um momento depois, um Bentley preto parou em frente às duas, elas se afastaram. A madre superiora já havia lhes dito sobre carros estranhos parando perto de crianças. Assim que o carro parou, uma bela garota de cabelos loiros desceu (mais como "foi empurrada") do carro, assim que ela atingiu o chão o carro dirigiu para longe. As duas correram até a pequena que caíra no chão "Você está bem?" Mikasa perguntou com preocupação. "Ei!" Ymir tentou correr atrás do carro em busca de explicações, mas o veículo já estava fora de vista. "Tsc." Voltou para a loira que estava chorando no chão. "É... Você está bem?" A loira levantou a cabeça pra encontrar seu olhar com o de Ymir.

Azuis. Isso foi a primeira coisa que ela notou. Belíssimas esferas azuis inchadas pelo choro, como um pedido desesperado de ajuda. "Qual o seu nome?" Mikasa perguntou. A pequena criatura dirigiu seu olhar para a asiática, ela pareceu mais assustada, Mikasa era conhecida por pôr medo nas outras crianças. "...Christa" A pequena sussurrou. "Hã?" Ymir chegou mais perto pra ouvir o sussurro da pequena. "Christa!" Ela gritou. "Wow, calma pequenina não tem necessidade de gritar!" "Mas o que está acontecendo aqui?! Ymir se você estiver importunando outras crianças eu juro que-" Uma das freiras, chamada Clara, uma moça nos seus 30 anos que largou sua vida passada para se dedicar a palavra do senhor e às crianças abandonadas se aproximou e percebeu a estranha que se encontrava com as duas órfãs. "O que aconteceu?" A mulher perguntou. "A Christa foi deixada aqui por um carro." A freira olhou confusa para a menor, então se ajoelhou para poder analisar a pequena melhor. "Onde estão seus pais, minha criança?" Christa levantou a cabeça. "Eu não tenho pais... Não mais..." A última sentença foi como um sussurro, mas Ymir ouviu.

"Vamos te levar até a Madre, ela vai saber o que fazer." Ela estendeu a mão para a loira com um sorriso de pura simpatia, Christa sorriu também. Ymir corou. Como alguém tão pequeno consegue ter um sorriso tão grande? "Venha minha criança, você não está mais sozinha." Quando a freira que levava Christa olhou para trás, viu Ymir e sorriu de novo. "O que será que aconteceu com ela?" Ymir perguntou a Mikasa. "Eu não sei... Será que a Madre vai acolher ela?" "Sei lá, mas eu espero que sim. Eu gostei dela."